Autour du petit Black escrita por shadowhunter


Capítulo 5
Finalmente a aula de Poções


Notas iniciais do capítulo

Hey pessoal, estou fazendo o possível para adiantar a fic antes que minha aulas voltem, pois quando voltarem será um sacrifício escrever.
Aproveitem!



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Pov Belle

Hogwarts é incrível! Claro que já estive aqui antes no Torneio Tribuxo, mas usar o uniforme e dormir no castelo é algo totalmente diferente. Muitas pessoas me acolheram muito bem na minha casa, mas outras me olham torto pelo fato de que sou francesa, fiz alguns amigos e as meninas com quem divido quarto não são tão ruins assim. Admito que preferia estar com Lotte, ando preocupada com ela e queria poder estar em seu dormitório para garantir que os sonhos não a impeçam de viver. Mas por agora não há o que fazer, apenas o diretor poderá resolver essa situação.

Estava sentada na mesa ao lado de Maya, minha colega de quarto, e dos amigos dela quando uma coruja posou na minha frente com uma carta, pego a carta e lhe dou um petisco a liberando para ir embora. Curiosa começo a ler o seu conteúdo.

Mon Amour (Meu amor),

Beauxbatons não é a mesma sem você, claro que eu posso ter a menina que quiser, mas sem você para provocar não é a mesma coisa. Se você achou que seria uma carta de amor está muito enganada, sabe que não sou do tipo que se declara por cartas.

Deve estar se perguntando o porquê desta carta e provavelmente está prestes a jogá-la no fogo, mas lhe escrevo porque iremos nos casar, querendo ou não, e passaremos o resto de nossas vidas tendo que se comunicar e essa é uma ótima chance de começar. Então me escreva, me conte sobre o seu novo colégio ou só diga que me odeia, você decide, mas não deixe de escrever (uma hora os seus pais lhe obrigarão a fazer isso, estou indo pelo jeito mais fácil).

Avec soin et amour (com amor e carinho),

Son futur mari (seu futuro marido)

Francis.

 Ele é muito atrevido! Mandar-me uma carta e ainda pedir que eu a responda, idiota.

Pov Charlote

Pela primeira vez em anos acordei atrasada para o café. Tinha sido uma péssima noite, gritos e flashes de luzes e alguém morrendo, então acabei chegando no Salão Principal na hora que Minerva estava distribuindo os horários das aulas. Esse ano as matérias seriam dividas pelos N.O.M.s para que pudéssemos nos preparar para os N.I.E.M.s

— Vejo que tirou “Ótimo” em todas as matérias – fala Minerva sem parecer surpresa – O que já era esperado da senhorita, é claro – fala sorrindo – Como já lhe foi dito ano passado, terá que continuar em Adivinhação, mas também está liberada para Feitiços, Defesa Contra as Artes das Trevas, Transfiguração, Herbologia e Poções, alguma objeção?

— Tenho mesmo que continuar em Adivinhação? – pergunto – Nós duas sabemos que o meu problema não tem nada a ver com o que é ensinado nessa aula.

— Se conseguiu convencer o diretor de que essas aulas não são necessárias, então modificarei o seu horário com prazer, até lá terá que frequentar as aulas – fala com um tom severo – Sinto muito Black – e então sai para distribuir os horários dos outros alunos.

Depois que termino meu café me dirijo a saída do Salão Principal, ao encontro de Maya e Belle, e em direção ao jardim, onde ficamos até a aula de Defesa Contra as Artes das Trevas, a primeira aula do meu padrinho em sua profissão dos sonhos. Assim que chegamos em frente a sala, a porta se abriu e meu padrinho nos mandou entrar. A sala estava mais sombria, com as cortinas fechadas e as velas iluminando o local, também havia novos quadros nas paredes, mostrando pessoas sofrendo e partes do corpo torcidas. Me pergunto se a intenção era assustar os alunos. Sentamos em silêncio e começamos a pegar os livros.

— Não pedi a vocês para apanharem seus livros – começou Snape, fechando a porta e virando-se para encarar a turma de sua escrivaninha. – Quero conversar com os senhores e exijo sua total e absoluta atenção.

Seus olhos negros percorreram os rostos voltados para ele, demorando-se uma fração de segundo a mais no rosto de Harry e logo em seguida no meu.

— Creio que já tiveram cinco professores nesta matéria. Naturalmente, cada um teve o seu método e suas prioridades. Diante dessa confusão, é uma surpresa que tantos tenham obtido nota para passar nesta matéria. E surpresa maior será se todos conseguirem dar conta dos deveres do N.I.E.M, que serão bem mais complexos.

Ele começou a andar em volta da sala, falando agora mais baixo; os alunos esticaram o pescoço para conseguir vê-lo.

— As Artes das Trevas são muito variadas, inconstantes e eternas. Combatê-las é como combater um monstro de muitas cabeças, no qual, cada vez que cortamos uma cabeça, surge outra ainda mais feroz e inteligente do que a anterior. Vocês estão combatendo algo que é instável, mutável e indestrutível.

Era a impressionante o jeito que ele falava sobre a matéria, com admiração e amor. Às vezes me perguntava se ele falava assim quando era mais novo, se foi toda essa admiração que o levou para aquele caminho, que o fez se afastar de sua melhor amiga.

— Suas defesas – disse Snape alteando a voz –, portanto, têm de ser flexíveis e inventivas como as Artes que vocês querem neutralizar. Esses quadros – ele apontou alguns à medida que passava – são uma boa representação do que acontece com quem, por exemplo, sofre a

Maldição Cruciatus – (ele fez um gesto indicando uma bruxa que visivelmente urrava de dor) –, sente o beijo do dementador – (um bruxo de olhos vidrados encolhido contra uma parede) – ou provoca a agressão de um Inferius – (uma massa sangrenta no chão).

— Então já foi avistado algum Inferius? – perguntou Parvati Patil com voz aguda. – Então é oficial, ele está usando Inferi?

— O Lorde das Trevas usou Inferi no passado – respondeu Snape –, o que significa que seria sensato presumir que pode tornar a usá-los. Agora...

Ele recomeçou a andar pelo outro lado da sala em direção à própria escrivaninha, suas vestes escuras enfunando a cada passo e, mais uma vez, a classe acompanhou-o com os olhos.

— ... creio que os senhores são absolutamente novatos no uso de feitiços mudos. Qual é a vantagem de um feitiço mudo?

Hermione levantou a mão imediatamente, Snape olhou pela a sala a procura de outra pessoa para responder, mas não havia ninguém. Até que seus olhos param em mim e ele disse:

— Srta. Black – ele falou, indicando que eu deveria responder.

— Mas senhor – falo tentando me livrar de tal situação – Hermione levantou a mão, ela não deveria responder?

— Se eu lhe indiquei – falou calmamente – Significa que a senhorita deve responder o que foi perguntado, não a srta. Granger.

— E se eu não souber a resposta?

— Acho que a senhorita sabe muito bem a vantagem do feitiço mudo – ele fala – Então responda à pergunta.

— Usar um feitiço mudo impede que o adversário de prever o seu próximo passo – falo me dando por vencida – Dando a pessoa uma certa vantagem no duelo.

— Exatamente – fala sem apresentar nenhuma emoção na voz, mas ele nunca demonstrou emoção nenhuma - Sim, aqueles que se aperfeiçoam e aprendem a usar a magia sem proferir os encantamentos, passam a contar com o elemento surpresa em sua arte. Nem todos os bruxos conseguem fazer isso, é claro; é uma questão de concentração e poder mental que alguns – seu olhar recaiu demoradamente em Harry – não possuem.

Ele provavelmente se referia a aula de Oclumência, a qual Harry falhou miseravelmente. Claro que Snape não ajudou, deixando-se levar pelo sobrenome do moreno.

— Os senhores agora vão se dividir em pares. Um parceiro tentará enfeitiçar o outro sem falar. O outro vai tentar repelir o feitiço em igual silêncio. Comecem.

Me virei para Belle, que estava do meu lado, e sorri. Eu já sabia feitiços não verbais mesmo antes de entrar na escola, graças a Dumbledore e Lupin, e Belle já tinha visto no ano anterior, então seria fácil para nós. Seguiu-se uma boa dose de enrolação dos demais; muitos alunos simplesmente murmuravam o encantamento em vez de dizê-lo em voz alta. Como era de esperar, aos dez minutos de aula, Hermione conseguiu repelir o Feitiço das Pernas Bambas, murmurado por Neville, sem enunciar uma única palavra, um feito que certamente teria rendido vinte pontos à Grifinória na aula de qualquer professor justo, mas Snape ignorou-o. Passeava imponente enquanto os alunos praticavam, detendo-se a observar Harry e Rony se esfalfarem para cumprir a tarefa.

Voltei a concentração para a tarefa, estava bem fácil. Nenhuma das duas estava conseguindo acertar a outra, bloqueávamos todos os feitiços, o que resultou em ficarmos rindo durante toda a tarefa. Estávamos tão concentradas que nem notamos a confusão a nossa volta, só notamos o que estava acontecendo quando vimos Snape se desiquilibrar e bater em umas cadeiras, ele tinha tentado acertar Harry com um feitiço não verbal e o garoto se protegeu verbalmente, o que lhe resultou em uma detenção.

Ao final da aula todos comentavam sobre o grande feito de Harry Potter, bater de frente com mais um professor, o que já não devia ser novidade dado as inúmeras vezes que ele ficou em detenção com a Sapa Rosa. Acho que o fato de ter sido Snape fez com que as pessoas achassem o máximo, já que ele odeia todos os alunos. Sabe... é estranho falar sobre o meu padrinho desse jeito, mas ele nunca me tratou com amor e carinho e nunca foi um padrinho para mim, não sei porque o meu pai confiou nele.

Me despedi das meninas e segui em direção a sala do diretor para tentar convence-lo a me liberar das aulas de Adivinhação, nada que aquela louca fale será capaz de explicar a minha situação, essas aulas são perda de tempo. Ao chegar na gárgula digo a senha e logo já estou batendo na porta do diretor. Antes que ele possa dizer alguma coisa, falo rapidamente:

— Senhor, eu estou aqui para pedir, implorar se preciso, que permita a minha retirada da aula de Adivinhação – peço assim que entro na sala – Sei que prevejo a morte e sei que isso é algo de família, mas também sei que essas aulas não levarão a nada e será um desperdício de tempo, tempo esse que eu poderia utilizar parar ajudá-lo a preparar Harry para a guerra que está por vim – então respiro fundo – Sei que está morrendo, sonho com isso, eu sinto a sua vida se esvair aos poucos e sei que pretende contar a Harry o necessário para vencer essa guerra, passei a minha vida inteira ao seu lado, permita que eu continue até os seus últimos momentos de vida – finalmente olho em seus olhos, ele aparenta cansado, na verdade ele parece exausto.

— Não esperava outra coisa de você – ele fala sorrindo – E, acredite quando digo, se tem alguém que desejo ao meu lado até o fim, esse é alguém é você.

— Dumbledore, você esteve comigo desde o início, desde o momento em que meu pai morreu e Andy, desesperada, procurou a sua ajuda – falo suavemente – Ao mesmo tempo que me ensinava, me protegia. Passou 16 anos de sua vida com a minha fiel companhia, acha mesmo que deixarei passar seus últimos dias sem ela?

— Está bem – ele fala sorrindo – Não precisa mais frequentar as aulas de Adivinhação, mas terá que participar de todas as aulas com Harry.

— Claro – falo sorrindo e o abraçando – O que quiser, quando quiser – falo rindo e saindo do abraço – Obrigada.

— Agora vá – fala ainda sorrindo – A aula será no sábado as oito horas, tente chegar antes dele.

Me despeço do diretor e me dirijo a Sala Comunal, onde começo a fazer meu dever de Defesa Contra as Artes das Trevas, tentando ignorar os olhares que Harry e Ron me lançam ocasionalmente. Assim que terminei o dever a sineta tocou e me dirigi calmamente para a aula de Poções, encontrando Sebastian e Katherine no meio do caminho. Chegando em frente a sala de aula vi que poucos alunos tinham se classificado para a matéria (da Sonserina apenas Sebastian, Katherine, Henry, Malfoy e Zabine; a Corvinal tinha quatro alunos, entre eles Maya e Belle; Lufa-Lufa só tinha apenas um aluno; Grifinoria possuía a maior quantidade de alunos, isso incluía o “trio de ouro” e Malia). Assim que chegamos em frente a sala, a porta se abriu e um animado Slughorn apareceu nos permitindo entrar na sala, me cumprimentando com bastante entusiasmo.

A masmorra estava, como nunca antes, impregnada de vapores e odores estranhos. Os alunos aspiravam, interessados, ao passarem por caldeirões borbulhantes. Reconheci todas as poções, principalmente a Amortentia, que me atraia com tal aroma. Sentei-me junto à Belle, Maya, Katherine e Malia, próximo a Amortentia.

— Ora muito bem, ora muito bem, ora muito bem – começou Slughorn, cuja silhueta maciça parecia tremeluzir em meio aos variados vapores. – Apanhem as balanças e os kits de poções e não esqueçam o manual de Estudos avançados no preparo de poções...

Enquanto fazíamos o que nos foi mandado, Harry explicava a sua situação ao professor.

— Ora, muito bem – disse voltando para a frente da turma após entregar o material aos meninos e enchendo o peito, já bastante volumoso, o que por um triz não fez os botões do seu colete saltarem. – Preparei algumas poções para vocês verem, apenas pelo interesse que encerram, entendem? São o tipo de coisa que deverão ser capazes de fazer ao fim dos N.I.E.M.s. Já devem ter ouvido falar de algumas, ainda que não saibam prepará-las. Alguém pode me dizer qual é esta aqui?

O professor indicou o caldeirão mais próximo à mesa da Sonserina. Imediatamente levantei a mão, sendo, como sempre, acompanhada por Hermione. O professor, orgulhoso, apontou em minha direção sorrindo.

— É Veritaserum, uma poção sem cor nem odor que força quem a bebe a dizer a verdade – digo orgulhosa, sempre amei a matéria.

— Muito bem, muito bem! – elogiou o professor, feliz. – Agora – continuou, apontando para o caldeirão mais próximo da mesa da Corvinal –, essa outra é bem conhecida... e também apareceu em alguns folhetos do Ministério ultimamente... quem sabe...?

A minha mão e a de Hermione foram novamente as mais rápidas, mas dessa ver Slughorn a escolheu para falar.

— É a Poção Polissuco, senhor – respondeu a garota, sorrindo por finalmente ser escolhida.

— Excelente, excelente! Agora, esta outra aqui... sim, minha cara? – interrompeu-se Slughorn, parecendo ligeiramente tonto ao ver nossas mãos perfurarem mais uma vez o ar.

— É Amortentia! – falo antes que a morena tenha a chance.

— De fato. Parece quase tolice perguntar – comentou o professor muito impressionado –, mas presumo que você saiba que efeito produz, não?

— É a poção de amor mais poderosa do mundo! – disse Hermione naõ conseguindo se conter.

— Certo! E você a reconheceu, presumo, pelo brilho perolado?

— E o vapor subindo em espirais características – respondo animada, percebendo que tinha se tornado uma competição –, além do mais a poção tem um cheiro diferente para cada um de nós, de acordo com o que nos atrai, no momento eu sinto, por exemplo, cheiro de narcisos, menta e acho que resina de madeira em cabo de vassoura – falo me dando conta que os últimos dois cheiros são relacionados a Harry.

— Admito e isso é mais do que esperava da senhorita – fala para mim sorrindo – Posso saber o seu nome, minha cara? – pergunta voltando-se a Hermione.

— Hermione Granger, senhor.

— Granger? Granger? Será que você é parenta de Hector Dagworth-Granger, que fundou a

Mui Extraordinária Sociedade dos Preparadores de Poções?

— Não. Creio que não, senhor. Nasci trouxa, sabe.

Slughorn não se mostrou desapontado, pelo contrário, abriu um largo sorriso e olhou de Hermione para Harry, sentado ao seu lado.

— Oho! “Uma das minhas melhores amigas é trouxa e é a melhor da nossa série!” Presumo que seja esta a amiga de quem me falou, Harry!

— É, sim, senhor.

— Ora muito bem, vinte pontos muito merecidos para a Grifinória, srta. Granger! E vinte pontos a para srta. Black também – exclamou Slughorn cordialmente.

Belle olhou para mim sorrindo e murmurou “É claro que ela sabe de tudo”, me fazendo revirar os olhos e sorrir. Embora a minha relação com o meu padrinho não seja das melhores, ele teve que me ensinar Poções desde pequena e, além de ser aluna do Príncipe Mestiço, a minha paixão pela matéria tornava o meu aprendizado mais fácil, no final eu acabei me tornado uma Mestra em Poções.  

— A Amortentia na realidade não gera o amor, é claro. É impossível produzir ou imitar o amor. Não, a poção apenas causa uma forte paixonite ou obsessão. Provavelmente é a poção mais poderosa e perigosa nesta sala. Ah, sim – confirmou solenemente com a cabeça para Malfoy, que ria descrente. – Quando vocês tiverem visto tanto da vida quanto eu, não subestimarão o poder do amor obsessivo... E agora, está na hora de começarmos a trabalhar.

— Professor, o senhor não nos disse o que tem neste aqui – lembrou Ernesto Macmillan, apontando para um pequeno caldeirão preto em cima da mesa de Slughorn. A poção espirrava vivamente para todo o lado; era cor de ouro derretido, e dela saltavam enormes gotas como peixinhos à superfície, embora nem uma só partícula extravasasse.

— Oho! – exclamou novamente o professor. É claro que ele não tinha esquecido a poção, não aquela poção, só esperou que lhe perguntassem para produzir um efeito teatral. – Sim. Aquela. Bem, aquela ali, senhoras e senhores, é uma poçãozinha curiosa chamada Felix Felicis. Suponho – e ele se voltou sorridente para mim – que a senhorita saiba o que faz a Felix Felicis, srta. Black?

— É sorte líquida – respondo animada. – Faz a pessoa ter sorte! Ela é bem complexa de fazer – falo sorrindo lembrando de quando tentei produzir a mesma no terceiro ano e falhei.

A classe inteira pareceu sentar mais aprumada. A ideia de produzir a sorte era algo tentador.

— Correto, mais dez pontos para a Grifinória. É uma poçãozinha engraçada a Felix Felicis – explicou Slughorn. – Dificílima de fazer e catastrófica se errarmos. Contudo, se a prepararmos corretamente, como no caso, vocês irão descobrir que os seus esforços serão

 ecompensados... pelo menos até passar o efeito.

— Por que as pessoas não a bebem o tempo todo, senhor? – perguntou um garoto, pressuroso.

— Porque ingerida em excesso causa tonteiras, irresponsabilidade e perigoso excesso de confiança. Tudo que é bom demais, sabe... extremamente tóxica em quantidade. Mas tomada com parcimônia e muito ocasionalmente...

— O senhor já a experimentou? – perguntou Miguel Corner muito interessado.

— Duas vezes na vida. Uma aos vinte e quatro anos e outra aos cinquenta e sete. Duas colheres de sopa ao café da manhã. Dois dias perfeitos.

Seu olhar parecia perdido e sonhador, provavelmente lembrou-se dos seus dias de sorte. Admito que já preparei a poção, no entanto nunca a tomei, apenas a preparei para algum plano que Dumbledore tinha.

— E a poção – disse Slughorn aparentemente voltando a terra – é o que vou oferecer de prêmio nesta aula.

Houve um grande silêncio em que cada borbulha e gargarejo das poções na sala pareceram se multiplicar dez vezes.

— Um frasquinho de Felix Felicis – explicou Slughorn, tirando do bolso um minúsculo vidro com rolha e mostrando-o a todos. – Suficiente para doze horas de sorte. Do amanhecer ao anoitecer, vocês terão sorte em tudo que tentarem. Agora, preciso avisar que a Felix Felicis é uma substância proibida nas competições oficiais, eventos esportivos, por exemplo, exames e eleições. Por isso quem a ganhar deve usá-la somente em um dia comum... e observar como esse dia comum se torna um dia extraordinário! Então – disse o professor repentinamente enérgico – como irão ganhar esse prêmio fabuloso? Bem, abrindo a página dez de Estudos avançados no preparo de poções. Ainda nos resta pouco mais de uma hora, que deve ser suficiente para vocês fazerem uma tentativa válida de preparar a Poção do Morto-Vivo. Sei que é mais complexa do que qualquer outra que tenham tentado antes e não espero que ninguém faça uma poção perfeita. Mas aquele que a fizer melhor ganhará a pequena Felix aqui. Podem começar!

Nunca pensei que fosse dizer isso, mas ele, de alguma forma, é brilhante. A Poção do Morto-Vivo é extremamente complexa se seguir as instruções dos livros, as chances de mais de duas pessoas nessa sala conseguirem produzi-la perfeitamente são praticamente nulas. Mas isso não é um problema para mim, nunca foi, será fácil fazer essa Poção... embora não queira o prêmio oferecido (tenho uma em meu estoque pessoal). Peguei meus materiais e comecei a trabalhar animadamente.

Comecei a seguir as instruções do livro até me deparar com o primeiro problema: o livro dizia para cortar a Vagem Soporífera, mas o correto seria amassar para que escorresse mais seiva, foi exatamente o que fiz, fazendo a poção adquirir o exato tom de lilás descrito no livro. Então o livro deu mais uma instrução errada: mexer o caldeirão no sentido anti-horário até que a poção ficasse clara como água, só que o certo é dar uma mexida no sentido horário para cada sete no sentido anti-horário, a poção no tom exato. Então quando vi já tinha acabado o meu trabalho, finalmente me permiti olhar para os alunos a minha volta.

Belle poderia ter conseguido fazer uma poção perfeita, mas parece que mexeu menos vezes que o necessário. Maya e Katherine tinha a poção na cor purpura, assim como Hermione. Mas Harry, para a minha surpresa, tinha acabado sua porção e ela aparentava estar perfeita, como ele conseguiu esse feito, não faço ideia.

— E acabou-se... o tempo! – anunciou Slughorn. – Por favor, parem de mexer!

O professor caminhou lentamente entre as mesas, examinando o conteúdo dos caldeirões. Não fez comentários, mas ocasionalmente mexia ou cheirava uma das poções. Chegou à minha mesa onde. Sorriu ao ver o quão longe Belle tinha chegado. Deu um aceno de aprovação à de Maya e Katherine. Então viu a minha e uma expressão de prazer e incredulidade espalhou-se pelo seu rosto.

— Sem dúvida, temos um possível vencedor! – exclamou para a masmorra. – Excelente, Charlote! Deus do céu, é inegável que você herdou o talento de seu pai que tinha uma mão ótima para Poções, o Régulos. Irei olhar a última mesa e logo direi quem foi o grande vencedor.

No final apenas Harry tinha conseguido, assim como eu, produzir uma poção perfeita, Slughorn ficou em dúvida sobre quem merecia a poção, mas deixei que ele premiasse Harry alegando que já possuía tal poção em meu estoque, o deixando bem curioso.

À noite, quando todos foram dormir, decidi ficar um pouco mais no Salão Comunal observando a lareira. Tinha pedido a um elfo que me trouxesse um chá, então estava tomando enquanto tentava relaxar.

Dumbledore estava morrendo, até o fim do ano letivo ele estaria morto, e por isso planejava ensinar a Harry tudo o que for necessário para vencer a guerra. Sei que o diretor também está preocupado com o que acontecerá comigo, já que muitas pessoas próximas a mim podem morrer, sei que ele está planejando algo que me permita manter o controle e lutar. Tento não me preocupar com essas coisas, mas os sonhos tornam as coisas difíceis. Assim que fecho os olhos a imagem de Hogwarts destruída invade meus sonhos, fazendo com que eu acorde atordoada e perdida.

— Pelo visto não sou o único que não consegue dormir – fala alguém me tirando de meus pensamentos.

Viro e dou de cara com Harry, já de pijama, descendo a escada de seu dormitório e vindo em minha direção. Ele sorri e senta ao meu lado no sofá em frente a lareira. Sinto falta disso, de tê-lo ao meu lado, queria que ele deixasse de ser cabeça dura e me dê outra chance.

— Pesadelo? – ele pergunta

— Para isso seria preciso dormir – comento ironicamente – O que faz aqui?

— O Salão Comunal é livre para todos – ele fala como se não tivesse entendido a minha pergunta.

— Sabe o que eu quis dizer – digo tomando um gole do meu chá e voltando a observar a lareira – O que faz aqui falando comigo como se tudo estivesse bem?

— Talvez seja porque eu quero que tudo volte a estar bem, talvez porque sinto sua falta e tenha finalmente percebido que preciso de você ao meu lado – fala simplesmente.

Eu esperei ouvir essas palavras por tanto tempo, eu estive magoada por tanto tempo, essa é a minha chance de voltar a ser feliz. Mas como posso ser feliz depois de tudo o que aconteceu? A morte de Almofadinhas, a verdade sobre o meu pai, a morte de Dumbledore que se aproxima e a guerra prestes a começar. Como posso ser feliz no meio de tanta miséria? 

— Não acha que é tarde demais? – pergunto – Tarde demais para perdoar e voltar atrás, tarde demais para tentar ser... feliz.

— Acho que com a guerra que esta prestes a acontecer, merecemos ser felizes mesmo que seja por pouco tempo – fala – Sei que não dá para voltar atrás e concertar as coisas, mas também sei que podemos perdoar um a o outro e tentar voltar a ser apenas amigos, o que acha?

Finalmente paro de olhar para o fogo e volto o meu olhar para aquele belo par de olhos esmeralda. Eu teria que conviver com ele durante as lições de Dumbledore, o mínimo que posso fazer é voltar a ser sua amiga e ajuda-lo a passar por isso, talvez no final de tudo poderemos apoiar um ao outro e vencer Voldemort. Era o melhor a ser feito...

— Aceito sua proposta – falo sorrindo – Amigos outra vez... acho que iremos precisar disso.

Então ele me abraça e me permito finalmente desabar. Não choro, apenas começo a tremer e o abraço mais forte, ele nada fala, apenas me permite extravasar sem lagrimas. No final era isso que eu precisava para seguir em frente, seu perdão e sua amizade. Depois de um tempo parei de tremer e fui capaz de abrir um verdadeiro sorriso, o desejei boa noite e agradeci pela companhia e então fui para o meu dormitório. Não sei o que acontecerá quando eu acordar, mas sei que terei um peso a menos em meus ombros e isso já fará meu dia melhor.


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam? Não deixem de comentar!
Bja ♥



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