Pottertale - O Encontro de Dois Mundos escrita por FireboltVioleta


Capítulo 13
Riverman




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/727065/chapter/13

 



As masmorras do castelo destilavam uma aura de intensa penumbra e melancolia.

Arrepiados, Frisk e Asriel passaram pelas portas de madeira, adentrando no recinto com os demais alunos.

Sentou-se em uma das carteiras de dois lugares, com os pequenos ombros retraídos de tensão. O jovem cabrito não parecia menos desconfortável, olhando ao redor com uma expressão de puro desespero.

A garota sentiu-se ainda menos bem-vinda quando avistou Sans, poucas carteiras dali, falando em alta voz para alguns colegas da Sonserina.

— Pois é. Aqueles lufanos sempre foram do pior tipo de ralé. E agora eles nomearam uma nova Rainha do Lixão.

Os sonserinos ao redor riram baixinho. A única que não reagiu foi Chara, cujo olhar rubro se focou de modo frio e reprovador sobre o pequeno esqueleto.

As conversas morreram no exato instante em que a porta da masmorra se reabriu.

Com as respirações presas, todos observaram o vulto encapuzado caminhar pela sala, subindo até a pequena elevação da sala de aula, onde estava sua mesa. Ouvia-se o som de murmúrios baixos, como se o professor cantarolasse de forma grave e murmurada.

Finalmente, suas mãos abarcaram a borda de seu capuz, retirando-o de sua cabeça. E Frisk sentiu seus dedos se enterrarem no banco.

O que havia achado ser o focinho de um cachorro – tal como os dos de alguns alunos que conhecera até então – na verdade, mostrava-se ser as mandíbulas hostis de um grande lobo marrom, cujos olhos negros aparentavam vasculhar os rostos jovens em busca de uma presa em potencial.

— Não tolero brincadeirinhas com varinhas, nem conversas fúteis em minha aula – vociferou Riverman, num tom de voz ameaçador e impetuoso – e não serei obrigado a aturar a presença de alunos desinteressados e medíocres. Se qualquer um discorda disso, considere-se convidado a deixar a sala neste exato momento.

Ninguém se pronunciou. Pareciam demasiado impressionados com o discurso de Riverman para contestar qualquer coisa que fosse.

Frisk forçou-se a encarar o professor, sentindo um misto de curiosidade e desconfiança. Por alguma razão, embora tudo levasse a crer o contrário, Riverman não parecia o monstro terrível que havia imaginado ver na Seleção.

Para sua surpresa, o professor sustentou o olhar, baixando ligeiramente as longas orelhas, retraindo levemente o focinho.

— Frisk – automaticamente, toda a classe se virou na direção da garota – a invulgar famosa… - ouviu-se uma risada escapar das presas cerradas do lobo – finalmente está aqui.. Que coisa… extraordinária.

Chara assobiou baixinho do outro lado da sala, chamando a atenção de um dos olhos de Frisk. A menina quase riu, ao ver a expressão desgostosa de Sans, que não parecia estar nada satisfeito com a atenção que Riverman estava dando à ela.

Achou que seria forçada a falar, mas o professor desviou o olhar, voltando a dirigir-se à turma.

—  O curso de Poções Mágicas e Cura visa prepará-los para desenvolver medicinais, provisões e substâncias que produzem, preenchem ou recuperam parcelas de HP – olhou para os alunos – e o que é HP?

Chara levantou a mão tão rápido que quase acertou o chifre de um corço de boca bifurcada da Sonserina.

— Chara?

— É o nível de saúde e vitalidade de um monstro ou humano, professor – respondeu Chara – todos tem um nível de HP máximo, e, quando sofremos algum dano ou ataque corporal, ele pode decair. É função das poções e suprimentos impedir que este nível chegue a zero.

— Muito bem. Vinte pontos para a Sonserina – concedeu, fazendo a turma da Sonserina comemorar disfarçadamente – de fato. É trabalho meu lhes ensinar como evitar que seu HP se reduza a tal lastimável situação – para surpresa geral, Riverman voltou a olhar para Frisk – e o que acontece quando se o HP de um humano ou monstro chega a zero, Frisk?

A garota, ofegou, pensando um pouco no que Chara dissera, e no que havia ouvido falar em suas conversas com os colegas de Casa.

— A alma é destruída – engrolou, enfim – a pessoa morrer. Se for monstro, seu corpo vira poeira. Se for humano, seu corpo se mantém – ela franziu o cenho, ainda cabisbaixa – professor Riverman… e se for um… invulgar?

Asriel arquejou alto. Chara ergueu a cabeça para a colega, mais interessada do que nunca.

Para a perplexidade da garota, o olhar de Riverman se tornou inesperadamente menos frio. Parecia quase entristecido, de certa forma.

— Se o invulgar nasceu humano… morreria exatamente como um – limitou-se a dizer – de qualquer forma, só existe uma pessoa invulgar cujo HP chegou a zero e sobreviveu – mais do que nunca, o lobo focou o olhar da criança, de modo sério  – e ela está aqui nesta sala.

Um silêncio modorrento dominou a sala.

— Contudo – voltou a se pronunciar Riverman – a resposta está corretíssima – surpreendendo a todos, um dos lados do focinho do monstro esboçou um sorriso de dentes serrilhados – vinte pontos para a Lufa-Lufa.

A menina teve que tampar a boca para não gritar. Atrás dela, vários de seus colegas ofegaram em sincronia, sufocando a animação pelos pontos recebidos.

— Mandou bem – Asriel disse, sorrindo.

Ouviu-se o som de algo chamuscando do lado da turma da Sonserina. Chara, risonha, apontava para a mesa onde Sans estava sentado, onde uma mancha escura, agora, demarcava onde sua mão havia se incendiado de raiva.

— Agora, basta de perguntas triviais – o professor conjurou vários caldeirões, dispondo-os ao longo da sala – reúnam-se em grupos de três. Passarei deixando os ingredientes para uma poção simples de HP 1.

Rapidamente, todos se uniram em trios ao redor dos caldeirões. Frisk, contrariando um Asriel bufante, juntou-se rapidamente a Chara, que já estava com o pergaminho de instruções em mãos.

— Demoraram – resmungou, inclinando o pergaminho – temos que separar esses ingredientes.

A garota assentiu, analisando a pequena lista de ingredientes da poção.

 

POÇÃO BÁSICA – HP 1

 

2 pétalas de flor dourada

5 gramas de pó de Echo Flower

4 hastes de salsichas d'água

100ml de polpa de amora-de-Snowdin

 

Seguindo as instruções, Frisk dispões a quantidade exata dos ingredientes sobre a mesa, ajudando Asriel e Chara a prepararem a poção.

— Não, Asriel – Chara segurou a mão do garoto, impedindo-o de colocar o ingrediente na ordem errada pela segunda vez – a polpa de amora vem depois das hastes.

— Tá legal! Me deixa! - Asriel desvencilhou-se dela, aparentando irritação, embora Frisk jurasse ter visto um tremor incomum fremir o focinho do cabrito.

Riverman passava pelos trios, analisando o andamento das poções. Pareceu satisfeito com a mistura de Sans, que lançou um sorriso esperançoso para o professor. O mesmo sorriso presunçoso, porém, desapareceu minutos depois, assim que o lobo se aproximou da poção de Frisk, quase perto do fim da aula.

— Bem encorpado. Incomum para quem faz essa poção pela primeira vez – os garotos prenderam a respiração quando Riverman tomou um pouco da poção em sua concha e a bebeu, estalando a língua – ora, ora. Um simples gole disso já basta para causar uma sensação razoável de bem-estar. Preencheria o HP delimitado sem problemas – inclinou a cabeça – bem, acho que dez pontos para Grifinória… e mais dez pontos para Sonserina e Lufa-Lufa.

O sinal tocou, interrompendo qualquer tipo de reação que estivesse para ocorrer ao anúncio do professor. Riverman, porém, pareceu não se incomodar, voltando-se para os demais alunos.

— Deixem amostras de suas poções na minha mesa, rotuladas com seus nomes. Analisarei cada um dos conteúdos e darei a devolutiva na próxima aula. Podem se retirar.

Os alunos recolheram as poções terminadas em frascos, arrolhando-as e entregando-as na mesa de Riverman, deixando as masmorras em seguida – entre eles, um Sans simplesmente encolerizado demais para sequer olhar por onde andava, chutando propositalmente a cauda do canguru de focinho pontudo que estava adiante.

Enquanto Asriel levava a poção deles, sob os protestos de Chara, Frisk sentiu o professor ladeá-la mais uma vez.

Ergueu a cabeça, enquanto Riverman a analisava atentamente.

Por fim, viu-o suspirar.

— Você parece muito com sua mãe, Frisk – disse, em tom baixo, voltando a recobrir a cabeça com o capuz – ela também tinha um dom natural para Poções de Cura.

E assim, com esse comentário misterioso e surpreendente, Riverman saiu da masmorra, deixando Frisk perdida em seus próprios pensamentos.






















Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Pottertale - O Encontro de Dois Mundos" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.