Pottertale - O Encontro de Dois Mundos escrita por FireboltVioleta


Capítulo 17
Uma Olhada No Passado




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Caminhando através do pátio do castelo, Undyne teve que dar um elegante passo para trás, impedindo-se de ser acertada por uma brilhante lâmina avermelhada.

— Olhe a mira, Chara – sibilou.

Chara baixou a varinha, ficando extremamente corada.

— Desculpa, professora Undyne.

Envergonhada, a garota desceu cuidadosamente do banco onde ela, Frisk e Asriel estavam sentados, acocorando-se ao lado de uma das árvores do pátio, e massageando a perna que ainda estava enfaixada.

Apesar de tudo - quando Frisk ergueu o olhar de seu livro de Poções, encarando a professora – podia jurar que Undyne reprimia sua satisfação com a desenvoltura de Chara.

— O que estão fazendo, garotos? - indagou.

— Ahn… - Asriel baixou o olhar – estudando? - sob o olhar descrente da monstra, ele revirou os olhos, suspirando – estávamos jogando corrida de lesmas. Mas Frisk desistiu.

A criança soltou um muxoxo divertido, olhando para o pequeno traçado na beira do pátio. Repousando serenamente, quase entediadas, algumas lesmas coloridas estavam sobre a pequena pista de corrida. A lesma vermelha, que havia sido escolhida por Frisk, parecia ser a mais entediada e cansada de todas, vez ou outra levantando uma antena aborrecidamente para cima.

O pequeno sorriso de Frisk pareceu despertar algo na expressão de Undyne, que repentinamente baixou a rede que carregava, aproximando-se dos dois garotos.

— Asriel… posso ter um minuto a sós com Frisk?

— Claro – o cabritinho assentiu, dando o lugar no banco para Undyne, e indo até onde Chara estava.

Undyne agradeceu com um meneio da cabeça, acomodando-se ao lado da menina. Frisk piscou, agradavelmente confusa.

— Está tudo bem, Undyne? - pigarreou – quer dizer, professora…?

A jovem monstra marinha sufocou uma risadinha feroz.

— Sem formalidades quando estivermos juntas, Frisk – ergueu o olhar para Chara, que havia acabado de socar o ombro de Asriel por ele ter esbarrado sem querer em sua perna – sinto que está incomodada com algo. Quer me dizer o que é?

Frisk ofegou, erguendo a cabeça pra Undyne.

Não havia por que mentir.

Sim… havia muitas coisas a incomodando. Dúvidas acerca de seu passado. Como seus pais haviam morrido? Por que havia sobrevivido ao Blaster da Morte de Gaster? E dúvidas mais recentes… quem havia tentado roubar a Caixa de Snowdin? Por que sua queimadura havia doído ao encarar Riverman?

Dentre todas, porém, a criança decidiu-se pela menos complexa.

— Você esteve lá… naquela noite?

Sentiu, ao seu lado, as guelras de Undyne resfolegarem.

— Sim… eu estive lá, Frisk – assistiu-a erguer a cabeça por um momento, absorta em seus próprios pensamentos – Fraya e Thread eram velhos amigos dos meus pais… e do clã Dreemurr. Os conhecia desde que nasci – suspirou – na noite em que tudo aconteceu, eu… fui enviada por minha mãe para companhar Gerson. Entenda… não foi apenas seus pais que Gaster matou – baixou a cabeça – também perdi uma pessoa querida.

Por fim, Frisk viu uma centelha de angústia perpassar no olhar ameaçador de Undyne. Comovida, percebeu que, embora destilasse ferocidade, sua guardiã também tinha suas próprias fraquezas e mágoas.

— O seu pai? - indagou Frisk, receosa.

A professora apenas confirmou com a cabeça.

— Mamãe queria que eu verificasse o que havia acontecido. Queria ter certeza de que ele realmente havia sido derrotado. Mas quando cheguei lá, trazida por uma magia de transferência… Gerson e Asgore já haviam deixado os destroços de sua antiga casa, e ido em direção à superfície. Não havia nenhum sinal de Gaster… em lugar algum – Undyne a encarou pelo olho descoberto – eu tinha sete anos.

Condoída, Frisk segurou a mão de Undyne, Esta sobressaltou-se por um momento, parecendo chocada de alguém se sentir segura o bastante para lhe fornecer tamanho gesto de consolo.

— Sinto muito, Undyne.

Undyne abriu um sorriso tristinho.

— É algo que sempre admiramos em seus pais… e posso ver em você também – sussurrou – sempre cheios de misericórdia… de piedade – titubeou – poucos monstros ou invulgares ainda tem a honra de ter essa qualidade – retraiu gentilmente a mão – mas não precisa ter pena de mim, garota. Todos nós perdemos muito naquela época. Principalmente você.

Undyne viu Frisk baixar o olhar.

— Não me lembro deles – confessou – mas… sinto… sinto falta. É confuso, não é?

A monstra sacudiu o queixo.

— Não, Eu entendo, Frisk – sacudiu os ombros – de qualquer modo… quando Gerson e o Conselho viu o que havia acontecido… acharam melhor, por segurança, deixar você na casa de sua família humana adotiva… e quer saber? Confesso que achei uma ideia horrorosa;;; pelo menos de início – surpresa, Frisk a viu rir baixinho – você era tão… pequena… e frágil. Achei que deveria ficar com uma família monstra que pudesse te proteger de verdade. Mas me parece que elas fizeram um excelente trabalho.

— É – Frisk concordou – tia Taryan e Shepia sempre foram muito boas comigo.

— E depois… - acrescentou, erguendo-se do banco repentinamente – para minha decepção, você continua pequena. Mas frágil? Ainda mais depois do que fizeram com aquele traço? - ela gargalhou impetuosamente – disso eu já não tenho mais certeza, pirralha.

Com um misto de satisfação e perplexidade, Frisk acompanhou Undyne deixar o pátio, voltando a tomar seu caminho em direção ao corredor do Núcleo.

Porém, seu sorriso orgulhoso não durou muito.

Assim que a professora desapareceu pátio afora, para desgosto dos meninos, uma familiar e mal vinda silhueta adentrou no local, com as mãos ósseas enfiadas no bolso da jaqueta, e dois monstrinhos mal encarados resguardando-o de cada lado.

Asriel levantou-se do chão imediatamente, já retirando a varinha do cós da calça, surpreendentemente se pondo - de modo inusitadamente protetor - na frente de uma Chara espantada.

— O que você quer aqui, Sans? - rosnou o monstrinho, contraindo os punhos.

O revenant riu desagradavelmente;

— Longe de mim querer algo com a ralé… ainda mais de dia, quando os professores podem nos ver – deu de ombros – vocês querem bancar os durões, certo? E eu quero mostrar o quanto são fracotes – inclinou o crânio – façamos assim… esta noite, às onze horas, apareçam na última sala do topo da Torre Norte. Um duelo de varinhas. O que me dizem?

Frisk fechou a cara para Sans, pronta para dizer que não aceitava.

Mas, de relance, viu Chara capengar levemente enquanto tentava se levantar, e sentiu o corpo esquentar de irritação.

Havia decidido dar uma lição em Sans. E aquela era a oportunidade perfeita.

— Frisk! - exclamou Chara.

— Fechado – concordou.

Sans sorriu ainda mais.

— Excelente. Nos vemos a noite, então – e, dizendo isso, deu as costas, retirando-se com seus colegas para dentro do castelo outra vez.

Chara saltitou até Frisk, ensandecida. Embora parecesse apreciar imensamente a iniciativa da amiga, era inegável o pânico em seu olhar.

— Você tem ideia do que acabou de fazer, Frisk?

Frisk assentiu, estreitando o olhar.

— Sim – a menina vincou a testa, convicta – e eu lhe garanto, Chara… Sans não passa dessa noite sem se arrepender do que fez.

Porém – mesmo que ainda não soubesse – as coisas não sairiam como planejado.
































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