A vingança de Hera escrita por Arii


Capítulo 3
The parts of my chess


Notas iniciais do capítulo

Aproveitem meus amores! estou amando escrever para vocês! ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/727077/chapter/3

Hera

Eu senti uma tristeza imensa ao ver Patty e Dimitry Wilson, ela estava tão feliz com seu pequeno bebê e isso me machucou.

Estava começando a anoitecer, eu tinha que voltar para o Olimpo, mas eu não queria. Não estava com vontade de ver ninguém, nenhum deus, nenhum ser mágico grego, nada disso. Eu precisava de um pouco de mortalidade e eu só encontraria isso em Nova York.

Meu vestido branco da Audrey Hepburn não era nada moderno, precisava comprar outra roupa e me “humanizar” mais. Andando pelas avenidas, e avistei uma loja de roupas que ainda estava aberta, resolvi entrar e dar uma olhadinha nas roupas ( isso não é uma exclusividade humana, nós deuses já fazíamos isso a éons).

— Olá moça! – uma atendente sorridente disse. – Posso ajudá-la?

— Sim, eu queria uma roupa mais...

— Nova yorkina?

— Isso.

— Uma roupa para o dia ou para noite?

Disseram-me que as noites em Nova York são agitadas, eu estava meio disposta a ver como eram de verdade.

— Para a noite, mas algo discreto.

— Um momento.

A atendente procurou algumas roupas, até que ela apareceu com um vestido parecido com o que eu usava, mas esse era a versão realmente modernizada da peça, era em um tom avermelhado como o sangue e tinha um decote em V. Eu o experimentei.

— Ele é perfeito!

Fui obrigada a comprar aquele vestido, fazer algum simples e humano por mim, mesmo que depois Afrodite fosse roubá-lo de mim. Essa noite eu estaria deslumbrante com ele, ao menos estarei bem visualmente, pois estou destruída por dentro. Bom, tenho que me recompor, esqueça essa parte. A última peça do meu jogo meticuloso de xadrez precisava ser encontrada, seria o meu novo Jasão, o meu novo herói favorito.

Realmente as noites Nova Yorkinas são muito agitadas, há tantas pessoas pelas ruas quanto ao dia, era a oportunidade perfeita para eu encontrar minha terceira peça do meu xadrez.  Vi um homem atravessar a faixa de pedestre, era alto e bonito, mas era um babaca. Chame do que quiser intuição divina ou sei lá o que, mas sabia que não era uma pessoa confiável.

— Que Saco! São tantos mortais! É incrível como os deuses têm a capacidade de se apaixonarem por eles.

Do outro lado da rua, tinha outro rapaz, mas era jovem demais. Uma versão mais velha do Leonardo di Cáprio sorriu para mim.

— Onde comprou esse vestido?

— Naquela loja bem ali. – apontei para a loja.

Apenas ao conversar e chegar bem perto, notei que se tratava de um transexual. E não venham com “Nossa Hera, o que você acha disso?” primeiro porque eu não tenho que achar nada, fala sério! Importam-se mesmo com isso? A vida dos outros e tão significativa para vocês a ponto de julgá-la como se fossem os juízes do submundo. Alguns mortais são tão arcaicos.

— Obrigada, senhorita.

— Por nada.

Eu literalmente vi muitos mortais, muitos rostos, pessoas diferentes e comecei a pensar se realmente eu iria encontrar a pessoa certa. Eu estava desolada, entrei em um bar aleatório e me sentei em uma das mesas. Um garçom veio para anotar meu pedido, eu pedi a bebida mais forte, mas nada se comparava ao néctar dos deuses.

O garçom trouxe uísque, dei um gole, coloquei o copo na mesa e aproveitei a solidão da mesa para desabar.

Eu chorei por Zeus ter me traído de novo, por ver a felicidade de Patty com seu filho meio-sangue, chorei, pois me sinto humilhada a cada vez que Zeus me engana ( Eu devo ser a maior corna do mundo, mereço um troféu). Chorei por medo de não ter tudo que precisava para minha vingança e ter voltado à estaca zero.

— Senhorita, você está bem? – um homem se se sentou à mesa comigo, eu não o vi direito, meus olhos cheios de lagrimas eram como um pára-brisa de carro molhado pela chuva. – Eu estava na mesa do fundo e vi quando começou a chorar.

— Ai que vergonha! – eu disse enxugando as lágrimas. – Eu geralmente não faço isso.

— Relaxe, chorar faz parte de ser humano. – Eu não sou uma humana.

— Mas, respondendo sua pergunta, não estou bem.

Quando ergui a cabeça e encarei quem estava comigo, me surpreendi. Um homem lindo, pele morena, olhos semelhantes a azeitonas pretas, o cabelo castanho alinhado para a esquerda. Era ele. Minha salvação.

— O  que exatamente aconteceu?

— Meu marido que me trai há ano, fez novamente.

— Minha namorada me deu um pé na bunda.

— Ao menos sua namorada não lhe disse para se acostumar com enganações, e você não se encontrou com a amante e filho dela, que é do meu marido.

— Minha namorada pode ser uma psicopata, eu não a conheço, sem pais, sem escola, sem vida antes da faculdade. Ela não faz questão de me contar nada, me sinto insignificante.

— É uma competição sobre quem está com a vida mais ferrada? – eu ri.

— Se você tiver algo melhor. – ele riu.

— Meu marido literalmente tem filhos pelo mundo todo.

— Uau! Você venceu.  – o homem gargalhou. – Muito prazer, sou Victor Venzzini.

— O prazer é todo meu, me chame apenas de Hera.

— Nome original.

— É de tradição de família. – eu disse.

— Então parece que somos dois ferrados.

Pobre Victor, Eros não deve estar facilitando as coisas para ele, as vezes o deus do amor não é muito amoroso.

— É, me conte mais sobre você.

— Sou descendente de italianos, você deve ter notado pelo nome. – Victor riu. – Acho [que estou solteiro, magoado e ainda sou apaixonado por Érika Smith. – ele riu. Eu tinha a impressão de que esse nome era familiar. – O que pretende fazer, em relação ao seu marido.

—Ainda não sei. – menti.

— ­Eu sei que pode parecer loucura, mas algo em você, que eu não sei explicar, chamou minha atenção. Como se alguma força superior me fizesse entrar nesse bar, que não costumo frequentar para que nos conhecêssemos essa noite.

Eu sorri. Nêmesis tem razão, eu nunca encontraria a vingança, ela me encontraria. Enquanto eu estava buscando pessoas para minha vingança nenhuma parecia ser adequada e então ‘BAM”.

— Eu também senti o mesmo. – eu sorri.

— Eu ainda amo Érika, mas eu não sei, é estranho. Apenas tenho que te conhecer.

Nós conversamos um pouco, Victor me contou sobre seus sonhos, ele queria ter uma filha e seu nome seria Natalie, ele queria saltar de pára-quedas e abrir uma loja de gellato. Contou-me como conheceu Érika na faculdade. Eu adaptei minhas historias de um modo em que eu não aparentasse ter mais de dez mil anos. Olhei para o relógio, eram quase três da madrugada.

— Eu tenho que ir embora agora. – eu disse me levantando da cadeira.

— Hera, quando nós nos veremos novamente?

—  Amanhã, na Baía de New York, ás nove da noite.

— Estarei lá. – Victor sorriu.

— até amanhã.

— Até amanha, Hera.

Mais uma peça foi conquistada, Patty, Dimitry e Victor. Eu sabia que seria horrível us´-los, mas tinha que ser feito. E seria épico.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Muito obrigada pela sua leitura! deixem comentários, digam o que estão achando. amo ler os comentários! ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A vingança de Hera" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.