Precisamos um do outro escrita por Moon


Capítulo 35
O aniversário


Notas iniciais do capítulo

Em um capítulo narrado completamente pela Riley, a matilha tenta acalmar os ânimos para comemorar o aniversário do xerife.



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POV Riley

Ninguém tinha ânimos depois daquela ameaça, mas ainda tínhamos que ir para o aniversário do meu pai. Ele estava na cidade especialmente para aquilo e nenhum de nós queria compartilhar aquela ameaça com os adultos que provavelmente surtariam. Stiles e Lydia voltaram para casa comigo, Maya e Josh. Malia, Scott e Liam foram para a pousada e Farkle foi para casa.

Em casa fui direto para o banho, lavei meu cabelo e tentei deixar qualquer preocupação ir pelo ralo. Meu irmão estava cuidando de mim. A matilha não deixaria que nada de mal me acontecesse.

Sai do banho, me sequei e entrei no meu macacão amarelo e coloquei uma regata preta com ele. Peguei meu celular e respondi as mensagens e – em um impulso - chamei Zay e Lucas para o aniversário do meu pai no Topanga’s. Eu sentia falta deles, do nosso grupo, de quem éramos.

Maya e Josh conversavam na sala com Stiles e Lydia. Falavam da trajetória do meu irmão com a minha cunhada. Eles estavam tentando manter tudo tranquilo e eu era grata por isso.

— Vocês parecem versões mais velhas da Riley e do Farkle.- Josh comentou sem notar que eu estava na sala.

— Não parecem não! – Protestei. – Eu e o Farkle somos apenas amigos.

— Eu e o Stiles já fomos apenas amigos. – Lydia respondeu.

— Não é a mesma coisa!

Eles apenas riram e o assunto se encerrou. Um toque interrompeu as risadas. Era o celular da Maya. A loira atendeu a chamada ainda rindo. Era a mãe dela, notei quando minha amiga respondeu dizendo que já estava indo pra casa.

— Eu tenho que ir, gente! – Ela acenou para quem estava no sofá e veio até mim e me abraçou. – Até mais tarde.

Meu tio também se despediu de todos, ele acompanharia a namorada até em casa.

— Eu também tenho que ir. – Stiles disse olhando o celular. – Mas eu não quero te deixar sozinha.

— Se você quiser. – Minha cunhada sorriu de lado arqueando as sobrancelhas com a expressão gentil. – Você pode vir comigo e a gente se arruma junto na pousada.

Meu irmão sorriu com a idéia da gente se aproximar. Era óbvio que ele queria que fossemos próximas. E de algum modo já éramos, mesmo com os poucos encontros.

Minha cunhada é linda. Ela é gentil. Ela é muito inteligente. Ela é corajosa, forte e independente. Eu a admiro. E de algum modo a amo. Talvez pelo modo como meu irmão se torna mais leve com sua presença, ou pelo modo como os olhos dele brilhavam só de falar dela, ou porque ela – depois do meu irmão – era quem mais fazia eu me sentir parte da família deles.

— Parece ótimo! – Respondi sorrindo e ela me abraçou de lado.

— Então espera só a gente pegar as coisas da Riley e saímos juntos. – Ela disse para o Stiles, lhe deu um selinho e pegou minha mão indo comigo até meu quarto.

Ela sorriu observando os detalhes da decoração. Tocou a cortina e sentou na janela observando o resto do cômodo.

— O que vai vestir hoje? – Ela perguntou voltando sua atenção para mim.

— Eu não sei. – Respondi sincera num suspiro.

— Nem uma idéia?

Neguei.

— Eu posso te ajudar. – Ela disse se levantando. Eu abri a porta do closet e entramos.

— Eu sempre quis ter uma irmã, sabia?! – Ela disse olhando minhas roupas rapidamente e então se virando para mim. – Ter uma outra menina com quem compartilhar todas as coisas. Não só coisas como roupas, sabe?! Mas coisas como o primeiro beijo, as indecisões, os sentimentos.

— Eu tenho a Maya. – Eu disse sorrindo por saber que eu tenho uma irmã.

— Eu tinha a Alison. – Ela comentou.

Meu irmão já tinha me contado sobre essa menina. Era a melhor amiga da Lydia. Ela tinha sido o primeiro amor do Scott. E ela morreu - foi morta, na realidade.

— Deve ter sido muito difícil pra você.

— Foi. – Ela respondeu e se virou voltando a mexer nas minhas roupas.

A observei analisar minhas calças.

— Depois daquilo. Chegou a Malia. – Ela continuou falando, mas estava de costas para mim. – E eu amo a Malia. Não sei o que teria sido o ultimo ano sem ela. Mas não é a mesma coisa.

— Eu não consigo nem imaginar como foi passar por isso.

Ela pegou uma calça verde militar justa de cintura alta e sorriu se virando para mim esperando por aprovação. Fiz que sim. Eu adorava aquela calça. Era mais uma peça que estava perdida no meu armário e que eu nunca tinha coragem de usar.

Ela saiu do closet e deixou a calça em cima da cama.

— Quando eu te conheci. – Ela continuou. – Me lembrou o dia que eu conheci a Ali.

— Ela também era a irmã perdida de alguém? – Perguntei brincando e ela riu.

— Eu me senti a vontade com ela desde o momento em que eu disse oi. – Ela explicou. – E com você também.

— Eu também me senti assim. – Era verdade. Eu apenas não tinha observado antes. – Foi como quando eu conheci o Stiles. De algum modo parecia que a gente já se conhecia.

Ela sorriu concordando. Abaixei a cabeça encarando meus pés.

— Desculpa falar de algo tão pesado. – Ela comentou revirando outra vez as minhas roupas.

— Eu fico feliz que você se sinta confortável de falar sobre essas coisas comigo. – Eu respondi e então o silencio pairou. Mas não era um silencio desconfortável, era apenas silencio.

Notei botas de cano curto e salto grosso pretas. Me abaixei e as peguei. Fui até Lydia e as mostrei.

— O que acha?

— Elas são lindas! – Ela pegou o calçado e os observou, virou e olhou a numeração. – Você tem que me emprestar essas botas pelo menos uma vez.

Eu ri e concordei.

Eu saí do closet, deixando-a sozinha e deixei as botas perto da calça.

— Esse. Sobre. Tudo. – Ela disse pausadamente levantando um sobretudo fininho preto com botões de veludo. – Eu tenho um cropped que vai ficar perfeito com o resto das peças. Você tem que usar esse look. Sério.

Concordei levando o sobretudo. O dobrei e coloquei na mochila, depois a calça e o celular. E peguei os calçados, pendurando-os em meus dedos.

Fucei minha escrivaninha para pegar os produtos que eu precisaria.

— Se quiser. Você pode usar as minhas coisas. Maquiagem e tal. Pra você não carregar muita coisa. – Ela ofereceu e eu aceitei.

Stiles estava sentado entediado mexendo no celular quando voltamso a sala, ele se levantou em um pulo apressado e rapidamente saímos conversando.

Fomos juntos até a pousada. Lá, eu e Lydia subimos para seu quarto e Stiles seguiu para o dormitório.

Lydia foi tomar banho enquanto eu me maquiava. Ela abriu uma maleta com inúmeras divisas e andares repletos de maquiagem. Alessia Cara tocava no celular dela preenchendo o ambiente. 

Passei um lencinho no rosto que já estava suado depois da breve caminhada. Passei um hidratante, o primer e então comecei. Passei primeiro o corretivo. Pouco abaixo dos olhos – pela primeira vez eu sentia que realmente precisava daquilo já que eu realmente estava com olheiras – e pelas pequenas e poucas manchas no meu rosto e depois delimitando a sobrancelha, que depois preenchi com sombra. Passei a base – era de cobertura suave – e espalhei tudo. Depois passei o pó, o contorno e o blush. Quando ela saiu do banheiro eu estava passando o iluminador.

— Não vai fazer nada nos olhos? – Ela perguntou envolta na toalha branca.

— Eu estou criando coragem para tentar fazer um delineado.

Ela riu, pegou uma saia preta rodada que parecia ser de couro e uma blusa de lã com mangas ¾ brancas e voltou ao banheiro.

— Já criou coragem? – Ela perguntou do banheiro e eu ri, abrindo o delineador para começar.

Essa etapa exigia muita concentração. Me aproximei do espelho e comecei pela parte interna, uma linha fina e preta acompanhando a linha dos cílios. Perfeito. Agora só faltava a pior parte. Ignorei essa parte e fiz a mesma linha fina no outro olho. Respirei fundo e ouvi minha cunhada sair do banheiro, mas estava concentrada no espelho. Puxei a ponta do primeiro olho, depois do segundo e tudo saiu bem.

Ela riu com o meu alivio.

— Eu também fico assim. – Ela colocou uma outra blusa por cima da que estava para começar a se maquiar e me entregou um batom. – É o único batom que eu trouxe. Esqueci de colocar batons na maleta.

Ela me deu um batom rosado num tom de pêssego. Era muito bonito. Passei e fui ao banheiro trocar de roupa. Fiquei de lingerie e coloquei a minha calça, só então percebi que eu não havia pedido a blusa que ela me emprestaria. Coloquei a cabeça pra fora do banheiro segurando a porta sobre o resto do corpo.

— E aquele cropped que você ia me emprestar? – A lembrei e ela se levantou rapidamente.

— Eu vou achar em um segundo. – Ela disse e foi mexer na mala.

Ignorei minha timidez e sai do banheiro usando calça e sutiã. Ela era uma garota. Não havia motivos para constrangimento. Sentei na cama e calcei as botas pretas, ela veio até mim segurando um cropped rosa pastel clarinho de mangas compridas e gola em “v”, em algum pano grosso.

O vesti e me olhei no espelho que ela usava para se maquiar. Nesse pouco tempo, ela já havia feito a pele e estava maquiando os olhos com sombras marrons discretas. Coloquei o sobretudo para completar o look e gostei do resultado.

Lydia sorriu quando me notou encarando meu reflexo no espelho.

— Você está linda! – Sorri e agradeci.

Ela prendeu o cabelo em um coque alto e passou rímel para completar.

— Eu queria muito ter um batom vermelho agora. – Ela comentou e tirou a blusa que colocou para não sujar sua roupa com maquiagem.

Ela sentou na cama e calçou scarpins pretos. Em algum ponto, me lembrei de um batom guardado na minha mochila há muito tempo abandonado. Era um batom vermelho. Tirei do bolso que ele estava e a entreguei. Ela sorriu satisfeita.

— Eu te amo! – Ela disse e eu não soube se era para mim ou para o batom que ela passou rapidamente sem nenhum borrão.

— Está me dando calor. A blusa de manga comprida com o sobretudo. – Eu disse tirando a peça. – Você quer usar?

Perguntei observando que ela estava com uma blusa fina e saia, e que o sobretudo além de a aquecer combinaria perfeitamente com a sua roupa.

Ela concordou e o colocou satisfeita.

Tirei uma foto no espelho e mandei para Maya avisando que eu e Lydia estávamos prontas e já estávamos indo para o Topanga’s.

Encontramos com Scott e Malia no corredor da pousada. Perguntei por Liam e eles disseram que ele havia ido se arrumar na minha casa. Me preocupei dele encontrar a casa vazia e trancada, mas lembrei que ele havia guardado uma chave no bolso antes de irmos para a escola – e desejei que ele ainda a tivesse.

Malia usava um vestido jeans curto pouco rodado com as mangas dobradas até o cotovelo. O cabelo curto estava solto, ondulado, e tinha pouca maquiagem. Calçava botas parecidas com as minhas, mas com saltos mais baixos. Scott estava com uma calça preta e blusa social azul clara também com as mangas dobradas.

Nós conversamos sobre coisas aleatórias enquanto caminhávamos juntos para a lanchonete. Quando chegamos, meus pais, meu irmão e Melissa já estavam lá conversando e esperando por nós.

Minha mãe estava com um vestido tubinho preto e um salto vermelho, meu pai com calça jeans escuras – quase pretas – blusa social cinza e blazer preto. Melissa estava com um vestido verde que me lembrava a cor do uniforme que ela usava no hospital – só que mais bonito -, o vestido era justo até a cintura e a saia plissada acabava pouco antes dos joelhos. Meu irmão parecia um pequeno adulto com sua roupa como a do nosso pai – calça jeans, blusa social e blazer. A diferença entre eles eram as cores que do meu irmão eram vivas e divertidas – a calça jeans azul, blusa vermelha e o blazer cinza, combinando com seu all star preto.

Liam chegou logo depois. Ele estava de tênis pretos, calça jeans escuras e blusa social em um tom de vinho que parecia um pouco folgada – nele parecia um despojado proposital, embora soubesse que provavelmente a blusa era emprestada do Scott.

Sentamos no sofá para esperar o resto de nós e o aniversariante.

Eu e Liam estávamos nas poltronas do meio, Lydia no pequeno sofá perto da porta enquanto Malia e Scott estavam no puff vermelho de frente para eles. Melissa e minha mãe riam animadamente enquanto meu pai e meu irmão roubavam alguns petiscos da cozinha.

O ambiente estava decorado.

O centro de madeira onde colocávamos os pés e deixávamos nossas bebidas estava forrado com um tecido fininho branco de renda. As cortinas também eram brancas. Havia pisca-pisca na estante de livros e naquele espaço não estavam as cadeiras que ali ficavam, tinha a mesa forrada e outra mesa mais alta e redonda de madeira, também forrada com a renda branca. Na mais baixa estavam as taças vazias e organizadas e a mais alta estava vazia.

O balcão que geralmente era vazio para que as pessoas pudessem ser servidas, estava coberto com uma faixa estreita daquele tecido fino que não cobria todo o balcão e sobre o tecido algumas velas baixas num suporte de vidro e garrafas transparentes – também de vidro - com flores na cor laranja e galhos marrons secos. Os tons de outono me lembravam Beacon Hills.

Do lado do balcão um conjunto de balões brancos estava amarrado. Notei também as luzes do pisca-pisca do lado de fora, no jardim. Antes de entrar havia notado a mesa do lado de fora forrada e com duas velas. Onde estávamos havia mais cadeiras e puffs do que normalmente teria.

Maya entrou seguida por Shawn e Katy que estavam de mãos dadas. Minha melhor amiga usava um vestido azul escuro  que acabava pouco acima dos joelhos com uma jaqueta de couro preta e botas também pretas, sua mãe também usava azul, mas era uma blusa social azul claro com a calça cinza justa e saltos pretos. Shawn estava de jeans, blusa de flanela roxa e calça jeans com a jaqueta de couro preta e sapatos pretos.

Shawn e Katy sentaram com minha mãe e Melissa enquanto Maya sentou ao meu lado. Começamos a conversar sbre coisas banais como livros, mas havia certa eletricidade no ar. Todos estavam tensos com a ameaça, mas estávamos tentando focar no aniversário do meu pai.

Smackle chegou logo depois usando uma blusa de manga curta branca com um laço preto na gola, a saia plissada preta com meias ¾ e tênis também pretos. Ela sentou sozinha e Liam estava puxando papo com ela quando o Farkle chegou. Meu melhor amigo estava vestido como sempre, calça jeans escura, tênis preto, só que com umn blazer sobre a blusa não social que não combinava com a peça.

Peguei meu celular e perguntei para meu irmão se ele demoraria e se estava com nosso pai. Eu não o havia visto no hotel e estava estranhando a demora.  

Senti o ar ficar mais denso, como se a tensão estivesse chegando ao seu ápice. Eu estava concentrada no meu celular e não entendi o que havia acontecido. Olhei para a porta que todos olhavam e notei os velhos amigos que eu havia convidado – em um impulso impensado.

Lucas e Zay. Eles estavam desconfortáveis.

Tentei lembrar a ultima vez que eles estiveram conosco e mesmo que não tivesse sido a muito tempo, muita coisa aconteceu nesse pequeno espaço. Levantei-me para recebê-los. As pessoas precisavam ver que eu havia convidado-os. Os demais seguiram meu exemplo dando espaço para que se sentassem.

O clima antes pesado se dissipou quando Farkle sentou com os dois para conversar. Agradeci pela atitude dele mentalmente e antes que eu pudesse olhar meu celular por uma resposta os últimos convidados chegaram.

Meu pai, Stiles e Josh chegaram juntos.

Todos nos levantamos para receber o aniversariante.

— Parabéns, pai! – Eu disse em uníssono com o Stiles e o abraçamos juntos logo depois que meu pai já havia cumprimentado todos e conhecido os amigos que ainda não havia conhecido.

— Feliz aniversário, xerife. – Lydia disse e minha mãe surgiu com um bolo. Colocou sobre a mesinha arrumada que estava vazia.

— Creio que já podemos cantar os parabéns. – Ela comentou.

— Isso não é no final da festa? – Farkle perguntou rindo.

— Aqui é no início. – Ela respondeu lhe dando língua e rindo do comentário.


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Notas finais do capítulo

Desculpem a demora. Eu sei que muito tempo se passou, mas espero que não desistam dessa história. Estamos perto do fim e eu quero vocês comigo até lá... ♥



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