Beatlaculous escrita por Drids


Capítulo 2
Yes it is


Notas iniciais do capítulo

SINOPSE: Adrien finalmente dá a Marinette alguma chance. Mas a menina descobrirá que seu amor pode ser assombrado pelo fantasma que é... ela mesma.

MÚSICA: YES IT IS

If you wear red tonight,
Remember what I said tonight,
For red is the color that my baby wore,
And what's more, it's true,
Yes it is.

Scarlet were the clothes she wore,
Everybody knows I'm sure,
I would remember all the things we planned,
Understand it's true,
Yes it is true, yes it is.

I could be happy with you by my side,
If I could forget her,
But it's my pride,
Yes it is, yes it is, oh, yes it is, yeah.

Please don't wear red tonight,
This is what I said tonight,
For red is the color that will make me blue,
In spite of you, it's true,
Yes it is true, yes it is.



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Marinette não podia se conter, de tamanha felicidade. Finalmente conseguiu o que queria: um encontro com Adrien. Surpreendentemente, o convite partiu do modelo, na frente de vários amigos deles, o que poderia ser um sinal de que tal interesse repentino não foi uma escolha ao acaso. Mas pouco importava para a menina. Seria sua chance de mostrar a ele seu lado divertido, descontraído, estiloso, tudo o que ela não era no ambiente escolar. E, caso conseguisse conversar com ele sem frases malucas e sem gaguejar, quem sabe Adrien não veria nela a garota de seus sonhos? Que oportunidade!

Nada poderia dar errado, então Marinette pensou em cada detalhezinho. A escolha de sua roupa, sua maquiagem, seu penteado, tudo foi antecipadamente pensado. Apesar de o encontro ser no cinema, depois do filme poderiam estender o passeio por alguma lanchonete ou uma caminhada pela cidade. E aí sim, Adrien poderia notar melhor sua produção. Então nada de jeans, tênis ou camisetas: a escolha óbvia era um vestido. O da ocasião seria um lindo vestido vermelho com detalhes pretos, de alças. Para o frio da sala do cinema, uma jaqueta preta. Tudo correndo como o planejado, enquanto se arrumava e ensaiava algumas frases simples de dizer sem engasgar e parecer ridícula.

Na mansão, Adrien, por sua vez, estava a se lembrar dos acontecimentos de poucos meses atrás: seu amor platônico por Ladybug foi descoberto e exposto a todos os colegas de classe por Kim. Apesar de se relacionar bem com todos, o loiro sabia que estava sendo ridicularizado por parte de alguns alunos mais zoeiros. “Aquele palhaços, rindo de mim, por estar apaixonado por uma pessoa inacessível” pensava. Mas como alguém não se apaixonaria por uma heroína como Ladybug? Principalmente ele que podia desfrutar de sua convivência como Cat Noir? Ninguém consegue entendê-lo. Mas Nino, seu melhor amigo, não queria ver Adrien sendo zoado e sugeriu:

− Olha, Adrien, eu acho que você precisa esconder esse seu amor(*). Possivelmente ela não corresponderá, é uma heroína ocupada. Não confunda a atenção dela em proteger você com outro tipo de sentimento, porque ela protege a cidade inteira.

Nino tinha alguma razão. Como Cat Noir, ele já sabia que seu amor não era correspondido. E como Adrien... bem, ele era só mais um cidadão parisiense a mercê da ação de akumas. O loiro não queria mais apenas disfarçar esse amor. Queria superá-lo e, para isso, decidiu se dar a chance de se interessar por outra garota. Candidatas não lhe faltavam. Chloé, por exemplo, poderia ser uma escolha bastante óbvia, mas ele preferia nem mesmo imaginar como seria. Então a escolhida foi a amiga Marinette. Porque não? Ela é dócil, talentosa, gosta de moda (teriam muito assunto pra conversar). É meio desastrada, mas isso a deixa até um pouco mais adorável. E melhor: saiu em sua defesa contra os colegas que o importunavam pelo assunto de sua paixão reprimida. Não estava sendo um sacrifício se preparar para aquele encontro que ele mesmo sugeriu.

Então, chegou o momento do primeiro encontro de Marinette e Adrien. Ele seguiu para busca-la em casa. Fez sua parte direitinho: desceu do carro, foi até a porta, tocou a campainha, foi recebido pelos pais da moça, os cumprimentou e até pediu a permissão para levar a filha deles ao cinema. Tom, para descontrair, decidiu pagar de pai bravo:

− Traga minha filhinha inteira pra casa, até às nove! – franziu o cenho e alisou o bigode, pondo-se a rir em seguida.

− Pai! – Marinette, que não o viu sorrindo, quis repreender o pai. – Adrien e eu só vamos ver um filme. Chegaremos cedo. Nós já conversamos.

Então Marinette desceu as escadas, sorrindo timidamente para Adrien. Ele a viu chegar à sala como numa cena de filme, onde a protagonista pisa cada degrau em câmera lenta, revelando toda a sua beleza a cada passo. E ele não pôde deixar de notar e deixar escapar, meio pasmo:

− Mari, você está linda!

A menina ficou tão nas nuvens com o elogio que caiu de lá, literalmente. Num tropeço, parou nos braços de Adrien, que a olhou com intensidade. O clima para os pais da menina ficou estranho, mas para o par de amigos, parecia um final de tango, com o cavalheiro inclinando a parceira, faltando somente uma rosa em sua boca. Mas logo os dois se refizeram e fingiram que nada aconteceu.

− Vamos? – falaram juntos e, em seguida se despediram do casal Dupan-Cheng.

No carro, sentados no banco de trás, Adrien ainda tentava entender por que Marinette parecia atrair seu olhar de modo tão... magnético. Ela, muito envergonhada, olhava pela janela, apontava lugares e fazia comentários curtos. E ele a olhava admirado. Ela lhe parecia diferente da colega de classe, mas, ao mesmo tempo, era estranhamente familiar. Quando chegaram ao destino, como bom cavalheiro, Adrien apressou-se em descer para abrir a porta para a amiga. E quando ela passou por ele, o perfume, o vento nos cabelos, o vestido vermelho... era isso. Marinette estava linda... como Ladybug! A comparação o incomodou. Tentou não pensar isso, mas a cada passo firme da antes insegura menina ele tinha mais certeza.

Adrien parou no tempo, olhando Marinette e pensando em Ladybug.

− Você não vem? – a amiga o notou ficando para trás e o acordou de seu devaneio.

Ele a seguiu mudo e assim permaneceu enquanto compravam os ingressos e entravam para a sala de cinema. Chegaram a suas poltronas e o trailer já havia começado, então aquele silêncio sepulcral de Adrien não levantou grandes suspeitas em Marinette. Mas ao longo do filme, o olhar de soslaio e a inquietude no assento deixavam aparente algum incômodo pelo qual ele passava. A menina achou melhor não comentar, mas começou a incomodar-se também.

Depois do filme, Adrien não poderia mais ignorar a presença da dama de vermelho ao seu lado. E Marinette, que julgava ter feito algo para ele, também não poderia mais se calar.

− Adrien, você está bem?

− Sim, Mari, estou.

− Tem certeza? Você está estranho.

− Não é nada.

− Fiz ou falei alguma coisa errada?

Adrien não podia mais esconder. Ladybug invadia seus pensamentos e tomava sua atenção. E isso não parecia justo com Marinette.

− Você está de vermelho!

− Isso é ruim?

− Sim! Quer dizer, não, Mari. Mas eu preferia que você não estivesse de vermelho hoje. Você está linda e eu sei que essa noite poderia ser muito mais divertida para nós dois. Mas... você está de vermelho e essa é... a cor da Ladybug. E isso está me partindo por dentro. Porque não consigo parar de pensar nela e nem estar aqui com você, para você. Me desculpe. – Adrien, de cabeça baixa, não tinha coragem de encarar a amiga.

Marinette estava em choque. Pensou que toda aquela história de amor platônico pela Ladybug era boato. Agora era concreto e ela não podia competir com “A” salvadora de Paris, “A” confiante e corajosa heroína. E assim ela passou a assombrar a si mesma com seu alter ego. Seria irônico se não fosse trágico. Um fardo para seu amor por Adrien, um golpe em seu amor próprio. Afinal, Marinette não queria ser amada como Ladybug, uma vez que ser a heroína não era bem sua realidade. Era uma necessidade, para momentos em que Paris precisasse dela. No restante do tempo ela era somente Marinette. E, pelo jeito, isso era pouco para Adrien.

− Mas então... – a menina tentava conter as lágrimas. – porque me convidou para sair?

− Porque eu realmente pensei que poderia ser feliz ao seu lado, se eu pudesse esquecer a Ladybug.

Sentindo-se derrotada, Marinette só podia sair de lá o quanto antes e tentar esquecer o desastre de sua noite. Queria voltar pra casa, tirar aquele vestido (que agora lhe parecia horrível) e atacar um pote de sorvete de flocos.

− Bem... ainda está cedo, então... vou voltar para casa de metrô, se não se importa.

− O que é isso, Mari. Eu te levo. Não posso deixa-la assim sozinha. Ou você nunca mais vai querer falar comigo? – Adrien até entenderia se ela dissesse sim, mas não queria perder a amizade de Marinette.

− Não é sua culpa amar outra pessoa, Adrien. A Ladybug é mesmo incrível, bem melhor que eu.

− Mari, não diz isso...

− Mas eu realmente gostaria de espairecer um pouco, então vou de metrô – Marinette o interrompeu. − Na segunda nos veremos. Tchau, Adrien.

− Não, Mari, espera...

A menina saiu correndo. Adrien queria impedi-la, mas ele não sentia que merecia mais de sua atenção. A viu partir, decepcionado consigo mesmo, pois tinha agora a certeza de que não conseguiria ser feliz com nenhuma das duas.


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Notas finais do capítulo

(*) essa frase faz referência a outra música dos Beatles: You’ve got to hide your love away (que é muito bonitinha).



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