Pottertale - O Encontro de Dois Mundos escrita por FireboltVioleta


Capítulo 18
Fora da Cama




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Quando todos já havia ido dormir, Frisk esgueirou-se para fora do dormitório, seguida cuidadosamente por Asriel.

Antes que tomassem finalmente o corredor em direção à Torre Norte, porém, foram interceptados por uma sombra pequena e inquieta.

— Vocês sabem que isso é loucura, não é? - sibilou Chara, balançando a varinha de modo tenso entre as mãos.

— Sim, sabemos – Asriel retrucou, azedo – agora volte para a cama. Vai machucar essa perna ainda mais se inventar de ir com a gente.

Mesmo na penumbra, Frisk pôde jurar que Chara havia corado – e definitivamente estrangulado um pequeno sorriso.

— Não se preocupem comigo. É com vocês que deveriam se preocupar – ofegou – olhei o dormitório todo, e não encontrei aquele esqueleto metido a besta…. E se forem pegos fora da cama, estarão encrencados. Tem certeza que querem fazer isso? - olhou para Frisk – Sans pode estar armando alguma coisa. Por que diabos marcaria um encontro no ponto mais alto e distante do castelo?

— Não podemos desperdiçar a chance de colocar aquele saco do ossos no lugar deles – Frisk falou – e se eu não for… - suspirou – não quero me passar por covarde. E se eu não aparecer, é exatamente isso que parecerá.

Frisk e Asriel adiantaram-se, tomando seu caminho em direção à Torre Norte. Porém, a garota viu Asriel revirar o olhar, quando ouviram passos desengonçados atrás de ambos.

— Se você fizer a gente se atrasar… - o cabrito resmungou.

— O quê? - provocou a menina, lançando-lhe um olhar rubro cheio de deboche – vai enfiar aquela espada na minha cabeça?

— Calem a boca – ralhou Frisk, fazendo gesto de silêncio para os amigos – alguém pode nos ouvir!

No fundo, Frisk sabia que Chara tinha razão. Era arriscado. Podiam ser pegos a qualquer momento… e Sans realmente poderia estar fazendo-a de tola.

Mas o orgulho e a dignidade não a deixavam simplesmente desistir. Se tivesse uma chance que fosse de mostrar ao esqueleto do que era capaz, Frisk faria de tudo para aproveitá-la.

Por alguma sorte, os garotos não em contaram ninguém nos corredores ao longo do caminho. Era como se alguém estivesse lhes garantindo um trajeto seguro até o ponto de encontro – algo que, em vez de tranquilizar, apenas deixou Frisk ainda mais retraída e ansiosa.

— Tudo está tão quieto… - ouviu Chara murmurar – que estranho…

A subida até o topo da Torre Norte foi razoavelmente mais rápida.

Quando os meninos finalmente se puseram ao pé da escadaria, vislumbraram o longo antro circular de uma vasta sala vazia.

Não havia nem sinal de Sans.

— Não há nada aqui… - Asriel ergueu as orelhas felpudas, atônito.

— Não há saída – acrescentou Chara, apertando a varinha – eu sabia! É uma cilada!

Recuaram contra a parte mais escura da parede, em pânico, quando ouviram o som de algo teleportando-se para dentro da Torre Norte.

Ao longe, de relance, Frisk enxergou a figura de um monstro pequeno e canino, de orelhas de gato e longa cabeleira acinzentada. O recém-chegado passou o olhar ao longo da sala, girando os pequenos olhos paranoicos e agitados.

— Eu ouvi vocês se mexerem – chiou a criatura, estremecendo – apareçam!

— É Bob… o vigia do castelo – sussurrou Chara – temos que cair fora daqui!

Sem discutir, Asriel e Frisk assentiram, esgueirando-se silenciosamente escadaria abaixo, descendo os degraus o mais rápido possível.

— Acha que ele percebeu que estávamos lá? - Asriel perguntou, assim que chegaram ao fim da escadaria.

— Acho que não – Chara arquejou – anda. Vamos voltar para o dormitório.

— Sans nos enganou. Aquele patife desgraçado – rosnou o jovem cabrito – quando eu colocar minhas patas nele…

Sentindo-se seguros para acelerar o passo, os três desandaram a trilhar velozmente o caminho de volta, temendo que Bob voltasse a alcançá-los.

Na altura em que enfim alcançaram o corredor do dormitório, porém, um tentáculo longo e espinhoso inclinou-se violentamente diante deles.

Frisk e Chara pararam a tempo, mas Asriel tropeçou na longa raiz, rolando pelo chão. As garotas ergueram a cabeça, reconhecendo a diminuta sombra de Flowey nas vigas de madeira do teto.

— Ohhhhhh… o que fazem a essa hora da noite, crianças? - a flor sorriu diabolicamente – coisa boa que não é… - o monstrinho sacudiu as pétalas maldosamente – é melhor eu avisar o Bob, sabe?

Para surpresa de Frisk, contrariando toda a cautela que até então havia adotado, Chara virou-se psicoticamente na direção de Flowey, brandindo sua varinha. Por um momento, a garota sentiu certo medo da expressão da amiga.

— Acho que está na hora de adubar essa flor.

O estampido do feitiço de Chara foi tão alto que Frisk já estava correndo, bem antes de Flowey despencar do teto, espatifando-se no chão num emaranhado de raízes verdes. Nem se certificaram de que a flor havia de fato sido nocauteada, tamanho o desespero em fugir.

— Corram! - exclamou Asriel, empurrando-as na direção do dormitório.

Assim que se viram em segurança dentro da torre, os três despencaram contra a porta, arquejantes e trêmulos.

— Isso… - arfou Asriel, encarando Chara – foi… brilhante…

— Eu acho… que exagerei… - a menina piou, igualmente estafada.

Frisk sacudiu a cabeça, sufocando uma risadinha nervosa.

— Não… foi brilhante... salvou a gente.

Chara sorriu de modo tímido. O movimento fez sua expressão ficar surpreendentemente afável.

— obrigada. Acha que Flowey vai nos denunciar? -

— Agora já não importa – Asriel deu de ombros – papai disse que Flowey vive mentindo para tentar prejudicar os alunos. Agora que estamos aqui, não tem como ele provar que saímos.

Frisk baixou a cabeça.

— Sans vai me pagar – disse, fechando as mãos em punhos.

Distraindo-se momentaneamente, viu Chara pisar duro, indo em direção à porta do dormitório da Sonserina;

— Nossa. Boa noite pra você também – fungou Asriel;

— Vou ver se encontro aquele safado aqui dentro – protelou a menina, erguendo uma sobrancelha imperiosamente na direção de Asriel – e vou dormir também. Antes que vocês tenham outra ideia maluca que possa nos matar – acrescentou – ou pior… nos expulsar.

No entanto, antes de desaparecer porta adentro, Frisk podia jurar que viu a garota sorrir.







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