O sol já havia raiado e iluminava o grande terreno d'A Toca, onde um casal acabava de se levantar. Uma senhora de cabelos alourados e brancos até a altura dos ombros puxava os lençóis da cama enquanto um senhor de cabelos despenteados e rebeldes e barba por fazer, se colocava atrás dela e a abraçava pela cintura, assim que se virou.

—É inacreditável que já se faça 50 anos desde o dia em que ficamos juntos.

—Faz muito tempo, mas eu me lembro como se fosse ontem... O garoto que causava problemas e a garota invisível, que dizer invisível para ele, não é? - Ginny comentou colocando os braços ao redor do seu pescoço.

—Eu notava você. Só tentava te ver como a irmã que nunca tive porque era irmã do meu melhor amigo... Mas no fundo você sempre me chamou a atenção... E aquele sexto ano foi a gota d'Água... - Harry acariciou a bochecha da mulher - E depois de tantos anos... Mesmo com 64 anos, você é a mulher mais linda e eu sou o homem mais sortudo do mundo.

A senhora sorriu para ele e permitiu que o senhor se aproximasse e lhe desse um beijo suave, como tão apaixonado quanto quando eles se beijaram pela primeira vez após vencerem a taça de quadribol no sexto ano de Harry, no salão comunal de Gryffindor, ou quando Ginny deu um longo beijo como presente de aniversário a Harry, mesmo que estivessem dando um tempo, no início do sétimo ano do garoto.

—Bem, precisamos ir arrumando as coisas... Hoje vai ser um longo dia... Mas estou louca para ver essa casa rodeada de crianças - Riu Ginny e o casal se distanciou e começou a descer as escadas até a cozinha, no primeiro andar.

—Véspera para Hogwarts, era o dia em que ficava mais ansioso... Um dos melhores dias - Harry confessou e começou a ajudar a mulher a colocar a mesa para cerca de 30 pessoas.

—Essa casa nunca está tão cheia quanto na véspera ou na noite de Natal...

A mulher antes tomada por cabelos como chamas agora começava a trazer os ingredientes do almoço para a panela por meio de magia e a supervisionar cada uma das grandes panelas enquanto o homem se sentava para ler o jornal do Profeta Diário.

~•~

Após cerca de uma hora e meia, que o casal havia se levantado, uma batida na porta foi ouvida por ambos e Harry lançou um olhar para a mulher, que apenas indicou com a cabeça que ele devia atender porque ela estava muito ocupada terminando de cozinhar.

O homem da terceira idade dobrou o jornal e o colocou sobre a mesa antes de partir pelo corredor e abrir a porta, da sala, para que os primeiros convidados pudessem entrar. Assim que ele olhou pelo portal se deparou com um homem de meia idade, óculos e cabelos bagunçados, exatamente como ele quando mais jovem, ao seu lado uma mulher de cabelos loiros e estatura mediana sorria e tinha o braço ao redor dos ombros de uma garota de cabelos escuros e lisos. A frente deles mais duas jovens, uma com os cabelos cor de fogo e outra com os cabelos negros e rebeldes.

—Bom dia, pai - Albus cumprimentou o senhor com um tapa no ombro e adentrou a velha casa.

—Bom dia, Sr. Potter - Kayla fez um aceno com a cabeça e deu a mão pra a menor segui-la.

Hazel sorriu e acenou para o avô antes de seguir sua mãe pela casa. Jessie e Júlia abraçaram o senhor a sua frente e depois dirigiram-se para a cozinha como os demais. Harry fechou a porta e caminhou, logo, atras da família.

—Bom dia, Sra. Potter - Cumprimentou Kayla - Quer ajuda?

—Ah, não estou bem, querida - Ginny continuou a cozinhar e não desviou a atenção do que estava fazendo.

—Ah, não diga isso. Uma ajuda sempre é bem vinda. Jess vá ajudar a vovó a preparar o almoço, okay?

A mais velha suspirou, porém acabou por concordar e se colocar ao lado da senhora, afinal ela era a única que poderia usar magia das irmãs, uma vez que já completara 17 anos e agora era considerada uma adulta.

Júlia caminhou até a sala e se jogou no sofá enquanto tentava fazer com que o velho rádio dos seus avós pagasse em seu canal favorito de musicas bruxas, enquanto Hazel sentara-se no tapete felpudo do cômodo central e começara a brincar com sua coruja branca e cinza, Whistle, dando-lhe petiscos e acariciando suas penas delicadamente.

—Quer mais um? Aqui... - A morena levantou o petisco para que a coruja mediana voasse e o pegasse e sua mão no ar - Você é uma boa menina! - Acariciou atrás de sua cabeça.

—Arrg, odeio essas coisas de gente velha! - Júlia deu um soco no rádio antigo e se jogou no sofá com os braços cruzados - Não pega nenhum canal que seja bom!

—Não fala isso da vovó e vovô, Ju!

—Não estou falando mal deles, Haz, eu só estou indignada que não consiga ouvir as minhas musicas.

—Mas você pode brincar comigo e a Whistle! - Hazel sugeriu sorrindo para a irmã mais velha.

—Obrigada, Haz, mas eu prefiro ficar na minha mesmo... Logo, nossos primos vão chegar e essa casa vai estar lotada!

Ju deitou-se no sofá aproveitando o quanto de tempo que tenha para tomar conta do móvel todo, antes de ter que se espremer para arrumar um lugar para se sentar.

Jessie usou como pode do que sabia de culinária para ajudar sua avó a terminar o almoço e depois se ofereceu para colocar as travessas na mesa.

—Muito obrigada, Jess - A senhora acariciou o seu ombro.

—Wingardium Leviosa - Jessie pronunciou para fazer com que as panelas se levantassem e fossem até o centro da longa mesa - Pronto. O almoço está na mesa.

—Muito bem, meu amor, só vou terminar a sobremesa e você pode ficar com suas irmãs e esperar por sua primos, okay? - Ginny piscou para ela e se voltou para o fogão.

A morena alta concordou e passou pelos pais que conversavam com Harry, até a sala, onde se jogou em uma poltrona e coçou a cabeça ansiosa à espera de que A Toca ficasse cheia como todos os anos, ao menos eles haviam sido os primeiros e teriam um pouco mais de espaço.

De repente, um gatinho manhoso pulou no colo da mais velha que acariciou suas orelhinhas, era Jelly, seu animal de estimação.

As três irmãs aproveitaram o máximo que puderam daquele tempo em que não teriam que dividir com mais ninguém. Hazel brincava animadamente com sua coruja e soltava leves risadas. Júlia fechou os olhos enquanto estava deitava no maior sofá e batucava as mãos na cocha ao ritmo de uma das suas musicas favoritas. Jessie acariciava seu amiguinho, em seu colo, e sorria incidentemente.

O silêncio do momento em que cada uma passava de divertindo sozinhas não durou muito, pois alguns poucos minutos e a casa toda pode escutar uma batida solene na porta da frente.

O trio de irmãs se entreolharam e respiraram fundo. A Toca estava prestes a ficar completamente cheia novamente.