Sentir falta é diferente de sentir saudade. A saudade bate, agonia, estremece. A falta congela, chora, entristece. A saudade é a certeza que a pessoa vai voltar. A falta, é o querer ter de volta, mas saber que não vai ter. (Tati Bernardi)

20º Dia

                Olhava o meu retrato com Rosalie, no dia do meu noivado com Pietro, dias antes dela falecer. Respirei fundo, forçando minha mente a focar apenas nas lembranças felizes, e foram tantas lembranças.

Flashback on

            - Mãe. – mordi o lábio inferior após pronunciar essa palavra de um sentido tão forte. Rosalie me encarou boquiaberta, sem acreditar que havia de fato escutado aquela palavra. Seus olhos se enxeram de um brilho diferente, era a mais pura felicidade sem qualquer sombra de tristeza. – É isso que você é para mim; é o único ser vivo e realmente me ama e me aceita como sou. Meus pais, principalmente meu pai pediu a você para me proteger pois sabia que você era a única que poderia fazer isso.

            - Edward me disse “ cuide bem dela” era um pedido, um ultimo pedido e eu fiz questão de cumpri-lo. E foi um prazer poder viver esses anos com você, não sabe o quão feliz estou ao te ouvir falar assim.

            Algumas lágrimas silenciosas já tomavam  o meu rosto. Rosalie acariciou meu rosto pela ultima vez.

            - Jamais se esqueça que eu te amo. – ela me passa um envelope amarelo. – Isso ficará aqui, e você poderá ler quando eu não estiver mais com você.

            - Por favor... – supliquei. Pietro apertou meus ombros, se posicionando atrás de mim, a fim de me dar apoio. -... eu não quero ficar sozinha.

            - Você não estará sozinha, ficara em boas mãos. – Rosalie gesticulou para Giovana, e tudo o que pude ouvir foi um sussurar dela prohibere. Minhas pernas perdiam as forças e minhas palpebras estavam pesadas demais.

Flashback off

            Rosalie já havia tomado sua decisão no momento em que saimos de Forks. Os planos tiveram alguns desvios durante meu crescimento, já que ela acreditou que eu logo morreria e em seguida percebemos que me crescimento havia parado... Ela pensou em me deixar quando comecei a namorar Alec, mas tudo não passou de duas semanas perdidas. Quando encontrei Pietro, ela percebeu que eu estava no caminho certo e quando noivamos ela não teve mais dúvidas.

            Assim como eu, Pietro e Giovana tentaram fazê-la mudar de ideia. Mas ninguém foi capaz disso. De certa forma, eu a entendo, não me imagino mais em um mundo sem Pietro, mesmo estando apenas  um ano juntos.

            - Aurora? – Claire colocava a cabeça pela breve abertura da porta da frente, eu enxuguei as lágrimas e forcei um sorriso. – Erick me pediu para dar uma passada por aqui, ele me disse que você estava doente.

            - Nada que já não esteja sob controle. – lhe assegurei, ela olhou para a foto em minha mão, seu semblante mudando assim que ela reconheceu Rosalie na foto. Eu corri até ela, segurando em seu pulso e a obrigando a olhar nos meus olhos. – Não é uma garota na foto comigo, é uma senhora.

            - Quem é a senhora na foto? – Ela indagou com curiosidade.

             - Minha mãe, Janne Hale.

            O incidente com Claire me fez perceber que o melhor a ser feito naquele momento era esconder todas as fotos dos meus parentes da vista de qualquer um que venha a me visitar. Claire é uma quileute, embora não seja uma transfiguradora ainda sim me representava um risco. Por sorte, a hiponese  também funciona com ela.

25º Dia

            Jacob Black ainda tentava de maneira pouco satisfatória buscar algum assunto interessante para conversarmos. Mas todos ali me pareciam bem mais interessantes. Eu havia sido convidada para passar a véspera de natal com os Swan, obviamente não poderia perder essa oportunidade.

            Infelizmente, os Black também foram convidados já que Sue é irmã de Billy Black.

            - Você já havia vindo alguma vez para Forks? – ele mais uma vez tentava puxar assunto. Na minha mente, diversos insultos, nos meus lábios, palavras amigaveis.

            - Não, mas meus avôs moraram aqui, então resolvi passar um tempo na cidade que deu origem a minha família.

            - E seus familiares, eles moram longe?

            - Não tenho parentes vivos. – murmurei, e um silencio constrangedor se formou. – Não se preocupe, eu já superei.

            - Jacob, venha aqui. – Leah o chamava com um olhar desconfiado. Eu estava comemorando o natal com a família da minha mãe. Mas, também estava com os assassinos do meu pai. Rosalie me falou que após meu pai falar pela ultima vez, Leah cumpriu sua promessa de matar meu pai caso minha mãe falecesse, Jacob a ajudou.

            Era dificil me controlar, e sempre que eu estava prestes a perder a postura eu agarrava com força a pulseira escondida no bolso da minha calça. Havia sido da minha mãe, eu encontrei na minha passada pela mansão dias atrás, é claro que na ocasião não tive força suficiente para realizar o mesmo feitiço que havai feito na cabana. 

            Quando o relogio marcou meia noite, abraços foram dados seguidos por desejo de feliz natal. Abracei Charlie e inalei o máximo que pude de seu cheiro. Eu precisava ter o máximo de recordações para quando fosse embora procurar Reneé.

            - Feliz natal! – Jacob foi o ultimo a me cumprimentar, eu estava mais calma e foi fácil sorrir de volta para ele. Quando o abracei, uma energia diferente passou pelo meu corpo, algo que eu não havia sentido antes. Ele também sentiu. – O que você é? – ele falou baixo e rápido demais para ouvidos humanos. Ele soube que eu não era humana, mas não sabia ainda o que eu era.