Pesadelo escrita por Verderi


Capítulo 2
Joguinhos Mortais




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Louise sequer pensou em chegar mais perto do fígado. Saiu correndo dali certa de contar tudo o que vira para a primeira pessoa que encontrasse em qualquer lugar. Chegou no estacionamento do bloco de aulas onde estava, mas não havia ninguém por perto. Um pensamento rápido a lembrou de que as aulas naquela semana foram canceladas.

 

“Droga, e agora?”

 

Pensava ela enquanto corria em direção aos outros blocos, mas não encontrava ninguém. Enquanto dava a volta por trás de um dos blocos para adentrar o outro, esbarrou em algo que lembrava um cartaz gigante, porém completamente desgastado, pendurado em uma árvore. No cartaz, escrito com sangue, a mensagem era curta, grossa e direta:

 

“NÓS SABEMOS DE TUDO, LOUISE”

 

Louise não sabia o que fazer, a sensação de choque tomava conta de todo seu corpo. Ela sabia que nunca escondera nada e ninguém, mas o que aquele cartaz queria dizer? E o sangue usado para escrever? Será que era da mesma pessoa a que pertencia o fígado?

 

No canto inferior esquerdo do cartaz, estava uma seta apontando para o lado, o que significava que ainda não era o fim do cartaz. Louise se aproximou da parte de trás do cartaz e na grama, no meio de duas raízes da árvore, estava uma pequena caixa de madeira fechada com um laço numa corda, e nele um pedaço de papel escrito: “não se preocupe com o fígado, abra a caixa em casa”. Ela pegou a caixa e saiu correndo para casa.

 

1 hora depois

 

Ao chegar em casa, Louise correu para o seu quarto, nem se importando com a presença de Bianca na sala.

 

— O que é isso na sua mão, Louise? Gritou Bianca, mas nesse momento ela já batia a porta de seu quarto.

 

Louise olhava para a caixa como se ela fosse uma bomba prestes a explodir, não sabia ao certo o que ia encontrar ao abrí-la. Vindo do assassino (se é que veio dele) poderia ser qualquer coisa, como a arma que ele usou para retirar o fígado da pessoa, por exemplo. Ela decidiu não hesitar mais. Abriu a caixa e ficou ainda mais confusa quando viu que dentro dela havia apenas um papel com um endereço escrito. Provavelmente era pra onde o assassino levara o corpo. Ela abriu seu notebook, procurou o endereço e viu que o lugar descrito ficava numa rodovia logo depois da saída da cidade. Pegou um casaco e, mais uma vez, saiu correndo, mas dessa vez se deparou com Bianca no final da escada:

 

— O que está acontecendo? Perguntou Bianca, desconfiada.

 

— Nada, o que estaria acontecendo? Respondeu, numa tentativa falha de disfarçar o nervosismo.

 

— Louise, está acontecendo alguma coisa com você, onde você vai a essa hora?

 

— Vou sair, afinal, você mesma disse que eu tenho que me distrair mais, sair, conhecer pessoas novas, não é?

 

— Tá bom, mas fique sabendo que o que for que estiver acontecendo, eu vou descobrir.

 

Louise a olhou preocupada e saiu logo em seguida.

 

Os ônibus naquela cidade demoravam uma eternidade para passar, principalmente em situações desesperadoras como essa. A rodovia descrita no endereço era longe demais para ir andando. Depois de alguns minutos que mais pareceram a eternidade, o ônibus com destino ao bairro mais próximo da rodovia chegou. Eram 25 minutos até lá, e o ônibus estava quase vazio. Depois de passados 10 minutos dentro do ônibus, uma senhorinha sentou ao lado de Louise e puxou uma conversa:

 

— Sabia que minha netinha tem um sapato igual ao seu? Falou a velhinha enquanto apontava para a sapatilha vermelha que Louise usava.

 

Ah é? Que legal. Respondeu Louise, tentando não parecer que estava entrando em pânico.

 

— Sim, ela usava para caçar os bichos que invadiam o nosso quintal. Ela dizia que vermelho era bom porque não manchava de sangue.

 

Louise olhou assustada para a senhora e percebeu que ela tinha várias cicatrizes nos braços e nas pernas.

 

— Desculpa perguntar, mas o que são essas cicatrizes?

 

— Ah, foi minha netinha que fez. Ela é uma peralta.

 

O momento de pânico de Louise começara ali, ela não sabia mais como respirar, só queria sair do lado daquela senhora. Foi nesse momento que o ônibus quebrou.

 

— Atenção, é preciso que todos saiam do ônibus imediatamente. Anunciou o motorista

 

Louise saiu do ônibus e viu que já estava quase chegando no bairro onde o ônibus pararia. Decidiu ir a pé até a rodovia.

 

Quando chegou na rodovia, checou a localização em seu celular, estava a 400 metros do local descrito no papel. Andou um pouco e quando checou novamente no celular, ela havia chegado. Olhou para o lado e viu os destroços de um pequeno casebre bem no meio do matagal. Era lá que ela devia ir.

 

Chegando perto da casa, olhou para os lados e percebeu que nas redondezas estava repleto de mensagens positivas, como se as pessoas fossem para lá porque estavam num dia ruim ou estavam tristes. A porta da casa era enorme, completamente desproporcional ao seu tamanho. Dentro da casa estava tudo escuro, mas dava para perceber que não havia móveis, tampouco energia. Louise pegou seu celular e ligou a lanterna. Quando ligou, levou um susto ao perceber que estava diante de um espelho gigante, também muito desproporcional ao tamanho da casa, mas não era desses espelhos que são pregados na parede, a parede era o espelho. Louise continuou caminhando pela casa até encontrar um cômodo onde parecia ser um pequeno quarto. Foi diretamente na janela para ver se alguém a notara entrando ali. Ao virar de costas para a janela, o susto foi gigantesco:

 

“ ERA ISSO QUE ESTAVA PROCURANDO?”

 

Essas palavras estavam escritas com sangue logo acima do corpo de Bruno, um dos melhores amigos e colega de turma de Louise.

 

Ela caiu de joelhos e não conseguiu conter o grito desesperador de dor, culpa e tristeza.


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