Pottertale - O Encontro de Dois Mundos escrita por FireboltVioleta


Capítulo 10
As Estrelas Mais Brilhantes




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Embora já estivesse, aos poucos, acostumando-se a ouvir cochichos diante de sua presença, Frisk percebeu que o burburinho que se seguiu jamais teve quaisquer precedentes.

O choque era evidente em todos os espectadores.

— Lufa-Lufa. Ela foi pra Lufa-Lufa!

— É mesmo a Frisk! Estou vendo!

Viu o coração no ombro?

Sentindo sua antipatia aumentar, Frisk também ouviu Sans rir ao longe.

— Típico. Uma perdedora... caindo na Casa dos perdedores.

Estava sentindo seu coração saltar no peito. Undyne lhe retirou o Chapéu da cabeça, sem dizer nada,

Ainda em forte torpor, desceu da banqueta, ouvindo, por fim, algumas palmas isoladas lhe ovacionando.

Um pequeno grupo na Grifinória, incluindo Asriel. Chara, na mesa da Sonserina. E alguns rostos familiares na Corvinal.

Como que para compensar o silêncio das outras mesas, a da Lufa-Lufa fez um escarcéu, acolhendo alegremente seu mais novo membro em sua mesa.

— PEGAMOS FRISK! PEGAMOS FRISK! - bradaram os alunos da Lufa-Lufa em sintonia.

Gerson ergueu a própria varinha, num pedido mudo de silêncio. Os aplausos morreram aos poucos, até desaparecerem completamente do Salão Principal.

— Muito bem, novos alunos! Esperam que se sintam em seus lares. Suas Casas serão suas famílias aqui na escola. Façam com que seus colegas se orgulhem de tê-los entre eles. E ajudem nosso povo a estender esse legado para as gerações futuras – declarou, sorrindo – porém, devem estar cansados de ouvir o falatório dessa velha tartaruga. Jantar… e depois, podem retirar-se para os dormitórios.

Gerson bateu palmas entusiasmadamente.

Para choque de Frisk, os partos – antes vazios – se encheram de uma variedade absurda de alimentos, brotando magicamente em tinas, terrinas e bacias de prata. Vendo os demais se servirem sem cerimônia, também os acompanhou. Não havia percebido o quanto estava com fome.

Fitou um colega ao lado lhe lançar um grande sorriso, por cima de uma imensa torre de hambúrgueres cor-de-rosa, curiosamente brilhantes. Tinha as feições de um cachorro de orelhas pontudas, de cor acinzentada, bem mais escura na faixa de pelos dos olhos.

— Frisk, não é? - falou o pequeno monstro canino, apertando sua mão – Doggo. Bem-vinda á Lufa-Lufa!

— Obrigada – agradeceu, sorrindo – você é um dos alunos mais velhos, não é?

— Sim – fungou – segundo ano. Vocês vão começar esse ano, certo? - Doggo apanhou uma coxinha, mordiscando-a levemente – você vai gostar daqui – baixou as orelhas – embora muitos digam que essa é a Casa dos que sobram – o garoto resmungou – sabe? Se não tem coragem como um grifano… se não é inteligente como um corvino… nem astuto como um sonserino… segundo eles, é quase certeza que cai na Lufa-Lufa. Mas isso não é verdade.

Embora julgasse que o comentário do lufano não tivesse sido muito animador, Frisk decidiu que, apesar de tudo, Doggo tivera a melhor das intenções. Então, limitou-se a sorrir.

Olhou ao longo da mesa dos professores, observando-os mais detalhadamente.

Ficou algum tempo encarando uma monstra amarelada, que muito se parecia com um dinossauro, trajando uma bonita veste branca, conversando animadamente com Undyne. Pelo que a garota podia deduzir, a tal professora parecia radiante de estar ao lado da monstra marinha.

Ao lado dela, uma figura curiosa, de corpo nitidamente robótico, com cabelos negros e curtos, não estava prestando atenção a nada, ocupada demais usando a varinha para ajeitar seu elegante colete róseo. Estava sendo espreitado – quase que negativamente – por um outro professor. Este, ao contrário do colega, tinha o corpo de um esqueleto alto e magro, estranhamente descontraído para suas roupas escuras e formais.

No fim da mesa, ao lado do professor “Burguerpants” - o gato que conhecera na pousada de Toriel – Frisk olhou para um monstro que não havia percebido antes. Tudo que conseguia ver dele era o focinho, que emergia do capuz da capa que recobria todo o seu corpo.

— Quem é aquele professor? O encapuzado?

— Aquele ali? É o Riverman. Ele dá aula de Poções Mágicas e Cura.

O professor encapuzado virou em sua direção.

Frisk sufocou um grito, levando a mão sobre o ombro.

— O que houve? - Doggo indagou.

— Não sei – ofegou a menina, massageando a queimadura. Sentia como se ela estivesse queimando contra sua pele.

— Deve estar cansada – sugeriu o jovem cão – você vais e sentir melhor de manhã. Eu garanto.

Ainda atordoada pela dor da cicatriz, Frisk apenas assentiu.

Terminou de jantar com os demais, mesmo que jamais tivesse tido chance de provar tudo que havia sobre a mesa. Por fim, empanturrada como jamais havia ficado, Frisk e os novos estudantes se retiraram de suas mesas, seguindo os monitores – alunos do último ano, escolhidos pelo diretor – para seus dormitórios.

Reencontrou Asriel na multidão, correndo para lhe dar um grande abraço.

Surpreso, o cabrito retribuiu o gesto, risonho.

— Lufa-Lufa, hein? - gracejou – parabéns!

— E você na Grifinória – enfatizou a menina, dando de ombros – que pena que não ficamos na mesma casa.

— Nah, não importa – Asriel fez gesto de pouco-caso – isso só significa que você terá aulas com os colegas da sua Casa. Os dormitórios ficam todo no mesmo lugar. Ainda nos encontraremos fora do horário de aulas… apesar de que cada Casa tem seu Salão Comunal – bocejou – te explico mais amanhã… estou um caco.

Frisk riu, dando um tapinha de animação nas costas de Asriel.

O grupo foi rudemente interrompido, porém, quando algo comprido e esverdeado surgiu no chão, derrubando vários alunos da Sonserina que estavam na dianteira.

Chara havia escapado por pouco do golpe da raiz, mas Sans não tivera a mesma sorte: encontrava-se caído de cara ano chão, xingando em voz alta uma série de palavrões.

— Basta deste comportamento, Sans! Ou quer que a Sonserina comece o ano com cinquenta pontos a menos?

O grupo se afastou, dando passagem para uma enfurecida Undyne, cuja varinha já encontrava-se na pontaria de uma flor, senciente e desenraizada, que emergira diante da multidão de alunos.

— Ohhhhh… alunos novos, não é? - gargalhou maldosamente a pequena planta – sejam bem-vindos ao inferno, pestinhas!

— Chega, Flowey – vociferou Undyne – ou será que vou precisar chamar o Ceifeiro?

Flowey sibilou de modo mal-educado, desaparecendo de volta ao chão magicamente. Undyne suspirou, assentindo para a monstra canídea que guiava os alunos da Grifinória, e desaparecendo no corredor.

— Tomem cuidado com Flowey. Ele não é perigoso, mas pode deixá-lo em sérios apuros. Só o Ceifeiro consegue dar um jeito nele – alertou – acompanhem-me, por favor.

Frisk não pôde deixar que rir quando ouviu a monitora resmungar.

— Acho que na vida passada eu fui um balde. Nada além disso consegue descer tantas vezes até o fundo do poço….





Assim que todos finalmente desfizeram suas malas, finalmente se acomodaram em suas respectivas camas. Mesmo que todos dormissem na mesma torre, o amplo dormitório ainda era separado por quatro cômodos, dispostos em frações, onde só pessoas de determinada Casa poderiam entrar.

Na parte que pertencia à Lufa-Lufa, Frisk encarava a janela, já aninhada nos cobertores de seu pequeno dossel, observando Ventania rutilar seus olhos na direção da luz da Lua.

Abraçando o edredom, fechou os olhos, sentindo um sorriso sonolento surgir em seu rosto.

— Boa noite, Ventania.

Beijou a ponta dos dedos, pousando-os na fotografia de sua cabeceira, onde encontrava-se a imagem de sua família humana adotiva.

— Boa noite, tia. Boa noite, Shepia.

Por fim, virou-se para cima, erguendo os olhos para o teto do dormitório, que simulava a imensidão estrelada de um céu noturno.

Fitou as duas estrelas mais brilhantes, sentindo um nó se formar em sua garganta.

— Boa noite, mamãe… boa noite, papai.































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