POV Cory

De noite haveria a comemoração do aniversário do pai da Riley no Topanga’s. Minha esposa estava estressada com tudo que teria que providenciar de última hora já que o dia não estava seguindo como planejado. Ao mesmo tempo, ela não poderia abandonar seus convidados na sala e ir fazer o que tinha que fazer.

— Que tal se eu os levar ao hotel para deixarem suas bagagens e descansarem um pouco? – Stiles se ofereceu e notei o rosto da Topanga se iluminar com a possibilidade de retomar o controle da situação.

Eu por outro lado estava sentado em silencio observando minha filha de braço dado com aquele homem que ela chamou de pai.

Pai.

Eu era o pai dela. Não ele. Tecnicamente ele também era. Mas eu a carreguei no colo, vi dar os primeiros passos, falar as primeiras palavras, fazer os primeiros deveres da escola, ir ao primeiro encontro. Eu acompanhei tudo isso. Não ele!

— Pai. – Ela me chamou com um sorriso e tocou meu ombro.

— Oi, querida.- Respondi saindo do transe.

— Eu vou com eles, tá?! – Ela pediu e eu apenas assenti sem saber se eu podia descordar que ela fosse.

O grupo de pessoas que faziam o alegre burburinho em nossa sala saiu junto com o barulho.

Minha esposa ficou com Auggie.

— Ela o chamou de pai. – Eu disse assim que a porta se fechou atrás de Liam que foi o último a deixar o apartamento.

— Querido. – Topanga tocou meu ombro delicadamente e me olhou compreensiva. – Sabíamos que aconteceria cedo ou tarde.

— Eu preferia que fosse tarde. – Eu disse.

Ela me abraçou em silêncio e nosso filho repetiu o gesto.

— Por que você está triste?

— Nada, filho. – Eu menti. – Eu só estou com saudade de passar um tempo com você.

Minha mulher sorriu grata por eu ter me oferecido discretamente para ficar com nosso pequeno e saiu apressada.

POV Maya

Scott deu as chaves do Jeep azul para o pai da Riley, ele se sentou atrás do volante e Melissa no banco ao seu lado. Riley nos chamou para sentarmos no banco de trás com ela. Eu no meio, entre minha melhor amiga e meu namorado.

O outro carro era um sedan preto, aparentemente da Lydia. Ela que sentou atrás do volante, Stiles ao seu lado e atrás Liam e o casal, Scott e Malia.

Sorri com a animação de estar conhecendo todas aquelas pessoas que são tão importantes para a Riley e contive toda a ansiedade e angustia que me seguiam desde que a notícia da volta do meu pai nos atingiu.

O caminho até o hotel foi rápido. Era na rua do Topanga’s. Descemos dos carros estacionados e entramos na pequena pousada.

— Um quarto casal e três de solteiro. – Scott pediu.

Eu, Riley, Josh e Liam ficamos na recepção esperando os outros que subiram com as mochilas. Melissa e Noah decidiram descansar antes da comemoração, mas Lydia, Malia e Scott iriam sair com a gente.

Enquanto esperávamos, Farkle entrou no estabelecimento sorridente.

— Nosso projeto foi aprovado! – Ele disse para Riley que deu um gritinho e pulou e abraçou o amigo.

Liam apenas riu já acostumado com nossa dinâmica estranha. Apenas Josh estranhou, mas ignorou a cena.

Stiles desceu abraçando sua namorada pela cintura. Ele estava mais sorridente que o de costume. Seu melhor amigo estava com a namorada também rindo. Todos cumprimentaram Farkle que não estava ali quando eles subiram.

— Sorvete? – Riley sugeriu.

— Eu não aguento mais tomar sorvete. – Stiles reclamou.

— Eu até que queria sorvete. – A ruiva fez biquinho.

Stiles apenas riu e concordou com o destino que obviamente não o agradava mais.

Nos sentamos numa mesa de oito lugares. Stiles pegou uma nona cadeira e sentou na “cabeça” da mesa, de um lado Lydia e do outro Riley. Ao lado da minha amiga Farkle, depois eu e Josh. De frente para mim, Scott com a namorada de um lado e Liam do outro. Lydia de frente pra Riley e ao lado de Malia e Liam de frente para Josh. A outra quina da mesa encostada na parede.

Tomamos sorvete e conversamos. Scott contou sobre o curso de veterinária. Lydia sobre suas aulas de administração. Malia sobre francês. Josh falou sobre o curso de música. Stiles falou um pouco sobre a sua próxima etapa no treinamento do FBI.

— Para onde você vai depois de NY? – A irmã perguntou obviamente chateada com a possibilidade de ver seu irmão em outro estado.

— Eu não sei. Temos apenas teorias de para onde vamos. – Ele respondeu e lhe sorriu em apoio dizendo em silencio que não queria deixa-la tanto quanto ela não queria que ele partisse.

Interrompendo o momento de paz Brandon entrou com o outro que o ajudou na festa de aniversário da Smackle. Eles caminharam lentamente até a nossa mesa e sorriram. Notei Riley ficar tensa diante da presença daqueles que dias antes a ameaçaram.

— Chamaram reforços, crianças? – Brandon provocou com um sorriso sarcástico encarando nossas visitas.

Josh era o único na mesa que não entendia o que estava acontecendo.

A porta se abriu outra vez e eu pareci ser a única a desviar o olhar daqueles dois diante de nós apenas para encarar o alfa deles que caminhou lentamente até o ponto onde os dois que estavam.

Ele hesitou quando viu todos nós. Suspirou irritado e tencionou o maxilar.

— Scott McCall. – Ele disse tocando os ombros dos seus betas. – Eu estava ansioso para conhece-lo. A fama do seu grupo já se espalhou por todo o país.

— Eu tenho parceiros talentosos. – Scott respondeu com a expressão séria e ameaçadora que eu nunca havia visto.

— Eu também tenho. – O alfa levantou a sobrancelha e ficou sério retribuindo a ameaça.

— Mas eu nunca ouvi falar do seu bando. – Scott respondeu sem voltas e se levantou. – E sinceramente, não tenho interesse em conhecer.

Ele colocou as mãos sobre a mesa se inclinando na direção do alfa que permaneceu imóvel, sem piscar, sem temer, sem hesitar.

— Os melhores são os que atacam em silêncio. – O homem respondeu obviamente irritado com a resposta de Scott.

— Não. – Scott sorriu de lado. – Esses são os covardes.

— O Derek disse a mesma coisa. – Ele disse rindo abertamente numa gargalhada sinistra e saiu acompanhado dos capangas.

Malia levantou irritada com os olhos arregalados.

— Eles sabem do Derek? – Ela perguntou para Scott.

— Calma. – Ele respondeu colocando as mãos em seus ombros. – O Derek é um cara famoso ele pode só ter usado o nome dele para nos desestabilizar.

— Eu vou ligar para o meu pai. – Ela disse e se levantou deixando a mesa.

— Mas que merda foi essa? – Josh perguntou irritado provavelmente notando que nenhum de nós parecia confuso com a situação.

— Contem para ele! – Eu pedi.

Eu não queria mais guardar aquele segredo, nem mentir para ele. Mas não era o meu segredo para contar.

— Eu vou te explicar, Josh. Eu prometo. – Stiles disse e se levantou deixando o dinheiro da nossa conta sobre a mesa. – Só não aqui.

Ele saiu e o resto de nós o seguiu. Encontramos Malia do lado de fora. Ela estava andando de um lado para o outro com a expressão séria e uma mão na cabeça.

— Ninguém sabe do Derek. – Ela disse assim que nos viu. – Ninguém sabe dele há meses!

— Nós vamos resolver isso. – Stiles respondeu. – Mas com calma.

— A gente sempre resolve tudo. – Lydia disse tentando tranquilizar a amiga.

Saímos dali juntos e fomos para a universidade. Lá, Stiles explicou tudo para Josh que não pareceu tão surpreso ou apavorado quanto o resto de nós quando descobriu.

— E o que eles querem com vocês? – Ele perguntou depois de escutar tudo atenciosamente.

— Nós não sabemos.

A porta da sala de aula onde estávamos foi aberta e Brandon entrou, dessa vez sozinho.

— Queremos uma troca. – Ele respondeu à pergunta de Josh.

— Que troca? – Scott perguntou se colocando entre ele e o resto de nós.

— O ômega pela menina. – Ele se aproximou e entregou uma caixinha de madeira e se afastou. – Vocês têm até a meia noite de amanhã.

Ele se afastou e saiu, na mesma velocidade em que tinha chegado.

— De jeito nenhum! – Stiles respondeu se levantando visivelmente alterado.

— Ninguém aqui está pensando em entregar a Riley para eles, Stiles! – Scott o tranquilizou.

Minha amiga permanecia imóvel ao meu lado. Ela nem parecia respirar.

Scott abriu a caixa. Ele, Malia, Stiles e Lydia viram o que estava ali, mas permaneceram em silêncio.

— O que ele te entregou? – Josh perguntou.

— Um dente. – Scott respondeu ainda atônito com o que havia visto. – Dente de lobo.

— Um dente do Derek, porra. – Malia se exaltou e saiu da sala batendo a porta.