Devoradora de Memória escrita por Elle Maria


Capítulo 2
Capitulo 2 - Não Me Deixe Dormir Novamente




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Novamente Gabrielle estava em seu quarto, rodeada pelas mesmas paredes brancas e o velho cheiro de remédio que a irritava.
  - Nas suas circunstâncias, não é segura ficar andando assim. Explicou o diretor em tom impaciente. - Você não tem ideia como é perigoso.
  - Por que ontem o senhor disse que eu estava sendo perseguida, e por esse motivo eu estava aqui? Disse ela mudando rapidamente de assunto.
  - Não é a hora para isso. Agora beba o seu remédio. Tirando do bolso de seu jaleco um pequeno vidro contendo um suspeito líquido verde.
” O doutor de manhã e completamente diferente do de noite” Pensou a garota, enquanto o doutor tirava a tampa do frasco.
 - Responda-Me apenas isso, por favor. Por que estavam me perseguindo? Disse a garota em súplica.
A face do doutor ou diretor Kian se retorcia em raiva se demonstrando ser bem diferente do homem da outra noite. Um homem totalmente agressivo. A cada palavra que a garota jogava ele se enchia de ódio e impaciência, como se a garota o provocasse isso.
  - Cale a boca, e beba isso logo! Indo em direção a boca da menina com o frasco a forçando a beber.

Fraca, ela apenas pode se debater enquanto o líquido descia queimando sua garganta. O gosto era amargo e quente, Gabriele teve a sensação de estar enfraquecendo aos poucos enquanto engolia o líquido viscoso.
  - Que saber o porque? Porque você é uma vagabunda imunda que assassinou um pobre velho bibliotecário a sangue frio!

A cada frase que falava de sua boca saia pequenas serpentes verdes que escorriam pelo seu pescoço e desapareciam em seguida. Gabriele não sabia se realmente tinha visto ou se era alucinação de sua confusa mente. Ela não se lembrava quem ela era, mas sabia que não poderia ser uma assassina.
“Não posso ser uma assassina” Repetiu sua consciência … lentamente ela foi perdendo a consciência até entrar no mundo escuro onde o eco das dolorosas palavras do doutor persistiam.
“Vagabunda imunda.” Assassinou um pobre velho.”
Criaturas a observavam no meio da floresta escura e úmida, com seus olhos enormes e esverdeados que brilhavam em meio a escuridão. A menina sentiu um forte vento acompanhado de uma grande luz que a levou de volta a biblioteca onde novamente ela viu o senhor de cabelos grisalhos. Ele estava lendo um velho livro. Olhou para trás e sorriu, em seguida chamou alguém para perto dele com a mão. Quando essa pessoa se aproximou ela reconheceu como sendo ela mesma. Os dois sorriam e conversavam enquanto viam o livro juntos. Como uma fotografia velha as chamas queimaram essa cena, deixando aparecer uma horrível imagem. O velho estava caindo no chão ao lado de uma poça vermelha, que escorria de sua cabeça e descia os degraus de uma escada que levava ao porão da velha biblioteca. Mãos trêmulas e ensanguentadas. Ela tentava desesperadamente limpá-las em seu vestido branco com pequenas flores amarelas.
Aquelas imagens que vinham e desapareciam constantemente e a cada aparição, era como se facas estivessem sendo enfiadas em seu corpo, sangrando a cada minuto em uma eterna dor. Sua garganta começou a apertar e seu coração disparou sem mais e nem menos, ficando difícil a respiração, como se algo apertasse com força a sua garganta.

Gabrielle se debatia bruscamente, mas seus braços e pernas estavam presos, já não sabia se aquilo fazia parte de um pesadelo ou se alguém realmente estava tentando assassiná-la.
Seus olhos se abriram. Ainda sem fôlego ela olhou ao redor, porém não pode ver nada, somente a estranha sensação da porta se fechando lentamente. Ao tentar mover seus braços notara que estavam presos em uma espécie de cinta presa a cama. Sussurros invadiram sua cabeça e a fraca luz de seu quarto voltará a ficar piscando.
Às vozes diziam: “Sai daqui. Saia logo.” Repetiam sem parar. A garota assustada forçava as cintas de seus braços com tanta força que não notou que estava se machucando.
Folgando as cinta que a prendiam conseguindo sair. Entretanto, para sua surpresa a jovem enfermeira havia acabado de entrar em seu quarto, a vendo em pé e com os pulsos sangrando.
  - Não senhorita.- Disse ela em tom aflito e amoroso. - Veja só. Estar ferida e ainda por cima fora de sua cama. Vamos. Vou lhe deitar novamente e te dar seu remédio.
  - Eu não vou tomar droga de remédio algum! - Gritou Gabrielle em fúria e desacordo. - Eu não quero dormir, quero saber quem eu sou e ficar acordada!
A enfermeira assustada com ação da garota segurou os braços da jovem na intenção de controlar a situação.
  - Senhorita. Por favor se acalme! Isso e para seu próprio bem.- Disse a enfermeira.

— Não.Não é! - Se soltando dos braços da enfermeira ela a segurou com tanta força que nem sabia que tinha e a encarou dentro dos olhos.
  - Todas as suas belas e dolorosas lembranças eu comerei e a sua vida eu beberei. Proferiu a garota com a voz firme, como se já estivesse dito e feito isso varia vezes. Em seguida uma fumaça azul saiu de dentro da boca e dos olhos da enfermeira e entraram na boca da garota que os engolia e os saboreava.
  Tudo estava escuro e logo as primeiras cenas de uma infância feliz apareceram, seguida de um funeral de um doce velhinha em uma tarde fria e escura. Passaram se então alguns anos as imagens se tornaram mais claras. Uma jovem perto de um lago com seu namorado, uma formatura e um leito de hospital com um senhor deitado ao lado de um buquê de flores com um cartão colorido com o nome “querido papai”. As cenas começaram a ficar mais recentes. O seu primeiro emprego no sanatório montanha azul, até chegar no dia em que Gabrielle chegou. A enfermeira desde o primeiro instante a tratava com carinho e atenção, e assim até o dia em que ela acordou. Gabrielle podia sentir o pulsar da enfermeira diminuindo a cada memória aberta, então o remorso bateu em Gabrielle que a soltou deixando com que ela caísse no chão. Aos poucos a cor da enfermeira foi voltando e a respiração.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. Deixe um comentário dizendo do que acharam. Podem me dizer onde errei, e onde poderia melhorar, adoraria responde -los.
Até a próxima.



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