Sweet Desires escrita por Anna Miranda


Capítulo 3
Cheescake de frutas vermelhas


Notas iniciais do capítulo

Nosso querido chefe confeiteiro Robin de Locksley finalmente apareceu hahaha. Eu to bem ansiosa pra saber o que vocês vão achar dele, e também o que tão achando da história, mesmo ela estando no inicio, então me contem ai hahha



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Usualmente é entre a faixa etária dos dois aos cinco anos que uma criança começa a desenvolver a habilidade de formar frases com sentidos completos, e é nessa idade também, que perguntas clichês como “De quem você gosta mais, da mamãe ou do papai?” ou “O que você quer ser quando você crescer?” começam a serem feitas para crianças pelos adultos que a cerca.

Regina não se lembrava das respostas que havia dado  para essas perguntas quando ainda era uma criança, mas seu pai costumava dizer que quando interrogada a respeito de sua futura profissão ela apenas respondia que faria qualquer coisa que envolvesse poder cuidar de Amora. Amora era uma linda cadelinha que ela havia ganhado no seu aniversario de cinco anos, e que infelizmente por motivos de saúde precisou ser sacrificada quando a morena tinha onze anos.

No entanto, apesar de toda incerteza da infância que a acompanhou durante muitos anos, Regina sempre soube que não importaria as circunstancias, ela nunca se imaginaria em um estúdio de televisão, e menos provável ainda se imaginar um dia em algum programa da grade semanal de uma grande emissora.

Porém, ali estava ela, caminhando pelos corredores de um mundo no qual nunca havia se imaginado, mas que aos poucos enchiam os olhos dela, e despertavam um deslumbramento que ela nunca havia experimentado antes.

Havia entrado no estúdio cinco quando na verdade precisavam estar no estúdio sete, por causa de informações trocadas e a falta de boa vontade de um rapaz que elas haviam encontrado na portaria. Com muito custo um segurança que havia encontrado ela e Mary perdidas pelos corredores, e que estava pronto para colocá-las pra fora, não fosse a credencial pendura no pescoço de ambas um importante objeto que corroboração para a explicação que elas deram a ele, elas finalmente acharam o caminho certo e Regina pode respirar aliviada ao perceber que não perderia o prazo da apresentação.

“Me lembra porque mesmo eu confiei em você que isso era uma boa ideia?” Regina questionou a Mary enquanto as duas caminhavam ao corredor de acesso ao local onde as eliminatórias iriam acontecer.

“Porque essa é a oportunidade da sua vida? E mesmo com todas as suas resmungações você sabe no fim que eu estou certa.”

“Eu estou falando serio Marie! E se eles não gostarem do que eu vou preparar?”

“Então você agradece e nós voltamos para Sussex.”

“Às vezes eu odeio essa sua natureza tranquila e equilibrada.” Regina disse bufando.

Ao chegar no local, Regina se apresentou a uma garota loira que ela duvidava ter mais do que vinte e quatro anos. Após conferir se o nome de Regina estava na lista e também de checar os documentos dela, a garota diz que logo ela seria chamada para o local onde as eliminatórias do programa estavam acontecendo, e que naquele momento tudo o que ela tinha que fazer era aguardar ao lado dos outros participantes.

“A gente pode repassar mais uma vez a receita?” Regina questionou a melhor amiga quando elas se sentaram em um cantinho mais afastado de todo o grupo.

“Você fez isso pelo menos seis vezes na ultima hora, que tal relaxar um pouco? Você vai arrasar!”

“Como você sabe disso? A gente não conhece o terceiro jurado! E isso esta me consumindo, porque o meu prato vai ser um Cheescake e eu sei que a Paula ama essa sobremesa, e sobre o Giuseppe eu sei que ela ama o sabor de frutas vermelhas que foi o que eu escolhi, mas e o terceiro jurado? Que é ele? E se ele odiar Cheescake ou frutas vermelhas?”

“Você percebe que mesmo se ele odiar, você vai ter agradado dois dos três jurados e que isso significa ter mais da metade dos ‘votos’ ao seu favor?”

“Meu Deus, eu definitivamente deveria ter trazido Rebecca comigo, porque ela sim me deixaria mais nervosa, e de uma maneira meio louca isso me ajudaria mais.”

“Rebecca, Rebecca, Rebecca, aparentemente isso é tudo que eu ouço nos últimos anos.”

“Oh! Isso é ciúmes?”

“Va se foder Regina!”

As duas amigas se encararam por segundos e então caíram na risada, e por mais que quisessem controlar não conseguiam e num piscar de olhos, todos ali confinados a espera de serem chamados direcionaram o olhar para as duas tentando entender o que estava acontecendo.

—x-

Ao atravessar as imensas e um pouco pesadas portas de madeira Regina deixou os olhos percorrerem o ambiente rapidamente esquadrinhando o máximo possível sem ser notada, o ambiente em que estava entrando.

Uma cozinha equipada com todos os eletrodomésticos e utensílios culinários de ultima geração tal quais as cozinhas do instituto em que estudava, e uma onde de alivio a varreu. Nada poderia dificultar mais a vida de um confeiteiro do que a deficiência nos materiais necessários para o desenvolvimento de uma receita fossem eles de ordem alimentícia ou da ordem dos utensílios culinários.

Seu olhar então capitou as três figuras sentadas atrás da mesa vermelha. Da esquerda para a direita estavam Giuseppe, o confeiteiro italiano mundialmente conhecido por seus luxuosos e caríssimos bolos de casamento, em seguida estava Paula, a confeiteira filha da miscigenação, filha de culturas diversas que adorava usar essa diversidade nas suas receitas. E então, seus olhos caíram no terceiro e ultimo jurado, o cabelo loiro curto e bagunçado, o semblante que era sempre uma incógnita aos expectadores e os olhos que eram uma imensidão azul extremamente convidativa.

Robin de Locksley era o confeito mais aclamado do mundo, conhecido por seu perfeccionismo na cozinha, ele despertava sentimentos completamente paradoxais nas pessoas, ou elas caiam de amor por ele à primeira vista, ou juravam odiá-lo por toda sua existência. Regina tinha passado sua vida admirando-o, mas de pé diante dele, ela sentiu como se o estomago tivesse sido retorcido e o coração fosse saltar a boca a qualquer instante. As pernas começaram a fraquejar e ansiedade tomou seu corpo.

“Boa Tarde, se apresente para nós.” A simpática Paula a cumprimentou.

“Boa Tarde, hmm... é ... – sentindo o nervosismo a dominar a morena fechou os olhos por segundos, respirou fundo e seguiu- Meu nome é Regina Louise Mills, eu tenho vinte e um anos e sou de Sussex, Nova Jersey.”

“E o que você irá fazer para nos hoje?” Giuseppe perguntou.

“Vou preparar um Cheescake de frutas vermelhas.”

“É uma sobremesa complexa e um pouco arriscada se você levar em consideração ao tempo que você tem e o tempo de preparo que ela te exige.”

“Sem pressão!” a morena disse com um sorriso no rosto e sentindo toda a insegurança anterior a dominar.

“Regina, o seu relógio começa a rodar agora.” Paula disse, e a morena não perdeu tempo em correr pela cozinha que ali havia sido montada e começar então a desenvolver seu prato. Em meio ao caos em que sua mente se entregou enquanto ela preparava sua sobremesa ela ponderou sobre o fato de Robin não ter ficado em silencio durante todo o período de apresentação dela, mas após alguns minutos ela balançou a cabeça, como se assim fosse capaz de tirar esses pensamentos da sua mente e assim se focar no que era realmente importante naquele momento.

—x-

A morena passou o papel toalha umedecido na borda da bailarina de vidro pela ultima vez e conferiu que tudo estava no lugar e a apresentação do seu prato estava como queria, e então, ao fitar o relógio na parece oposta a que estava percebeu que havia terminado juntamente com o tempo que havia sido dado a ela para o preparo da sobremesa, nem um minuto antes e nem um minutos depois, e isso a fez soltar um suspiro de alivio.

Com um sorriso no rosto e uma autoconfiança recém-descoberta, ela caminhou até onde os jurados estavam e se preparou para servi-los e então poder ser avaliada. Ela cortou a sobremesa em três pedaços, serviu aos jurados e aguardou ansiosamente enquanto cada um provava. Paula foi a primeira a quebrar o silencio, e a dizer a morena quais eram suas impressões a respeito da sobremesa.

“Regina, é uma sobremesa muito gostosa, a base feita de biscoito esta no ponto certo, e acredito que você tenha usado o favo de baunilha ao invés da essência no creme, certo?”

“Sim” A morena disse concordando com a cabeça e não conseguindo esconder o sorriso diante do elogio.

“Então, isso deixou o creme muito mais saboroso e o aroma é incrível. Um ponto negativo é a consistência do creme, acho que ele poderia ter fica um pouco mais firme.”

“Eu sei, o tempo foi um pouco mais corrido do que eu imaginei e não consegui deixar a base na geladeira o tanto que eu queria.”

“Tu hai mi incantato, è uma buonissima¹ sobremesa, mas preciso concordar com Paula, a consistência non mi piace tanto². Preciso confessar que as frutas vermelhas combinam muito e estão muito saborosas e eu amei o fato de poder sentir os pedaços delas enquanto saboreava e de não ser apenas uma geleia por cima.”

“Grazie!³” Regina respondeu a Giuseppe arriscando o pouco de Italiano que sabia.

“Gosto dos sabores, mas como meus outros companheiros já salientaram, a consistência deixou um pouco a desejar, a apresentação eu esperava mais, e no fim é uma sobremesa mediana para mim.” A voz suave, mas marcada pela personalidade forte do loiro invadiu o ambiente, e fez um arrepio percorrer o corpo da morena, assim como também fez o sorriso que ia de orelha a orelha murchar consideravelmente.

“Obrigada Chefe.” Ela respondeu concordando com a cabeça.

O coração batia descompassado no peito da morena, e a respiração já não era tão rítmica enquanto ela esperava os jurados decidirem entre si e darem o veredito se ela estava ou não classificada para o programa.

“Regina, nós do Sweet Desire, temos o prazer de anunciar que você fará parte dos confeiteiros participantes do nosso programa.” Paula disse alguns minutos depois deles terem tomado a decisão.

“AH MEU DEUS!” Regina disse extremamente alegre e antes que pudesse se conter sentiu as lagrimas de felicidade rolando pelo rosto, em um ato de completo impulso, ela caminhou até os jurados e os abraçou agradecendo pela oportunidade.

Quando a morena colocou os braços ao redor do loiro, o choro cessou e se alguém tivesse fitado-a naquele momento teria visto a expressão de surpresa que a dominou, quando ela sentiu uma corrente elétrica percorrer o seu corpo. Era uma sensação que ela nunca havia experimentando na vida, e a um só tempo despertava nela a vontade de permanecer naquele abraço e também de se afastar o máximo possível de Robin.

Com um sorriso constrangido, ela se afastou dele, e agradecendo mais uma vez deixou a sala. Ao sair a primeira pessoa que ela viu foi a melhor amiga, e sem pensar duas vezes ela se jogou nos braços dela e as lagrimas que haviam sido contidas, voltaram com toda a intensidade possível.

“E ai, como foi?” Mary perguntou assim que sentiu a amiga se acalmar.

“Você esta olhado para a mais nova integrante do Sweet Desire!!!!!!” Regina disse animadamente e não conseguiu controlar o impulso de comemorar com pequeno pulinhos.

Regina ainda precisou ficar na emissora por mais algumas horas resolvendo as parte burocráticas que a participação no programa implicava. Mary a acompanhou em todas as etapas e não cansou de salientar o quanto estava feliz pela melhor amiga e o quanto sempre soube que ela conseguiria. As duas haviam combinado de sair do estúdio e ir direto para o bar o Joe, onde encontrariam com Rebecca e mais alguns amigos de ambas para comemorarem a aprovação de Regina.

O dia já havia escurecido, e a brisa gélida da noite já se fazia presente quando ela finalmente foi liberada. Mary deixou a amiga sozinha por alguns instantes enquanto atravessava o estacionamento para ir buscar o seu carro para que finalmente elas fossem comemorar. Já Regina esperava pacientemente o elevador no prédio do pessoal do recursos humanos chegar no andar que em que estava.

Quando a porta do elevador se abriu ela entrou distraída e só notou que não estava sozinha quando seu corpo chocou-se contra um peito firme e mãos firmes a seguraram pela cintura evitando que o impacto dos corpos fizesse o corpo da morena recuar e talvez pelo desequilíbrio até mesmo cair.

“Descul...” o pedido morreu ainda pela metade na boca da morena quando ela finalmente percebeu em quem havia batido. Robin passou rapidamente os olhos pelo corpo da morena e ao constatar que nada havia acontecido com ela se afastou rapidamente dela, ficando recluso no canto do elevador mais afastado dela, a forma como as mãos dele deixaram o corpo dela, como se estivesse tocando brasas, a deixou um pouco incomodada. “Desculpe, eu estava um pouco distraído e não o havia visto.”

Regina disse após alguns segundos, mas não obteve resposta nenhuma. Em silencio ela se posicionou de costas para ele e em silencio eles fizeram o trajeto até o térreo do prédio. Regina sentia os olhos dele queimar em suas costas e por mais que quisesse se virar e perguntar qual era o problema dele, ela preferiu ficar em silencio e pedir ao céus que os segundos que mais pareciam horas confinadas com aquele homem dentro do elevador passassem depressa.

Quando o elevador sinalizou chegar ao térreo à morena se preparou para correr o mais rápido possível para fora do alcance das vistas do homem que a fascinada e também a aterrorizava. No entanto, ao colocar o pé para fora ela ouviu o seu nome ser chamado, e instintivamente se virou na direção dele.

“Regina, parabéns!”

E com essas simples palavras, ele passou por ela como um furacão e sumiu na noite fria, deixando-a completamente desnorteada.

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¹ Você me encantou, é uma sobremesa muito boa

² Não me agradou tanto

³ Obrigada


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