Cidade da Escuridão escrita por Heloise Carvalho


Capítulo 8
VIII


Notas iniciais do capítulo

Como eu disse, outro capitulo com 1 minuto de intervalo kkk



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Jace acordou com alguém o cutucando. Estava prestes a tacar um travesseiro e ofender pessoa que o acordou. Mas quando abriu o olho e viu Alec vestido pronto para uma batalha, pulou da cama e correu para o armário.

   —Por que não me acordou antes?
   —Relaxa Jace. Somente eu e vocês estamos acordados.

Jace se virou para Alec.

   —Que horas são?
   —Cinco horas. Preciso falar com você antes de irmos procurar Clary.
   —Estou ouvindo. –disse Jace cruzando os braços.

Alec estendeu seu braço e arregaçou a manga da jaqueta. Jace entendeu o que ele queria e o imitou. Cada um segurou na marca Parabatai do outro.

Jace não entendia o que era tão importante para mostrar agora que não podia mostrar depois. O silencio e a escuridão o irritava e por pouco não tirou sua mão dali. Mas ele ouviu a voz que tanto o preocupava.

Jace ouviu o som de corrida e a respiração rápida de Clary.

   —Seja lá quem estiver ouvindo, -dizia ela  —quero que escute com atenção. A Clave me prendeu no Garde... Encontrem-me no Lago Lyn. E rápido. Eles estão me procurando, sabem que fugir. Não aguento correr por muito tempo. Eles me forçaram a dizer...

Jace ficou tenso quando ouvir o som de luta e vozes gritando com ela. A última coisa que ouviu foi a voz abafada de Clary dizendo para irem logo.
Ele puxou seu braço rápido e encarou Alec assustado.

   —Uma mensagem de fogo da Clary. Quando ela mandou isso? –Alec não mexeu um musculo. —Alec! Me diga. Quando ela mandou?
   —Duas horas atrás. Não sei por que só chegou agora.

Jace voou até o guarda roupa. Pegou suas roupas de caça, estela e todo tipo de arma. Em dois minutos ele estava pronto.

   —Acorde todos. Saímos em quinze minutos.

Graças a ausência de Isabelle, eles felizmente conseguiram partir em dez minutos. Para o resgate, estavam presentes somente Alec, Magnus, Jace e Luke. Jocelyn teimou que ia junto, mas Luke não deixou, por motivos que Jace desconhecia. Sendo assim, Magnus abriu o Portal.

   —Quero que saibam que por não ter a autorização da Clave, não tenho certeza onde esse Portal nos levará. –afirmou Magnus
   —Só nos leve para Idris –disse Alec colocando a mão no ombro do namorado.

Magnus assentiu e atravessou o Portal, sendo seguido por Alec, Luke e por ultimo Jace. Ele nunca gostou muito de atravessar portais, era como se tudo dentro dele ficasse se remexendo. Mas não tinha como negar que eram eficientes.

Quando seus pés tocaram o chão ele tratou de olhar em volta. Eles tinham caído em um grande  gramado verde com um extenso rio cristalino.

   —Onde estamos? Faz séculos que não venho aqui...
   —Essa é a Planície Brocelind, Magnus. Não faz tanto tempo assim.
   —Para mim pareceu séculos.
   —Pessoal! –começou Luke. —Temos que chegar a Alicante antes de escurecer, então sugiro irmos andando.

Jace olhou para Alec, que somente deu de ombros.

   —Não. Temos que ir para o Lago Lyn. Explico depois.

Eles seguiram o fluxo de rio, atravessando a Floresta Brocelind. A atenção na Floresta tinha que ser redobrada, pois havia matilhas de lobisomens. A Clave frequentemente tentava expulsar os submundanos  dos arredores de Alicante, mas eles sempre voltavam. Para Jace, eles eram ex-Nephilim que foram transformados contra aa vontade e não conseguiram esquecer a vida antiga. Luke andava à frente, farejando qualquer lobisomem que chegasse perto demais. Fora isso, nenhum deles falava nada, até mesmo Magnus estava quieto. O que não durou muito tempo.

   —Só por curiosidade mesmo, como você sabe que é para nós irmos para o Lago Lyn e não para a magnifica capital dos caçadores?
   —Porque, Magnus, seu namorado interceptou uma mensagem de fogo da minha namorada mandando a gente ir para lá. –Luke parou bruscamente. —O que foi?

Antes de Luke responder, cinco lobos pularam em cima deles. De primeira, Alec pegou seu arco e atirou em um enquanto ainda estava no ar. Cada um lutava com um lobo, até aparecer mais.

A situação saia do controle. Luke, que até então  estava em sua forma humana, se transformou e uivou, o que não era nada bonito.  Os sete lobos restantes recuaram com seu uivo, reconhecendo-o como um Alfa.

   —Valeu ai, Luke. –disse Jace.

Luke encarava os lobos, desafiando qualquer um a ataca-lo, porém nenhum o fez. Luke uivou de novo e dessa vez todos saíram correndo e deixando para trás os mortos. Luke voltou a forma normal.

   —O que disse a eles? –perguntou Alec
   —Nada. Não foi preciso. Eles sabiam quem eu era e que era um Alfa. Na verdade, eles sabem quem todos nós somos e isso pode se virar contra nós.
   —Temos que achar a Clary logo –Disse Magnus. —Me deixa dar uma mãozinha.

Magnus estalou os pulsos e com um movimento suave dos braços levou todos até o final da Floresta.

Jace olhou para o Lago e não viu sinal da Clary. Ele pegou sua Lâmina e partiu uma arvore ao meio.

   —Encantador –desdenhou Maguns.
   —Jace... Calma. Clary disse que estaria aqui. Vamos procura-la ao redor do Lago.
   —Ela não está aqui!  -gritou Jace. —Não tem onde olhar, Alec. Esse é o Lago e...

Jace foi interrompido por sons de luta. Ele virou para olhar o outro lado de Lago e, lá, saindo da Floresta na parte mais distante do Lago, Clary lutava com mais seis homens de terno.

Alec e Jace correm na frente. Infelizmente a distancia deles para Clary era grande e Jace não ousou distrai-la com o seu chamado.

Corria cada vez mais rápido quando um dos homens a chutou logo depois dela matar outro. Ela caiu muito próximo ao Lago e em hipótese alguma ela podia entrar nele.

Quando eles chegaram próximo o suficiente para chamar a atenção dos homens, dois dos cinco restantes partiram para cima dele e de Alec. Jace deslizou por debaixo do cara e correu para Clary. O homem socava Clary, que já estava no chão quase inconsciente.  Ele percebeu a chegada de Jace e com a ajuda de outro homem, jogou Clary no Lago.

   —Não!

Todos estavam ocupados com suas lutas e com Jace não era diferente. Lutava com dois ao mesmo tempo.

   —Vocês trabalham para a Clave. Pensei que quisessem Clary viva.
   —E queremos. Mas ela tinha que pagar pelo que fez ao fugir de Alicante. Saiba que se aliar com submundanos e atacar Idris são um crime graves. –Ele olhou para trás de Jace, que aproveitou a distração e o empalou. Restava um.
   —Vai falar que matar um da própria espécie é um crime também? Bem vocês quase mataram um a pouco tempo.
    —Não deveria se preocupar mais com ela. Já está morta.

Jace cortou seu abdômen e pulou no Lago. Por mais que por cima ele seja cristalino, não enxergava um palmo. Pegou sua pedra enfeitiçada e iluminou o fundo. Bem lá embaixo, Clary afundava cada vez mais. Seria uma visão linda. Seus cabelos pareciam mais sedosos do que era, seu rosto embora machucado e roxo estava sereno e seu vestido azul se misturava perfeitamente com o fundo do Lago Lyn. Mas nada disso importava para Jace porque ela estava morrendo. Ele mesmo se sentia sem ar.

Ele mergulhou mais e mais fundou até segurar o braço de Clary. Tapou o nariz e boca dela para não beber mais da agua e nadou para a superfície. Ele respirou o ar que faltava e Magnus os levou para a margem. Jace tossia e cuspia a agua que bebeu.

   —Ela está...
   —Sim. Tem que está.

Jace tentou fazer massagem cardíaca seguida por respiração boca a boca e nada dela acordar. Repetiu o processo até seus braços doerem. Lágrimas já caiam livres por seu rosto.
Ele se inclinou e deitou a cabeça sobre o peito dela. Seu coração ainda batia, porém fraco. Jace tentou mais uma vez com mais força. A simples possibilidade de perdê-la fazia Jace querer chorar e matar todos os desgraçados que estavam atrás dela.

Tão rápido quanto Jace esperava, Clary se sentou e tossiu. Estava pálida e machucada, mas estava viva. E era o que importava para Jace. Ele a puxou para um abraço e beijou sua testa.

   —Clary! Pegue Jace. –disse Luke estendendo a estela de Alec. —Precisava fazer uma iratze nela agora. Ela bebeu muita agua e não cuspiu nada até agora.
   —Estou bem...

Mas Jace a ignorou. Tirou a barra do vestido da frente e marcou na sua coxa.

   —Magnus nos tire daqui.

Magnus tentou abrir o Portal, mas algo o impedia. Sua magia estava forte o suficiente, mas nada do que fazia emitia se quer uma faísca azul.

   —Tem algo errado. Não consigo usar minha magia. –Como forma de demonstração e tentou mudar o cabelo do namorado. Em um segundo seu cabelo ficou ruivo com Clary. Alex levou as mãos ao cabelo e olhou feio para Magnus. —Bom... Acho que só não consigo abrir o Portal.
   —Eles sabem. –disse Clary ainda tossindo. Jace passava a mão por suas costas. —Sabem que você está aqui e não vão permitir que me tire da cidade. Mas esqueceram de que eu também posso abrir um.
   —Não Clary. Você não está forte para isso.
   —Eu sei Luke. Acredite. –respondeu Clary se levantando com ajuda de Jace.  —Mas não fizer como sairemos daqui? Pela porta da frente de Alicante? Nos matariam. Agora, -ela retirou a estela presa na coxa. —para trás. O Portal ficará instável. Passem primeiro depois eu vou. Jace... Só vá. –disse quando notou o namorado prestes a questionar.

Clary andou até ficar um pouco distante dos outros. A iratze já estava fazendo efeito. Seu rosto estava bem melhor, só um pouco roxo e inchado. Havia um corte profundo em seu braço que demorava a cicatrizar.
Ela desenhou um runa no ar e um pequeno Portal cinza abriu, sugando o pouco de força que ela tinha. Mesmo assim ela permaneceu em pé.

   —Está fraco. Atravessem logo!

O primeiro foi Alec. Ele colocou uma mão no ombro de Clary em sinal de apoio e foi. Magnus foi até ela.

   —Não precisa mentir para mim, biscoito. Sei que já estava fraca antes e o Portal te drenou. Vou tentar estabiliza-lo do outro lado. –Clary concordou e Magnus foi.

Luke atravessou com um sorriso para Clary. E então sobrou somente ela e Jace.

   —Vem comigo.
   —Jace olhe...

Dois homens e uma mulher corriam em sua direção com Lâminas na mão.

   —Clarissa Morgenstern! Se você atravessar esse Portal será uma fugitiva da Clave, culpada por assassinato entre outros. –disse a mulher
   —Já disse a vocês. Eu não o matei!

Jace girou sua serafim na mão, preparado para lutar. Mas foi impedido por Clary que colocou a mão em seu ombro. Ela não aguentaria por muito mais tempo, quanto antes Jace passasse e ela também, seria melhor.

   —Vá. –Jace negou.
   —Vou ficar com você. Feche o Portal.
   —Vá Jace! Agora! –Com uma mão e com o pé também, Clary empurrou Jace para o Portal, deixando-a sozinha. —Agora me deixe falar uma coisa para vocês. Não sou culpada do que me acusam. Não matei o Consul. Ele se matou. E eu não converso com Anjos. Não falo com Raziel. Entenderam? –Clary se virou para atravessar o Portal.
   —Se for agora será caçada e considerada uma traidora. Só queremos conversar e entender o porquê de um anjo falar com você em particular.
   —É. Eu vi o tipo de conversa que queriam. –disse rindo.

Ela pulou no Portal e como sempre, caiu de cara no chão. Estava sem forças para se levantar e se deixassem ficaria por ali mesmo. Mas os braços de Luke a levantaram.

   —Clary, por que demorou tanto? –perguntou Luke.
   —Agentes da Clave... Estão atrás de mim. –ela saiu do apoio de Luke e quase caiu, mas Jace a segurou.
   —Precisamos conversar.

Clary assentiu. Ela usou Jace de apoio até chegarem à estufa. Como sempre, eles ficaram no mesmo lugar do beijo. Inesperadamente, Jace a puxa para um abraço. Ficaram assim por algum tempo até Clary perceber que estavam perdendo tempo.

   —Jace. Preciso sair daqui.
   —O que? Por quê?
   —Você ouviu o que disseram. Sou acusada de assassinato. E querem fazer testes comigo, Para saber o negocio do Anjo.
   —Clary, antes preciso saber o que aconteceu lá. –Clary suspirou e sentou no chão.
   —Okay. Depois que me apagaram aqui no Instituto eu só acordei no mesmo dia em Alicante. Eles me deixaram no Garde, não sei por que, mas deixaram. Eu quebrei uma janela e me cortei no processo. Não tinha arma nenhuma então corri para o Arsenal, mas a cidade estava cheia e quando me viram tentaram me pegar. Eu aproveitei e peguei uma estela. Eu tentei revidar, mas eram muitos. Me levaram para o Inquisidor e o Consul e eles me colocaram presa numa cadeira. Me forçaram a falar sobre quando eu estava no coma com a Espada Mortal. E bem... –Ela estendeu os braços para Jace. Ele não tinha percebido. Machucados causados por um dos Instrumentos Mortais não curavam com simples iratzes.
   —Tentei mentir e eu senti o fogo passar por minhas veias. No fim, tive que falar quase tudo. O que não foi melhor de certa forma –disse com uma falsa risada. —Eles não estavam nem aí se eu estava quase morrendo, só queriam a informação. Mas eu não terminei de contar. Usei a estela que tinha roubado e larguei a Espada. Pus em mim a Runa Destemor que criei e uma iratze e fugi novamente. Era final da noite ainda. Não enxergava nada. Tentei voltar ao Arsenal e consegui.

Jace já fervia de raiva. Era para ter ido na mesma hora. Enquanto dormia, Clary fugia sozinha.

   —Peguei laminas serafins, adagas, duas estelas e duas pedras enfeitiçadas. Quando estava indo em direção à saída de Alicante, o Consul me interceptou. Lutamos por bastante tempo até ele se afastar de mim. Foi ele que quase cortou meu braço fora. “Você nunca vai conseguir fugir deles, eles têm grandes planos para você”  disse o Consul. Então ele enfiou sua própria lâmina na barriga. Eu corri para estancar o sangue e fazer uma runa, mas ele já estava morto e o sangue dele em minhas mãos.
   —Ele era um mártir. –observou Jace.
   —Sim, com toda certeza. Pessoas foram chegando e viram o corpo. Começaram a gritar que eu era assassina e traidora. O Inquisidor chega e manda me pegarem. Resumindo passei grande parte da noite de ontem correndo sem parar. Só quando cheguei na Planície Brocelind que conseguir me comunicar com vocês. Estava exausta e as runas pelo meu corpo não ajudavam. Diversas vezes tive que parar para vomitar ou simplesmente relaxar para a gritaria na minha cabeça cessasse. Voltando à Planície, enquanto mandava a mensagem para vocês eles conseguiram me encontrar. Lutei com eles e os matei. Eu matei tanta gente em dois dias Jace... Corri para o Lago Lyn e fiquei do lado oposto ao rio para ver quando vocês chegassem. Subi numa arvore e esperei. Mas demoram um pouco mais do que esperava.
   —Sinto muito por isso. Sua mensagem só chegou hoje de madrugada. Assim que vimos, partimos logo para Idrid...
   —Tudo bem Jace. Continuando, eu acabei dormindo e acordando quando o sol já tinha nascido. Fiquei tão preocupada em vigiar a chegada de vocês que não reparei que tinha gente atrás de mim. Eles me puxaram pelo vestido e cai em cima de um tronco. Me ferrei toda ai. Meu vestido rasgou, bati minha coluna no tronco, um galho entrou na minha coxa... Não deu nem tempo de me levantar e me prensaram na arvore. Chutei as partes intimas dele e resgatei minha lâmina, matando-o. Não reparei quantos eram, só que tinha matado dois deles antes de sair das arvores e ir mais perto do Lago.
   —Foi ai que vimos você. Mas estava muito longe da gente.
   —Porque não me chamou?
   —Tiraria sua atenção na luta e isso poderia ter te matado.
   —Entendi. Mas não adiantou muito, pois e distrair com o som de seus passos. Dei um chute em um, mas puxaram meu pé e eu cai. O resto você sabe. Agora Jace. Preciso sair daqui.
   —Okay. Mas eu vou junto. –Clary assentiu. —Se vamos sair daqui, ninguém pode saber.
   —Sim, menos  Magnus. Precisamos da ajuda dele.


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