Sonhos de uma noite de verão escrita por Maria


Capítulo 17
Capítulo 17


Notas iniciais do capítulo

Gente, eu sei que a história deu um giro de 360º, mas vocês sabem que eu não escrevo nada se eu não vou explicar ali na frente, não sabem??

Quem me conhece sabe que não sou de escrever grandes barracos, babados, confusões e gritarias... Sou adepta do drama.
Espero que gostem e deixem seu review e prometo que não demoro a postar o outro....

E haa estou louca para ver Rebecca Mader na Comiccon esse ano, quem vai?



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Capítulo 17

 

Narrado pela autora

Depois do dia que não deve ser lembrado Emma descobriu que morar em Nova York era a melhor coisa para quem precisava se distrair. A cidade possuía tanta informação que não dava para ficar entediado nunca. Aproveitando esse ensejo Ruby iniciou o projeto superar Regina Mills regado a saídas nos horários que pudessem fazê-las, nem que fosse para o Central Park para sentar em um banco e ler Harry Potter pela milésima vez.

Emma sabia que um amor como aquele não era facilmente superado e nem esperava por isso. Ela havia sido inteira, verdadeira e não se arrependia disso, pois aprendera que cada um oferecia o que estava cheio o coração.  Pode ter sido por pouco tempo, mas ela tinha dado seu melhor para Regina, o melhor de si e o que mais amava como seu exemplar 1ª  Edição da Pedra Filosofal que a morena provavelmente deve ter jogado fora e a loira até hoje não conseguiu comprar uma edição igual pois os colecionadores sempre queriam preços absurdos, ou simplesmente não os vendiam. Outra coisa que fazia Emma ter raiva da morena.

Seis anos haviam se passado e ela sabia que o que sentira pela morena dos olhos chocolate que tanto amou não estava superado, mas sim enterrado na parte mais funda do seu coração, coberto por camadas e camadas de suturas. Um ferimento que volta ou outra era coçado e sangrava, mas que rapidamente era coberto de novo e a vida seguia. Até hoje. Ela definitivamente não estava preparada para ver a mulher que a levou do céu ao inferno em tão pouco tempo.  

Com tanto evento em Nova York por que a morena tinha que estar logo nesse? Ruby estava atenta a todas as feições de sua melhor amiga. Ela não era tola, sabia que Emma não tinha superado a morena que passara com todas as suas forças odiar sem nem mesmo conhecer.

Durante os meses que sucedera àquele fatídico dia ela acreditou seriamente que perderia sua Emma para sempre. A garota emagrecera, bebia consideravelmente e durante um pequeno período de tempo saía com quantas mulheres conseguisse “pegar”. Bex, a dona do Pub que frequentavam foi muito parceira nessa época ligando sempre que Emma estava lá, ou dando água com gás ou limão quando a loira já estava muito bêbada.  

Mas só isso não estava sendo suficiente porque Emma descobriu a façanha e passou a frequentar outros lugares o que acarretou em várias noites de quase comas alcoólicos, visitas ao pronto socorro e choradeira sem fim. Quando a morena viu que sozinha não conseguiria teve abrir o jogo para a família da amiga que como sempre foram seus pilares. Mary e David praticamente se mudaram para o apartamento delas por algumas semanas para ajudar a filha.

Aos poucos ela se recuperara, mas Ruby sabia que não havia sido totalmente. Desconfiava que a amiga tivesse enterrado aquilo no fundo coração e teve a confirmação nesse exato momento quando viu todas as emoções passarem naquelas duas bolas verdes que ela chama de olhos e que agora brilhavam com uma camada fina de lágrimas.

Narrado por Emma

Eu sentia tudo a minha volta girar e fazia um esforço enorme para me manter de pé. Pensar em Regina sempre fora doloroso, mas era mais fácil passar por isso quando tudo que me restara dela era um perfume, algumas fotos, uma cicatriz no pulso e um coração quebrado. Mas tê-la na minha frente, olhar em seus olhos novamente, eu não estava pronta para isso. Senti meu peito ficar pesado e minha respiração entrar e sair com dificuldade dos meus pulmões.

Muitos podem dizer que é um drama desnecessário, mas eu sei o que eu passei. Eu amei Regina verdadeiramente. Eu confessei a ela os segredos mais ocultos do meu coração e tinha planejado passar o resto da minha vida com ela. Hoje, eu não pretendo fazer isso com mais ninguém. Ela destruiu isso em mim, massacrou meu coração com um rolo compressor.

Sentia o olhar de Ruby sobre mim me avaliando. Eu queria ir embora, mas não era justo com ela, essas entrevistas eram a porta de entrada dela para a TV e ela precisava disso, além de ser minha entrada para as redações de verdade. Eu tinha que ser forte pela minha melhor amiga e por mim mesma. Eu não podia sair dali correndo, mesmo que essa fosse a minha maior vontade.

—Emma, se quiser nós podemos ir embora. Ou eu posso pedir para a Tricia fazer essa entrevista para a gente enquanto fazemos uma dela. – Ruby disse delicadamente e eu sabia que eu tinha a melhor pessoa do mundo como amiga. – Respirei fundo algumas vezes antes de responder.

—Nós vamos entrar e fazer nossas entrevistas. Eu sou uma mulher adulta e um dia isso iria acontecer. Eu veria Regina de novo. Vamos passar por isso de uma vez por todas. -  É claro que minhas palavras serviam mais para enganar a mim mesma do que qualquer outra pessoa. Mas quem sabe se eu repetisse isso durante a noite inteira em minha cabeça realmente não se tornasse uma verdade.

Ruby e eu caminhamos em direção ao salão. Depois de algumas passadas eu já começava a sentir minhas pernas novamente. A música era suave. Algumas pessoas se encontravam sentadas e outras conversavam de pé pelo meio do salão que apesar de enorme estava lotado.  Vi quando minha amiga abriu os mapas que tinham nos enviado com os locais reservados para os nossos entrevistados e assim que localizamos o primeiro, começamos a trabalhar. Entre fotos, perguntas e sorrisos, alguns forçados e outros nem tanto, já havia passado mais de duas horas e meus pés já estavam me matando. Teria muito trabalho amanhã editando tudo.

—Faltam quantos ainda Ruby? – Choraminguei para a morena que checava as fotos que eu havia tirado até então me perguntando por que tênis não era um sapato social.

—Bem, contando com a megera, três. – Respondeu pegando seu celular e olhando sua lista. Eu ainda não tinha visto Regina em lugar nenhum, não que estivesse procurando tampouco, mas eu acredito que Ruby tenha escolhido fazer todo o itinerário mais longe o possível dela primeiro o que eu agradecia mentalmente.  Descobrimos que as outras duas pessoas que precisávamos entrevistar não haviam comparecido a festa e só nos restava ela. – Você está preparada? – perguntou Ruby receosa.

—Definitivamente não. – Fui sincera com Ruby, na verdade não adiantaria mentir, pois essa menina me conhece mais do que ninguém. – Mas vamos acabar com isso de uma vez por todas. – ela assentiu para mim e saímos à caça de Regina Mills.

Depois de quinze minutos de incessante procura avistamos a dita cuja de costas para nós, eu a reconheceria de qualquer jeito, mesmo com os cabelos mais curtos sobre o ombro, o vestido colado ao seu corpo delineando cada curva sua, aquela pose de dona do mundo era inconfundível. Caminhamos até ela depois de respirar profundamente pelo menos umas trinta vezes.

—Senhorita Regina Mills? -  Ruby chamou educadamente e a mulher se virou com uma sobrancelha arqueada como quem dizia ‘’por que diabos está me chamando?”, mas minha amiga não se intimidou – Sou Ruby Luccas jornalista do The New York Times e gostaria de lhe fazer algumas perguntas e tirar algumas fotos para nossa edição. – sua voz soava tão profissional que eu sorri de orgulho – Essa – apontou para mim – É Emma Swan e é quem fará as fotos e depois editará a redação.

Nesse momento Regina desviou o olhar de Ruby e olhou diretamente para mim e a ruiva que estava ao seu lado fez o mesmo movimento, mas eu não conseguia ver a expressão no rosto da ruiva porque meus olhos estavam grudados nos olhos da morena a minha frente que passaram por um processo que foram de surpresos a magoados e então a uma indiferença raivosa em questão de segundos.

E eu? Bem, eu estava com as pernas bambas porque depois de seis anos essa mulher ainda me desestruturava, mas forcei minha mente para o trabalho e coloquei minha melhor cara de profissional, mas eu sabia que eu jamais conseguiria esconder a mágoa que provavelmente estaria em meu olhar.

Narrado Por Regina         

 

                Eu tinha feito uma varredura pelo local com minha mãe e Cora no meio de gente tão cheia de si quanto ela, era mais insuportável que o de costume, confesso que eu temia que esse fosse meu futuro. Ser uma velha ranzinza apenas tolerada pelas as outras pessoas.

                Bem, ranzinza eu já era, tolerada pela maioria das pessoas também, é eu já sabia qual seria o meu futuro. Consegui puxar Ariel para um canto qualquer quando já não aguentava mais tirar foto com o Sr Gold e Neal a tiracolo.

Pior ainda era fingir empolgação por um casamento que eu não estava minimamente empolgada. Meu noivo era a criatura mais sem sal que alguém poderia ter por perto. Um encosto. Detestava Neal. Ele era chato, grudento e cada vez que me beijava eu tinha que concentrar todas as minhas forças para não apertar o pescoço dele até matá-lo. Resumindo, essa festa estava cansativa demais. Eu só queria ir para casa tomar um banho deitar em minha cama, e fingindo ser totalmente outra pessoa, dormir.

Mal sabia eu que a noite poderia piorar.

             Quando eu tinha convencido Ariel que já passara da hora de irmos embora escuto chamarem meu nome e me viro com uma cara que espantaria qualquer um em qualquer ocasião, mas para minha surpresa, não a morena a minha frente que tinha um olhar profissional, mas voraz sobre mim, como se ser quem eu era não a incomodasse nem um pouco muito pelo contrário, ela me olhava como se eu tivesse que ter medo dela. E para falar a verdade um arrepio correu em minha espinha e senti como se eu já a conhecesse.

Assim que se apresentou e eu ouvi seu nome memórias voaram para meu cérebro sem que eu conseguisse impedir, mas quando ela anunciou sua companheira que até então eu não tinha nem percebido eu senti todo meu mundo explodir. Relutante levei meu olhos à loira que estava atrás dela e senti meu coração parar por alguns segundos. Ela estava ali. Era ela. Linda e plena bem na minha frente e eu senti que poderia chorar a qualquer momento. Mas eu não era mais essa Regina Mills, eu não era mais a menina que ela enganou.

Emma Swan estava parada a minha frente linda como eu jamais vi. Uma verdadeira mulher, mas em seu olhar a inocência da menina que eu um dia conheci e me apaixonei. Seus olhos se prenderam aos meus e eu não consegui deixar de transparecer a mágoa que eu sentia, mas ao invés de culpa, no olhar da loira que sempre foi tão claro para mim tinha tanta mágoa quanto eu sabia que tinha no meu, e isso me desestabilizou completamente.

—Senhorita Mills, eu poderia tirar algumas fotos para a edição? – Emma falara comigo e eu assenti ainda perdida com tudo que estava acontecendo e com o som da sua voz. Aquela voz que sempre foi canção aos meus ouvidos. Ela tirara várias poses, ela sempre foi boa com uma câmera, inclusive algumas com Ariel e enquanto passava as fotos na máquina conferindo se haviam ficado boas Ruby me fazia diversas perguntas que o jornal estava interessado em saber, e para meu total desespero eu respondia todas elas com a maior educação enquanto minha mente estava focada somente na loira que concentrada em seu trabalho estava completamente indiferente a mim ao meu desespero.

Eu odiava ela, não odiava? Então por que diabos meu coração parecia que ia sair pela minha boca e minhas pernas não estavam tão firmes quanto eu gostaria? Como que mesmo depois de tanto tempo ela poderia me afetar desse jeito? Por que diabos eu queria desesperadamente tocá-la e sentir sua pele na minha, ou o barulho de sua respiração em meu ouvido? Por que eu queria que ela me fizesse sentir viva novamente?

—Obrigada Senhorita Mills. –Ruby me agradeceu quando chegou ao fim – o The New York times agradece seu tempo. – Eu assenti para ela incapaz de dizer ou lidar com qualquer coisa a mais – E meus parabéns pelo casamento. – Quem olhasse seus olhos azuis acharia que a felicitação foi muita delicadeza de sua parte, mas eu conhecia muito bem aquele tom de voz e parabéns era a única coisa que a amiga de Swan não estava me desejando.

 

Narrado pela Autora.

Ruby e Emma se despediram de Regina e começaram a se afastar para o meio do salão como se não tivessem acabado de entrevistar a morena que literalmente arrasara o coração da loira que sem querer esbarrara em Cora, pedindo rapidamente desculpas, que desconfiada da forma como a garota passou por ela e lembrando-se de suas feições  olhou para onde as duas vieram e encontrou uma Regina com cara de choque olhando para o nada. Cora não podia crer. Não podia ser verdade. Aquela garota não tinha pedigree para estar ali naquela festa.

A melhor amiga de Swan só percebeu que tinha algo de muito errado quando viu que os passos que Emma dava eram demasiadamente rápidos e que ela mal conseguia acompanhar sem esbarrar em alguém mal humorado.

—Hey, Emma. – Puxou a amiga pelo antebraço para que ela virasse para si. – Tá tudo bem, já acabou. Tá tudo bem.– Disse gentilmente.

—Desculpe-me Ruby eu não posso ficar aqui. – A frase saiu em um fio de voz e seus olhos marejaram instantaneamente. – Aproveita a noite por mim tá? – Dizendo isso saiu praticamente correndo em direção a saída conseguindo um taxi assim que colocou os pés na calçada. Bateu a porta ao entrar, mas o motorista nem reclamou porque assim que se sentou desceu a cabeça para suas mãos e desatou a chorar.  

—-**--

—Uau. – Ariel soltou todo ar que estava preso em seus pulmões por diversos motivos diferentes. – O que foi isso? – Mas Regina nem se dignou a responder caminhando apressadamente em direção a uma das enormes sacadas de vidro do local antes que alguém visse quão fragilizada ela estava.

—Não vai me dizer que aquela mulher que acabou de passar por mim e que saiu daqui era Emma Swan? – A ruiva pulou ao ouvir a voz da mãe de sua melhor amiga atrás de si. Cora nunca mais falara com ela desde o dia em que planejaram acabar com o romance de Regina – O gato comeu sua língua garota?

—Sim senhora, aquela mulher era Emma Swan. – Respondeu firmemente, ela já não era mais uma garotinha assustada e Cora não podia mais obrigá-la a nada.

—O que ela queria com Regina? – Perguntou severamente.

—Ela em si? Nada. Aliás, olhar para Regina sem matá-la parecia ser um esforço muito grande para a mulher. – Respondeu sarcasticamente – Mas ela e a outra mulher eram do The New York Times e estavam entrevistando sua filha e tenho certeza que farão uma ótima matéria sobre o casamento dela. – Respondeu por fim saindo de perto da senhora tão intragável sem nem mesmo olhar para trás não imaginando o quanto  de munição tinha acabado de dar a mulher.

 

Narrado Por Regina

Caminhei para uma das varandas porque estava me sentindo sufocada e também porque precisava desesperadamente de um cigarro. Um hábito horrível, mas que me acalma nessas horas. Inspirar e exalar o ar, todo esse exercício me relaxava. Passei alguns minutos só fazendo isso, sem pensar em nada, sentindo aos poucos meu coração voltando ao seu ritmo normal.

Emma realmente tinha feito jornalismo e estava no The New York Times, seu maior sonho. Não consegui não sentir orgulho por ela. Sei que ela tinha batalhado por isso com todas as armas que possuía.

Olhei para a rua tempo de vê-la entrando em um taxi e indo embora. Sozinha, o que confesso, achei estranho. Acendi outro cigarro. Eu queria dizer a ela tudo que estava entalado em minha garganta todos esses anos. Queria ler para ela todas as mensagens que um dia mandei, mas não chegaram até ela. Queria dizer-lhe o quanto eu a odiava pelo que fez comigo.               Queria perguntar por que ela tinha me ensinado a voar, e depois, sem piedade cortado minhas asas.

Mas eu não fiz nada disso. Muito ao contrario, fiz o mesmo papel de idiota que sempre fiz na sua frente. Estava com ódio de mim mesma. Mas isso não vai ficar assim. Eu vou falar tudo que eu quero falar para Emma, e querendo ou não ela irá me ouvir. Ela me conhecerá pela Evil Queen que todos alegam que sou.


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Notas finais do capítulo

Beijos beijos da Maria....