Pottertale - O Encontro de Dois Mundos escrita por FireboltVioleta


Capítulo 4
Monte Ebott




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Nenhuma das pessoas que transitavam pelas ruas do pequeno vilarejo pareciam reparar na imponente figura encapuzada que acompanhava Frisk.

A garota só conseguia imaginar se Undyne também podia se tornar invisível para os demais humanos, ou se simplesmente conseguia se misturar entre os transeuntes das ruas.

— Aonde é o subterrâneo? - indagou em certo momento, quando já chegavam ao limite da pequena comunidade.

Já confirmando a ausência de qualquer humano nas redondezas, Undyne retirou novamente seu capuz, baixando o olhar para a menina. Apontou para o amplo bosque, no qual já se encontravam entrando.

— Atravessaremos  o bosque Ebott… e subiremos até o monte.

Frisk parou de repente.

— Monte Eboot? A entrada para o subterrâneo… é dentro da montanha?

Undyne soltou uma risadinha.

— Não precisa ter medo, garota. A queda não irá te machucar – prosseguiu seu caminho, olhando adiante – apenas invulgares e monstros conseguem atravessar a passagem para o subterrâneo. Qualquer outro ser vivo só encontrará a cratera selada de um vulcão extinto. Existem duas poderosas barreiras que protegem nosso mundo.

A criança titubeou, ansiosa, acompanhando Undyne num silêncio reflexivo.

Ainda sentia uma adrenalina impressionante ribombar dentro de seu pequeno corpo. Frisk ainda não conseguia acreditar no que estava acontecendo. Temia acordar na manhã seguinte, e descobrir que tudo aquilo não havia passado de um sonho incrível.

Porém, tudo era real. O farfalhar das árvores. O som da brisa. E até mesmo um cheiro marinho e adocicado, estranhamente agradável, que Frisk suspeitava vir da própria Undyne.

Frisk refreou um sorriso humorado.

— Qual é a graça? - Undyne perguntou, erguendo a sobrancelha descoberta.

— Nada – a garota disse, sem graça.

A monstra soltou um suspiro pesado.

— Será mais fácil se você se abrir comigo, Frisk. Vai estar entre os seus agora – embora impetuosa, sua voz destilava gentileza – vai ter que aprender a confiar nas pessoas, se quiser lidar bem com nosso mundo.

— È que… - Frisk riu nervosamente – você tem cheiro de sushi.

Para sua surpresa, Undyne gargalhou.

— Você vai se acostumar – disse afavelmente, abrindo um largo sorriso de dentes afiados – não será a única coisa que vai conhecer de diferente.

A menina sabia disso. E nada poderia ter deixado Frisk mais animada.

Após um bom período de caminhada, ambas finalmente chegaram à encosta de uma pequena montanha ao norte do bosque.

Undyne ergueu sua varinha outra vez, e o declive à frente tornou-se mais acentuado, como se o centro do monte estivesse se abrindo num gigantesco buraco.

Impressionada, Frisk admirou o impressionante objeto na mão da jovem monstra.

— Eu vou ter uma dessa? - perguntou.

— Sim – Undyne assentiu – todo jovem monstro ou invulgar tem sua própria varinha, embora não possa conjurar feitiços ou magias sem supervisão ou na frente de humanos – adiantou-se, aproximando-se dois passos da beirada da cratera – mas as varinhas só servem para canalizar o poder mágico de sua alma. Na verdade, toda a magia se encontra dentro de você – passou as mãos pelos bastos cabelos rubros – também vai aprender isso em Hogwarts.

Virando-se para a humana, Undyne ergueu a mão para ela. Frisk a segurou, sentindo um pequeno gelo no estômago. A monstra suspendeu sua maleta sobre o próprio ombro, enquanto as duas davam mais alguns passos para dentro do buraco.

— Tudo bem – Frisk falou, fechando os olhos – estou pronta.

Sentiu Undyne puxá-la adiante. Respirando fundo, ainda de olhos fechados, Frisk saltou dentro da cratera.

O vento uivou em seus ouvidos, enquanto seu corpo balançava em queda livre. Suas pernas se encolheram, antecipando o choque inevitável com o chão.

Porém, para seu choque, seu corpo desacelerou ligeiramente, até parar, flutuando, a poucos centímetros do solo.

Seus pés pousaram em terra firme, acompanhando o pouso elegante de Undyne.

— Uau – ofegou, cheia de admiração.

— Eu te disse – Undyne refreou outro sorriso, consultando seu relógio de pulso – céus… olhe só a hora – suspirou – vamos nos hospedar na pousada de Toriel. Ela também reservou um quarto para você… é uma velha amiga. Não fica muito longe daqui.

Enquanto prosseguiam viagem, Frisk olhava ao seu redor, fascinada com a paisagem, surpreendentemente clara, dos longos corredores de tijolos roxos, pelos quais avançavam em sua caminhada. Embora a imensidão acima de si assemelhasse-se à um céu, era perceptível que se tratava apenas de uma imitação mágica de uma noite estrelada.

— Eu tenho tantas dúvidas – admitiu timidamente.

— Entendo – a guardiã meneou a cabeça – e vou esclarecê-las amanhã. Por hora, vamos nos limitar a descansar. Foi uma longa viagem, e imagino que esteja cansada.

Pelo contrário – Frisk não podia estar mais desperta e sedenta de curiosidade. Mas compreendeu a sensatez na proposta de Undyne, e apenas concordou, assentindo.

Tudo parecia maravilhá-la. Sentia um tipo de aura anciã e mágica no lugar, que nada lembrava o ambiente em que vivera por tanto tempo na superfície. Imaginou o que Shepia diria sobre andar por aquele vasto e impressionante labirinto.

A saudade da prima e da tia apertou seu peito por um momento.

— Chegamos  - ouviu sua guia dizer algum tempo depois, quando postaram-se defronte a um jardim, que desembocava na varanda de uma grande casa creme.

Ambas prosseguiram, percorrendo um amplo caminho de pedregulhos em forma de mosaico, por fim estacando de frente para uma pequena porta de madeira clara. Undyne tocou a campainha, resfolegando baixinho.

Uma voz alta e animada se fez ouvir do lado de dentro. Haviam mais murmúrios, indicando pelo menos mais dez monstros presentes dentro da construção.

— Já vai!

A porta se abriu, e um pequeno focinho branco apareceu em sua fresta. Logo a seguir, a cabeça de uma criança monstra, de longas orelhas e pequenos chifres, recepcionou as duas visitantes.

— Opa. Como vai? - sorriu – boa noite, Undyne!

— Boa noite, Sr. Dreemurr – Undyne retribuiu o cumprimento, sorrindo.

Alguém ralhou com o monstrinho do lado de dentro, afastando-o da porta. O cabritinho recuou, sumindo dentro da entrada, dando lugar para uma monstra adulta, também de fisionomia caprina, que abriu um largo e amável sorriso para Frisk.

— Boa noite, crianças – cumprimentou-os Toriel, erguendo os braços num gesto caloroso, olhando alegremente para Frisk  – seja bem-vinda à pousada da barreira.














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