O tabuleiro de Xadrez normalmente é de forma quadrada, com um padrão reticulado peculiar com alternância de duas cores entre as suas subdivisões. Ele possui oito linhas e oito colunas, totalizando 64 subdivisões. Num jogo de Xadrez, cada jogador controla 16 peças e seu objetivo é derrotar o Rei do adversário, mesmo que isto significasse o sacrifício de algumas peças suas.

Esta história também contará com 16 personagens, mas diferente do Xadrez aqui todos possuem a mesma importância, ou não, poder ser que tudo isto seja uma mentira, afinal esta história estará repleta delas.

Para cada uma das 16 peças, tudo começou da mesma forma, um convite.

— Xeque-mate. – disse sua voz fria.

— Impossível! – reclamou o outro jogador olhando para o tabuleiro tentando entender o que tinha acontecido.

O vencedor não tinha mais paciência para perdedores que nem aqueles, sempre vencia muito fácil e toda vez que isto acontecia o outro lado reclamava.

— Você deve ter trapaceado! – exclamou o perdedor.

Ao ouvir aquele infame comentário, o garoto que vencera, agarrou a gola da camisa do seu adversário e ou jogou em cima da mesa em quem jogavam.

— Você pode reclamar que perdeu, mas não ouse me chamar de trapaceiro pelos erros idiotas que você cometeu na partida. – disse ele o encarando com seus olhos vermelhos ameaçadores através de suas lentes do óculos que usava..

— Me desculpe! – implorou o outro jogador.

— Tudo bem. – Ele ainda agarrando a gola da camisa do seu adversário, o arremessou para o chão.

Logo após, resolveu ir embora, caminhando devagorosamente sem olhar para trás.

— Um dia eu ainda vou te derrotar! – gritou o jogador caído no chão.

— Esperarei ansiosamente por este dia. – sorriu o garoto de cabelos escuros. – Só é uma pena que este sonho não vai se realizar. – A expressão do garoto ficou séria e ele foi embora.

Muitos sonham em superarem seus limites, derrotarem seus adversários, chegarem no topo, onde ninguém nunca chegou antes. Aqui vai uma notícia para vocês, este lugar tão desejado chamado de “Topo” não é nada do que vocês pensam ou podem querer. Afinal, do que adianta atingir o ponto mais alto, se após chegar lá, não há mais nada que fazer, nenhum outro desafio a superar. Vocês devem estar se perguntando “Do que você sabe? Deve ser apenas algum invejoso que não conseguiu chegar no topo e por isso não quer que ninguém mais chegue.”, sinto muito decepcioná-los, mas estão errados.

Meu nome é Makoto Lupin e eu cheguei no “Topo”. Apesar de estarem errados sobre mim, em uma coisa vocês acertaram, eu realmente sou um invejoso, tenho inveja daqueles que ainda estão escalando essa montanha com todas as forças e mesmo caindo sempre levantam, tenho inveja de mim no passado quando ainda estava escalando, mas agora, estou neste “Topo” parado, apenas esperando para que algum dia alguém chegue e o tome de mim. Eu sempre prezei por um bom desafio, mas agora tudo que me resta é uma vida monótona e chata, pelo menos era isto que eu pensava até ele aparecer.

Um homem alto que estava usando uma máscara branca com trés furos em forma de luas minguantes, dois nos olhos e um na boca que fazia um enorme sorriso. Ele também usava uma cartola preta com laço vermelho assim combinando com seu terno e calça. Ao sair do seu último jogo, Makoto estava retornando para sua casa quando o avistou, ele estava na rua a frente de sua casa, mas o jovem garoto de 16 anos, resolveu fingir que não o havia visto e passou por ele, indo em direção a porta para abri-la. Foi então que a figura misteriosa de máscara começou a gargalhar. Makoto sabia que o melhor era ignorá-lo, mas aquela risada o fez por um reflexo, virar-se e fitar o homem mascarado.

— Desculpe meu ataque de risos, mas achei muito interessante o fato de ter-me ignorado, afinal eu sou uma figura estranha, não sou? – indagou retoricamente o homem.

Makoto continuou calado, e o mascarado resolveu continuar:

— Com certeza deve estar se per gutando “O que este homem maluco está fazendo em frente a minha porta?”. Mas não se preocupe, eu vim te dar uma oportunidade, Makoto Lupin.

— Como você sabe o meu nome? E o que você quer? – indagou o jovem.

— Todos sabem o seu nome, afinal aos 12 anos derrotou o campeão mundial de Xadrez e continuou invicto desde então, isto é um feito incrível e, com certeza, ele não foi ignorado. – respondeu o mascarado.

— Você ainda não respondeu tudo. Além disso, quem é você?

— Desculpe-me por minha arrogância, eu me chamo Joker e estou aqui para te entregar este convite. – Ele tirou de sua cartola um envelope com um símbolo de lua no meio, onde havia escrito o nome “Somnium”, e o entregou para o garoto. – Me diga, você já ouviu falar do Projeto Somnium?

O nome não era estranho para Makoto, mas ele não conseguia lembrar com clareza nada sobre aquilo.

— Você me parece confuso, então explicarei. – Joker se aproximou de Makoto. – O Projeto Somnium é a ideia de fazermos uma cidade academia onde apenas os melhores dos melhores poderão entrar para desenvolver seus talentos e assim se tornarem as esperanças do mundo, você foi dos jovens selecionados para participar devido aos seus talentos.

— E o que eu ganho com isto? – indagou Makoto. – Não me importo em ser a esperança do mundo nem nada disso.

— Não se preocupe, a Cidade Somnium é projetada para que todos os participantes do projeto possam ter tudo que quiserem, comida, bebidas, riquezas, luxurias e todo tipo de prazer que estiver imaginando! – exclamou Joker.

— Sinto muito, mas não procuro nada disso. – Makoto deu as costas para Joker, foi até a sua porta e destrancou, mas quando estava prestes a abrir para entrar algo que o mascarado disse o fez mudar de ideia.

— Você está atrás de um desafio, não está? – A atenção do garoto se voltou para Joker. – Em Somnium você encontrará desafios que nunca teria imaginado antes. Você acha que está no “Topo” e não pode subir mais, mas se você entrar no projeto, te garanto que perceberá que ainda possui muitos desafios pela frente antes de alcançar o topo desta montanha.

Makoto esperava por algo assim por anos, ele não sabia se o que Joker estava dizendo era verdade, mas aquilo era muito tentador para o garoto.

— Pensarei melhor neste caso. – contou Makoto.

— Maravilhoso! – exclamou Joker. – Guarde bem este convite que te dei e quando resolver o que fazer, nos envie uma resposta. Esperaremos ansiosamente. Até a próxima vez que nos encontrarmos.

Joker estava pronto para ir embora, mas foi interrompido por Makoto:

— Antes de ir, poderia me responder uma pergunta?

— Claro meu jovem. Qualquer dúvida é só me falar.

— Por que você usa esta máscara? – Aquela pergunta pegou Joker de surpresa.

— Você certamente é bem interessante. – riu Joker. – Eu não tenho uma resposta muito simples para esta pergunta, mas posso dizer que é para não assustá-lo.

Ao dar sua resposta vaga, Joker caminhou para longe e desapareceu nas sombras.

Aquilo tudo tinha sido muito para Makoto, ele precisava refletir cada segundo daquele momento primeiro, foi então que entrou em sua casa. Abriu o envelope, que Joker o havia dado, dentro tinha as mesmas informações que o mascarado havia dito e no fim, havia uma pergunta a ser respondida “Você aceita participar do Projeto Somnium?”, embaixo dela havia dois quadradinhos a serem preenchidos, um escrito “Não” e outro “Sim”, por embaixo de tudo, havia um local para assinar. Naquele momento, o jovem garoto não sabia o que faria.

Depois de pensar muito, Makoto resolveu fazer uma pesquisa, ele ligou seu computador e colocou em um site de busca onde digitou “Projeto Somnium”. Diversos sites aparecerem, ele ia entrando em cada um, olhando e procurando por informações, mas a maioria dos sites falavam a mesma coisa, de como este era um projeto revolucionário que mudaria o mundo. Pesquisando mais afundo, descobriu que as maiores empresas do mundo estavam participando daquilo, sendo como organizadores ou apenas patrocinadoras. Continuando não encontrou nada muito diferente, além do vídeo do dia em que o Projeto Somnium havia sido anunciado e quem o apresentava era o homem mascarado que ele havia conhecido a pouco tempo, Joker. Quando já estava pronto para parar sua pesquisa, encontrou algo diferente.

— O Projeto Somnium, formado pelos Ace Kings, tem outro objetivo, além de formar esperança para população. – leu Makoto. – Algo está sendo escondido de muitos, seu real objetivo é…

Quando ele lia, houve um blecaute e seu computador desligou, assim como todas as luzes de sua casa.

— Droga! – reclamou ele.

Quando olhou a janela para ver quão forte havia sido o apagão, se assustou. O único lugar que havia tido suas luzes desligadas era a sua casa, de resto, todos os outros lugares estavam com as luzes acessas. Não houve muito tempo para ficar se perguntado o que havia acontecido quando, suas luzes ligaram novamente. Makoto correu para seu computador, o ligou novamente, foi até o navegador e olhou seu histórico tentando entrar no site que havia entrado antes do blecaute, mas para sua surpresa quando clicou no link, o site havia saído do ar.

— Mas o que? Primeiro o apagão e agora isto. – pensou Makoto confuso.

Sem entender direito a situação, ele se jogou em sua cama e fitou a Torre Eiffel através de sua janela. Então um pensamento começou a percorrer por sua mente. Ele se lembrou das palavras de Joker sobre desafios.

— Será que este já é o começo de um desafio? – indagou Makoto.

Ele pegou o convite com o nome “Somnium” que recebera, o abriu, marcou a opção “Sim” e assinou seu nome.

— Joker, eu aceito seu desafio. – sorriu Makoto.

As peças de Xadrez já estavam fazendo seus movimentos, pois o jogo…

… Já havia começado.