A Morte Floresce escrita por Seok


Capítulo 1
Único - Flores da Morte




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/727801/chapter/1

— Dize-me: Conheceste muitos suicidas?

— Não, senhor. Eles já estavam mortos.

— Conheceste muitos suicidas antes de enterrá-los?

— Não, senhor. Eles já estavam mortos.

Sangue.

Dos pulsos de Peter, jorravam sangue.

E ele gostava.

Um oco verídico preenchia seu coração, amaldiçoando-o com uma dor que em nada se igualava àquela em seus pulsos; era muito mais sufocante… insuportável.

O que é estar vivo?

Peter não podia dizer com exatidão. Há muito esquecera-se do significado de viver. Nada mais fazia sentido.

O garoto olhou-se no reflexo do espelho, e foi encarado de volta. Encarado, sim, mas não por si mesmo. Nas lágrimas, um grito mudo de socorro.

A escuridão da noite o abraçava penosamente. Sua ansiedade proporcionava um jeito melancólico de fazer a lua fazer a companhia perfeita. Não queria mais que ela fosse sua única e fiel amiga.

Entretanto, não importa o quão dura fosse a realidade, aquela era sua vida; Peter não era o garoto mais animado da turma,o que sempre levantava a mão quando lhe era perguntado algo, o que beijava todas as garotas ou garotos, ou até mesmo o que saía com os amigos e só voltava ao amanhecer. Não. Peter era o menino que sempre estava sozinho, que nunca beijou uma garota. Era o garoto que nunca levantava a mão, e que só falava com quem falava com ele. Olhar no rosto das pessoas era uma tarefa impossível de se realizar. Falava baixo, quase sussurrando, sempre agarrado ao casaco. Talvez o casaco fosse o único que nunca o abandonava; sempre, quando tímido, Peter abraçava sua própria vestimenta e sentia-se mais seguro, protegido.

Mas o casaco não poderia proteger-lhe para sempre. A dor que sentia era imensurável.

O pai de Peter, renomado policial, sempre guardava sua arma na gaveta de meias, onde em tempos passados o jovem rapaz costumava espiar. A lembrança de um passado distante o deixara de joelhos. Tempos em que era feliz e costumava imaginar-se como um policial, tal como aquele em que se espelhava.

Mas agora não mais ansiava por nada. Estava isento de sentimentos; sem dúvidas, a única coisa que sentia era dor.

Ele não sabia o que viria depois e isso era intimidante. Peter não sabia se o que o esperava era a escuridão eterna ou um paraíso que acalmaria seu sofrimento. No entanto, a eterna penumbra não o assustava; ela o acertava dia após dia, deixando-o exausto… Todo o tempo.

Estava assustado, mas animado. Sentou-se sobre sua cama e fechou os olhos, a arma mirada para o céu da boca. As lágrimas deslizavam pelo rosto moreno do rapaz, atribuindo uma coloração vermelha às suas bochechas. Existem lágrimas, mas debaixo delas há isso…

Todas as mágoas e dores e a necessidade constante de se comparar a todas as pessoas normais que já conheceu estavam prestes a acabar.

E o disparo ecoou.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!