Trying to survive escrita por LovelyGirl


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Yeeeah ! mais um capitulo ♥

Espero que gostem !! :3



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— Você não me disse seu nome — Disse vendo ele ir para trás do balcão.
— Meu nome é Kuon, sou o general e responsável pelo comércio na cidade — disse pegando um copo colocando algo de cor marrom.
— Kuon — disse sorrindo — quando eu tiver mais perguntas você vai poder chamar a anciã para responder? — perguntei e ele passou o copo pra mim.
— Se eu não puder responder pode ser que eu chame — disse pegando outro copo — beba!
— O que é isso? — perguntei e bebi sentindo descer por minha garganta.

Tinha um gosto doce e gostoso, nunca tinha provado algo parecido com isso.

—______________________________________________________________

Eu a vi beber o copo quase inteiro e examinar o restante, ela sempre tinha uma reação um tanto engraçada e difícil de acreditar.

— Isso se chama bebida dos deuses — disse e ela olhou pra mim curiosa.
— Bebida dos deuses? — perguntou.
— Sim, é uma mistura de leite e chocolate — disse bebendo o meu.
— Você disse chocolate? — disse e olhou para a garrafa de chocolate ao lado — Isso é chocolate líquido? Eu nunca li sobre isso, então chocolate tem o mesmo gosto que este? — perguntou levantando o copo.
— Mais ou menos — disse rindo.

Ela sorriu e continuou a beber o restante do chocolate, era até estranho ver ela ficar feliz com algo tão simples, olhando para seu corpo ela era magra e a camisa que eu dei para vestir sempre escapava por um dos seus ombros, andei até seu lado, estiquei a mão até seu ombro e a vi se encolher evitando o meu toque.

— Desculpe eu não... — disse levantando a camisa cobrindo o seu ombro.

Ela estava com um olhar estranho, decidi ignorar porque se queríamos que ela confiasse em nós para dizer algo mais valioso teria que também deixar ela ter algum espaço.

— Tudo bem eu só ia arrumar — disse sorrindo e indo até uma das janelas — eu preciso sair e volto daqui algumas horas.
— Aonde vai ? — perguntou se levantando e vindo até mim.

A imagem dela com roupas maiores que seu próprio corpo era engraçado e fofo ao mesmo, para qualquer lobo que a visse não acharia que ela era perigosa, tinha uma imagem inocente de uma criança que ainda estava descobrindo coisas sobre o mundo.

— Vou ver o responsável por tudo isso — disse apontando para a vila em baixo — venha ver !

Ela caminhou até mim com certa cautela provavelmente temendo por tomar outro susto como mais cedo, ela olhou para baixo e depois voltou um pouco tentando não colocar muito a cabeça pra fora.

— Quem são essas pessoas? — perguntou.
— Essas pessoas fazem parte da alcatéia, somos quase como uma grande família — disse e ela olhou pra mim.
— Todos são sua família? — perguntou
— Sim de certa forma, nós somos família de sangue mas todos nós cuidamos um do outro entendeu? — perguntei e ela negou, tinha muita coisa que ela não sabia sobre o mundo, coisas básicas e estou começando a pensar que ela não tem muita informação que podemos usar — vou falar com você sobre isso depois, mas você não pode colocar o braço pra fora daqui, entendeu?

— Sim — disse tirando a mão da janela — vou poder ver as flores?
— Sim, pode — disse passando a perna sobre a janela — não mexa em nada na cozinha.

Ela assentiu e se afastou apenas ficando contra a parede esperando eu sair, pulei para os galhos a frente e comecei a subir em direção a casa principal, quero ver até onde aquela velha contou a meu pai sobre essa menina.
—__________________________________________________________________

O vi pular para os galhos e passar pelas árvores como se estivesse andando em terra firme, voltei meu olhar para as escadas e me apressei em subir, entrando no quarto eu vi o vaso enorme de flores, caminhei ficando bem próxima a porta apenas a alguns passos de distância e me ajoelhei no chão e comecei a engatinhar devagar fechando a um canto a porta, então apenas estiquei a braço e tentei puxar o vaso mas estava realmente pesado, ergui o olhar para as árvores e não pode  enxergar nenhum lobo, me arrasto entrando mais alguns centímetros na varando e agarrado o vaso conseguido o puxar para mais perto do batente da porta mas ainda deixando para fora recebendo luz solar, eu toco as pétalas das flores tão macias e cheirosas depois afundo minha mão tocando a terra sentindo a textura e vendo manchar aos poucos os meus dedos.

— Queria ter aprendido a fazer isso — disse a mim mesma.

Foi proibido a mim fazer as flores criarem vida, nunca havia aprendido como fazer isso mesmo eu tendo pegado o poder e a energia, era proibida de usar qualquer poder além de prever o futuro, nunca me disseram o porquê e também nunca me disseram como esses poderes estavam marcados no meu corpo, fugindo dos meus pensamentos eu ouvi um som de folhas se mexendo e senti o vento bater no meu rosto coisa que nunca senti antes ou desde de a noite que fugi consegui tempo para parar e sentir, com a cabeça encostada ao batente da porta eu apenas fechei o olho enquanto passava a mão na terra do vaso, me veio á cabeça uma pequena raiz crescendo e saindo da terra depois logo senti algo entre meus dedos.

— O que ?

Eu olhei para minha mão e lá estava entre meus dedos um pequeno talo de flor.

— Eu consegui — disse a mim mesma sem acreditar — eu consegui !!!!!

Eu me levantei olhando ao redor do quarto procurando um copo e pego um que estava em um pequeno móvel ao lado da cama, volto me sentando ao lado do vaso e começo a tirar a terra em volta da raiz depois pegando e colocando no copo.

— Eu preciso... — disse me levantando de novo — de mais luz... — andei pela varanda e me sentei no chão de novo colocando o copo á minha frente — tudo bem... — disse tocando o pouco de terra no copo — Eu consigo... Eu consigo...

Eu me concentro na flor, respirei fundo e tentei imaginar a mesma coisa que antes, logo vejo a pequena raiz crescer aos poucos formando um pequeno botão de rosa, eu me sentia fraca mas mesmo assim achei força pra gritar de felicidade, me aproximei do vaso grande e voltei a me encostar ao batente da porta olhando com alegria o que eu acabei de fazer, mesmo concentrada na beleza das flores eu pude ouvir um rosnado e logo me encolhi puxando minha pernas ao corpo tentando ver da onde vinha aquele som mas não vi nada em nenhuma das árvores.

— O que está fazendo aí ?

Escutei uma voz feminina por trás de um rosnado, olho para dentro do quarto e vejo um lobo pequeno com os pelos de um tom marrom claro, depois de olhar por alguns segundos desacreditada me dei conta de que ouvi esse lobo falar envio uma das mãos por entre os meus cabelos e tento assimilar tudo isso.

— Me diga o que está fazendo aí ? — gritou fazendo eu me assustar e quase deixar o copo cair.
— N-nada... Eu ... Estava — tento falar mas as palavras quase nem saem da minha boca.
— Saia daí  — disse vindo até perto de mim e eu me afasto da porta de encostando mais a parede.

Não dá um segundo que eu tento respirar e outro rosnado dessa vez mais alto rugia na direção da varanda logo aparecendo o dono do som alto.

— O que está fazendo aqui? — perguntou para o pequeno lobo.

Eu tentei me levantar e me afastar dos dois lobos mas no meio do caminho eu caiu no chão logo sentindo uma ardência na mão e na barriga, me sento no chão e arrastei para longe deles, o maior faz menção em vir em minha direção mas eu ergo as mãos.

— Não chegue perto de mim — disse com a voz trêmula e agarrei com força a minha camisa.

Eu sentia meu rosto começar a se encher de lágrimas e cada vez que eu arrastava para longe deles sentia minhas mãos arderem, o lobo continuou andando em minha direção e aquilo me deixou apavorada.

— Kuon me ajuda — gritei apertando meus punhos na camisa e fechando os olhos fortemente.

Eu podia ouvir várias explosões perto de mim, eu estava com medo e desesperada, ouvi outro rugido e abri os olhos vendo o lobo de costas pra mim frente a outros lobos que entravam no quarto, o lobo preto a minha frente virou o rosto para mim, eu comecei a sentir o corpo pesado e minha visão ficou escura.

—____________________________________________________________

Assim que entrei na casa principal vejo o querido rei um grande lobo branco e logo que me vê rosna pra mim, andava de um lado para o outro esperando que eu dissesse alguma coisa.

— Vai ficar aí andando sem dizer nada? — perguntou a velha aparecendo de um dos corredores.
— Okay, me falem o que descobriram? — perguntou indo até um sofá e deitando da forma mais indiferente.
— Pelo que deu pra perceber ela não sabe de muita coisa, muito menos dela mesma — disse a velha indo até minha mãe e se sentando ao seu lado.
— Então mande ela embora não precisamos de problemas — disse se levantando do sofá e indo para sua preciosa cadeira.
— Porém ela pode ser valiosa para nós — disse e vi ele me olhar tendo sua atenção — pelo que parece faziam pesquisas com ela.
— Pesquisas? — perguntou.
— Se lembra daquelas histórias que eu te contava? — a velha perguntou e ele assentiu — ela faz parte de uma dessas histórias.
— Como? — perguntou desacreditado.
— Ela é uma Kyuden — disse e voltou a se levantar.
— E você deixou ela sozinha? — perguntou alterado.
— Ela não tem tanto poder agora não pode fazer nada a ninguém — disse já com raiva.
— Você não sabe quais poderes ela tem — gritou indo até a janela e voltando.
— Já disse ela não tem energia suficiente — disse me levantando e indo até ele.

As luzes deram uma variação de energia e eu olhei para a janela, não sei o que houve mas eu senti que algo estava errado.

— Ela pode ter se aproveitado enquanto você estava fora — gritou correndo para fora da casa e eu fui atrás dele — como pode confiar em deixar ela sozinha se nem a conhece direito?
— Ela está cercada de lobos nem sobreviveria se tentasse alguma coisa — disse quando paramos em frente à casa.

Olhei ao redor das árvores e eu vi ninguém, sai correndo pela casa até o quarto com meu pai atrás de mim, quando eu entrei vi todos os lobos saindo pela varanda, Maria cheirando o rosto de Kyoko que estava caída no chão desacordada e o mesmo lobo preto de antes colocando todos para fora, me aproximei de Kyoko e vi suas mãos ensangüentadas sobre sua barriga, afastei Maria de perto dela e a peguei no colo com cuidado a levando até a cama.

— O que aconteceu aqui ? — perguntei ainda olhando para ela parecendo como da primeira vez que a vi.
— Essa pequena aqui estava no quarto, entrei para tirar ela daqui e essa aí se apavorou, acabou caindo no chão e se machucando, fui tentar acalmar ela mas ficou mais apavorada ainda e gritou, tudo começou a explodir e logo depois os lobos entraram e ela desmaiou — disse o lobo de pelagem escura.
— Você disse que ela não tinha energia para ferir ninguém — rosnou meu pai
— E não tem — disse olhando frio para ele — ela só conseguiu explodir as lâmpadas desse quarto e causar uma pequena queda de energia na sua que era a casa mais próxima daqui, se ela tivesse mais energia além do que a fizesse ficar de pé teria causado um curto em todas as casa desta vila colocando fogo em tudo — disse e vi ele estreitar os olhos — você disse pra não dar nada além do necessário pra ela ficar viva e responder tudo o que queríamos e eu sei muito bem seguir uma ordem — disse e me levantei.

Andei até o banheiro pegando a caixinha de primeiros socorros que não era uma coisa muito necessária pra mim mas poderia acabar usando alguma vez de qualquer forma, quando voltei para o quarto vi meu pai sentado em frente à cama encarando o rosto dela e maria tentando subir em cima da cama.

— Você pode sair — disse ao lobo e me sentei ao lado do seu corpo — saia de perto dela — disse ao meu pai.

Ele me olhou e depois saiu pegando Maria pela boca e a colocando entre suas patas, peguei a mão de kyoko e comecei a tirar os cacos de vidro limpando o excesso de sangue, olhei para a sua blusa e vi manchas de terra.

— Maria sabe o que ela estava fazendo antes do guarda aparecer? — perguntei sem tirar os olhos de seus ferimentos.
— Eu vi ela segurando um copo com uma flor — disse andando até meus pés — ali olha — disse e apontou com a pata para o canto do quarto próximo aonde ela estava caída.

Meu pai vai até o local e cheira depois afasta os cacos de vidro e terra revelando um pequeno botão de rosa.

— Isso é uma flor? — perguntou arrastando o botão de rosa pelo chão.
— Sim, deixe isso aí — disse e voltei meu olhar para ela.

Eu tiro os cacos de vidro que estavam sobre sua barriga e depois levanto de leve sua camisa vendo outro desenho que não havia reparado antes manchado de sangue, era um ramo de flor na sua barriga que estendia até sua perna parando minha visão até o comprimento do short, limpo sua barriga do sangue e volto a abaixar a blusa, olha para sua mão e ainda não tinha se recuperado completamente, pego um dos casos de vidro e passo na minha mão abrindo um corte.

— O que vai fazer kuon? — perguntou meu pai
— Dar sangue pra ela se recuperar logo — disse e abri sua boca de leve.
— Não faça isso você não sabe o que pode acontecer — disse subindo em minha perna e tentando me parar.
— Ela não vai fazer nada, agora sai fora — disse empurrando ele com o pé

Eu apertei minha mão e fiz algumas gotas pingar na sua boca logo vendo mexer a mesma, coloco minha mão em contato com seus lábios e sinto sua língua lambendo o ferimento, tiro minha mão dali e vira a cabeça lambendo os lábios, olhei para sua mão e ela começa a se regenerar rapidamente, pego uma bandagem e começo a enrolar em minha mão depois sinto ela tocar na minha perna.

— O que foi? — perguntei olhando para ela com os olhos cansados quase não aguentando abertos.
— O que ... — disse com a voz fraca e levantando a mão
— Descansa depois eu te falo o que aconteceu, está tudo bem agora — disse segurando sua mão.

Ela olhou pra minha mão enfaixada com um pouco de sangue ultrapassando o pano e puxou revelando o corte, passou sobre o corte e fechou os olhos, segundos depois a ferida na minha mão estava se fechando.

— Ei não faz isso, você ainda está fraca — disse pra ela tirando minha mão da sua.
— Só um ajuda — disse ainda com os olhos fechados.

Ela começou a respirar profundamente e presumi que estava dormindo, guardei as coisas na caixa de primeiros socorros e olhei para meu pai.

— Ainda está preocupado? — perguntei me levantando e indo até a flor caída no chão.
— Porque fez isso ? — perguntou.
— O que ? — perguntei indo até o vaso que estava perto da porta vendo o buraco na terra.
— Dar sangue pra ela — disse vindo até mim e vendo que eu estava colocando a flor no vaso.
— Porque ela precisava e se precisar de mais eu daria mais — disse me levantando.
— Você está ficando louco só pode — disse e eu viro os olhos depois vejo Maria balançar a cabeça.
— Porque acha isso? — perguntei parando no meio do corredor e voltando a olhar para ele — porque ajudei ela a sobreviver? — disse e vi ele rosnar — até hoje de manhã ela nunca tinha visto uma maçã ou uma flor na vida inteira dela, duvido até que ela saiba dessa guerra de território entre vampiros e lobos, se ela nem sabia da sua própria história como vai saber da história dos outros? — perguntei mesmo não tendo resposta alguma.
— Mas você não pode se apegar a ela, não importa o que eles faziam com ela se for contra a gente todos na vila estão perdidos — disse com o olhar frio.

Seu olhar dizia que iria tomar a responsabilidade e que o menor deslize que Kyoko desse, sua vida nessa terra já era, não vou me colocar na frente dele se algo assim acontecer porque também tenho essa responsabilidade nas mãos, mesmo assim não creio que ela tenha alguma noção do que acontece aqui.

— Não se preocupe — disse ainda olhando em seus olhos — eu tenho a mesma responsabilidade que você.

Eu desci as escadas e vi minha mãe e a velha minha avó sentadas no sofá, assim que elas me vêem se levantam e percebo uma sacola de roupas em sua mão.

— O que fazem aqui ? — perguntei me aproximando delas.
— É assim que fala com sua mãe? — disse com o olhar zangado — trouxe as roupas do seu pai e algumas para a menina, sua avó disse que ela estava usando uma de suas roupas.
— Sim, obrigada mãe — disse sorrindo pra ela e peguei a sacola de roupas tirando as do meu pai e jogando nele — vai se trocar logo !
— Que delicadeza, não é porque é meu filho que eu não posso te expulsar daqui — disse indo até o banheiro.
— Se quisesse já teria feito isso a muito tempo — disse me jogando no sofá.
— Eu ouvi isso — gritou.

Ignorei meu pai e apenas fiquei deitado lá, Maria tentava subir no sofá então peguei ela e a coloquei do meu lado se remexendo pra se aconchegar no pequeno espaço que sobrou.

— Como ela é?

Ouvi minha mãe perguntar, ela olhava para a porta do quarto próximo a escada e depois voltou seu olhar pra mim, não tinha a visto ainda e provavelmente só imagina como ela deve ser.

— Depende do que você quer saber — disse agora olhando para o teto.
— Quero saber da aparência dela e do seu jeito de ser — disse com a voz suave.
— Ela é diferente, não é como alguma mulher da alcatéia aliás ela é uma vampira — disse acariciando a cabeça da Maria — ou quase... Não sei como definir a raça dela — disse olhando para a minha avó.
— Ela é uma híbrida, de algum jeito semelhante a nós que somos humanos e lobos — disse e olhou para minha mãe — depende dos pais dela, não perguntamos nada sobre isso, não que ela possa saber de algo...
— De qualquer forma ela não aparenta ser uma pessoa ruim — disse e as duas voltaram seu olhar para mim — parece que não viveu realmente a sua vida, não sabe sobre nem metade do que está a volta dela.

— Vendo por esse lado não parece ser perigosa — disse minha mãe.
— Ela é como uma criança apesar de já ser grande, quando conversar com ela vai ver o seu jeito inocente — disse me lembrando do seu olhar.
— Depois que dermos mais roupas a ela vamos ter que cortar seu cabelo — disse minha avó — o comprimento chega quase a seus pés.
— Nossa — disse surpresa.
— Achei bonito — disse
— Bom não é muito fácil de cuidar — disse minha mãe.

Meu pai voltou e paramos de falar, ele não estava achando nada bom a presença de Kyoko afinal ela era uma vampira mesmo a minha avó dizendo que ela era híbrida, minha mãe por outro lado não ligava para o que ela fosse estava mais curiosa em a conhecer conforme ouvia o que dizíamos sobre ela.

— Okay, deixando de lado o fato que vocês pararam de conversar assim que eu cheguei — disse afastando minhas pernas e se sentando — o que vamos fazer com a menina?— perguntou olhando para todos — até agora não disse muita coisa que fosse válida pra ela ficar aqui e que nos ajudasse com essa guerra.
— Querido temos que dar tempo pra ela, você já ouviu sua mãe — disse para ele — até onde sabemos de sua história ela não sabe de nada do que acontece aqui fora.
— Eu sei, mas tenho que me preocupar com isso, mesmo dizendo que ela pode nos ajudar ela também pode nos destruir — disse e se levantou — como na história que me contou, ela pode ser a destruição ou a salvação de uma vila inteira e se eles a tinham em suas mãos para o que ela servia se não fosse para essa guerra maldita.
— Ela pode até ter sido usada para isso mas não sabia de nada — disse me sentando — não acha que se ela estivesse sabendo de alguma coisa toda a nossa raça não estaria destruída?
— Ele tem razão — disse minha avó — eles não poderiam a corromper nem se quisessem porque poderia se voltar contra eles, se ela tivesse essa ideia de destruição de toda uma nação e mesmo assim tivesse sido mantida trancada como foi, ela mesma iria ir contra eles.
— Quando você tirou as balas da sua perna ela disse " o desgraçado conseguiu me achar, eu prefiro morrer do que voltar para aquele lugar" — disse pegando a sacola de roupas — ela descobriu que esse alguém que ela tanto confiava a estava enganando e fugiu, ainda acha que ela sabe de alguma coisa sendo que nem sabia que a estavam enganando ?

Deixei minha pergunta pra ele e fui subindo as escadas quando me virei para a porta vi minha mãe e Maria subindo também, entrei no quarto e a vi ainda dormindo, provavelmente o sangue era mais sustentável do que a comida, seus lábios pareciam mais rosados, deixei as roupas em uma das gavetas da cômoda e vi minha mãe e Maria olhando para ela, me sentei na cama e a ajeitei melhor a deixando mais confortável.

— Ela parece uma vampira mas não como os da cidade — disse minha mãe.
— Não parece nem um pouco — disse e peguei Maria que tentava pular na cama

Maria andou pelo colchão e ficou cheirando seu rosto que dava sinais de incômodo, ela passou a mão no rosto onde Maria estava a cheirando e se virou de frente pra mim.

— Gelado... — disse com voz sonolenta.
— Ela disse que eu sou gelada? — perguntou Maria.
— Você estava encostando o focinho nela — disse minha mãe rindo.

Kyoko começa a se mexer dando sinais de que vai acordar, minha mãe se afasta um pouco mas eu seguro sua mão, assim que ela abriu os olhos devagar e me viu pude ver um pequeno sorriso.

— Está se sentindo melhor? — perguntei.
— Sim... Sua mão está doendo? —perguntou olhando para minha mão que estava apoiada no colchão — não deu pra curar completamente...
— Estou bem — disse sorrindo e puxei minha mãe mais para frente — olha essa é minha mãe ela queria te conhecer… — Kyoko se senta de frente para ela e sorri.
— Oi... — disse a encarando — se você é a mãe dele então não tem um pai?
— Não ele tem um pai sim — respondeu sorrindo e ela franziu a testa.
— Pensei que não dava pra ter os dois — disse olhando para mim.
— Porque pensou isso? — perguntou.
— Meu pai disse que não dava certo ficar com a minha mãe — disse dando os ombros.

Eu olhei para minha mãe que estava meio surpresa com o que ela disse e eu fico pensando que tipo de pessoa era esse "pai" dela.

— Lembra que eu disse que iria explicar como era uma família? — perguntei olhando pra ela.
— Sim...
— Então... — disse segurando sua mão — uma família é composta de duas ou mais pessoas, na minha família tem minha mãe, meu pai e minha avó — disse vendo ela concorda como se dissesse que estava entendendo.
— Não esquece de mim — disse a maria.

Kyoko olhou para Maria e tirou sua mão da minha tentando se afastar mas eu segurei ela.

— Calma ela não vai fazer nada — disse segurando seu braço e a puxei para mais perto — ela é da minha família também eu não disse que todas aquelas pessoas eram como uma família? — perguntei e ela assentiu — então ela também é.
— Você consegue ficar assim também? — perguntou.
— Sim eu também viro um lobo — disse sorrindo vendo seu olhar de interesse.
— É legal mas temos que ter cuidado pra não deixar entrar formiga nos pelos — disse Maria rindo.

Kyoko ficou mexendo no ouvido e fechando o olho com força, acho que estava tendo dificuldades com o rosnado de Maria.

— Ainda não se acostumou em ouvir os rosnados? — perguntei.
— Eu não consigo a ouvir direito — disse olhando para Maria — não entendo muito o que ela diz.
— Você consegue entender ela? — pergunta minha mãe.
— É a tatuagem? — perguntei e ela assentiu — Maria ainda não sabe limitar a voz dela deve ser por isso que a incomoda.
— Você está falando dos poderes? — perguntou minha mãe — ela não controla todos?
— Ela não sabe usar os outros direito eu acho — disse e ela assentiu — mãe pega uma roupa qualquer pra Maria pra ela ficar da forma humana.
— Aah mas eu...
— Não, eu sei que você está treinando e tudo o mais, mas você já fez isso o dia inteiro e temos que ajudar ela — disse vendo Kyoko nos olhando sem entender nada.

Minha mãe pega Maria no colo e vai com ela até o banheiro, eu me levanto e ajudo ela a se mover na cama deixando a sentada na beirada depois me ajoelhei na sua frente.

— Você vai tomar outro banho e trocar essas roupas sujas, depois nós vamos lá em baixo e você vai conhecer meu pai, tudo bem ? — perguntei.
— Sim... — disse olhando para o chão sujo de terra — eu não estou atrapalhando estou?
— Não, claro que não, porque pergunta isso?

Ela está a com um olhar profundo e distante, parecia que tinha muitas coisas a pensar.

— É porque eu sei que não me querem aqui, eu sinto isso — disse me olhando nos olhos — todos me olham com curiosidade e isso me deixa com medo.
— Não se preocupe, você é diferente de nós e isso deixa todos curiosos mas não é algo que deva sentir medo — disse segurando sua mão — iremos te contar mais coisas mas você tem que confiar em mim!
— Tudo bem, eu confio em você — disse com o olhar mais suave.
— Posso confiar em você também? — pergunto — se eu perguntar algo pra você vai me contar a verdade sem nenhuma mentira?
— Sim! — disse sem ao menos pensar com um sorriso enorme — sem mentira.
— Okay, certo! — disse sorrindo e me levantando.

Minha mãe sai do banheiro com Maria vestindo apenas uma camiseta como se fosse um vestido, ela leva kyoko com ela para o banheiro, ela era uma pessoa cheia de mistérios mas ao mesmo tempo era tão clara nas suas expressões.

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Dentro do banheiro eu estava me sentindo meio desconfortável com aquela mulher, ela não me encarava mas sua presença me deixava nervosa.

— Não precisa ficar nervosa — disse sorrindo enquanto mexia em umas roupas — só vou te ajudar a trocar de roupa.

Eu apenas assenti com a cabeça e ela sorri me ajudando a tirar a roupa que estava suja.

— Você deve estar meio confusa já que apareceu um monte de gente aqui não é? — perguntou.
— Mais ou menos ... — disse e ela sorriu fraco.
— Tome vista isso — disse me dando um peça com o tecido grosso.
— Como? — perguntei.
— Não sabe vestir um short? — perguntou.
— Isso é um short? — perguntei olhando a peça — mas porque é tão pequeno?
— Porque esse short é para mulheres usarem por isso é mais pequeno — disse rindo e olhando para mim — só vista como vestiu o outro que estava usando.

Eu vesti o short e ele ficou um pouco largo mas não como o de antes, era até um pouco incômodo pois já estava me acostumando com aquelas roupas.

— Tome trouxe esse sutiã não sabia qual era o seu tamanho mas não acho que vai ficar largo — disse me estendendo uma peça rosa.
— Eu não... — disse pegando a peça na mão.
— Eu te ajudo — disse e pegou a peça da minha mão — é só você colocar os braços dentro das alças e depois fechar atrás — disse e eu puxei meu cabelo para ela fechar.

Eu toquei no meu peito por cima do tecido e depois passei os dedos nas alças, era uma sensação estranha nunca havia usado isso antes.

— Acha estranho? — perguntou.
— Sim — disse sem graça.

Ela me olhava com um sorriso no rosto e isso estava me deixando com vergonha, quando eu era inspecionada pelos médicos que olhavam para as marcas nunca havia ficado desse jeito na frente deles.

— Com um tempo você se acostuma — disse sorrindo e me entregando uma camisa — vista essa camisa e então podemos ir.
— Ir para onde? — perguntei vestindo a blusa.
— Quis dizer sair do banheiro e depois descer para a sala para conversar — disse e veio atrás de mim de novo — posso arrumar o seu cabelo?

Eu assenti apenas por curiosidade no que ela iria fazer, senti seus dedos passarem pela minha cabeça e aqui me deu arrepios, me fez lembrar de quando era pequena e não tinha cabelos, fiquei quase um ano fazendo exames na cabeça que foi uma época bastante cansativa pra mim, minutos depois ela joga meu cabelo para frente e vejo preso como se fosse uma corrente.

— Como fez isso? — perguntei passando a mão no cabelo.
— Isso se chama trança e depois eu posso te ensinar — disse sorrindo e senti ela passar as mãos nas minhas costas.

Ela abriu a porta e nós duas saímos, eu ainda segurava a trança nas mãos imaginando como era feito aquilo.

— Está tudo bem?
— Sim... — disse olhando para Kuon que estava próximo de mim.
— Nós vamos descer e conversar de novo tudo bem? — perguntou e segurou as minhas mãos — assim como fizemos com a anciã, lembra?
— Sim me lembro — disse e olhei para a menina que estava agarrada aos pés dele e tentava pegar minha trança.
— Essa é Maria, o pequeno lobo que  estava aqui antes — disse passando a mão na cabeça dela que a distraiu de tentar pegar meu cabelo — maria vamos descer.
— Sim — disse e saiu na frente sendo seguida pela mulher loira.
— Vamos ...

Eu o segui até a escada e assim que eu vi o homem sentado ao lado da anciã segurei sua blusa, eu me lembrava dele, era o homem que causava a dor na minha perna, o medo me fez paralisar diante daquela figura, ele tem o mesmo olhar de Kuon mas transmitia um sentimento diferente, senti a mão de Kuon sobre a minha e seu olhar sobre o meu fazendo eu finalmente voltar a respirar.

— Está tudo bem, ele é meu pai não vai fazer nada — disse tirando minha mão da sua blusa e a segurando — eu estou aqui não se preocupe.

Nós estávamos parados no meio da escada e sentir o olhar daquele homem pra cima de mim não me deixava nem um pouco calma, Kuon me puxou para seu lado e passou a mão pela minha cintura agarrando minha mão com a outra, quando chegamos perto do sofá todos nós olhavam e era como se estivesse ainda naquela sala sendo observada pela janela de vidro só que mais desconfortável.


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Notas finais do capítulo

Esse foi o 4º capitulo e eu estou muito ansiosa para ler seus comentarios !!!

Converse comigo e me deixe saber o que esta achando ??!!

Até o proximo !! :3



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