Malfoy a olhava ainda tentando entender o que havia acontecido, não mais irritado, mas achando bem providencial a situação.

— É, me desculpe Malfoy, Gina com certeza não tem noção de como se controlar e acabou me empurrando e eu caí e por isso derrubei você também. - Ela começou a falar o olhando nos olhos, porém no meio da explicação já havia abaixado o olhar, ainda mais envergonhada. Gina observava a situação de longe, e por instinto já estava com a varinha em mãos, se tratando do Malfoy podia sim esperar as piores reações e ela não iria permitir que ele insultasse a amiga. Mas o garoto não tinha intenção nenhuma de fazer aquilo, cair juntamente com uma bela garota como a Grager não era tão ruim assim.

 - Weasley pode abaixar essa varinha, você já derrubou nós dois sem precisar usar nenhum feitiço, acho que já está de bom tamanho não? - falou Malfoy para Gina, mas ainda encarando Hermione com um meio sorriso nos lábios, e continuou - Não precisa se desculpar Granger, pelo jeito ambos fomos vítimas da desastrada da sua amiga. Então, acho bom não esquecer do meu conselho do primeiro dia de aula, tenha cuidado. - o loiro deu uma leve e sedutora piscada e voltou a caminhar em direção ao Salão. 

Gina se aproximou mais da amiga, cheia de curiosidade para entender, que conselho era aquele e por que ela não a havia contado, também para comentar a reação do sonserino, que era completamente diferente do esperado, mas por incrível que pareça um diferente bom. 

Hermione estava corada, também não entendera a reação do garoto, aquilo só a deixou mais confusa, então enquanto Gina tecia teorias elas continuavam caminhando, com o loiro e seus amigos um pouco a frente, perto o suficiente para vê -los mas longe o suficiente para eles não escutarem o que elas estavam falando. Já as portas do salão Malfoy para, vira para trás e olha diretamente para ela.

— A propósito você está muito bonita hoje Granger, aproveite bem o dia. - Falou isso e se pôs a entrar no salão. As duas pararam imediatamente com o elogio repentino, a bela sentiu suas pernas bambearem e percebeu que aquilo foi a reposta da sua pergunta de mais cedo, sim ele a achava bonita, e ele mesmo havia dito isso! Sem perceber sorriu satisfeita. 

Depois de instantes, passado o choque inicial elas entram no salão, e vão direto para mesa da Grifinólia, onde Luna esperava, conversando animadamente com Nevile e Dino Tomas. 

Quando elas se aproximaram os meninos não conseguem disfarçar, assim que viram as duas amigas ficaram boquiabertos, elas estavam muito bonitas. E não foi apenas os dois que notaram, Simas que estava sentado um pouco mais à frente junto com um outro garoto da Lufa-Lufa não conseguiu abafar o "Nossa!" Quando as garotas se sentaram na mesa.

Se a intenção era chamar a atenção elas realmente conseguiram, e como Gina já estava comprometida, visto que era namorada de ninguém menos que Harry Potter e todos sabiam disso, os olhares passavam por ela, e se fixavam em Hermione. 

— Viu Mione, não falei que você fazia sucesso entre os garotos? Devia ter distribuído babadores antes de você entrar! Eles nem conseguem disfarçar.- a ruiva constatou, dando uma olhada por todo salão, com a intenção de mostrar a amiga os olhares admirados dos garotos. A maioria tentava disfarçar quando ela cruzava o olhar, mas quando passou pela mesa da Sonserina percebeu quatro pares de olhos a observando, dois admirados e que desviaram o olhar imediatamente, uma garota, Pansy, que a olhava com raiva e inveja e um certo loiro, que a encarava sem cerimônia, e que não desviou nem por um momento o olhar quando estes se cruzaram. Ele sorriu, e ela retribuiu o sorriso mudando a direção do olhar, certamente corada mais uma vez. 

— Acho que já percebi quem é seu predileto  dentre as opções! - Gina que percebeu tudo falou implicando com a amiga. 

— Não mesmo! Não tenho predileto nem opções nenhuma, não sei de onde você tira essas coisas... - Hermione tentou rebater, mas sem muito sucesso. 

— Eu acho que ele é uma opção sim Mione, ele está diferente, todos tem notado, não faz mais aquelas brincadeiras de péssimo gosto, e por vezes se mostra até gentil, cruzei com ele ontem quando saía do jantar e ele até me cumprimentou, ele e seus dois amigos o Nott e o Zabini, só quem parece não ter mudado nada foi a Parkinson. Ah e tem mais um detalhe importante, não podemos negar, Malfoy é muito bonito! - A incoerência presente naquela fala era enorme, não apenas pela  pessoas de que ela falava, mas também por quem falava, Luna Lovengod, não parecia ser do tipo que ficava prestando atenção em garotos, mas depois daquele comentário mostrou que os amigos estavam enganados. Todos riram, só era difícil distinguir se era do que ela tinha dito, ou por ela ter dito isso. 

— Eu também percebi uma diferença no Malfoy, ainda acho ele metido e arrogante de sempre, afinal ele é um sonserino, mas fora a isso ele parou com aquelas falas prejorativas, ele tenta conviver em paz com as outras pessoas, pra dizer a verdade mesmo sinto que ele agora está sofrendo com o preconceito que ele tanto espalhava, ele estaria completamente sozinho se não fosse seus dois amigos, e a nogenta da Parkinson. As pessoas o vêem como o restolho mal da guerra, já presenciei alguns momentos em que o tratavam com desprezo e insultos. E ele nem respondia sabe, ouvia tudo, tentando manter ao máximo a postura, e saía assim que encontrava uma brecha. Sei que ele procurou isso, devido seu passado péssimo, mas também vejo que ninguém está dando à ele uma chance de mostrar que mudou, acredito realmente que a professora McGonagall jamais o permitiria voltar sem que soubesse de sua mudança. Ouvi dizer que ele fez acompanhamento psiquiátrico antes de vir. Sabe eu penso que as pessoas podem sim mudar, e eu poderia apostar que ele mudou. - Comentou Nevile que parecia estar ouvindo toda a conversa anterior, enquando se aproximava mais das amigas. As três ouviam atentamente e Gina que parecia partilhar da mesma opinião continuou.

— Estou o achando diferente também, e sozinho, chego ter pena dele as vezes, quando ia treinar no campo de quadribol essa semana percebi ele sentado junto ao lago, sozinho. - Falou olhando para o loiro que agora saía do refeitório, mas uma vez sozinho.

— Confesso que duas vezes já vi uns três garotos, uma vez da Corvinal e outra da Lufa-Lufa no corredor da sala de porções, eles estavam falando coisas horríveis para ele, e o ameaçavam, sei que nunca fomos amigos, mas não podia ver aquilo sem fazer nada, usei um feitiço não verbal e passei de lado, pra que ninguém percebesse que fui eu que ajudei o Malfoy. Tinha vontade do me aproximar por vezes, mas não sei como fazer isso. Como eu disse no início, mesmo parecendo ter mudado suas convicções, ele continua um  legítimo arrogante sonserino, e eu um grifinório, então fica difícil. - Neville falou, dando de ombros, tentando encontrar ele mesmo uma alternativa para o que havia dito.

— Mione podia se aproximar dele! - Luna falou, parecendo ter encontrado a solução dos problemas, em um tom de descoberta total, e continuou. - Ele parece ter resistência com os outros alunos da Grifinólia, e os que são do mesmo ano que ele da Corvinal e da Lufa-Lufa, como o Neville falou não o aceitam bem.- Os quatro amigos já se levantaram da mesa, mas aquela conversa estava longe de acabar.

— Sim Luna, ele claramente tem uma exceção à nós da Grifinólia, nossa amiga Hermione Granger aqui! As trocas de olhares já estão se tornando rotina, não é amiga? Também concordo que você podia se aproximar dele Mione, seria bom pra ele, e para todos, porque se os outros alunos o vissem convivendo bem com você, uma das principais heroínas de guerra, veriam que não há motivo para não o aceitarem, visto que até você o aceitou, e assim ele poderia ter real chance de mostrar que mudou. -Hermione ouvia tudo atentamente, sim ela devia admitir que concordava que o Malfoy estava diferente, e ela tinha curiosidade de conhece-lo, mas não sabia como os outros iriam reagir, Harry e Rony ficariam perturbados quando soubessem. Se pelo menos ela tivesse certeza que valeria a pena, apesar que ela só pensava nisso, além dos estudos , desde o dia que chegou. O Malfoy do trem e da carruagem valeriam sim a pena. Será que agora ele era sempre assim? Depois do tombo daquela manhã, e da sua reação, ela estava começando a achar que sim.

— Não sei se daria certo, nem se eu estou disposta a tentar. Vocês parecem ter esquecido que estamos falando de um Malfoy, um 'sangue-puro' que tem aversão a uma sangue-ruim como eu. - Hermione tentou encerrar a conversa 

— Não Mione, o Malfoy de antes da guerra sim, esse era desprezível e realmente não valeria, dê a ele o benefício da dúvida, ora o antigo 'doninha' jamais iria te elogiar como fez a pouco.- Gina falou, como se tivesse lido os pensamentos anteriores da amiga, que respondeu sem perceber expondo seu verdadeiro medo. 

— Harry e Rony não aceitariam jamais uma coisa dessas, eu amiga do Malfoy, isso é impossível! -

Eles já havíam saído do castelo, e estavam a caminho de Hogsmeade, e quando ela disse isso Gina parou imediatamente, visivelmente nervosa.

— O que, você está me dizendo que vai se negar a ajudar alguém por medo do que o meu irmão e o Harry vão achar?! Mione, eles não estão aqui! Ok, eu amo aqueles dois também, Ron é meu irmão, o mais chato, mais ainda assim eu o amo, e Harry é meu príncipe, mas não deixaria de me aproximar de ninguém por causa deles! Nós estamos aqui, nós estamos vivendo esse ano juntos, somente nós sabemos o que realmente está acontecendo, eles não!- Enfim haviam chegado no ponto central da questão, Hermione era inteligente e esperta o suficiente para perceber a mudança de Malfoy, mas ela não iria colocar em risco sua amizade com os garotos por causa disso, uma amizade tão grande pela qual ela foi capaz de fazer tantas coisas, ela não abriria mão por alguém que só a desprezou desde o dia que se conheceram. No fundo de seu coração ela poderia até querer, mas ela sempre foi emotiva, porém racional, e sabia se controlar quando precisava. Ela não iria perder seus dois melhores amigos, sendo que um deles, Rony, foi seu amor durante anos, pelo Malfoy, ela não podia. E assim depois de um momento de silêncio entre eles ela continuou.

— Não Gina, eu não posso! Eles veríam como traição, eu os conheço o suficiente para saber que não aceitariam, eles iriam pensar que eu os estava trocando pelo Malfoy! Que eu estava os abandonando para me aproximar de um sonserino! Ah, eu convivi o bastante para saber o quão dramáticos eles podem ser, e o quanto eles o odeiam! -

Os quatro já estavam na metade do trajeto, Luna só escutava tudo, percebia que a amiga queria se aproximar do loiro, mas não faria devido sua fidelidade aos amigos,  não entendia como aquilo podia ser tão grave, o Malfoy mudou, quem se permiti enchergar percebe isso rapidamente, ele merecia uma chance, e Hermione seria a corda de salvação para ele ter acesso à uma nova vida, um recomeço, ela tinha percebido isso, e torcia para que a amiga percebesse também. Gina estava empenhada em fazer a amiga entender, e se apressou para ficar ao lado de Hermione, que depois de ter falado andou mais rápido para se distanciar dos três. Estava com uma expressão fria e nervosa, de alguma forma a fala da amiga havia despertado alguma coisa dentro dela e ela não ia conseguir segurar, assim que a alcançou começou.

— Eles por acaso te perguntaram como você ficaria se eles decidissem ir para a Romênia? Eles perguntaram como você iria ficar voltando pra cá depois de tudo que aconteceu no ano passado? Depois de tantas lembranças tristes, eles te perguntaram se você ficaria bem voltando sem a companhia deles? Não Mione, sei que não perguntaram, por que também não perguntaram pra mim! Você é a melhor amiga deles e eu sou a namorada e a irmã. Você sofreu com isso mais do que eu até, visto que eles eram quase que sua única companhia aqui desde o primeiro ano. E eles estão se importando com isso com a mesma intensidade que você está se importando com a opinião deles agora? Não, não estão... Já estamos aqui à três meses, e quantas vezes eles mandaram cartas por conta própria? Uma, Duas? Na maioria eles apenas respondem às nossas cartas Mione! Sinto falta deles, e eu sei que você sente muito mais que eu, mas nossa realidade é a gente agora! - A essa altura os dois já haviam chegado até elas e eles estavam parados, as garotas com os olhos cheios de lágrimas, mas Gina ainda não tinha acabado.

— Eles são importantes pra gente sim! Mas nós estamos aqui e precisamos viver aqui, sem a sombra deles, eles escolheram nos deixar, eles tiveram medo de voltar e arrumaram essa desculpa, e nos deixaram voltar pra esse pesadelo sozinhas! É isso que vou dizer pra eles se vierem me perguntar por que eu me aproximei ou não de quaisquer pessoas aqui. E espero que você faça o mesmo Mione. Eu me aproximaria do Malfoy se ele me desse abertura pra isso, mas por mais que ele não tenha me destratado acho que hoje mais cedo nós duas percebemos que ele não nutre simpatia por mim. Então se quiser viver apenas na sobra do Ron e do Harry, viva Hermione, é a sua vida, são suas as escolhas, mas depois não diga que eu não te avisei quando passar o seu último ano em 'Hogwarts' e você perceber que ao contrário de toda a sua história foi um ano sem graça, que você não viveu nada que pudesse ser recordado, que você não foi útil a ninguém, apenas por uma coisa que nós Grifinólios não nos deixamos vencer, por medo! - Ela disse quase gritando as últimas palavras e saiu correndo em direção a Hogsmeade, que já estava próximo, Luna correu atrás dela, deixando Hermione e Nevile para trás.

Nevile estava ainda absorvendo tudo que havia ouvido, Gina estava sofrendo mais do que demonstrava, e parece que finalmente tinha despejado o que tinha guardado desde que chegou. Ele olhou para a Hermione que estava em um choque maior que o dele, e a abraçou, quando fez isso ela desmoronou e chorou, muito até soluçar. Quando ela pareceu se controlar um pouco ele a afastou do abraço, mas ainda a segurava nos ombros à distância de um braço, e enfim quebrando o silêncio falou.

— Mione, eu entendo você, mas também entendo o que a Gina quis dizer. Quando cheguei e não encontrei os garotos percebi que eles haviam aceitado o convite de se tornarem aurores e que não voltariam. Sinceramente pensei que você também não viria, mas quando te vi chegar no salão do jantar tive a certeza de que precisaríamos nos aproximar mais, todos sofreram com a guerra, mas o Harry, a família do Rony, isso inclui a Gina, e você, sem dúvidas foram quem mais sentiram o peso de toda batalha. Eu senti bastante também, mas talvez não como vocês, a Luna também entende e mesmo com esse jeito dela ela também sofreu. Então nós quatro apenas voltamos, eu, você é as meninas. Nós acabamos nos aproximando, eu sei a falta que aqueles dois fazem pra você e pra Gina, porém na qualidade de seu amigo homem mais próximo esse ano eu me sinto no direito de te dar um conselho, viva! Os dois são cabeça dura eu sei, o Rony então, mas eles vão entender que você não podia se privar de viver por causa do abandono deles. Sabe eu gosto muito de você Mione, te considero uma grande amiga e jamais daria força para você fazer algo que à iria colocar em perigo, então pode confiar em mim, e se em seu coração houver alguma vontade de dar um voto de confiança ao Malfoy, atenda essa vontade, seja uma luz para aquele sonserino que busca uma chance de mostrar de ele mudou. E viva! Algo me diz que vai dar certo, e pode ter certeza que eu sempre estarei aqui para o que precisar minha amiga. - ele a abraçou novamente e ela enfim pareceu se acalmar e agradeceu. 

— Obrigado Nevile. Precisava ouvir isso, obrigado por ser meu amigo. Vou pensar melhor no que vocês disseram, mas não nego que é muito difícil pra mim, se fosse qualquer um, mas é o Malfoy. - ela falou soltando-se do abraço do amigo e voltando a andar em direção a chegada de Hogsmeade.

 - Permita-se tentar Mione e pode contar comigo. - disse ele antes deles entrarem no Caldeirão Furado, onde possivelmente Gina e Luna já estavam.