Pesadelo escrita por Verderi


Capítulo 3
O símbolo




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Louise ficou ali paralisada por algum tempo. Queria entender o que estava acontecendo, queria saber o motivo de terem assassinado tão cruelmente seu amigo e o que ele tinha a ver com o que estava acontecendo com ela. Pelo menos de uma coisa ela tinha certeza: um dos objetivos do assassino era a atingir da pior maneira possível.

Ao analisar o corpo de Bruno mais de perto, Louise percebeu marcas em seu pescoço, o que caracterizava morte por asfixia, talvez. Notou que sua barriga estava aberta e sua mente logo se transportou para o fígado que achara debaixo da janela do banheiro:

“Era dele”

Era tudo o que ela conseguia pensar no momento. Suas lágrimas deram lugar á um surto de histeria que ela não conseguia controlar. Era seu amigo, faziam pesquisa juntos, tinham planos de intercâmbio e outras várias coisas que só ficarão na memória agora. Louise agarrou o corpo de Bruno e não conseguia conter o choro e os gritos. Numa de suas entreolhadas no corpo de Bruno, Louise notou algo na mão direita. Era uma espécie de tatuagem da face de um leão com olhos flamejantes.

“Só pode ser uma pista, só pode”

Louise tirou uma foto e saiu correndo, ao sair pela porta do pequeno quarto onde o corpo de Bruno estava, um lençol preso no teto caiu na frente dela. Ele se desenrolou do teto até o chão. Nele havia uma mão fazendo o gesto de silencio desenhado com sangue, provavelmente o de Bruno.

Na beira da rodovia, Louise não sabia se chorava ou se olhava pra foto da “tatuagem” feita na mão direita de Bruno. Seria algo que ela devia se preocupar? Ou era mais um desenho qualquer? Talvez uma tatuagem que Bruno teria feito e ela não reparou? Porém, seria impossível não notar uma tatuagem tão estranha. A mente de Louise estava tão fora de si que ela nem reparou que seu ônibus passara direto por ela. Quando ouviu o barulho do ônibus se afastando, gritou e correu desesperadamente na tentativa de fazer o motorista parar. Gritou e correu até que ele parou. Louise subiu no ônibus e se deparou com a senhorinha que teve a breve conversa macabra com ela no ônibus que quebrara na ida ao casebre.

Você conseguiu fazer o que queria? Perguntou a senhorinha puxando Louise pelo braço enquanto ela passava no corredor.

Isso não é da sua conta. Retrucou já receosa.

É melhor ter conseguido. Nunca se sabe quando será tarde demais.

Mais uma sessão de terror tomou conta de Louise naquele instante. Sacou o celular do bolso e mostrou a imagem da tatuagem para a senhorinha:

Desculpe, mas a senhora sabe o que pode significar isso? Perguntou enquanto a velhinha olhava para a foto com os olhos esbugalhados.

Onde você tirou isso? E quem tem essa tatuagem? Respondeu a senhora, já apavorada.

— É meu amigo, ele está morto, por favor me ajude a desvendar isso. Louise suplicava, nem ligava mais para o resto das pessoas que estava no ônibus, só queria buscar respostas.

A velhinha sacou um celular antigo de sua bolsa e mostrou uma foto de resolução baixa. Nela dava para ver sua neta posando ao lado do mesmo símbolo desenhado na terra.

— Ela desenhou isso depois de caçar um rato. Disse a velhinha com cara de choro.

Louise olhou pra velhinha e foi a última coisa que conseguiu fazer antes do ônibus bater e todos serem arremessados, alguns para fora, outros para qualquer lugar até baterem em alguma coisa e pararem.

Quando Louise abriu os olhos, demorou um pouco para perceber que estava no hospital e que Bianca estava do seu lado.

AI, GRAÇAS A DEUS, LOUISE. Gritou Bianca quando viu Louise abrir os olhos.

O que aconteceu? Perguntou Louise com a voz um pouco trêmula.

Disseram que o motorista se distraiu com alguma coisa, perdeu o controle e bateu em um muro.

A única coisa que Louise conseguia se lembrar era da neta da velhinha posando ao lado do mesmo símbolo que fora tatuado na mão de Bruno. De repente os olhos de Louise se arregalaram:

BIANCA, CADÊ O MEU CELULAR? Gritou desesperada.

Você quase morreu e está preocupada com seu celular? Retrucou Bianca.

Me diz que você tá com ele, por favor.

— Não, Louise, eu não estou com ele, você esperava estar com o celular depois de quase ter virado farinha? Provavelmente ele quebrou na batida.

NÃO, NÃO PODE. Louise gritava desesperada.

Bianca estava apavorada vendo Louise naquela situação.

— Louise, pelo amor de Deus, porque você está tão preocupada com esse celular? O que tinha nele?

Nesse momento Louise travou. Não podia deixar Bianca saber sobre a tatuagem, ou sobre a sua ida ao casebre, ou até mesmo sobre a neta da velhinha.

Eu só sou muito apegada a ele. Disse Bianca na voz mais doce do mundo.

— Celular você consegue outro . O que importa é que você está bem.

O olhar de preocupada de Louise não escondia também seu pavor. Sua perna balançava toda hora enquanto voltava para casa de ambulância com Bianca. Aquele símbolo devia significar alguma coisa. Porquê uma criança desenharia a mesma coisa se não significasse nada? Cada casebre de madeira que via pelas ruas era uma sessão de tortura. Esconder isso de Bianca ia ser difícil.

“Será que ela me ajudaria se eu contasse?”

Pensava.

NÃO. Gritou ela dentro da ambulância.

Não o que, Louise? Perguntou Bianca.

Nada. Nada.

Estava claro que Bianca desconfiava de algo, mas não era pela boca de Louise que ela ia descobrir.

O motorista da ambulância parou no semáforo perto de onde o ônibus de Louise bateu no muro. Ela olhou para o lado e conseguiu ver uns pequenos destroços do ônibus ainda na calçada. Rapidamente ela abriu a porta da ambulância e saiu correndo com as mãos nas costelas, onde doía. Bianca saiu correndo logo em seguida:

VOLTA AQUI LOUISE, ONDE VOCÊ VAI?

Quando Louise chegou no local, foi chegando perto dos destroços do ônibus que estavam na calçada e viu algo que parecia estar aceso. Era o celular da velhinha, aberto na foto de sua netinha. Louise o pegou e quando Bianca chegou perto dela, perguntou:

— Quem é essa menina?

— É neta da velhinha que estava do meu lado no ônibus.

— E esse desenho estranho de leão com fogo nos olhos? Eu hein.

Louise olhou para Bianca e engoliu seco. As duas assustaram ao ouvirem um som de assobio bem baixinho. Procuraram ao redor mas não havia ninguém. Olharam para o celular e o barulho era a notificação de uma mensagem, que dizia:

LANTERNA - MURO AZUL

— Lanterna? Muro Azul? Indagou Bianca

O muro azul se situava do outro lado da rua onde estavam. Louise apontou o celular para ele e ligou a lanterna.

No muro estava uma imagem gigantesca do mesmo leão com olhos flamejantes da tatuagem de Bruno e do desenho da menina. Louise tentou manter a calma enquanto Bianca gritava desesperada. No celular, mais uma mensagem chegara:

BELA DISTRAÇÃO, NÃO ACHA?


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