Sonhos de uma noite de verão escrita por Maria


Capítulo 15
Capítulo 15


Notas iniciais do capítulo

Olá amoras!

Esse foi um capítulo muito difícil de escrever.Triste. Emotivo, mas necessário!

Desculpem a demora, mas tenho andado meio desanimada e isso acaba afetando um pouco a FIC, mas eu sempre volto!!

Não me matem!



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Narrado por Regina

A volta para casa foi tão torturante quanto eu imaginava que seria. A sensação que eu tinha era que o avião foi e voltou quatro vezes pelo tempo que demoramos a chegar em Nova York. Durante todo o trajeto minha mãe ficou relembrando o quão decepcionante era ter uma filha como eu. De que eu era egoísta e ingrata. Que tudo que ela fez na vida era para que eu tivesse um futuro glorioso.

Eu tive vontade de falar, mas me contive. Queria dizer a minha mãe que o futuro glorioso que eu queria era completamente diferente do futuro glorioso que ela almejava. Porém não era sensato falar isso a não sei quantos mil pés de altura dentro de uma máquina fechada e de ferro.

Apesar da tortura que ela tentou infligir no tempo que passamos juntas meus pensamentos insistiam em voar para longe dali, mais precisamente para uma praia onde uma loira sorria com seus dentinhos tortos para mim. Eu não via a hora de chegar em casa e me comunicar com Swan. Era impressionante como eu já sentia a sua falta.

A única coisa boa de voltar foi encontrar Ariel e a mãe, quem eu considerava mais como minha mãe do que a própria Cora.

—Menina Regina. – Eu abracei a velha senhora Athena (sim, a mãe dela era louca pelos deuses gregos, ela me disse uma vez)  - você quase nos matou de preocupação. – disse com a voz chorosa me apertando em seus braços e quase me sufocando.

—Desculpa Nena. Não era minha intenção. – respondi me soltado e abraçando Ariel que nada disse. Acho que ela ficou chateada por não ter lhe contado nada sobre minha aventura. Mas se minha mãe despediu Pedro, imagino o que faria com ela, na verdade eu já imagino o que ela deve ter feito. Tenho seriamente que me desculpar com Ariel.

    _Regina, vá direto para seu quarto. Vá retirar esse cheiro de maresia de você. Lavar esses cabelos que estão parecendo palha. Pelo amor de Deus você está igual a uma selvagem. – O desgosto era evidente no tom de voz de minha mãe e eu não ousei contrariá-la.  Acenei para as mulheres a minha frente e já ia pegar minhas malas quando senti o aperto de Cora em meu braço. – Malas são coisas da criadagem menina. Parece até que não fui eu quem te criou. – me empurrou escada acima segurando meu braço.

  Quando saí do banho minhas malas já estavam no quarto e eu dei graças a Deus por parecerem intocadas. Tranquei a porta e corri para abri-las. Retirei todas as minhas coisas e peguei a blusa de Emma inspirando seu cheiro e me abraçando a ela. Fiquei assim alguns minutos e eu quase podia sentir o toque suave de minha loira. Guardei a camisa em um lugar seguro e procurei o restante das coisas. A foto Polaroid que eu coloquei dentro da carteira, transferi para o meu exemplar edição de luxo de Ana Karenina que foi presente do meu pai e ficava na cabeceira de minha cama e ninguém mexia. Olhei para nós duas sorrindo para a câmera evocando todos os sentimentos daquele dia. Era o primeiro após a tempestade e Emma me carregava em sua cacunda na areia da praia.

Depois retirei o livro de Harry Potter e surpresa eu tive quando dele caiu um papelzinho com a caligrafia de Emma toda borrada e corrida e meu coração quase pulou para fora do meu peito quando percebi que era um poema.

 

                Dentre todos os meus sonhos, no mais lindo te encontrei.

                Dentre todos os meus desejos, sua boca eu beijei.

                Dentre todas as alegrias, seu sorriso eu ganhei.

                Dentre tanto desamor, por você me apaixonei.

               

                A mais doce melodia, com certeza é a sua voz.

                A melhor sintonia é você e eu como um nós.

                Com seu cheiro eu durmo, com seu toque eu amanheço.

                Às vezes eu pergunto, será que eu te mereço?

               

                A eternidade me parec...

As lagrimas cobriam minhas bochechas como verdadeiras cachoeiras e os soluços escapavam de minha garganta e ela nem conseguiu terminar os versos. Céus. Como que aquela loirinha conseguia me surpreender sempre? Já ia pegar meu celular quando ouço as batidas na porta. Rapidamente escondo o livro e o bilhete e enxugando meu rosto abro a porta e dou de cara com Ariel.

—Posso entrar? – perguntou timidamente e eu a puxei para dentro enquanto ela deu um grito de susto. – Quem é você e o que fez com a Regina?

Depois de eu me certificar que não havia ninguém no corredor eu tranquei a porta novamente e olhei para minha melhor amiga que parecia completamente confusa me olhando. Empurrei-a para minha cama na qual ela relutante se sentou desconfortavelmente. Eu ri por sua confusão.

—Tenho tanta coisa para te contar. – Disse-lhe com quem confidenciava um segredo e assisti a expressão de Ariel lentamente mudar.

 

Narrado por Emma

Já era a milésima vez que eu checava meu celular só para constatar que Regina não havia visto nenhuma das minhas mil mensagens. Será que a mãe dela tinha brigado muito com ela? Será que tinha tomado seu celular? Arrependi-me amargamente de ter enviado as mensagens. E se a bruxa mor tivesse visto? Passava nossas fotos pelo celular enquanto observava o sol de mais um dia se por. Era tudo que me restava.

—Ela não vai aparecer magicamente aqui se você ficar encarando esse celular. – Dot disse sentando ao meu lado na areia morna da praia.

—Sabemos que você sente a falta dela. Nós também sentimos, mas são nossos últimos dias aqui antes das responsabilidades de pessoas adultas nos assolarem. – Elsa continuou aparecendo do meu outro lado sentando também e recostando sua cabeça em meu ombro.

—Eu tenho mais um ano, mas ainda assim quero aproveitar esses dias maravilhosos com todas nós juntas aqui. – Ana parou na minha frente. Eu olhei para a minha amiga sorrindo. Seu bico era uma gracinha. Esperei pelo último sermão, mas ele não veio.

—Ué. Está faltando uma. – disse esperando ouvir o que Belle tinha a dizer. Eu sabia que ela estava atrás de mim.

—Eu não tenho nada a dizer. – respondeu-me e eu suspirei, mas antes que o ar pudesse sair totalmente dos meus pulmões ela completou – Só acho que nós meros mortais poderíamos ter uns minutos da sua preciosa atenção já que dentro de três dias estaremos indo embora. Só acho. – Eu sabia que era no fundo uma brincadeira de Belle, mas seu tom estava magoado e eu me repreendi por estar tão alheia as minhas amigas nos últimos dois dias.

—Desculpem meninas. – disse realmente arrependida por ser uma amiga relapsa. – Vamos aproveitar esses últimos dias em grande estilo. – completei e eu precisaria de uma semana inteira para retirar toda a areia que se instalou no meu cabelo com o montinho que fizeram em cima de mim.

 

—--

 

Narrado pela Autora

Voltar do acampamento para Emma foi um turbilhão de emoções. A despedida daquele lugar que foi palco de tantos sentimentos bons, dizer até logo para suas amigas, um até logo que poderia durar muito mais de um ano o que a deixou com o coração pequenininho de saudades antecipadas foi deveras torturante para a loira.

Voltar significava rever sua melhor amiga. Reencontrar Ruby foi uma festa tamanha e Emma percebeu o quanto sentia falta da sua alma gêmea irmã. Mas a loira mal teve tempo de atualizar a garota que havia abandonado as mechas ruivas e agora era totalmente morena dos acontecimentos das férias porque elas tinham que organizar toda ida para Nova York.

Mary Margareth e Granny protagonizaram um verdadeiro drama digno do Oscar ao deixarem suas menininhas na barulhenta Manhattan depois de arrumarem o apartamento e deixarem claras recomendações que foram repetidas mil vezes cada uma.

As garotas fecharam a porta do apartamento depois de se despedirem de seus parentes e serem sufocadas por beijos, abraços e mais um milhão de beijos. Deixaram seus corpos cair no sofá exaustas dos últimos dias de limpeza e arrumação quando o celular de Emma vibrou.

—Pela cara de boba só pode ser a morena arrasa corações da minha melhor amiga que eu ainda não conheci. – Ruby disse arremessando uma almofada em Emma que nem se mexeu enquanto contemplava a tela do celular. – Terra chamando Emma Swan. Melhor amiga carente chamando Swan. Beep. Beep. – Tentou novamente Ruby, mas Emma não esboçou qualquer reação somente olhando para a tela do celular com um sorriso largo. 

—Ela quer me ver. – Disse depois de um tempo olhando para a amiga com os olhos brilhantes – ela quer que eu vá na casa dela. Aparentemente a mãe vai viajar. – Dizia empolgada, mas ao mesmo tempo incerta sobre o que havia lido. – Olha. – Ruby pulou da poltrona para o lugar no sofá ao lado da loira tomando seu telefone e lendo as mensagens.

—É exatamente isso que ela disse aqui. – A morena disse sem tirar os olhos do celular – você vai?

—Como você ainda pergunta? – Emma a olhou incrédula – é claro que eu vou.

—Tem certeza Emma? E se algum empregado contar para a mãe dela? Por que ela não se encontra com você no shopping? Vai enfiar você no covil da bruxa? Vai saber o feitiço que a mulher colocou lá?

—Eu não vou ficar perguntando isso. Se ela quer me ver é porque é seguro eu ir. – A loira rebateu tomando o celular das mãos da amiga.

—Ela vai para Boston dentro de alguns dias se ela gosta tanto de você assim já podia ter contado para a mãe e não te tratar como uma criminosa. – Ruby respondeu no mesmo tom ácido da outra.

—Você fez algum curso anti Regina com Belle? – Emma perguntou com chateação na voz.

—Se uma amiga sua te alerta sobre alguma coisa você deveria ouvir.    

—Então falou com Belle. – Emma afirmou.

—Você pode ter esquecido de mim nas férias, mas as meninas não esqueceram. Quando você me contou de Regina eu já sabia até a cor de calcinha que ela usava. – Ruby rebateu levantando de supetão do sofá. – Só estou dizendo que não gosto de pessoas que não assumem as outras, Emma. Isso me lembra de Lilly. Me lembra de ver você sofrer

—Regina não é igual a Lilly. E ela me ama. – levantou também encarando a melhor amiga.

—Acho bom mesmo porque depois... – Ruby começou mas parou no mesmo instante.

—Depois o que Ruby? – Emma perguntou acusatoriamente.

—Seja lá o que acontecer depois eu estarei aqui. – A morena disse derrotada puxando a amiga para seus braços a apertando em seu peito e Emma se deixou afundar naquele abraço tão conhecido e aconchegante.

 

—-**--

 

Ariel arrumava as últimas coisas que levaria para a faculdade. Havia preferido morar no alojamento ao invés de abusar da bondade dos Mills indo morar com Regina. Eles já arcariam com seus estudos na faculdade de medicina e não podia pedir por mais. Cantarolava uma letra que se quer prestava atenção enquanto arrumava seus itens indispensáveis de maquiagem na mala finalmente a fechando e foi quando seu coração quase saiu pela boca com o susto que teve ao ver Cora Mills encostada no batente da porta do seu quarto com sua peculiar face de desgosto.

—Senhora Mills no que posso ajudá-la? – Perguntou no instante que se recompôs.

—Ainda bem que sabe que eu só me daria ao trabalho de vir aqui se quisesse alguma coisa. – Disse sem se mover passando os olhos por todo o local. – Medicina é o que sempre quis para sua vida, não é? -  Ariel assentiu minimamente  para a mulher a sua frente – Imagina se por algum acaso você não pudesse frequentar mais esse curso? – A mulher era muito boa no que fazia, sem dizer uma palavra no sentido Ariel tinha percebido a ameaça velada – Mas você nem imagina isso não é? Nem passa pela sua cabeça não estudar? – Ariel sabia que seus olhos estavam arregalados e sua respiração começava a passar com dificuldade por seus pulmões. – Responde menina. – ordenou a mais velha severamente.

—Na... não Senhora Mills. Eu não imagino não estudar. – A ruiva queria maldiçoar-se por sua voz soar como um miado.

—Imaginei. – Sorriu satisfeita dando um passo a frente – O que e eu quero é muito simples. – Alisou a colcha de retalhos rosa antes de sentar-se - Por que Regina anda tão sorridente ultimamente? Não me contraria, não revira os olhos para o que eu digo. Nem se esconde de mim pela casa.

—Eu não posso imaginar senhora. – Ariel respondeu ainda em um fio de voz.

—Ela acha que eu não percebo os sorrisinhos para a tela do telefone. Os suspiros quando fica muito tempo olhando para o nada. – A mulher olhou na direção da mais nova para ter certeza que estava sendo ouvida – Ela acha que me engana, mas eu sou inteligente. Você me acha inteligente Ariel?

—Claro senhora.

—Então eu vou perguntar mais uma vez e espero que seja a última, qual é ... melhor, quem é o motivo do suspiro de Regina? – A garota prendeu a respiração e sentiu todo seu colo, pescoço e bochechas esquentar. – Então eu acertei. Há alguém.

—Mas eu não disse nada. – Rebateu a garota com um pingo de coragem.

—Mas nem precisou! – A mulher gargalhou - Seu corpo diz tudo.

—Eu não sei do que a senhora está falando. – Sua voz tremia ligeiramente.

—Eu já disse para não subestimar minha inteligência. - disse com a voz cansada – Mas já que insiste devo te lembrar que sua mãe já não é tão nova assim e que arranjar um emprego a essa altura da vida não é tão fácil sem falar que ela pode sair daqui com péssimas recomendações. – a mulher parou – e também tem aquele seu namoradinho que trabalha na empresa, Eric, não é? Um bom funcionário no setor de TI, seria lastimável a sua perda, mas mais lastimável ainda seria a mamãe dele ficar sem a cobertura do plano de saúde da empresa. Eu esqueci de algo? – Colocou a mão no queixo fingindo lembrar – Há, claro. Sua faculdade. – vou repetir a pergunta e dessa vez é sua ultima oportunidade. Quem está deixando Regina desse jeito e o que ela pretende fazer enquanto eu vou para Seattle?

—Por favor senhora Mills. Regina é minha amiga. Eu não posso fazer isso. – perdendo completamente o controle a garota começou a chorar. – Eu não posso traí-la dessa maneira.

—Então há alguém. – A garota assentiu. – Diga o resto.

—Por favor, não peça isso. – as lágrimas desciam livremente por seu rosto.

—É sua escolha Ariel. São quatro futuros em jogo e um deles é o seu. Ou você me diz o que Regina vai fazer e quem é esse rapaz ou eu mando todo mundo embora com uma mão na frente e outra atrás. - Não houve delongas dessa vez. A ameaça foi cristalina.

—Não me peça para escolher entre Regina e minha família.

—Eu já pedi e você está me estressando. Se você escolher Regina provará para mim que eu estava errada sobre você. Se escolher a sua família provará a teoria de que todo mundo tem um preço. – Ariel sentia seu coração bater descompassado em seu peito que chegava a doer. Ela não queria trair a confiança de Regina, ela a amava como uma irmã, mas também não podia arriscar a vida de todos os outros. A mãe de seu namorado dependia muito do plano para seu tratamento constante de diabetes, sem ele não tem como custear e provavelmente morreria.

Enquanto travava sua batalha mental Cora mantinha sua postura rígida. Se a garota não caísse em seu jogo ela não poderia cumprir sua promessa integralmente. O testamento de Henry dizia que toda sua herança era das suas filhas e que Cora só desfrutaria de sua parte e seria administradora dos bens até a maioridade das meninas se mantivesse a governanta e custeasse todos os estudos de Ariel. Era uma clausula que somente ela, Gold e um advogado sabiam, mas o advogado era servo fel de seu falecido marido e conseguiu comprovar na justiça que a cláusula era completamente válida. Ela dependia dessa menina.

—Está me entediando. – Disse levantando-se e pegando seu celular – Acho que tomou sua decisão. – disse discando um número – Fiona querida, passe-me para o setor de RH, sim, sim por favor é urgente. – deu um passo em direção a porta – quero que providencie os papeis da demissão de Eric...

—Não. – Ariel gritou em desespero.

—Só um momento. – colocou a ao sobre o telefone – Tem algo a me dizer?

—Quando você viajar a pessoa virá aqui para vê-la.

—Depois nos falamos – voltou ao telefone – não não. Suspenda a demissão. – voltou seu olhar para a ruiva novamente – quem é o rapaz?

—Não é rapaz. É uma garota e seu nome é Emma Swan. – revelou de uma vez e pode assistir a face da mulher mudar de convencimento para completa fúria.

—Agora que nos entendemos – disse pausadamente controlando todas as emoções por ter descoberto sobre a sexualidade da filha – vamos combinar como vamos acabar com esse romancezinho adolescente.

 

—-**--

                Dois dias depois

 

—Tem certeza que dará certo Ariel? – Perguntou uma Regina aflita mordendo o dedão pela milésima vez. O local já estava ficando machucado.

—Regina, tem que dar. Sua mãe viu a cena no acampamento, a que me contou do dia que Cora apareceu por lá. – Ariel respondeu tentando não transparecer o quanto estava nervosa por estar mentindo para sua melhor amiga. Nunca vira a garota tão feliz e faria parte do plano para destruir o brilho que nunca esteve em seus olhos e que agora era presença constante. Fazia um esforço imenso para não vomitar.  – Sua mãe estará no escritório às 11 horas com Gold antes que ela vá viajar acertando as coisas, temos que estar na biblioteca antes disso para que ela esteja sozinha e com a porta aberta esperando o velho e começamos a falar alto, você sabe que dá para ouvir. Quantas vezes nós ouvimos escondido? Você tem que ser convincente. Soberba. Ridicularizar a Emma e seu romance com ela.

—Cora não é burra. Ela pode descobrir que é uma armação. – Regina ponderou e Ariel suspirou pesadamente. Não sabia que seria tão difícil convencer Regina a entrar no plano. – Além do mais, eu não sei se consigo falar mal de Emma. – Terminou em um sorriso bobo que fez o interior da outra repuxar e Ariel quase contou tudo, parou no segundo que a voz de Cora se fez presente em sua mente com sua ameaça. Ela escolheu sua família. Ela traiu Regina e jamais se perdoaria por isso. Fez exatamente o que jurara nunca fazer.

—Confie em mim. Vai dar tudo certo. Cora vai tirar esse grilo da cabeça se te ouvir falando com convicção. Ela vai viajar tranquila. Emma chega as 16 e vocês curtem o romance. – Recitou o texto que ensaiou diversas vezes em sua cabeça para que saísse perfeito.

—Eu confio em você. – Regina disse a abraçando – É uma das poucas pessoas em quem eu realmente confio nesse mundo. – Completou e a ruiva segurou o abraço por mais tempo que o necessário para que a outra não visse algumas lágrimas teimosas que insistiam em descer.

 

—-**--

 

Setembro iniciava com um vento mais frio que o dos últimos dias. O céu que outrora era claro e radiante começava a ficar cinza, monocromático indicando que o outono estava mais próximo do que se imaginava. Emma caminhava pelas ruas esfregando suas mãos pelos braços que estavam arrepiados, mas ela sabia que não era por conta do vento frio. Ela iria ver Regina mais cedo do que era o combinado e estava muito feliz, mas ao mesmo tempo nervosa.

—Ela mandou mensagem dizendo para ir antes?  - Perguntou Ruby que acompanhava a loira em silencio até então.

—Não. A amiga dela ligou dizendo que a mãe dela ia sair mais cedo e falou que Regina queria almoçar comigo. Que a entrada estaria liberada para mim que era só eu entrar. – Respondeu dizendo tudo que Ariel tinha lhe dito. A garota era um amor e Emma ficava feliz por Regina ter uma amiga como ela.

—Hum. – resmungou parando na frente do numero que Regina havia lhe passado 108. – Uau. – Ruby disse olhando para o imenso jardim que não dava nem para ver direito a casa de tão extenso. Emma tocou o interfone se identificando e logo foi liberada para entrar. Ao ver que tudo saía como o planejado a morena se despediu da amiga afirmando que a esperaria em um café que ficava umas cinco quadras dali.

Emma caminhava pelo caminho de cascalho entre a grama em direção a casa, mas aquilo não poderia ser chamado propriamente de casa, não fazia jus. Era uma mansão e pela primeira vez Emma teve noção da dimensão da fortuna de Regina. Ela jamais poderia bancar os luxos que a garota era acostumada ter. Apreensiva se ficava ou ia embora subiu a escadaria e encontrou a porta aberta. Chamou por alguém, procurou uma campainha, mas ninguém veio lhe atender e foi entrando.

O lugar era enorme. Não era uma sala pois não havia qualquer móvel que indicasse isso e o lugar não era nada aconchegante. Parecia um átrio todo em mármore branco reluzente. Sem saber muito para onde ir seguiu para a esquerda quando ouviu o que parecia ser vozes e alterou o caminho entrando um corredor à direita. Vinte passos adentro do corredor seu coração pulou quando reconheceu a voz de Regina. Aumentou o ritmo quando ouviu o que fez seu mundo ruir.

—Até parece Ariel! Eu, Regina Mills, gay! Olha que piada de mau gosto. Fala sério. Eu quis experimentar sabe. Todo mundo quer ter uma experiência homoafetiva na vida, mas nem todo mundo tem coragem de fazer isso. Eu só fiz. Porque eu posso tudo.

—Mas Regina você podia ter dito isso a menina. Coitada. – Ela ouviu a voz que reconheceu ser de Ariel.

—Mas eu vou dizer. Só não sei como. Assim ela para de me encher de  mensagens chatas todo santo dia. Pelo amor de Deus, jamais acharia que uma aventura de verão pudesse dar tanto trabalho. – Ambas gargalharam dentro da sala e Emma não sabia mais como respirar. Tinha tudo sido uma mentira? A mulher que ela achou que seria a mulher da sua vida tinha enganado-a desse jeito? Regina estava zombando dela. Ela só queria brincar, ela tinha usado Emma. Cambaleante a loira virou pelo corredor e correu porta afora e não conseguiu ver o sorriso de vitória que Cora espelhava em seu rosto vendo a garota se afastar.

—Regina, Gold não vem, eu estou indo. – Disse colocando o rosto dentro da biblioteca sorrindo de orelha a orelha. Assim que saiu as garoas comemoraram o plano que deu certo.

A loira ainda corria pelo jardim. O vento parecia cortar sua pele e as lágrimas embaçavam toda a sua visão. Olhou para o pulso e viu a pulseira que havia dado de presente no pedido de namoro e a arrancou com raiva de seu braço fazendo um esfolado na pele que começou a sangrar. Se Emma tinha um coração, ele estava despedaçado.  Ela só teve noção do quanto correu quando avistou Ruby ainda entrando no café que havia dito que ficaria. 

Quando Emma se jogou nos braços de Ruby chorando compulsivamente ela sabia que tudo aquilo não passou de um sonho, um sonho... de uma noite de verão.   

                --**--

Regina havia sentado na escadaria da frente de sua casa. Emma estava atrasada uma hora. Seu celular estava fora de área e as mensagens não chegavam. Era mais de dez horas da noite quando a morena entrou, mas foi somente dois dias depois que entenderia o que havia se passado quando em cima de sua cama encontraria um envelope cheio de fotos de Emma beijando uma garota morena e essa garota não era Regina Mills.


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Notas finais do capítulo

Beijos Xuxus



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