Entre o Céu e o Inferno escrita por Lu Rosa


Capítulo 2
Nova Orleans


Notas iniciais do capítulo

Cuidado! Esse capitulo possui spoilers da segunda temporada de The Originals.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/726984/chapter/2

 

                A multidão seguia pelas ruas acompanhando a música alegre da procissão. Nova Orléans era a cidade da música, das artes... E também dos vampiros, das bruxas e dos lobisomens.

                Debruçado sobre a balaustrada, Elijah Mikaelson olhava a multidão alegre enquanto bebia uma dose de uísque. Sua expressão estava ainda mais séria do que de costume, refletindo seus pensamentos sombrios. Ainda há alguns dias, sua família havia praticamente se desintegrado. A vinda da irmã de sua mãe disposta a cumprir um antigo acordo feito entre elas há mais de mil anos, havia posto a vida de sua única sobrinha em risco.

                Hope era filha de seu irmão Niklaus e Hayley, uma lobisomem. Tomado por um exacerbado amor paternal, seu irmão não hesitou em usar todos os meios necessários para manter a filha à salvo. Mesmo que isso atingisse a família de forma cruel.

                Ele, Elijah, havia se ligado a uma vampira recém-criada chamada Gia. Seu destemor e sua postura firme haviam chamado a atenção dele após o casamento de Hayley com outro lobisomem chamado Jackson. Gia foi uma forma de amenizar a saída de Hayley em sua vida. Mas Klaus tinha outros planos. Gia foi compelida e se auto incinerar e Elijah foi obrigado a assistir.

                Vítima de uma armação do ardiloso Kol, seu outro irmão, sua irmã Rebekah fora aprisionada em um corpo de bruxa.  Sem nenhuma experiência em lidar com seu novo corpo, Rebekah decidira ir embora de Nova Orleans aprender com seu novo corpo e os poderes de bruxas adquiridos com ele.

Hayley, a mãe de Hope, estava impossibilitada de ficar com a filha, uma vez que as ações de Niklaus haviam feito que a maldição da lua voltasse a atingir a matilha dela. Sendo assim, Hayley só se transformaria em humana apenas um dia na lua cheia. Era sua atribuição agora levar o bebê para a mãe.

E ele detestava seu irmão cada vez mais por isso.

Freya, a irmã desaparecida, era o que ainda impedia os dois de se matarem. Presa no acordo firmado entre Esther, a mãe deles, e Dahlia, irmã de Esther, ela havia passado mil anos tentando se juntar à família Mikaelson. E agora livre, já que Dahlia e Esther haviam morrido, ela tentava juntar os cacos de uma família destruída.

E agora, ele estava ali, assistindo a procissão humana passar quando Freya colocou-se ao seu lado.

— Olha só para eles... tão alegres rindo, dançando e cantando... por que não podemos ser assim?

Elijah olhou para sua irmã. Ele era um vampiro original e ela, apesar de ser uma bruxa de mil anos, era apenas humana.

— Por que cara irmã, eles lidam com a brevidade de suas vidas. Para eles a limitação faz com que vivam cada dia como se fosse o último. Para nós há o tédio de uma vida imortal... pelo menos não os que têm um irmão como Niklaus.

Os passos de Klaus ecoaram no assoalho polido indicando sua chegada

— Ora, caro irmão... ainda me detesta pelas minhas atitudes? Quando você vai se convencer que tudo que fiz foi para nos livrarmos da Dahlia e manter minha filha a salvo?

— Por que eu deveria? Reconheço que tudo que queria manter Hope segura, mas suas atitudes, irmão...

— E o que mais eu deveria fazer?! – como sempre o gênio intempestivo de Klaus aflorava – Dahlia morreu, Hope está segura. O que mais voce queria que eu fizesse?

Elijah jogou o copo de uisque contra a parede estando tao irritado quanto o irmao.

— Que voce tivesse nos deixado juntar-se a você. De maneira limpa, Niklaus!

— E não foi isso que aconteceu? No final, nao estavamos todos lá?

Elijah fez um gesto exasperado.

— Diga isso a Hayley, ao Jackson... A Gia.

— Primeiro: Foi a pequena loba que quis fugir com a minha filha. E... É claro... Tudo isso é por causa da pequena violonista casca grossa, não é?

A reação de Elijah veio de forma tao inesperada que Klaus nem viu quando o punho do irmao o atingiu. Os dois teriam se engalfinhado se não fosse a intervenção de Freya. Um simples virar de mao e os dois irmaos gemeram de dor.

— Ja chega. Niklaus, respeite a dor do Elijah. Ele não consegue dispensar as pessoas da mesma forma cruel que você.

Ela olhou para Elijah.

— E Elijah, o que passou passou. Nao podemos voltar no tempo.

Ele se endireitou e arrumou o paletó.

—Sim, é verdade. Nao podemos voltar no tempo. E é por isso que ja chega para mim. Estou cansado de ser a consciencia do Niklaus. De tentar ajuda-lo a aprisionar o monstro dentro de si. Fiz isso por mil anos e de que adiantou?

—Tudo que eu ja fiz foi pela familia! - insistiu Klaus.

— Sim! E eu também. E a que isso nos levou, Niklaus? A sermos completos estranhos uns aos outros.

Freya colocou a mao sobre o braço dele.

— Elijah, nós podemos mudar isso... Rebekah vai cumprir o que ela se destinou e logo voltará. E juntas podermos...

— Voce nos procurou por mil anos, Freya. - ele a interrompeu. -  E uma pena que so tenha encontrado selvagens. - dito isso saiu da sala.

— Ótimo! Por quanto tempo voce acha que vai pode agir assim, Niklaus?

Klaus sentou-se numa poltrona, totalmente tranquilo.

— Nao se preocupe, Freya. Elijah pode esbravejar, espernear, mas a familia vem em primeiro lugar.

— Isso podia ser antes, Niklaus. Desde que Esther entrou na mente dele e abriu portas que Elijah queria deixar fechadas, muita coisa pode ter mudado.  Ele diz que tentou ajuda-lo com seus demonios. E quem vai ajudá-lo com os dele?

Pela primeira vez, Klaus não tinha palavras para responder.

Nova Orleans tinha um clima imprevisível. Assim, inesperadamente, uma chuva torrencial começou a cair, fazendo com que a multidão alegre se dispersasse rapidamente procurando abrigo nos inúmeros bares existentes.

Imperturbável, Elijah continuou caminhando nas ruas agora quase desertas ainda pensando nas palavras de sua irmã, quando ouviu sons de rosnados e um ruído que parecia vidro batendo no chão.

“Em nome da Clave, eu ordeno que nos deixem em paz!” – dizia uma voz feminina

Rapidamente ele se locomoveu até avistar cinco sombras que se moviam na chuva. Três grandes, o que o fez supor que eram homens e duas menores. Uma delas menor ainda do que a outra. Uma criança.

A constatação fez com que ele resolvesse intervir. Ou Marcel estava mudando suas próprias regras ou perdendo o controle sobre seus vampiros.

— O que está acontecendo aqui? – sua voz ecoou na escuridão.

Para sua surpresa, eram duas mulheres. A menina segurava uma adaga curva que parecia de vidro e a mais velha uma espada curta, enquanto tentava proteger a menor com seu corpo.

Os três vampiros rosnaram a sua chegada e um deles disse:

— Não há nada para você aqui. Isso é a nossa caçada.

— Pelo que eu sei, Marcel não admite que crianças sejam atacadas.

— Eu não sou criança! – a menina se manifestou.

Os três vampiros rosnaram algo parecido com uma risada e até Elijah sentiu vontade de acompanha-los diante da marra da garota. Sem aviso, ela avançou para cima deles, mas Elijah foi mais rápido e a segurou.

De perto, ele pôde constatar que realmente ela realmente não era uma criança, mas uma jovem. Seus cabelos loiros estavam molhados e grudados junto à cabeça e sua pele branca parecia reluzir contra a escuridão. Seus olhos eram azuis como o oceano e brilhavam molhados da chuva ou por lágrimas contidas. Seu olhar experiente não deixou de notar também que a fina camisola de algodão aderia ao seu corpo molhado de uma forma tentadora...

Abruptamente ele a empurrou de encontro à outra mulher, as duas caindo no chão num embolo de pernas e braços. Ele posicionou-se na frente das duas.

— Vão. Tenho certeza que acharão alimento há algumas quadras daqui.

Os três ainda pensaram se deveriam seguir as ordens do original ou se deviam fazer valer a vantagem numérica. Mas bastou um olhar de Elijah para que eles fossem embora. Aquele original era tão implacável quanto o irmão.

Ligeiramente decepcionado por eles terem ido embora, pois ele queria algo para descarregar a sua frustação com Niklaus, Elijah virou-se lentamente e olhou as duas mulheres que o encaravam sem medo.

— E agora, senhoras...

De repente, a mais velha fechou os olhos e a jovem loira arrumou-a em seu colo.

— Clary! Clary! – ela a chamou sacudindo-a.

Elijah abaixou-se junto a elas, mordendo seu punho para dar seu sangue a ela. Mas, o sangue apenas escorria entre os lábios fechados.

— O que está fazendo? – a loirinha perguntou.

— Meu sangue pode curá-la. Mas não está adiantando. Acho que ela precisa de cuidados. – ele arriscou e a jovem ergueu os olhos para ele e Elijah se sentiu tocado pela dor neles.

Ele examinou o corpo da mulher procurando ferimentos. Havia vários! Cortes profundos com a borda enegrecida. Inclusive no rosto. A mulher não parecia muito velha. Daria uns quarenta anos, no máximo. Alguns fios prateados mesclavam-se ao cabelo ruivo. O corpo era atlético, de alguém acostumado a lutar. Diferente da jovem loira, magra e pequena. Como as fadas das histórias que sua mãe Esther costumava contar quando eram crianças.

Ao pensar na mãe, tomou a mulher ruiva nos braços e disse a loira.

— Venha! Eu sei quem pode ajudar.

— Ei! Não pode leva-la assim, não! Não sabemos nem quem é você.

— No momento, garotinha, sou a única ajuda que podem ter.

Ele retomou a caminhada, mas ainda pode ouvir a loira resmungar.

— Eu não sou nenhuma garotinha...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Entre o Céu e o Inferno" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.