Sweet Desires escrita por Anna Miranda


Capítulo 2
Cupcake de Amêndoas


Notas iniciais do capítulo

Elogios e criticas são sempre bem vindos, a escrita é uma arte que precisa ser constantemente aperfeiçoada por isso me digam o que acham (:



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O vento gélido serpenteou pelo ambiente e rapidamente o deixou um pouco desconfortável, e a morena sentiu que a manta feita pela avó já não era um protetor térmico suficiente naquele momento. Sem critério algum ela arrastou as mãos sob o colchão atrás do celular para poder verificar a hora, Regina tinha a péssima mania de dormir com o aparelho debaixo do travesseiro e isso havia rendido algumas quedas a ele, e a ela duas idas ao técnico para trocar a película.

A tela do celular quando acessa fez os olhos dela arderem e ela soltou um gemido de derrota, quando ela finalmente se adaptou a recente claridade auto imposta, e verificou a hora, ela quis matar a amiga barra companheira de quarto, não eram nem seis da manhã e ela havia sido desperta por causa do frio. O pior de tudo era que ela havia se deitado quase as duas estudando para a prova daquela manhã.

Regina pegou uma das almofadas ao pé da cama e sem presar duas vezes jogou em direção a cama onde Rebecca dormia. No mesmo momento em que ela ouviu a almofada se chocando a alguma coisa ela ouviu a ruiva soltar um ‘caralho’.

“Fecha a porra da janela Rebecca. Quanta vezes eu vou ter que falar isso” Apesar da repreensão o tom deixava claro que a morena não estava realmente com raiva da amiga.

Rebecca tinha a péssima mania de abrir as janelas toda à noite, dizia que o ar precisava circular pelo quarto já que ele ficava fechado durante todo o dia enquanto elas estavam na faculdade. Acontece que muitas vezes, ela se distraia com o celular ou qualquer outra coisa e ia para cama e se esquecia de fechar a janela, e em épocas do ano como a época presente, o ar matinal que entrava pela janela transmitia a sensação de que elas poderiam congelar por dentro.

“Vai logo Rebecca”

E então minutos depois ela ouviu uma chuva de palavrões, alguns que ela até mesmo pensou em anotar mentalmente para conferir mais tarde se realmente existiam, e de repente o frio se fez ausente, mais alguns minutinhos e o quarto seria imerso em um aconchegante calor.

Quando o celular se agitou debaixo da cabeça da morena a primeira reação dela foi querer chorar, não era possível que já estava na hora dela se levantar, parecia que desde o momento que ela havia mandado Rebecca fechar a janela até o momento em que o celular vibrou havia se passado apenas alguns segundos.

Ela se permitiu mais alguns momentos de procrastinação na cama, e então se levantou quando o celular vibrou novamente. Regina separou a roupa que vestiria naquele dia e caminhou até o banheiro do dormitório. De volta ao quarto, enquanto arrumava a dolma branca que tinha o seu nome grado em vermelho, no corpo ela decidiu que era hora de acordar Rebecca.

“Rebecca! Comece a movimentar esse lindo corpo, esta na hora de levantar.”

“Meu Deus! É a segunda vez que você me acorda só hoje de manha, você deve ter algum desejo de morte ou algo assim.” A ruiva murmurou se enfiando debaixo das cobertas.

“Pare de reclamar, e anda logo, ou eu vou te deixar aqui.”

“É tudo o que eu mais desejo.”

“Tudo bem, então fique ai, e então você não terá tempo de tomar o café da manhã, ou melhor, você terá e assim chegará completamente atrasa para sua prova prática do Lorenzo.”

“Puta Merda! Hoje é a prova do Lorenzo.” E como se uma injeção de adrenalina tivesse sido injetada na veia da ruiva, em segundos ela se colocou de pé e correu em direção ao banheiro.

—x-

As portas simples de inox não levariam nunca a um olheiro comum imaginar o ambiente imponente que se fazia presente atrás delas. As paredes extremamente brancas, que no passado haviam incomodado Regina, com a sensação de serem frias e impessoais, hoje já transmitiam a sensação de pertencimento.

No centro do ambiente uma imensa mesa se estendia e era preenchida por inúmeros eletrodomésticos de ultima geração. Na parede contraria a porta freezers e geladeiras guardavam os mais diversos produtos alimentares, sempre frescos, para serem usados nas aulas praticas. Os enormes armários e prateleiras de inox comportavam o mais diverso arsenal de vasilhame. Os fogões e fornos seguiam o mesmo padrão de todo o resto, inox. E tudo dentro daquele ambiente era o mais moderno possível.

Os dez alunos, posicionados em frente a mesa de acordo com a marcação feita na primeira aula, aguardavam em um misto de apreensão e ansiedade a chegada do professor. Paolo era um dos mais exigentes professores do instituto e o mínimo que podia ser dito era que sua reputação o precedia. E naquele momento até mesmo o mais confiante dos alunos se sentia abalado visto que para sua avaliação final ele havia decidido por um momento de prática, e não havia revelado qual seria o tema, ou seja, sem tempo para que os alunos testassem e retestassem as mais diversas receitas até atingirem a perfeição. Perfeição, que para Paolo era o mínimo a ser alcançado.

Então o homem de porte mediano, cabelos grossos e negros partidos de lado, e um sorriso que era considerado por muitas um sorriso de  fazer ‘ perder a calcinha’, atravessou as portas de inox com um humor no mínimo surpreendente. Paolo parecia incrivelmente mais relaxado do que estivera em todas as aulas anteriores.

“Ciao Bambini¹” ele cumprimentou os alunos e recebeu alguns tímidos cumprimentos de volta. Se posicionando em um lugar em que teria a visão de todos os alunos ele prosseguiu. “Qui sta che voglio che fare per me², todo cozinheiro tem uma história, um motivo pelo qual se apaixonou por essa arte, então, hoje vocês me vão me contar através de uma sobremesa a história de vocês.” E assim que ele finalizou a frase um burburinho se espalhou por todo o ambiente, alguns extremamente animados e outros nem tanto.

A sala tinha um perfil misto, então muitos ali tinha a preferencia por executar pratos salgados, portanto sentiam-se apavorados de terem que fazer uma receita doce sem nem ao menos treinar. Regina, no entanto, agradecia aos céus, visto que sua especialidade era o doce. Enquanto o professor ditava as recomendações finais, a cabeça da morena mergulhava em divagações.

O que contava a história de Regina em relação a culinária? Como em um estalo sua mente voltou para os dias da infância onde a única sobremesa que ela sabia fazer era seus cupcakes favoritos sabor amêndoa, e então era decidiu, faria cupcakes de amêndoas, tâmaras e licor. Era uma receita simples, mas que ela acreditava verdadeiramente atender a proposta da avaliação.

—x-

 Ao sair da cozinha a primeira coisa que Regina fez foi tirar a dolma que tinha algumas manchas entre as cores bege e marrom. Logo em seguida ela retirou a toca na cor vinho e liberou os cabelos que haviam crescido bastante nos últimos meses e agora passavam da altura dos ombros. Estava tão distraída que se quer se deu conta da amiga sentada no corredor a sua espera.

“E ai, como foi?” Rebecca perguntou enquanto a amiga passava por ela e então assim consegui sua atenção.

“A gente pode, por favor, não falar disso agora e simplesmente ir comer? Eu estou morta de fome.” A morena disse parada de pé diante amiga.

“Que tal eu te contar como foi a minha enquanto a gente caminha até o refeitório.”

“Perfeito!”

Enquanto caminhavam pelo corredor por elas já conhecido, Rebecca contou como Lorenzo havia dividido a turma em grupos, e que em grupo eles precisariam montar uma refeição completa, com entrada, prato principal e sobremesa, em apenas duas horas. E que para cada um dos pratos ele havia escolhido um alimento exótico que precisava ser adicionado a receita deles.

“Eu juro, que teve um momento em que único pensamento que passava pela minha cabeça era quais seriam as consequências se eu acertasse uma os dedos de Merida com minha faca.” Rebecca soltou enquanto contava sobre o desentendimento das duas, que quase havia estragado a prova de todo o grupo, e Regina não pode deixar de rir da amiga.

“Eu não sei como ainda existe algum professor nesse instituto que coloque você e Merida no mesmo grupo quando há objetos cortantes por perto.”

“Você falando assim faz parecer que eu sou uma pessoa agressiva, coisa que sabemos que eu não sou.”

 “Você acabou de dizer que queria decepar os dedos da Merida com uma faca Rebecca, você precise que eu leia definição de agressiva no dicionário para você?”

“Você não estava com fome? Tome esse sanduiche, encha sua boca e não fale besteira.”

Rindo a morena pegou o sanduiche natural que a ruiva estendeu em sua direção e uma garrafinha de chá gelado, e caminhou até uma das mesas mais afastadas do refeitório e a ruiva seguiu logo atrás.

Em meio ao lanche as duas colocaram o assunto em dia e conversaram sobre todas as trivialidades da vida. O assunto entre elas parecia não ter fim, e logo que um tema parecia chegar ao seu ponto final, outro tema era logo trazido a margem e então o ritmo seguia fluido.

Conforme os alunos deixavam as salas e ocupavam o refeitório, o que antes era apenas um burburinho suave, quase funcionando com um som ambiente, transformava-se em uma confusão de vocês alteradas, uma cacofonia que começava a incomodar e de certa forma até mesmo irritar Regina. A cabeça da morena começava a dor e o preludio do que poderia mais tarde se tornar uma enxaqueca, a fez arrastar Rebecca para fora do refeitório.

—x-

Sexta-feira, dez e meia da noite e o campus estava imerso em um total silencio, de forma tal que se quer parecia que estavam realmente em período de aula. Após o banho a morena se jogou sob a cama com o notebook no colo e desde então parecia não ter se movido.

Cerca de uma hora antes Rebecca tinha saído com outros três colegas para beber e relaxar um pouco, ela havia tentando persuadir Regina a acompanha-la, e se fosse em qualquer outro momento a morena teria aceitado, mas a semana que havia começado com ela gripada e terminado na prova pratica e surpresa de Paolo havia sugado todas as forças dela, então ela havia decidido que sua cama e coberta era tudo o que ela precisava naquele momento.

O celular de Regina vibrou sob seu estomago e um sorriso se espalhou pelo rosto dela quando ela viu que era Mary que ligava.

“Nina? Você já estava dormindo?” A voz melodiosa da amiga soou antes que ela tivesse tempo de responder a chamada com o típico ‘alo’.

“Não, eu estava procurando por um filme, ou qualquer outra coisa assim para assistir enquanto o sono não chega” a morena tranquilizou a amiga.

“E então, como foi a prova do Paolo?”

“Nós ainda não sabemos, ele avaliou a todos, mas disse que só entregará o resultado daqui alguns dias.”

“O que vocês tiveram que fazer?”

“Ele pediu que contássemos através de uma sobremesa nossa história com a culinária, então meu cérebro pulou logo para a receita do cupcake de amêndoas, que foi onde tudo começou e no momento eu achei que era perfeito, mas então eu vi algumas sobremesas tão sofisticadas, e agora eu não sei como me sinto.”

“Fala que você guardou algum cupcake de amêndoa para mim, e eu apareço ai amanhã pela manha.”

“Infelizmente não houve sobreviventes.” Regina disse rindo.

“Você já foi uma amiga melhor Nina, mas eu continuo te amando da mesma forma, isso é, se você me prometer algumas fornadas de coockies de macadâmia em um futuro bem próximo.”

A conversa das duas ainda se estendeu por mais quase uma hora, conversaram sobre como havia sido a semana uma da outra, e sobre o novo estagio em uma escola secundaria que Mary havia conseguido. Mary contou que com esse estagio ia finalmente ter sua primeira turma de vinte alunos, e que essa turma estaria totalmente sob seus cuidados, a empolgação dela chegou até mesmo a contagiar Regina.

Antes de desligar, Mary confirmou pelo menos umas duas vezes o fato de que naquele final de semana a amiga realmente não voltaria para casa com ela. Quando percebeu que não haveria mesmo jeito de Regina voltar com ela, ela despediu-se dizendo que em algum momento da próxima semana elas teriam de se encontrar e Regina concordou.

Regina estava se preparando para dormir, quando o celular apitou denunciando uma nova mensagem. O nome de Mary piscou na tela e ela riu, haviam acabado de se falar não imaginava o que amiga queria. Ao ler o conteúdo da mensagem, no entanto, o coração da morena falhou uma batida.

“Eu totalmente te liguei para dizer algo, mas fui uma covarde e não consegui, por isso estou mandando uma mensagem. Nina, eu te amo e você é minha melhor amiga, mas eu acabei de te inscrever em um reality de culinária, é algo novo, focado no universo da confeitaria, super a sua cara, e que vai te dar todas as ferramentas para alcançar seus sonhos, por isso não me odeie.”

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