Entre o Céu e o Inferno escrita por Lu Rosa


Capítulo 3
Os Originais




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Genny seguiu o estranho homem até um sobrado antigo. Passando pelos portões altos e por um corredor, ela se viu diante de um extenso pátio interno. Corredores laterais formando um quadrado perfeito. Uma fonte de água dominava o centro dele e inúmeras trepadeiras enroscavam-se nas balaustradas do andar superior dando ao lugar um ar tão selvagem quanto do homem loiro que se encaminhava em direção a eles.

— Então resolveu voltar e trazer algum bichinho de estimação, Elijah?

— Encontrei-as na rua enfrentando alguns homens de Marcel. Cuidado! A menor morde. – respondeu ele enquanto depositava Clary em um sofá.

— Freya! – ele gritou – Freya!

Uma jovem loira apareceu na sacada do andar superior e olhando a cena abaixo, desceu rapidamente das escadas.

— O que foi? O que aconteceu? Você está bem? – ela perguntou ansiosamente.

— Sim. Não é comigo. É ela. Está muito ferida e não consegui dar meu sangue a ela. – Elijah esclareceu

Freya abaixou-se perto da ferida e avaliou.

—Isso foi provocado por algo demoníaco! Levem-na para um dos quartos. Vou ver o que posso fazer.

Quando ela se levantou, viu uma estranha parada. Freya sentiu algo estranho e se aproximou da jovem.

— E você é...?

— Genesis. Ela é minha mãe. – Genny respondeu, indicando Clary deitada.

— O início... – a jovem Mikaelson sussurrou.

— Desculpa... O que disse? – Genny perguntou.

Freya se voltou para os irmãos.

— Levem a jovem para o antigo quarto da Hayley. Elijah leve a ferida para o meu quarto. Quero examiná-la mais de perto.

— Ei, espera uma pouco! Eu quero ir junto. Não vão me separar da Clary. – Genny segurava a adaga com firmeza apontando para os três irmãos.

Com a rapidez de um raio, Klaus moveu-se até ela, tirando a adaga de duas mãos. A jovem piscou surpresa.

— Não se preocupe, jovem. Vou guardá-la bem, antes que você tenha alguma ideia estapafúrdia.

— Mas...

— Venha loirinha. Sua mamãe está em boas mãos. – Klaus começou a subir às escadas.

Genny o seguiu enquanto via Clary ser carregada numa velocidade assombrosa em direção à uma outra ala da casa. O homem loiro parou de fronte uma porta.

— Venha. Você poderá ficar aqui.

— Não iremos ficar muito tempo

— É o que você acha? – ele perguntou irônico. – Minha irmã vai precisar de tempo para curar sua mãe.

— Me arranja um telefone e eu chamo alguém que fará isso em menos tempo.

— Ah é? Minha irmã tem mais de mil anos de aprendizado. Não acho que você encontrará um médico com tamanha experiência.

— E quem falou em médico? Eu me referia a Magnus Bane, o maior feiticeiro que existe.

— Nossa! – Klaus sorriu sarcástico. – Ele deve ser mesmo bom. Tem até um fã clube.

— Você não o conhece!

— E nem você a nós, garotinha! – Klaus avançou para cima dela.

— Niklaus!

Os dois olharam para a porta e Elijah estava lá parado. Klaus olhou para Genny ainda enraivecido e saiu do quarto pisando duro.

— Parabéns! Você bateu o recorde de enfurecer ao Niklaus no menor tempo possível.

— E minha mãe?

— Freya, minha irmã ainda está com ela. O que você disse para deixar Niklaus tão furioso?

— Que eu só precisava de um telefone para chamar a pessoa que poderia curar Clary em menos tempo.

— Alguém mais poderoso do que minha irmã Freya, que tem mil anos de experiência com bruxaria?

— O que feriu Clary não é algo que possa encontrar em nosso mundo. – Genny foi até a janela e ficou olhando a chuva que continuava caindo.

— Freya disse que algo demoníaco a atacou. O que poderia ser|?

Genny virou-se para Elijah evitando fita-lo.

— Será que eu posso ir vê-la? – ela evitou a pergunta. Ele respeitou a vontade dela de não querer falar.

— Você deveria trocar de roupa primeiro. Pode se resfriar.

Foi então que Genny se percebeu dos trajes que vestia. Além de estar de camisola de dormir, ela estava molhada e descalça. Devia estar uma figura... pensou desaminada. Depois de se auto avaliar, ela levantou os olhos e ele a fitava. Enrubesceu.

Elijah sentiu sua garganta queimar ao ver o rubor na face da garota. Há muito tempo era tão afetado por um simples rubor de pele. Irritado com sua reação, foi até um dos armários e pegou um vestido. Ele o olhou por alguns minutos relembrando a dona dele. Com um suspiro, o entregou à Genny.

— Hayley era um pouco mais alta do que você, mas acredito que servirá.

— Obrigada.

— Eu a esperarei lá fora.  – ele saiu mais rápido do que um piscar de olhos.

Genny fitou a porta que se fechara atrás dele e sentou-se numa cadeira. Sua vontade de chorar era imensa e ela ainda tentava segurar. Mas a medida que as imagens do ataque voltavam à sua mente, uma profunda dor se avolumou em seu peito e o choro veio incontrolável.

Do outro lado da porta, no alto da escada, Elijah ouviu os soluços. Quase voltou para consolar a moça, mas sabia que ela precisava desses minutos sozinha. Ele se considerava o mais racional dos irmãos, mas por que essa garota o havia afetado tanto. Primeiro havia se colocado contra sua própria espécie para evitar que eles se alimentassem dela. Ora, era hábito dos vampiros se alimentarem de sangue humano. Eles mesmos faziam isso, embora não atacassem pessoas, limitando-se a usar bolsas de sangue. E agora essa reação inesperada ao rubor em sua face. Ele nem se lembrava mais da sensação de provocar o rubor na face de uma moça...

Ele desceu as escadas e seu irmão Klaus estava sentado tomando uma dose de Bourbon.

— E a garota?

— Está se trocando. Deu um dos vestidos da Hayley. Molhada do jeito que estava era capaz de pegar um resfriado.

— E desde quando você se importa se uma humana vai pegar um resfriado ou não. Que que há, Elijah? O que está acontecendo que você não quer me contar?

Elijah serviu-se de uma dose de uísque e tomou um gole antes de responder ao irmão.

— Não é nada. Eu acho que talvez eu esteja tentando compensar tantas mortes que eu já causei.

Klaus se levantou e foi até o irmão.

— O que quer que A Esther tenha feito na sua mente, você vai superar isso.

— Niklaus, Esther não fez nada na minha mente. As minhas vítimas estavam lá. Eu é que me esforcei para esquecê-las.

— Tentar esquecê-las não vai ajudar. Eu sei disso. Você tem que conviver com tudo que você já fez. Como eu fiz ao longo da minha existência. É isso que somos, Elijah.

— Não, Niklaus. Não sou como você. Você mata, despedaça qualquer um que se ponha em seu caminho.

— Sim eu faço isso. Creia-me Elijah. Um dia, você fará tudo o que estiver ao seu alcance para salvar aqueles que ama. E então você saberá como é ser igual a mim.

Antes que Elijah respondesse, um ruído atraiu a atenção dos dois irmãos. Genny olhava para os dois do alto da escada parecendo indecisa a qual decisão tomar. Sem outra saída, ela começou a descer as escadas ciente dos olhares dos irmãos sobre ela. Os cabelos ainda estavam molhados, mas ela os penteara. Os pés também não estavam mais descalços. Ela havia encontrado um par de sapatilhas e, com chumaços de algodão que ela havia encontrado no quartinho ao lado de onde estava, elas haviam servido.

— Olha... a gata borralheira tornou-se a Cinderela... – Klaus moveu-se até ela e a circundou.

Genny aceitou o exame calada. Estava cansada, triste pelos amigos que perdera, preocupada com Clary. Não ia sucumbir às provocações daquele homem.

— Satisfeito?

— Ainda não, se você puder mover o seu pescocinho para o lado, talvez eu possa...

Genny pulou para o lado assustada ao ver o rosto de Klaus se  modificar.

— Niklaus... Não assuste nossa convidada.

— Vampiros! Vocês são vampiros. – passado o susto, ela relaxou. Agora sim sabia onde estava. Rafael não deveria estar longe. Ele conhecia Magnus. – Preciso falar com o Rafael. Sabem onde ele está?

— Não conhecemos nenhum Rafael. – Elijah respondeu.

— Olha, vocês dizem que são vampiros. Não é possível que não conheçam seu criador!

Elijah e Klaus se entreolharam e sem conseguir resistir Klaus caiu na gargalhada.

Com seu jeito compenetrado, Elijah aproximou-se de Genny.

— Genesis, esse Rafael não é nosso criador. Possivelmente, nós é que o criamos.

— Como assim? Rafael é um...

— Nós, os Mikaelson, somos os vampiros originais. Os primeiros de uma linhagem de mil anos. – Elijah esclareceu como se ensinasse uma lição de aritmética.


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