Sonhos de uma noite de verão escrita por Maria


Capítulo 16
Capítulo 16


Notas iniciais do capítulo

Olha quem voltou!!!! Sim.
A minha pessoa!!!!


Rapidinho né? para compensar as minhas demoras. Obrigada pelos comentários lindos que recebi!!!!



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Narrado pela autora

Seis anos depois

Era aquele silêncio que a matava. Não era o ambiente esterilizado ou o cheiro de remédio nem mesmo aquele branco enlouquecedor para todo lado. Não. O silencio era a pior coisa. Desde que seu filho nascera silêncio não era algo que ela frequentemente desfrutava. Primeiro veio aquele chorinho que de madrugada era de arrancar os cabelos. Depois foram as primeiras palavras, os murmúrios que todos fingiam entender e por fim as constantes e mais inconveniente perguntas. Aquele pequeno ser no auge dos seus quatro anos fez seus dias cinza e cheios de silencio se transformar  no maior anagrama de cores barulhentas que ela tanto amava.

Um nó subia pela sua garganta enquanto relia aquelas linhas tão conhecidas por ela, mas era história que ele mais gostava e ele estava tão compenetrado, nem parecia que fazia duas semanas que estava naquela cama de hospital com um acesso em sua pequena mãozinha para receber a medicação. Segurou as lágrimas para que pudesse terminar a história.

—”E eles viveram felizes para sempre”. – Terminou fechando o livro, mas o menino não sorria como de costume o que a intrigou demasiadamente. Seu filho relacionava o conto da Branca de Neve com seus avós e sempre que ela terminava a história ele completava com um “igual a vovó e o vovô” mas dessa vez não. – O que foi? Não gostou da história? Ela sempre foi sua favorita!

—E ainda é. – ele disse com sua voz infantil encostando as costas no travesseiro que sua mãe ajeitava atrás de si – Mas eu nunca pensei na Rainha mamãe.

—Como assim meu filho? – Movimentou-se para ficar de frente para o garotinho de bochechas rosadas e cabelos castanhos.

—A Branca de Neve, todo mundo amava ela. Ela tinha seu pai, depois amigos um príncipe e todo um reino que gostava dela. Mas e a rainha? E se ela era má por que ninguém a amava? – Ele perguntou a mãe que não soube o que responder. Seu filho realmente tinha quatro anos ou a doença o fez amadurecer mais rápido?

—Eu não sei te responder querido.

—Eu gostaria de saber. Se eu pudesse conhecê-la eu diria para a rainha que a entendia. Que é muito ruim viver sem amor. Perguntaria a ela se ela queria ser minha amiga e talvez ela não fosse mais tão má. – o menino olhou para a mãe com os olhos brilhantes – Se ela tivesse uma mãe como você tenho certeza que ela seria a pessoa mais feliz do mundo, assim como eu sou.  – A mulher apertou a criança em seus braços impedindo as lágrimas silenciosas de descerem por sua bochecha. Quem dera tudo fosse tão simples quanto o pensamento de uma criança inocente. Quem dera o amor fosse suficiente para amolecer corações. Ela sabia que não era assim. Tinha experimentado na pele e estava marcada até hoje.

—Mamãe a senhora vai me matar sufocado. – ela riu o apertando mais ainda em seus braços – E você vai se atrasar para a festa e tia Ruby vai te matar!

—Emma Swan! Precisa de um menino de quatro anos para lembrar você de seus compromissos? – Mary Margareth entrou no quarto do hospital trazendo um copo quente de Capuccino nas mãos. Ela já esperava encontrar a filha ainda por ali. Mesmo com apenas vinte e três anos a garota era muito responsável quando se tratava de seu pequeno. Emma olhou para a mãe e seus olhares conversaram. Ela não queria deixar Henry, mas era seu trabalho. O primeiro importante de sua carreira.

—Eu não quero ir! – Disse birrenta, mas se levantando.

—Mas você precisa. – Foi Henry quem disse. – Eu vou ficar com a vovó e amanhã você virá me mostrar as fotos que tirou na festa de gente chique. É seu trabalho mamãe! – Emma assentiu suspirando fundo juntando suas coisas. Beijou a testa de seu filho sussurrando um eu te amo monstrinho e beijou sua mãe antes de sair do quarto. Ruby de fato iria matá-la pelo atraso.

—Ela vai chorar vovó. – disse o garoto olhando para a porta que se fechava lentamente. – Eu gostaria de não fazer a mamãe chorar. – Mary sentou-se na cama ao lado do neto acariciando seus cabelos rebeldes.

—Ela te ama meu amor. E ela só chora porque gostaria de não ter que deixar você aqui. – Mary respondeu ao pequeno.

—Ela chora porque eu estou doente. Ela acha que vai me perder vovó e fica triste. E eu não gosto de ver ela triste. Eu amo ela e ela me ama, mas eu faço ela ficar triste. Às vezes eu peço a Papai do Céu que volte no tempo e dê para ela um menino bom. – Mary abraçou seu neto contra seu corpo. – Porque eu acho que eu não nasci para esse mundo vovó.

—Nunca mais diga isso Henry. Se sua mãe pudesse escolher, ela escolheria mil vezes você. Entendeu? E você vai se curar. Eu tenho fé. - segurou o rosto do menino em suas mãos beijando sua testa – Imagina que triste eu e vovô iríamos ficar sem você? E tio Graham? E tia Ruby ficaria como sem o monstrinho preferido dela?

—E tia Dot. – Disse Henry.

—Sim. Não podemos esquecer da tia Belle e das tias Ana e Elsa.

—Tia Belle vem me ver, mamãe disse. E tia Dot vai chegar no dia que eu sair do hospital. - O sorriso já estava de volta aos seus lábios travessos. Ele amava as amigas de sua mãe, mas também, desde que ele era um bebê elas  mimavam com presentes, idas ao parque, ao shopping ao zoológico ou museu. Ele dizia o itinerário e elas cumpriam suas vontades com maestria.

—Elas vêm mesmo. Porque elas também te amam. Todos nós te amamos muito Henry.

—Eu sei. É que às vezes a mamãe deixa de fazer tantas coisas por minha causa. Porque estou sempre doente. Eu queria que ela conhecesse alguém, que fosse feliz. – ele disse baixinho – Mas tia Ruby disse que ela teve alguém que fez muito mal para ela, antes do meu pai... Eu acho bem que foi a menina da foto que ela esconde na gaveta de trecos. Não conta para mamãe que eu vi a foto. Uma vez ela e tia Ruby brigaram feio por isso.

—Isso não é assunto para você! E sua tia Ruby é uma bocuda. – Respondeu Mary ponderando como iria sair daquela situação.

—O que é bocuda vovó?

—Quem fala demais igual você está fazendo agora. – disse fazendo cócegas em sua barriga tirando uma gargalhada gostosa do menino – Então que filme vamos ver hoje?

Toy Story!

—Vamos de brinquedos falantes então... – Levantou da cama e foi colocar o DVD agradecendo a Deus que o menino esquecera o assunto, ao menos, temporariamente.

—--**---

Todo o hotel brilhava de maneira tão estonteante que qualquer um poderia vê-lo há quadras de distância. Como sempre, o tapete vermelho estendido cobria toda a entrada e os flashes dos paparazzi eram constantes. Muitas celebridades aproveitavam essas oportunidades para se promover em nome da caridade. Uns realmente estavam dispostos a ajudar aos mais necessitados, outros, porém, visavam mais seu marketing pessoal.

De qualquer forma esse tipo de festa era sempre uma tortura para quem detestava qualquer contato pessoal além do necessário. Distribuir sorrisos falsos por uma noite era deveras cansativo, fingir simpatia então, nem se fala. Mas o pior de tudo eram os elogios que você tinha que fazer como forma de etiqueta. “Nossa como você está linda” diria para a mulher que não entendia nada de combinações ou de bom gosto. “O pilates definitivamente fez bem a você” diria para a outra que provavelmente engordara bastante desde a última vez que vira.

Passamos a vida toda aprendendo o quanto é feio mentir. Que não podemos mentir para os nossos pais, amigos e professores, mas é só nos tornarmos adultos que percebemos que tudo o que todo mundo faz é mentir. Todo mundo mente.

—Melhora essa cara Regina, parece que está indo a um velório. – Ariel disse ajeitando suas madeixas ruivas que caíam por todo seu ombro e pelas alças de seu vestido longo verde.

—É a única cara que eu tenho disponível. – retrucou Regina mal humorada – E você estaria com a mesma cara se sua mãe usasse uma festa beneficente para anunciar seu casamento como se você fosse um porco pronto para o abate. Nesse caso eu me sinto definitivamente como um porco prestes a ser realmente abatido.

—Não exagera. Neal melhorou bastante. – Regina só olhou para a amiga com o canto de olho preferindo não gastar sua voz com uma resposta que poderia ser bem mal educada – Além do mais sua mãe só quer o seu bem. – Vinha repetindo isso por tanto para si mesma que para Ariel já era até uma verdade.

—Querida, minha mãe só quer que o império Mills dure mais que seu último botox. – respondeu grossa como de  costume fechando a boca assim que colocaram os pés no tapete vermelho da entrada do hotel ignorando qualquer jornalista de meia tigela que tentasse fazer alguma abordagem.

—Senhorita Mills é verdade que se casará com ...

—Senhorita Mills o império da Mills está ruindo?

—Senhorita Mills o que pode nos dizer sobre a Mills apoiar uma empresa que utiliza de trabalho escravo?

—Senhorita Mills...

—Senhorita Mills, por favor, um minuto de sua atenção...

—Senhorita Mills...

As perguntas eram as mais diversas possíveis, mas cada uma delas foi ignorada com maestria pela morena que adentrava o local na mais pura elegância e soberba, não antes de ouvir o comentário de um jornalista mais perto “não é a toa que apelidaram a filha da bruxa de Evil Queen”. 

—Ei, não ligue para isso. – Ariel disse gentilmente colocando a mão no ombro da morena que esquivou do toque. Regina desapreciava completamente toques desnecessários.

—Quem te disse que eu ligo? – respondeu sem se virar – Vamos logo que quanto antes fingirmos que estamos amando isso aqui quanto antes vamos embora.

Ariel assentiu em silencio seguindo a amiga que batia o salto no chão ao caminhar demonstrando toda sua impaciência. E hoje ela estava em um dia completamente bom.

—-**--

—Emma Nolan Swan eu vou te matar. Depois eu vou ao inferno te buscar só para te matar novamente. – Ruby entra no quarto da loira como um furacão, elas estavam atrasadas para a festa e a morena não queria perder nem mais um minuto visto que depois que terminassem o trabalho poderiam desfrutar de algumas horas da mais pura elegância – Uou! – A mulher parou no meio do quarto quando viu a loira na frente do espelho colocando o par de brincos – Uou! Mulher você está um monumento. – Emma virou para a amiga sorrindo discretamente. Seu vestido preto e branco bem armado e com decote generoso nos seios não era completamente longo deixando seus tornozelos adornados por um sapato de bico fino a mostra. Seu cabelo preso em um coque baixo completava o look arrasador.

—Deixa disso Ruby. – Respondeu balançando os ombros – E você queria me matar ha quinze segundos.

—Ainda quero, mas vou deixar para quando estiver com aquela calcinha box do pato Donald e aquele moletom horrível que nem Henry gosta. Esse vestido não merece nada menos que uma noite gloriosa. Sem mortes. Nada de mortes com vestidos de festa. – Parou ao lado da amiga em frente ao espelho – Você está linda.

—Olha quem fala. – Emma bateu seu quadril ao da melhor amiga que vestia um vestido longo preto de alça fina com decote em V bem recortado.

—Eu sei que estou linda, mas eu sempre estou. – respondeu presunçosa – já você parece que gosta de sair como uma maltrapilha. Daqui a pouco vão te oferecer dinheiro na rua.

—Idioita! – Emma saiu da frente do espelho emburrada.

—Idiota e atrasada! Vamos criatura. – Saiu puxando Emma pelo braço até a porta.

—O jornal ao menos mandou quem devemos entrevistar? Eu não chequei meu celular ainda. – Emma disse ajeitando a clutch em uma de suas mãos e a bolsa da câmera na outra para que não caísse enquanto era arrastada por Ruby.

—No taxi a gente vê isso. – Disse batendo a porta atrás de si.

O motorista do taxi dirigia tranquilamente pelas avenidas bem movimentadas de Nova York mesmo para o horário, de fato, aquela era cidade que nunca dormia. O Plaza já era visto de longe e o trânsito estava caótico na rua com taxis, ubers e manobristas querendo seu espaço. O celular de Ruby apitou com a mensagem do redator chefe do The New York Times  informando quem eram os seus serviços da noite, bem como a lista do que deveriam levar como informações para a redação. Precisariam fazer fotos e conseguir entrevistas para a edição do próximo final de semana.

—O que foi Ruby? Por que essa cara?  - Emma reparou a expressão aterrorizada  que a amiga fez ao olhar a tela do celular enquanto o taxista arrumava uma vaga para estacionar – Recebeu os nomes? – Perguntou inclinando a cabeça para poder olhar o celular da outra que rapidamente bloqueou a tela.

—Recebi sim. – Disse já tirando o dinheiro da bolsa e pagando o motorista sem dar chance de Emma retrucar ou pagar a metade do valor – Mas vamos entrando, coloque sua credencial e lá dentro eu te falo. Eu já te disse que estamos super atrasadas. – Saiu do carro batendo a porta fazendo Emma ter que praticamente correr para alcança-la e só conseguindo essa proeza depois que mostrada todas as credenciais já estavam dentro o glamoroso hotel.

—Ruby Luccas, pare agora mesmo – Emma disse parando fazendo a morena parar também – Olhe para mim! – A morena fez o movimento relutantemente – Quem por diabos são as pessoas que teremos que entrevistar? – a morena não respondeu de imediato ponderando como diria isso sem fazer com que a loira virasse as costas e fosse embora. – Responda de uma vez mulher está me deixando apreensiva.

—Dentre todas as pessoas que estão nessa lista – disse pausadamente – uma delas é Regina Mills. 


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Notas finais do capítulo

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