A vingança de Hera escrita por Arii


Capítulo 4
I swear it on the River Styx


Notas iniciais do capítulo

O capítulo da semana teve um pequeno atrasado ( problemas com o computador, mas já solucionei!) Mas acabada sair do forno mais um capitulo com revelações e mistério? Acham que Hera vai levar essa vingança adiante? será que Zeus não desconfia de nada? Afrodite vai roubar o vestido vermelho de Hera? Vem descobrir, vem! ♥



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Hera

Ao chegar ao Olimpo tomei minha forma divina novamente, antes troquei minhas vestes, pois meu vestido recém adquirido poderia ser despedaçado durante minha transformação.

Estava caminhando silenciosamente pelos corredores do Olimpo. Eu não queria nem estar aqui, os outros deuses sempre ficam do lado de Zeus, mas enfim estava indo tranquilamente para meu templo quando fui interceptada por Afrodite.

— Herinha, mas que vestido maravilhoso em suas mãos! – os olhos de Afrodite cintilaram ainda mais. – Qualquer dia desses, vocês poderia me emprestá-lo.

— Afrodite, eu mal o usei, além disso, amanhã à noite eu... -  Eu não poderia usar a mesma roupa quando saísse com Victor novamente, seria péssimo. – Podemos fazer uma troca. – eu sorri. - Se você gostou tanto do vestido pode ficar com ele, mas quero outra roupa em troca.

— Fechado! Vamos para meu templo!

Afrodite literalmente me arrastou para o templo dela, que era majestoso por sinal. Se aqui no Olimpo tivesse uma premiação de “Templo do Ano”, Afrodite levaria todos. Ao contrário do que vocês pensam, o templo de Afrodite não é cor-de-rosa, cheio de frufrus e  corações para todo lado. Ela ama o luxo e seu templo não poderia ser diferente. Imaginem uma mansão digna de um astro de Hollywood, agora acrescente artefatos renascentistas ( Afrodite amou o Renascimento, afinal ela foi uma das grandes musas de muitos artistas inclusive Sandro Botticelli, que retratou seu nascimento) um templo perfeito.

— Você precisa ver meu templo. – disse Afrodite animada. – Hefesto o fez especialmente para mim. Ah esse meu marido! – ela suspirou.

Bem próximo do closet, havia uma mesinha com tampo de vidro e sob ela dois quadros, um deles tinha uma foto de Hefesto e Afrodite em uma paria durante o pôr-do-sol, Hefesto não era muito fã de praias, mas foi por Afrodite. No outro quadro tinha uma foto de Ares na sua Harley Davidson e Afrodite na garupa com um óculos escuros e segurando os ombros de Ares. Ela era bem corajosa por subir naquela coisa.

— Acho estranho o seu triângulo amoroso com meus dois filhos.

— Depois de um tempo nós três nos acostumamos. Antigamente, Hefesto morreria de ciúmes, como aquela vez da armadilha... Bom hoje ele tem sues amores mortais, assim como eu tenho os meus e Ares têm os dele. A monogamia não foi feita para nós deuses, Hera. Viver eternamente com uma pessoa só? Uma hora seria enlouquecedor, os mortais só sonham com isso por que não vivem para sempre e não sabem que a rotina acabaria com tudo.

— Eu sempre fui monogâmica.

— Mas Zeus não, essa é a natureza dele, é a nossa natureza. – Afrodite colocou as mãos nos meus ombros quase me sacudindo.

— Não, nós podemos sim ser monogâmicos e cumprir promessas. Sou a deusa do casamento e zelou pelo meu há milênios, Héstia e Ártemis são puras. Zeus pode muito bem ser só meu.

— Vamos escolher outro look? – Afrodite disse animada, mas parecia decepcionada com algo que eu disse. Decidi não comentar mais nada para não magoá-la.

— Vamos.

Depois de horas e horas escolhendo e experimentando de tudo, Afrodite me obrigou a usar uma calça jeans de cintura alta, um cropped branco, um cordão de penas coloridas e uma alpargata preta, próximo a colar de penas eu coloquei meu broche de pavão.

— Como estou?

— Agora está de acordo com a moda dos anos noventa! Está maravilhosa Herinha!

— Obrigada! Espero que goste do vestido.

— Eu já o amei desde quando o vi. Vou usá-lo semana que vem. Tenho um encontro com ator de Hollywood, Tristan McLean, ele é um cherokee, tão sexy.

Eu ri.

— Tenha um bom encontro, querida.

Ao sair do templo de Afrodite, já estava claro a tempos. Os espíritos da natureza cuidavam dos jardins, Apolo tinha acabado de estacionar o carro-sol.

— E aí, Hera! – disse ele tirando os óculos de sol.

— Oi Apolo.

— Tem algo de diferente em você, resolveu aderir as tendências da década?

— Um pouco. – eu ri.

— Caiu bem em você, tão bem, tão bonita que me inspirou um haicai!

— Ah não.

— Ah sim!

Apolo ergueu uma das mãos para o céu, pigarreou preparando a voz e começou sua sessão de tortura, digo seus lindos e ótimos haicais.

— ‘Oh Hera, tão bela que...

Aproveitei que Apolo fechou os olhos em um momento de inspiração e moção grandes e digamos que “piquei o pé dali”.

— ‘Meus olhos transbordam-se... ’ Hera? Está perdendo o melhor haicai que poderia ter sido dedicado a você. ‘De beleza e ternura... ’

Eu corri pelo corredor gargalhando até que esbarrei em alguém. Era Zeus.

— Parece que você está muito distraída... – ele disse me segurando em seus braços. – e diferente. – disse olhando para minhas roupas.

— É que eu cansei da mesmice. – dei de ombros.

— Está linda como sempre. – Zeus sorriu,

— Obrigada, sei disso. – eu disse saindo de seus braços.

— Ainda com raiva de mim?

— Você acha que precisa responder?

Saí andando lentamente.

— Não faça nenhuma bobagem que não possa consertar Hera!

— Sei me cuidar!

§

Anoiteceu e eu saí do Olimpo rápida e silenciosamente para me encontrar com Victor Venzzini. Ele é gentil, pedirei para Eros pegar leve depois de meu plano. Eu estava esperando o táxi de Gregório, o sátiro aposentado que se tornou taxista.

— Boa noite, Rainha Hera! – disse ele ao abrir a porta do táxi para mim.

— Boa noite, Gregório!

 _Para a Rainha deseja ir essa noite?

— Para o Central Park, por favor.

Gregório foi falando sobre seu dia de trabalho durante todo o percurso, juro que se eu pudesse morrer, seria de tanto rir da história dos ciclopes brigando para ver quem sentaria no banco da frente com Gregório. Ao chegar ao Central Park, lhe paguei pela corrida.

— Gregório, mais uma vez lhe peço sigilo absoluto.

— Claro Rainha Hera! Muito obrigado pela preferência! Aproveite sua noite!

— Eu que agradeço por suas histórias, que me alegraram bastante. Boa noite, Gregório.

Eu estava começando a sentir uma ponta de simpatia pelo velho e pequeno sátiro, além de gentil, era um ótimo aliado e bastante útil. Fui caminhando pelo parque procurando por Victor, ele estava sentado debaixo de uma árvore.

— Victor?

— Ah, oi Hera! – Victor disse se levantando. – Você está linda!

— Obrigada! – sorri.

— Vamos indo?

— E para onde iremos?

— Para a baía de Nova York.

Victor me levou até sua motocicleta. Eu teria que subir nessa coisa, a baía ficava à uma hora daqui e não dava para ir caminhando. Durante o percurso, Victor gritava coisas sobre sua família e como chegaram à Nova York. Eu não tinha muita coisa para contar, na verdade eu tinha minhas histórias de deusa, mas sou uma péssima mentirosa eu poderia estragar meu disfarce.

Paramos em frente a um jardim, descemos da moto e Victor pegou uma flor e a colocou atrás da minha orelha esquerda. Eu sorri, já estava no píer, antes da travessia até o outro lado onde a Estatua da Liberdade ficava, a vista do Rio Hudson era maravilhosa à noite.

— Hera, sei que ainda é casada, mas tenho que dizer que os momentos que passei ao seu lado foram inesquecíveis e me desculpe por isso.

— Desculpar pelo...

Victor me beijou. Pelos deuses. Ele me beijou. Foi incrível, na verdade nós nos beijamos.

— Victor...

­_ Não diga nada ainda, podemos ir para meu apartamento! É logo ali, posso preparar um típico macarrão italiano, está a fim de ir?

Agora que meu plano estava se desenvolvendo, bateu um receio, uma vontadezinha bem pequena de esquecer tudo e voltar para os braços fortes de Zeus, mas dessa vez não, algo mais forte me puxa para o norte, me faz lembrar tudo que passei, para perdoá-lo tão fácil.

— Vamos. Adoro macarrão italiano.

Realmente o apartamento de Victor era próximo da baía.

— Não repare na bagunça. – disse ele abrindo a porta. – Eu estava separando algumas coisas de Érika do apartamento.

— Vocês moravam juntos?

— Sim, ela disse que viria buscar tudo hoje à tarde, mas não apareceu, então disse para ela vir buscar de amanhã.

No chão da sala só havia três caixas de papelão e uma mala encostada na parede. O apartamento dele estava organizado, acho que a única bagunça era os pertences de Érika.

— Eu vou fazer o macarrão e já volto, fique a vontade.

—Está bem.

Ainda estava com aquele nome na mente, Érika Smith, eu o conhecia de algum lugar. As caixas de papelão pareciam dizer Vem e dê uma olhada, sei que você quer fazer isso. As caixas tinham razão. Eu me aproximei e me ajoelhei no chão para olhar.

Havia algumas coisas de faculdade, fotos dela e de Victor, mas uma foto em especial chamou minha atenção.

Um grupo de crianças com cerca de treze a quatorze anos de idade, todas com camisas laranjadas que eu conhecia bem, um homem sentado em cima de um cavalo com dorso branco, era isso que os mortais veriam, mas eu sabia que era um centauro, na verdade o centauro, Quíron.

Lembrei-me instantaneamente de onde tinha ouvido o nome de Érika, era uma semideusa. Em outra caixa estava a velha camisa laranja com os dizeres ‘Acampamento Meio-Sangue’

A porta do apartamento se abriu, só tive tempo de me levantar do chão.

— Quem é você? – a mulher na porta disse.

— Acho que sabe muito bem quem sou, Érika Smith, filha de Hermes. – eu disse sorrindo e apontando para meu broche de pavão.

— O que faz aqui Hera?

— Eu precisava executar um plano importante! Saia daqui!

— Eu vim falar com Victor.

— Érika o que faz aqui? – disse Victor limpando as mãos sujas de molho de tomate.

— Eu preciso falar com você.

— Não! Vocês estão estragando tudo! Estão me atrapalhando e todo o meu plano!

— Hera, que plano? – disse Érika.

— Vocês se conhecem? – disse Victor confuso.

— Sim, e você conhece ela também. Eu não queria ter contar dessa forma, mas Victor, a mitologia grega é real, todos os seres, os deuses existem de verdade, eu sou a prova viva disso, sou uma semideusa filha de Hermes.

— O quê? O que você esta dizendo Érika?

— Érika, cale a boca, sua insolente!

— Eu já me calei por tempo demais, Hera, e sabe mais Victor essa Hera é a Hera, Rainha do Olimpo, casada com Zeus.

— Não! Não! Nãooooo! Você acabou com meu plano?

— Que plano? – disse Érika.

— Zeus me traiu novamente, eu queria me vingar, fazê-lo sofrer o mesmo que eu sofri durante todo esse tempo. – eu disse chorando frustrada.

— E você pretendia me usar para isso? Se vingar de Zeus? O deus supremo do Olimpo? – disse Victor.

— Usar é uma palavra muito forte.

— Saia da minha casa, agora! – Victor gritou.

— Por favor, me ajudem! Eu não quero voltar para o Olimpo e ser motivo de deboche! Eu preciso me vingar dessa vez! Eu posso dar a vocês o que mais desejam!

— Hera, vai embora.

— Espere Victor, talvez tenha uma coisa que Hera possa fazer por nós.

— Não, Érika, não é a única solução. – disse Victor.

— Mas é a única esperança. Hera já sabe do que estou falando.

— Sim, eu sei e posso fazer isso se desejarem. – respondi.

— Você tem certeza disso Érika? – perguntou Victor.

— Nunca tive tanta certeza em toda minha vida. Ela é a única que pode nos ajudar e nós podemos ajudá-la.

— Se é o que você quer, tudo bem.

— Então Hera, nós te ajudaremos se nos ajudar.

— Eu os ajudarei. Eu juro pelo Rio Estige. Terá um pequeno preço, mas farei isso.

— Aproveite sua vingança. – disse Érika saindo do apartamento.

Victor e eu estávamos a sós.

— Já que estamos aqui, será que posso comer o macarrão italiano agra?

— Claro. – Victor sorriu e me levou pela mão até a cozinha.


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Notas finais do capítulo

Semideuses do meu core! ♥ E ai, gostaram do capitulo de hoje? deixem seus comentários!!! A partir do próximo capitulo terá uma passagem de tempo que nos levara até nossos semideuses preferidos! lembrando que o tempo da história atual será depois os acontecimentos de O Último Olimpiano e antes de O Herói Perdido! Obrigada por lerem, Zeus ama vocês! ( eu também ♥)