Querido Papai Noel,

Eu nunca escrevi uma carta. Me chamo Tobias, tenho sete anos e só queria pedir uma coisa de Natal: que o papai não batesse mais na mamãe. Eu não quero mais aquele carrinho do comercial que vi nem o boneco do Max Steel. Me comportei o ano todo, fiz todas as tarefas de casa e nem reclamei quando o papai chegava sem trazer comida pra casa.

Papai Noel, o papai sempre chega fedendo e falando lento. Será que todos os adultos são assim? Mamãe não é. Mamãe me protege. Ela acha que eu estou dormindo, mas eu não durmo com medo de que ele faça algo com a mamãe. Papai é mau. Eu tenho medo dele. Ele me bate quando mamãe não está em casa. Mamãe é muito boa comigo, ela sempre traz um chocolate para mim. Mamãe nunca fede. Ela sempre tem cheiro de perfume. E a vovó também me dá chocolates! A vovó sempre deixa eu dormir na casa dela com a mamãe. Lá, eu durmo. A vovó tem um cheiro engraçado, mamãe disse que é nafta alguma coisa, eu não lembro agora.

Eu sei que tem muitas crianças ai no mundo que precisam mais dos presentes do que eu e sei que os seus duendes vão entregar essa carta para o senhor, por favor, o senhor pode me dar esse presente de Natal?

Ah, também dê um presente para a moça que veio me buscar na minha casa e me trouxe para um local grande e limpo. O nome dela é Tais. Ela é assistente social e disse que a mamãe estava no médico e que a vovó viria me buscar. Foi ela que escreveu essa carta por mim, eu não sei escrever, papai não deixa eu ir pra escola como o Marquinhos, filho da tia Paula. Ela é bem legal. Dê o presente que ela quiser, Papai Noel. Você é um papai bom. Você não é mau. Você não bate na mamãe e nem em mim.

Feliz Natal, Papai Noel.