Querida Amy,

Não acho que você tem culpa por que aconteceu entre ele e eu. Você sempre esteve ali e acho que essa carta de amor a um morto é mais do que necessária, principalmente sendo a minha carta de alforria. Com essa carta, eu vou deixá-lo pra trás e todos os outros ficaram com ele. Eles ficaram no passado.

Eu ainda sinto dor por saber que não ouvirei músicas novas, mas o álcool supre minhas necessidades e ao mesmo tempo enfia adagas afiadas em meu coração, pois sei que era seu vício. Ele te amava, acho que mais do que me amava ou amava a si mesmo. Amy, eu sinceramente sinto muito por tudo que você passou. E por tudo que eu passei. Suas músicas são lindas e incríveis, você era linda e incrível... Mas ele te deturpou. Na minha mente, sim. Você é um ser humano incrível, Amy. Você é um anjo de luz. Mas o mundo te deturpou, assim como ele fez.

Não preciso explicar o que houve e nem meus motivos para fazer isso. Eu fico feliz que tenha mudado de estado e esteja melhor da depressão e sei que isso piorará seu quadro. Por isso, espero que quando você encontrar essa carta e todas as anotações em post-its que estão espalhadas na parede do meu quarto, você esteja um milhão de vezes melhor e que eu já esteja bem distante. E também espero que entenda minhas razões para isso.  Você me ajudou tanto nas melhores horas, principalmente depois do ocorrido no hospital e na morte do meu pai.

Você sempre esteve lá por mim e eu nunca pude estar lá por você.

Eu te amo tanto que dói e borra a merda da tinta no papel com cada gota de lágrima que cai. Meu mundo era você, Amy. Mas ele acabou com meu mundo. E eu estou acabando com a minha própria vida.

Allisson,

30 de Agosto de 1987.