Pottertale - O Encontro de Dois Mundos escrita por FireboltVioleta


Capítulo 5
Torta de Caramelo e Canela




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CAPÍTULO 5 – TORTA DE CARAMELO E CANELA

 

O interior da pousada era grande e acolhedor. Havia uma música animada ressoando no ar, e o som de conversas altas e entusiasmadas. Um cheiro agradável de canela e caramelo invadiu suas narinas, fazendo sua boca salivar.

Frisk entrou, ainda ao lado de Undyne, olhando os arredores. Identificou vários monstros, de fisionomias e tamanhos diferentes, reunidos em algumas mesas de madeira na área de refeições. Um corredor amplo, à direita, aparentava levar para os dormitórios da casa.

Toriel sorriu outra vez.

— Vou preparar seus quartos. Fiquem à vontade, queridas – disse, retirando-se em direção ao corredor, e sumindo de vista.

Undyne franziu o lábio.

— Está com fome? - indagou – a torta de canela e caramelo é uma especialidade da pousada dos Dreemurr. Devia experimentar.

A menina assentiu, sorridente.

Ambas passaram pelas mesas lotadas, dirigindo-se ao balcão, onde um coelho de pelagem azulada se ocupava higienizando algumas taças.

— Boa noite, Nice.

O monstro ergueu as longas orelhas, abrindo um enorme e amigável sorriso para Undyne.

— Undyne! Que excelente surpresa! - riu-se – o mesmo de sempre?

— Hoje não – ela sorriu, pousando a mão sobre o ombro de Frisk – estou ajudando a jovem Frisk a se preparar para o ano letivo.

Nice parou de limpar seus copos, arregalando o olhar para a jovem humana.

— Não dá pra acreditar… é realmente a Frisk!

O som das conversas morreu repentinamente, e várias cabeças se viraram na direção da menina, igualmente espantadas.

Houve um fechar de punhos da parte de Undyne, que foi o suficiente para intimidar os monstros ao redor, cujas atenções voltaram-se relutantemente para suas refeições inacabadas.

O jovem garçom pareceu sem graça.

— Desculpem por isso – suspirou, apontando para a primeira mesa adiante – é que… bem, você sabe, Undyne. Esperamos por essa garota… há anos.

A expressão de Undyne se suavizou.

— Eu sei. Não os culpo – deu de ombros – duas tortas de caramelo e canela, por favor. Vamos aguardar na mesa.

Surpresa, Frisk acompanhou sua guardiã, tomando seu lugar na mesa. Viu-a despir a capa, pendurando-a no encosto da própria cadeira.

— Undyne… - a criança murmurou – por que todos aqui só tem o primeiro nome?

— Você tinha um segundo nome na superfície?

Frisk careteou.

— Frisk Kutsunga. É o sobrenome da família da minha tia.

— È um costume estranho dos humanos – admitiu a jovem monstra, deslizando uma unha afiada sobre a superfície da mesa – é por um motivo simples, Frisk. Assim como não existem invulgares e monstros iguais, também não existem nomes iguais por aqui. Cada um é único, tendo um nome exclusivamente seu.

A menina encostou o cotovelo na mesa, abarcando o rosto com uma das mãos, ainda admirando a varinha de Undyne.

— Vocês… - corrigiu-se – nós… só podemos conjurar magia com varinhas?

A monstra marinha riu baixinho.

— È bem mais complexo do que isso, garota. Lembra o que eu disse sobre varinhas canalizarem a magia interior de nossas almas? Ela só é um instrumento para dosar nossos poderes. Existem monstros e invulgares que são disciplinados o bastante para dispensar o uso das varinhas. Outros… como eu, que costumo ter um temperamento mais forte… tem que usá-las a maior parte do tempo, para prevenir qualquer efeito destrutivo de nossa magia.

— A sua magia é forte?

Um sorriso presunçoso e feroz abriu-se no rosto de Undyne.

— Suponhamos que sim.

Alguém esbarrou acidentalmente na cadeira de Undyne. A monstra ergueu-se, a tempo de segurar o braço de um gato alaranjado, impedindo sua queda violenta no chão.

— O-Obrigado, Undyne – agradeceu nervosamente o monstro.

— Cuidado – ajudou-o a se reerguer – Frisk, esse é Garlic. Ele vai lecionar Estudo dos Humanos em Hogwarts esse ano.

O monstro felino baixou as orelhas, envergonhado.

— M-mas a maioria me chama de Burguerpants – piscou chorosamente – F-Frisk… é um p-prazer conhecê-la… - guinchou – a-acho que meu pedido está pronto… a-até mais…

A menina acompanhou Garlic se retirar, vincando a testa.

— Ele parece meio nervoso.

— Garlic? È… ele é meio… excêntrico. Mas muito inteligente. È um bom rapaz – afastou-se quando Nice se aproximou, pousando duas tortas diante delas – obrigada – o coelho meneou a cabeça, sorrindo, e deixou a mesa – experimente. Aposto que vai gostar.

Acatando a sugestão de Undyne, Frisk deu uma garfada no doce, extraindo um pedaço e colocando-o na boca. Mastigou lentamente, deliciando-se com o sabor extraordinário que invadia sua língua.

— È muito gostoso – elogiou, pondo-se a comer mais um pedaço.

Parecendo satisfeita, Undyne começou a comer do próprio prato. Depois de alguns minutos, já tendo terminado, aguardou que Frisk acabasse sua refeição.

Embora o ambiente fosse definitivamente agradável, algo realmente sério ainda incomodava a criança.

— Undyne… - Frisk parou de comer em determinado momento – sei que você disse que me contaria mais tarde… mas eu realmente preciso saber… - abraçou o próprio corpo, tristonha – quando você disse que existem monstros poderosos o bastante para não usarem varinhas…

A monstra entendeu imediatamente o que Frisk queria insinuar.

Undyne fechou o olho por um momento. Quando o reabriu, parecia estar cara a cara com o fantasma de um passado angustiante.

— Sim. O monstro que matou seus pais tinha esse poder – rilhou os dentes, em uma expressão de raiva incontida – não existem apenas monstros bons, Frisk. Existem monstros cruéis, sedentos por poder. E este se tornou tão terrível quanto um de nós podia se tornar.

— Qual era o nome dele?

As barbatanas de Undyne eriçaram-se.

— Não dizemos o nome dele – ofegou por um momento – está bem – suspirou – o nome dele era… Gaster.

— Gaster?

— Shhh – Undyne alertou-a – foi um acontecimento terrível. A morte dos seus pais foi um baque para todos nós. Gerson, o diretor de Hogwarts, ajudou a salvar você naquela noite… mais ninguém imagina o por que ele foi atrás de sua família. Seus pais te protegeram até o último minuto. Só supomos que, por alguma razão, ele queria… te matar.

O estômago de Frisk se revirou.

— Me matar? - ofegou – Gaster tentou me… matar?

— Sim – sussurrou a monstra – mas não conseguiu. Algo aconteceu naquela noite. Ele desapareceu. E você sobreviveu… - puxou o braço da garota, - apenas com essa estranha cicatriz – Undyne inspirou profundamente – por isso você é famosa, Frisk. Por isso todos te conhecem. Você sobreviveu ao impensável do pior monstro que já pisou neste subterrâneo. A única criatura, invulgar ou monstra, que sobreviveu à uma das piores magias negras da Terra… o Blaster da Morte.

— E o que houve com ele?

— Dizem que morreu – fungou a ruiva – mas eu não acredito nisso. Deve estar por aí… - rosnou em tom baixo – esperando uma oportunidade de retornar.

Percebendo a expressão temerosa da menina, Undyne desfez sua fisionomia arisca.

— Mas não precisa ter medo, Frisk. Como sua guardiã, estarei aqui para te proteger. E Gerson também – sorriu – aliás, não há lugar mais seguro na Terra do que Hogwarts.

Finalmente, Toriel voltou a aparecer, observando Nice retirar os pratos de Frisk e Undyne.

— Já está tudo pronto, crianças. Podem subir. São os dois últimos quartos do corredor esquerdo – a bondosa cabra segurou as mãos de Frisk – saiba que é um imenso prazer tê-la aqui conosco, Frisk. E espero que goste de Hogwarts… Asriel tem a sua idade, e vai para o castelo também… aposto que serão muito amigos.

— Obrigada – a garota agradeceu timidamente.

— Vou levá-la para seu aposento – Undyne a guiou pelo ombro – obrigada por tudo, Toriel.

— Disponha, querida.

As duas subiram, retirando-se para seus respectivos quartos. Sonolenta, Frisk adiantou-se, abrindo a porta do último quarto do primeiro andar, puxando sua maleta consigo.

Undyne refreou-se por um segundo, olhando para a pequena criança humana.

— Boa noite, Frisk.

Frisk sorriu para a monstra.

— Boa noite, Undyne… até amanhã.

E então, terminando de se despedir, Frisk adentrou no quarto, fechando a porta.

Não se demorou em analisar o ambiente. Exausta, quase que querendo fugir do excesso de informações que explodiam em sua mente, a garota lançou-se contra a cama, deitando-se confortavelmente no colchão.

Não demorou a adormecer, esperançosa, pensando que surpresas o dia seguinte lhe traria.


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