Pottertale - O Encontro de Dois Mundos escrita por FireboltVioleta
Frisk foi acordada pelo som de palmadinhas animadas em seu colchão.
Abriu preguiçosamente os olhos. Porém, quase saltou de susto, quando o rosto caprino e sorridente de Asriel entrou em seu campo de visão.
— Bom dia! - cumprimentou-a, entre risos – você dormiu demais!
A menina ergueu-se, ainda enrolada nas cobertas.
— Undyne já acordou? - bocejou, esfregando os olhos.
— Já. Está tomando café com o papai e a mamãe – o pequeno cabrito gracejou – ah… eu não me apresentei direito ontem… - ergueu a mão felpuda na direção de Frisk – eu sou Asriel.
A garota segurou-lhe a pata, sacudindo-a.
— Frisk. Meu nome é Frisk.
Asriel ofegou alto, a surpresa vincando-lhe o focinho.
— Você é mesmo a Frisk? Sério? - baixou o olhar – então é verdade que você tem aquela…
— O quê?
O monstrinho deu de ombros.
— Cicatriz?
— Ah – ela sorriu, expondo o ombro, mostrando-lhe o pequeno coração – é.
O garoto assoviou.
— Incrível – desceu da cama da menina, ajeitando o pequeno suéter esverdeado – ah… mamãe vai levar a gente para comprar os materiais da escola! Disse pra você se trocar logo, ou vamos perder o embarque no barco em Snowdin!
Subitamente desperta, Frisk saiu do colchão, já indo em direção à sua maleta, observando Asriel sair correndo quarto afora.
Ainda estava ajeitando um bonito suéter roxo – que Toriel lhe deixara para vestir – quando Undyne apareceu na porta do quarto.
— Bom dia, menina – já estava despida de sua capa, parecendo bem mais à vontade por estar de volta ao subterrâneo – pronta para seguir viagem?
A monstra sabia, contudo, que tal pergunta era desnecessária. Frisk estava exultante, e assentiu firmemente para ela, aparentando vibrar de felicidade.
Embora fizesse de tudo para demonstrar o mínimo de emoções afáveis, era impossível não perceber um brilho de afeto brilhando no único olho exposto de Undyne.
Frisk adiantou-se, pegando sua maleta, e seguindo sua guardiã para fora do dormitório, sem conseguir esconder um enorme sorriso de expectativa.
Deixando o calor aconchegante da pousada para trás, Frisk acompanhou Toriel e o filho, assim como Undyne, para fora da entrada de Underground.
Assim que passou por um grande portão arroxeado, a criança sentiu um vento enregelante lhe castigar a pele, e sentiu-se grata por estar devidamente agasalhada com seu suéter novo. A neve caía em flocos enormes ao seu redor, ajuntando-se sobre seus pés.
— Você se acostuma com o frio de Snowdin – Asriel saltitou à frente dos demais, parecendo exultante.
Frisk mordeu-se de vontade de dizer que era fácil desdenhar da neve quando se tinha uma pelagem fofa recobrindo seu corpo, mas decidiu guardar o comentário para si mesma, segurando uma risadinha aflita.
Para sua surpresa, Toriel estendeu sua própria capa na frente do rosto de Frisk, protegendo-o da brisa congelante. A garota sentiu-se imensamente agradecida, enternecida com aquele gesto tão bondoso.
— Chegamos – a amável monstra disse, depois de algum tempo de caminhada, retirando o tecido dos olhos da criança – bem-vinda ao Beco de Snowdin, Frisk.
Admirada, a menina olhou aos eu redor, vendo uma quantidade imensa de lojinhas coloridas e convidativas. Uma multidão de monstros se apinhava no longo corredor de construções – alguns conversando em voz alta, e outros vendendo e comprando produtos.
— Não acredito – resmungou uma coelha de cor creme, próxima do pequeno grupo – meio quilo de coelhinhos e canela por quinhentos ouros? Eles piraram…
Undyne cutucou Toriel, apontando para uma loja a noroeste.
— Vá na frente. Vou adiantar os detalhes do embarque – abaixou-se, segurando o ombro de Frisk – acompanhe Toriel… ela vai te dizer o que precisa fazer.
Frisk ergueu o olhar, surpresa e desapontada. Não queria que Undyne fosse embora.
— Mas Undyne…
A jovem monstra lhe sorriu.
— Voltaremos a nos ver, menina. Não se preocupe.
Dizendo isso, encaminhou-se adiante, acenando para Frisk, até desaparecer em meio à multidão.
Toriel afagou a cabeça da menina, sorridente.
— Undyne é uma cabeça dura metida a durona – comentou – mas até mesmo ela sabe identificar alguém de bom coração – ergueu um pergaminho nas mãos, lendo distraidamente seu conteúdo – ah… eu decidi retirar seu dinheiro… espero que não se importe.
Espantada, Frisk recebeu uma pequena bolsinha de couro. Embora posse diminuta, pesava como se contivesse pelo menos uma dúzia de tijolos. A menina só conseguia imaginar que ela tinha algum tipo de feitiço que a expandia por dentro.
— Eu tenho dinheiro? - guinchou, perplexa, guardando o pequeno estojo na maleta.
— Mas é claro, querida! Não pensou que seus pais teriam deixado você sem nada, não é?
Envergonhada, a criança não respondeu. Tudo havia acontecido tão rápido, e de forma tão surreal, que nem havia parado para pensar nisso.
— Mãe, quero uma coruja! - baliu Asriel, puxando a manga da capa de Toriel.
— Calma, querido… - a monstra disse, guiando-os apara dentro de uma loja barulhenta e ligeiramente quente – quer escolher um bichinho, Frisk?
Frisk nunca havia visto tantos animais diferentes no mesmo lugar. Haviam bichos comuns, como belas corujas, gatos peludos e ratinhos brancos. Mas também tinham criaturas estranhas, como pequenos sapos de bocas frouxas, salamandras multicoloridas, e até um tipo estranho de ave de cauda bifurcada, cujo poleiro balançava no teto da loja.
— Bom dia, Toriel! - exclamou a vendedora, uma gata humanoide de pelagem lilás – olá, crianças! Vieram escolher seus bichinhos?
— È… eles irão para Hogwarts hoje, Catty. Estão muito animados – Toriel baixou a cabeça - por que não vai escolher um, querido?
O garoto concordou, indo velozmente para o corredor de gaiolas, ansioso para escolher uma das pomposas corujas que ali haviam.
— E você, doçura? - a gata encarou Frisk – vai querer um animalzinho também?
Frisk ergueu o olhar, indecisa. Todos os animais eram tão interessantes… como escolheria apenas um?
Decidiu-se, finalmente, por uma pequena coruja alva, de grandes olhos prateados, que fazia uma adorável algazarra dentro de sua gaiola.
— Ah… quer a Ventania? - Catty deu uma risadinha, baixando a gaiola nas mãos da criança – boa escolha. Ela é muito fofinha… e uma ótima companhia.
— Escolhi um também! - Asriel voltou, abraçando uma gaiola que continha outra coruja, de coloração parda e olhinhos injetados – vou chamá-lo de Knut!
Toriel parecia muitíssimo satisfeita.
— Está bem, crianças – apanhou um pouco do dinheiro da bolsinha de Frisk, e pagou a comprar dos dois bichinhos – por que não vão para a loja de roupas? Encontro vocês lá.
— Ok, mamãe – Asriel segurou a mão de Frisk, puxando-a para fora da loja – vamos lá!
Passando por vários monstrinhos risonhos, Frisk finalmente entrou em outra loja, de aparência bem mais clara.
Asriel soltou-a, apontando na direção do balcão, onde uma coelha e seu filho organizavam várias etiquetas.
— Vou falar pra ela que queremos uniformes. Já volto!
Frisk riu-se, vendo-o disparar na direção da vendedora.
Porém, antes que pudesse segui-lo, sentiu um suave sopro de vento passar por sua nuca, causando-lhe arrepios. Teve a terrível impressão de que lhe observavam.
E suas suspeitas só se confirmaram, quando ouviu uma voz infantil – mas sutilmente intimidadora – ressoar atrás de si.
— Ei, humana…. você não sabe cumprimentar um novo amigo?
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