O Mundo que Você não Vê escrita por Carolambola


Capítulo 4
4


Notas iniciais do capítulo

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— Joseph, aonde estamos indo?

Ele estava me puxando pela mão e caminhando muito mais rápido do que eu, que praticamente corria para compensar seus passos longos.

— Conhecer Madame Agnes.

— E quem diabos é Madame Agnes?

Ele para subitamente na frente de uma enorme porta de madeira;

— Madame Agnes é a líder, rainha, governadora, chefe ou seja lá o quê das fadas.

— Uma FADA? De verdade? - gritei. E torci para que a tal da fada não ouvisse. - Então elas existem mesmo? De verdade?

— Sim, Mandy. Já tinham te falado isso, não, querida?

— Sim, só que tipo, eu achei que era uma invenção, sabe? Só pra me dar uma ideia.

Ele sorriu minimamente e bateu na porta. Esperamos alguns segundos e Derek, que parecia ter se teletransportado, nos recebeu. 

— Joseph, querido! Como é bom te ver! Sempre tão bonito! - Uma senhora baixa, de cabelos brancos, exclamava. Reparei que era bonita, seus traços delicados e suas orelhas pontudas. Mas o que mais me encantou foram suas asas. Longas, pontudas e brilhantes, o par se estendia até o dobro do tamanho da senhora. Pareciam frágeis, e ao mesmo tempo fortes. Eram estampadas com arabescos transparentes que lembravam renda. - Você deve ser Amanda. Que bela garota, tão jovem! 

— Madame Agnes, é ótimo ver a senhora! Como vai o reino?

— Vai ótimo, querido. Joseph, receio que não seja feita só de alegrias minha inesperada visita. Vocês dois, sentem-se, por favor. Derek, querido, deixe-nos a sós, por favor.

Todos a obedeceram. Derek saiu da sala, Joseph sentou na cadeira na frente dela e eu sentei ao seu lado.

— Vamos começar com o assunto menos relevante. Acho que sabe do que eu falo. - A expressão de Agnes se endureceu, junto com a de Joseph. - Vai contra o Acordo a criação de um vampiro com menos de dezoito anos. 

— Sim, senhora, mas...

— A lei seria sacrificá-la. 

A cor deve ter sumido do meu rosto. Ela iria me matar? Como assim?

— O QUÊ? Não mesmo. - gritei. Ah não que eu aprendi tudo aquilo pra morrer no fim.

— Sinto muito, Madame, mas não posso deixar que a mate.

— Acalmem-se, vocês dois. Não iremos matar ninguém. A habilidade dela a salvou. É a única assim no mundo. E é útil no campo de batalha.

Relaxei na cadeira. Não morreria ali, afinal. Talvez fosse para uma batalha, mas ainda seria melhor do que se sacrificada por nada.

— Agora, seguimos para um assunto mais importante. Harriet e seus seguidores vão atacar. É um dos motivos pelos quais vamos deixar Mandy viva. Todos estamos em guerra. Vim perguntar de qual lado os vampiros vão ficar.

— Do seu, Agnes, como sempre. Harriet não vai passar dessa. - Joseph cuspiu aquele nome, me deixando curiosa para saber o motivo. Ou quem era Harriet. Novamente, estava boiando.

Uma hora depois, Madame Agnes fez sua mágica e foi embora. Joseph e eu fomos para o nosso canto na biblioteca.

— Então... - comecei - ... quem é Harriet?

— Harriet é uma fada. É a fada que criou os vampiros. Ela é má. Agora ela cria demônios. Tudo o que ela quer é o posto de Agnes, mas caso ela vença, o mundo será o caos.  Ela tem discípulos, seguidores, que lutam por ela no campo. Não importa muito o tipo de criatura.

— Quantos tipos de criaturas existem? 

— Vários. Vamos ver: Bruxas, vampiros, fadas, lobisomens, anjos, demônios; acho que só. 

— Todos os anjos são bons?

— Não. E nem todo demônio é totalmente mau.

— Unicórnios existem? - Se existem fadas, porque não existiriam unicórnios.

— Sim - respondeu ele, para a minha surpresa e felicidade. - Mas são raríssimos.

— Incrível.

Cheguei mais perto dele, até que nossas mãos se tocassem. Queria que ele me beijasse de novo, mas ele não se ligava. Nós dois baixamos os olhos para nossas mãos, agora entrelaçadas. Finalmente, levantamos a cabeça. Ele se aproximou muuuito devagar e me beijou, delicadamente. O puxei para um beijo mais profundo.

— Venha comigo. - ele se afastou e levantou, mais uma vez me puxando pela mão. Mas agora ele caminhava em um ritmo mais aceitável.

Saímos em um lindo jardim ensolarado, cheio de flores e árvores. Para trás, ele se abria em uma floresta mais fechada. Sentamos no único banco do lugar, de pedra branca.

— Ninguém nunca vem aqui. Não de dia, pelo menos. Muito sol. Acho que talvez eles gostam de manter o esteriótipo. 

— Talvez...

Fui para cima dele. Ninguém nos veria lá; não tinha razão para ser discreto. Pus minhas pernas dos lados do seu corpo e sentei em seu colo, o beijando. Ele segurou minhas costas (sempre um cavalheiro), e correspondeu o beijo com a mesma intensidade. Sem eu notar e ainda me segurando, ele levantou e, correndo como um vampiro, ele prensou minhas costas em uma árvore. Pus os pés no chão e corri também, na outra direção, prensando ele contra uma árvore. Fomos fazendo isso até estarmos no meio do mato. Ali, ele começa a abrir minha blusa. Quando termina, a joga por perto, e me deixa só de sutiã; ainda o beijando, desabotoo a camisa dele e a jogo perto da minha. Tenho que parar por um segundo para admirar seu abdome trincado e seus braços musculosos. Corro as mãos por sua barriga e volto a beijá-lo. 

De repente, algo me faz parar. Não por causa dele, mas por minha culpa. Sinto o cheiro de sangue. Humano, fresco. Alguém estava sangrando e estava por perto. Joseph também percebeu, mas era tão acostumado e controlado que seus olhos permaneceram com o mesmo tom de azul acizentado de sempre. Enquanto isso, senti que minha íris se tornava vermelha e brilhante. 

Não, eu nunca tinha bebido de um humano, só de bolsas. Os outros vampiros saiam para caçar todas as noites, mas eu ainda achava que mataria alguém se pusesse a boca no pescoço de uma pessoa. Mas relatavam como o gosto era melhor, como o cheiro era mais gostoso. Realmente, o cheiro era maravilhoso. Olhei para a cara de Joseph. Então, em um lapso de controle, corri na direção daquele cheiro incrível. 

Quando avistei a pessoa, vi que era um homem de uns trinta e cinco anos, mais ou menos, fazendo trilha. Ele não percebera o próprio ferimento, pois continuava a andar. Esquecendo que estava só de sutiã e legging e toda descabelada, parei na frente dele.

— Ei, gatinha?! Quer se divertir um pouco?

— Não. - O homem estava visivelmente embriagado. - Você está sangrando.

— Onde?

— Na perna. 

O homem levantou a barra da calça e percebe o arranhão.

— É só um cortezinho. Não dá nada. Então, quer se divertir?

— Não.

— Qual é, gatinha. Ninguém vai nos ver aqui. Estamos sozinhos...

— Já disse que não.

— Pois bem.

Achei que ele iria embora. Eu não conseguia me mover, pois cada um dos meus músculos se concentrava em não atacar aquele babaca. Ainda focada, não percebi que ele se aproximava rapidamente de mim, até me prensar contra uma árvore com os braços.

— É o seguinte, gatinha. Eu estou tendo uma semana muito ruim. É que a minha namorada me deixou, aquela vagabunda. E eu preciso de uma distração. E você é muito bonitinha, gatinha. Toda gostosinha. E ainda por cima está andando pela floresta sozinha, só de sutiã, exibindo os peitos para quem passar, né, sua sem vergonha. Por isso, eu vou fazer o que eu bem quiser, e você vai deixar, tá certo? 

— Me larga!

— Não.

Então eu comecei a gritar. Muito. Gritei por socorro, por Joseph. Nada. 

— Cala a boca, sua vadia.

— SOCORRO. ALGUÉM ME AJUDA.

— Vagabunda do inferno, vamos ver se assim tu não cala a boca.

Ele pressionou a boca na minha, com força, e passou as mãos pela minha bunda. Fiquei ainda mais paralisada. Daí ele sumiu.

Sem entender e ainda com a boca fechada, abri os olhos devagar. 

Joseph o tinha puxado pela camisa e lhe dado um soco no meio da cara. O homem estava deitado no chão.

— Amanda.

Joseph me abraçou. Soltei o fôlego que não sabia que estava prendendo e o abracei de volta, enterrando a cabeça no seu peito ainda descoberto.

Olhei para o rosto dele. Seus olhos estavam vermelhos e brilhantes, como os meus, e marcas pretas os rodeavam. Isso queria dizer que ele realmente estava muito bravo. 

— Vamos embora daqui, Mandy.

Nos viramos para voltar quando o homem, subitamente recuperado, agarrou minha cintura e me virou para ele.

— Vem aqui, sua vagabunda. Você vai pagar por isso.

Em um lapso momentâneo de julgamento, enterrei os dentes no pescoço daquele estranho. Senti o gosto do sangue, delicioso, na minha boca. Acho que fiz o cara desmaiar, pois Joseph me puxou com força e segurou meus ombros, dizendo que eu o iria matá-lo. Ele então fez um curativo provisório e nós deixamos o cara estirado no chão. Voltamos para buscar (e vestir) nossas roupas e depois retornamos para a mansão.

Quando entramos, estava um caos que só. O alerta vermelho fora disparado. Estavamos oficialmente em guerra. 


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