São Francisco escrita por Dri Viana


Capítulo 20
Capítulo 19




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—Grissom, dança uma música só comigo, vai. Eu quero dançar. E se você não me tirar pra dançar, eu vou tirar um cara qualquer.

Com uma das sobrancelhas arqueadas, eu olhei pra Sara ao meu lado. Estávamos só os dois ali, pois os pais de Sara e os demais que estavam conosco foram se acomodar numa mesa mais adiante de onde eu e minha namorada nos encontrávamos.

—Isso é alguma espécie de ameaça?

—Não. É só um aviso. Qual vai ser? Danço com você ou com outro cara?

Aquele "aviso" dela me fez lembrar da brincadeira que fiz com ela dias trás na praia. E ao contrário de mim, que não ia ter qualquer coragem de chamar outra garota pra entrar na água comigo, posto que minha namorada não queria entrar comigo. Eu sei que Sara não hesitaria em cumprir aquele "aviso" que me deu agora e tirar outro cara pra dançar com ela, caso eu me recuse a lhe conceder uma dança. Portanto, sem dizer nada, eu apenas tomei a mão dela na minha e levei Sara até onde outros casais dançavam. E nós começamos a dançar. Ainda bem que naquele momento estavam tocando só músicas lentas, pois eu acho mais fácil dançá-las.

—Viu como não custa nada. - Sara me murmurou poucos segundos depois de termos iniciado nossa dança.

—Não é questão de custar alguma coisa. É só que eu tenho vergonha.

—Você sempre foi tímido assim, né?

—Já fui bem mais. O namoro com você tem me deixado menos tímido.

—Eu não diria: "menos tímido". E sim: "mais saidinho".

Eu sorri apertando um pouco meus braços em torno de Sara.

—A culpa é sua. Você me deixa assim. - Murmurei colando minha testa na dela.

—Ah, eu sou a culpa?

—Sim. A única! - Confirmei com um sorriso e dei um selinho dela. Mais adiante notei o pai de Sara nos encarando nada contente. _Seu pai está nos fuzilando com os olhos.

Sara virou o rosto e sorriu ao constatar o que eu disse.

—Acho que se ele emitisse fogo pelos olhos, nós já teríamos virado carvão.

—Nós, não. EU teria virado! - Corrigi minha namorada e a gente riu.

Sara e eu dançamos mais do que apenas uma música, foram três. E sempre que eu olhava discretamente em direção ao meu sogro flagrada seu olhar na gente. Involuntariamente, eu sorria disfarçadamente. Com Otávio não havia relaxo.

Acho que devo me conformar que meu sogro vai ser nessa constante marcação e ciúmes em cima de mim até o dia da minha partida.

Depois que da nossa dança, Sara e eu fomos nos juntar aos outros e por lá ficamos até quase as onze quando fomos embora pra casa.

...

—Esse é o Sean? - Apontei um garoto magro que segurava na mão de uma Sara pequena.

Até o momento eu nunca tinha visto uma fotografia de Sean. Eu não sabia como ele era fisicamente. E ao ver aquela foto, eu deduzi que fosse o irmão de Sara. Mas questionei minha sogra pra ter certeza.

Estávamos só nos dois no meu quarto com Laura me mostrando o álbum com fotos de Sara a meu pedido. Minha namorada não se encontrava em casa, pois tinha saído cedo com o pai e sem ter nada pra fazer, eu pedi a minha sogra pra ver as fotos de Sara pequena. E sem qualquer objeção, Laura atendeu meu pedido e cá estávamos há uns bons minutos fazendo isso.

—É, sim. - Minha sogra confirmou tocando com carinho o rosto do filho na fotografia. _Meu menino acabou entrando num caminho que lhe levou a um trágico fim, Grissom.

—Sara me contou quando esteve em minha casa. Sinto muito, Laura.

—Eu também sinto tanto, sabe? Daria a minha própria vida se possível fosse para ter o meu menino aqui e vivo. Mas infelizmente isso não é possível. 

Deve ser uma dor horrível essa de perder um filho e mais horrível ainda, conviver com o vazio que essa perda deixa.

Minha sogra mudou a página do álbum e me mostrou outras fotografias de Sara. E assim como minha mãe fez ao contar a Sara as histórias envolvendo as minhas fotos, Laura fazia o mesmo agora me relatando as histórias por trás das fotos da minha namorada.

—Essa aqui foi na festa a fantasia da escola dela. Sara tinha seis anos.

—Ela não me parece muito contente na foto.

A carranca emburrada de Sara era visível.

—É por causa da fantasia. Ela queria ter ido de bruxa porque gostava das bruxas, mas eu não gostei nada da ideia e achei na loja que fomos essa fantasia de mulher maravilha mais linda e vesti a Sara dessa personagem. O resultado foi essa insatisfação visível dela ao tirar a foto.

Eu ri. Mas apesar da cara de poucos amigos na foto, Sara tava linda naquela fantasia. Era a "menina maravilha" mais linda.

Vimos a porta do meu quarto se abrir naquele instante e a imagem de Sara surgiu.

—Já?

—Já! Ah, não, mãe! Não acredito que está mostrando fotos minhas pro Gil.

—Fui eu quem pediu. Você viu as minhas e acho justo que eu veja as suas, ora.

—Mas eu não queria que visse as minhas.

—Por que não?

—Porque não!

Ouvimos Otávio gritar chamando Laura e minha sogra recolheu os álbuns que já tínhamos visto e saiu pra ver o que o marido queria.

—Você foi uma menina linda desde bebê, sabia? - Comentei assim que ficamos sozinhos no quarto.

—E você quer me amansar com elogios, não é?

Eu ri.

—Vem cá!

Bati no colchão ao meu lado.

Sara veio e se sentou onde indiquei.

—Qual o problema em eu ver suas fotos?

—O problema é que eu não queria que visse.

—Mas eu vi. E agora?

—Seu chato!

Meus lábios se esticaram em um sorriso e não resisti em roubar um beijo de Sara.

—Estamos quites agora. Cada um viu as fotos do outro quando pequeno.

...

—Me passa mais um prego.

Apanhei o que Otávio me pediu e estendi a ele.  A "pedido" do meu sogro, eu estava ajudando-o a ajeitar a cerca de madeira dos fundos da pousada.

—Acha que aquelas duas latas vai dar pra pintar essa cerca toda?

—Espero que sim! E a propósito, você vai pintar a cerca pra mim.

—Eu??

—É, você! Algum problema nisso, rapaz?

—Não! Claro que não. Eu pinto sim.

—Que bom! Terminei.

—E quando eu tenho que pintar?

—Só segunda.

Sara apareceu empunhando nada contente uma bandeja com dois copos de limonada que Laura lhe mandou trazer pra mim e Otávio.

—Sua mãe parece que lê a minha mente.

Meu sogro anunciou apanhando um copo da bandeja e tomando um gole da bebida gelada.

Eu apanhei o outro e também tomei um gole da minha limonada que tava deliciosa.

—Pai, o Gil já tá liberado pra gente dar uma volta na praia?

—Tá. Mas nada de demora, hein?

—Ok! Vem, Gil.

Sara saiu me puxando pela mão e muitos minutos depois a gente já se encontrava na praia naquele fim de tarde.

—Vamos entrar na água? Tô com calor.

—E quem vai tomar conta da nossa roupa, Grissom?

Notei que havia um casal poucos passos de onde estávamos e disse a Sara que podíamos pedir pra eles repararem só um instante nossas roupas pra gente.

—Tá, mas você pedi.

Eu assenti e fomos até eles. Pedi gentilmente se eles podiam ficar de olho nas nossas roupas enquanto íamos dar um mergulho. Simpaticamente eles concordaram e logo Sara e eu nos livramos das nossas roupas e entramos na água.

—Até que não tá fria.

—A água tá ótima. - Comentei abraçando Sara pra logo depois beijá-la demoradamente. _Hum... Amanhã a gente bem que podia assim... Dar uma escapulida e ir pra certo apê ficar juntos e sozinhos. O que me diz?

—Eu tava pensando em te levar pra dar outro tour pelos pontos turísticos da cidade que falta te levar. A gente vai ao apê depois de amanhã. Pode ser?

—Tá então.

...

No dia seguinte ela me levou pra conhecer outros pontos turísticos de São Francisco como: A Ilha de Alcatraz. Neste que é considerado um dos lugares mais históricos da cidade está localizado o presídio de San Francisco, que durante muito tempo foi rotulado como um dos mais seguros do país. No tour pelo lugar você tem a chance de conhecer tudo sobre cada lugarzinho da prisão, bem como as celas e refeitórios em que os prisioneiros ficavam confinados.

A famosa Ilha de Alcatraz que também era uma base militar, mas foi transformada em prisão em 1867. Foi desativada em 1963 e até hoje, entretanto, a exploração turística da ilha se baseia na fama do presídio. 

Dali fomos ao The Presidio uma praça. Depois fomos fazer um tour super maneiro no bairro de Chinatown onde almoçamos num típico restaurante chinês. Eu me senti como se estivesse na China andando naquele bairro.

O nosso passeio se estendeu até o Golden Gate Park, um parque enorme. Segundo Sara o Golden Gate Park está para São Francisco como o Central Park está para Nova York, sendo que o primeiro tem uma área maior de extensão que o segundo. No bonito parque inclui-se atrações como: California Academy of Science, Young Museum, Japanese Tea Garden, Botanical Garden, Shakespeare Garden, Conservatório de Flores, área para concertos musicais, muitas quadras de esportes, campo de golfe, trilhas para trekking e caminhadas, lagos, espaços livres e até um moinho holandês! Sara me levou pra conhecer grande maioria dessas atrações.

—Acho que te levei pra conhecer a grande maioria dos pontos turísticos. Tem mais outros, mas acho que já chega né?

—Acho que sim.

—Vamos pra casa? Tô morta de andar.

—Vamos!

...

—Sara, você já pôs a mesa? Eu já tô terminando o jantar. - Questionei de costas pra minha namorada enquanto observava a torta que pus no forno pra assar, a qual já se encontrava quase no ponto.

Naquela noite Laura me pôs pra preparar o jantar, pois segundo minha sogra, eu estava devendo uma refeição a eles. E cá estava pagando o que eu devia.

—Ai, já vou colocar, Grissom. Espera! Eu, hein? Você na cozinha é muito mandão.

—E você reclamona. - Me virei pra encontrar Sara sentada sobre a mesa  digitando algo em seu celular.

—Com quem você tanto troca mensagem, hein? - Fui até ela e me posicionei ao seu lado pra espiar com quem ela falava.

—Com a minha amiga. Ela tá  contando sobre a viagem e mandando fotos de lá.

—Hum...

—Olha só.

Sara me mostrou umas fotos da amiga dela  na praia e em outro lugares.

—Ela perguntou se a gente tem feito bastante uso do apê dela.

—O que você disse?

—Que a gente ainda só usou o apê no dia do seu aniversário.

—Amanhã a gente vai lá, não vai?

—Vamos!

—Tá. Agora dá pra você arrumar a mesa, vai.

Ela deu um tempo no papo com a amiga e fez o que pedi. Momentos depois eu, Sara e meus sogros estávamos apreciando o jantar preparado por mim. Recebi elogios rasgados da minha sogra e até um discreto do meu sogro. Fiquei feliz por isso.


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Notas finais do capítulo

Até o próximo.



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