O Diabo Mora ao Lado escrita por Erzy, Gin


Capítulo 6
Descobertas e desenvolvimento


Notas iniciais do capítulo

Desculpa! Sei que não é o suficiente só pedir, até porque foram quase 7 meses @_@, mas desculpa gente, tentei fazer um capítulo um pouquinho maior dessa vez, e ah, a Erzy mandou avisar que em breve ela vai estar fazendo o capítulo dela, e encerrando as outras fics, então cobrem e acompanhem ela!



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Já passavam das quatro da tarde, quando Willian havia chegado em casa, ele tinha uma aula a menos, e também era seu dia de folga do trabalho, o que fazia desse dia, o seu favorito. Era assim toda semana, até sua vizinha chata aparecer e atrapalhar o seu sossego, agora até em seus dias de folga ele tinha que aturar aquela criatura que parecia uma mistura de leão com alien, tanto no nome quanto na aparência, e ao se lembrar dela demonstrou irritação, mas logo foi preenchido por um sentimento de dúvida, será que ele deveria ter esperado ela sair também?

— Mas é claro que não! – Disse ele, sozinho em voz alta, percebendo a idiotice que acabava de falar.

Will aproveitou parte do seu tempo para ler o livro e arrumar seu pequeno cômodo, era um lugar simples, mas ele já estava ali há um tempo e havia se acostumado, até mesmo os ratos que apareciam de madrugada já eram nomeados por ele, quando se lembrou disso, percebeu que ele deveria ter mais amigos, já estava em situação crítica, a ponto de nomear os camundongos que se escondiam naquela espelunca de lugar.

Quando abriu a geladeira, viu que estava quase vazia, poucos vegetais e somente um pedaço de bife que deveria estar ali há pelo menos 32 anos, dada a textura horripilante e cor azul, o que o fez ficar um pouco preocupado.

— Eu posso ficar bem, mas... ela vai ficar com muita fome hoje... – Disse ele baixinho para si mesmo, um pouco preocupado, já que toda noite Allena vinha comer em sua casa, mas logo balançou a cabeça e apagou esse pensamento. – O que diabos estou pensando?! Aquela criatura que coma em outro lugar!

Depois de arrumar o local, Willian se deitou sobre suas cobertas, cansado e pensativo, estava quase dormindo quando escutou um som que parecia um elefante tentando sambar subindo as escadas do apartamento, tentou se esconder sobre os lençóis, mas assim que fez isso, sua porta foi quase arrombada pelo chute que Allena havia dado.

— Você está maluca?! Essa porta custa dinheiro, sabia? – Falou Willian, se levantando das cobertas.

— Maluco é você! Por que diabos não me esperou?! Eu achava que você ainda estava lá, e fiquei te procurando feito uma retardada! – Disse Allena, com uma mochila das costas e rosto bastante suado, também ofegante, provavelmente havia voltado para casa correndo.

— Você é uma retardada! Eu não tenho que te esperar coisa nenhuma, era meu dia de folga, quis aproveitar o tempo o máximo possível longe de você, Supla versão Bob Marley!

Allena fez uma cara de quem fosse chorar, apenas interpretando.

— Que horrível da sua parte, cavaleiro da realeza, tem coragem de deixar uma garota linda e indefesa sozinha andando na rua...

— Linda e indefesa é uma pinoia! Se eu fosse um bandido passaria bem longe de você. – Willian disse isso, mas ele não achava Allena feia de verdade.

Allena fez uma cara sugestiva para ele, dando um sorriso baixinho.

— Hum... entendi... você veio mais cedo porque queria fazer coisas de garotos, não é? – Disse ela olhando para ele com um rosto irônico. – Por isso você estava debaixo das cobertas, hehehe.

— Ma- Mas o que? Que difamação!

— Ora Will, não precisa esconder, você é jovem afinal, e também é virgem, é super normal, alguém que mora sozinho, que não tem namorada e que vive do lado de uma garota linda, querer fazer essas coisas. – Disse ela se remexendo, enquanto olhava para ele.

— Cale sua boca, pano de chão de hospital! E mesmo que eu fizesse algo do tipo, nunca seria porque tenho você como vizinha, principalmente porque só de ver você, já me assusto o suficiente para nunca mais fazer isso!

Allena suspirou, agora se sentindo um pouco mais à vontade, se sentou no chão, e tirou a mochila, olhando para Willian.

— Tá, tudo bem, já parei. – Ela olhou para a cozinha, e viu que não havia nada no fogão. – Mas o que diabos é isso? Primeiro não me espera, agora não cozinha nada para mim? Que sacrilégio você acha que está fazendo comigo? – Allena começou a derramar algumas lágrimas falsas. – Que maldade... meu servo está me tratando tão mal...

— Vá se danar! Eu não tenho obrigação de cozinhar nada para você! Contrate um cozinheiro ou aprenda a fazer você mesma! Quem diabos mora sozinha e não sabe fritar um ovo?

— E-Eu já fritei um ovo! Por mais que ele se apregoou em meu cabelo e foi um século para tirar...

Willian deu uma risadinha.

— Não ria!

— Na verdade, minha geladeira está meio vazia, então a menos que você queira comer um pedaço de bife da época da segunda guerra mundial, eu... sugiro que vamos comer fora.

Allena olhou para Will um pouco surpresa.

— Comer fora? Você sabe que eu não tenho dinheiro o suficiente para...

— Não seja tonta, eu estou te chamando, significa que vou pagar para você.

— Vai ser no restaurante que você trabalha? – Disse ela sorrindo sugestivamente.

— Claro que não! Nem a pau que eu a levo lá depois do que você fez!

— Ah, que nada, foi apenas uma peça, e as pessoas gostaram.

— Independentemente, não saia por ai fazendo essas coisas! Me avise antes!

— Me avise que você trabalhava em um restaurante também! Como diabos você quer que eu adivinhe?

Willian deu de ombros, e apenas aceitou.

— Vá se arrumar, não vamos para um barzinho, então por favor troque de roupas.

— Ah Will, nem somos namorados e você já quer me ver....

— Aqui não, sua imbecil, no seu quarto! No seu quarto!

Will esperava na varanda do apartamento, vestia uma camisa gola polo, preto com cinza, usava sapatos sociais, e seus cabelos pretos caídos em franja, quase alcançavam seus olhos castanhos. Ele passou as mãos pelos seus cabelos levantando eles.

— Tenho que cortar isso, estou parecendo um emo dos anos 2000...

Sua fala foi cortada com Allena abrindo a porta de seu quarto, a jovem estava com um vestido até que bonito, se não fosse por alguns pequenos rasgos na perna, mas quase imperceptíveis, calçava sapatos marrons, e seus cabelos, por mais que ainda bagunçados com mechas de várias cores, estavam bem penteados, além de que ela estava sem os seus óculos. Will olhou quase perplexo para ela.

— Quem é você? O que fez com a Alien?

Allena fez uma cara de raiva para ele.

— Do que diabos está falando?

— A Leão não se vestiria assim! Traga ela de volta! – Disse ele, brincando. – Mas quem diria, Allena Lion sabe se vestir, por essa ninguém esperava. – Willian olhou para os lados, como se procurasse uma câmera, jurando que estava em uma pegadinha.

— Seu idiota! – Disse ela, rindo em seguida, depois dirigiu um olhar com pouca confiança para Will. – Como estou, fiquei estranha?

— Claro que ficou estranha, na verdade estranha você já é, aí você veste uma roupa totalmente diferente do habitual, e fica ainda mais, impressionante. – Ele parou por um momento, a fitando, depois desviou o olhar. – Você está bonita.

Allena deu um sorriso baixo, o que fez Will achar ela ainda mais linda naquele momento, fazendo o seu coração disparar um pouco, só um pouco mesmo.

— Vamos logo, se não quando chegarmos lá só vamos comer café da manhã, de tão tarde que vai estar.

No caminho, Allena contava para Willian como havia sido seu dia, contou histórias também do Orfanato e das crianças que ela tomava de conta, Will parecia bastante distante, e sequer olhava para ela, mas Allena conseguia saber que ele estava prestando atenção em sua conversa.

O lugar era lindo, um restaurante não tão incrível quanto o lugar onde Willian trabalhava, mas ainda assim parecia ser frequentado apenas por gente de alta classe, o prédio tinha cerca de oito andares, e todos eles eram apenas para servir os clientes, as paredes eram decoradas com flores e quadros e as mesas eram bem distantes umas das outras, por conta do tamanho do salão, ainda assim, era o suficiente para acomodar muitas pessoas.

— Boa noite senhor, Michaels! Já faz bastante tempo, não é? – Disse o senhor que ficava na porta do restaurante. – Vejo que hoje traz uma companhia, uma mesa para dois?

— Boa noite, Sebastian, é bom vê-lo novamente, e sim, uma mesa para dois, por favor. – Ele falou dirigindo um sorriso ao velho homem, como de quem o conhecesse há um tempo.

Allena estava impressionada pelo lugar, e pela classe que Willian tinha até mesmo em conversar com o atendente, eles caminharam pelo salão, se sentando em uma mesa um pouco afastada do meio, pegando em seguida o cardápio.

— Pode pedir o que quiser, só não exagera muito nas escolhas, ok? Possa ser que todo mundo olhe estranho para você. – Disse Willian olhando o cardápio.

Allena ainda estava impressionada e faltavam palavras para ela, conseguiu respirar e reunir o que estava pensando.

— Que lugar incrível, Willian! – Disse ela um pouco alto demais, que o barulho ecoou em parte pelo salão, o que fez alguns olhares se voltarem em cima deles.

— Sua idiota, fala baixo, aqui não é que nem os barzinhos da esquina! – Disse ele.

Allena assentiu imediatamente, reconhecendo todo o requinte do lugar, ao mesmo tempo, não queria arranjar problemas para Willian. Olhou o cardápio e viu vários tipos de prato, chamando o garçom e pedindo todos eles.

— Ei, ei, o que eu falei para você não exagerar? – Disse o moreno, suspirando.

— Exagerar? Isso é só o que eu como normalmente, se fosse exagerar, eu teria que pedir oito vezes mais.

— Suas definições de limites são diferentes das de um humano comum.

— Claro, comer é muito bom! – Disse Allena com um sorriso no rosto, o que fez Will dar de ombros.

Willian pediu pouco, e ficou reparando em Allena, em seu rosto alegre olhando pelo lugar, balançando suas pernas como uma criança quando está em um local do qual gosta, foi quando seus olhares se encontraram.

— O lugar é bonito, não é? – Disse ele, desviando o olhar.

— Muito! Você já veio aqui algumas vezes não foi? Conhece até o atendente. – Perguntou Allena, com os olhos brilhando.

Willian pausou um pouco, se lembrando.

— É, já vim algumas vezes sim.

Quando a comida chegou, os dois pararam de falar e começaram a comer, se é que se pode chamar o que Allena fazia de comer, simplesmente enfiando na boca, praticamente sem mastigar.

— Tenha modos! – Disse Will.

Tho cum fom (Tô com fome!) – Dizia ela com a boca repleta de comida.

Alguns minutos após Will acabar sua refeição, o mesmo senhor que o havia atendido se aproximou da mesa.

— Senhor Michaels, o senhor poderia fazer o de sempre? Aquele casal dos fundos, disse que adorariam ouvi-lo.

Willian, olhou para os fundos e observou um casal sentado, acenando e sorrindo para ele, até mesmo Allena os reconheceu, os dois faziam parte de uma empresa influente na cidade, eram famosos e respeitados. Allena ficou paralisada, sem saber o que estava acontecendo.

— Já faz bastante tempo, Sebastian, eu não sei se consigo...

— Não diga isso, senhor, o senhor é incrível no que faz, o gerente também avisou que se fizer, tudo que comeu é por conta da casa, hoje.

Allena brilhou os olhos.

— Eu não sei o que é, mas faça! Assim eu posso pedir à vontade, e não parar de comer!

Willian suspirou.

— Tudo bem, já volto, vestimenta de pele de cobra que incrivelmente hoje não está malvestida. – Disse ele, se referindo a Allena.

Willian desapareceu da visão da jovem, que estava apenas concentrada na comida a sua frente, até que então, o salão silencioso foi preenchido por um toque simples e calmo de algumas dedilhadas em um piano.

Allena olhou para o meio do salão, e lá estava Willian, sentado em um banco, começando a tocar o piano calmamente e de olhos fechados, ao vê-lo, Allena percebeu o quão talentoso ele era, o quanto ele estava desperdiçando suas habilidades.

O salão se acalmou e todos os presentes apreciaram a melodia suave que Willian tocava, ele soltava um sorriso baixo e calmo, como de quem se sentia muito bem fazendo aquilo, a cada tecla, parecia como se penas caíssem de suas costas, e Will fosse um anjo tocando uma música dos céus. Aquilo fez o coração de Allena disparar bastante, e ela continuava vendo, o quão bonito o rapaz era.

Ao término da música, o salão aplaudiu calmamente Will, que se levantava e agradecia os aplausos, com um sorriso, e enquanto caminhava até a mesa, o sorriso ia se desfazendo, até se tornar, indiferença.

— Aquilo foi incrível!!! Por que diabos não me contou que sabia tocar piano? – Perguntou Allena, enquanto caminhava com Willian voltando para casa.

— Você nunca me perguntou.

— Ah, então você só diz as coisas se ter perguntarem, não é? E com quantos anos foi seu primeiro beijo, vai diz!

Willian olhou para ela assustada.

— O que isso tem a ver com eu saber tocar piano?

— Nada, só estou curiosa!

— Pois continuará. – Disse ele um pouco envergonhando – Francamente, tenha consciência das perguntas que você faz.

Allena fez uma cara emburrada, e os dois não conversaram muito até chegarem em casa. A garota se deitou e pensou no quão gracioso Willian estava enquanto tocava piano, e de todo o universo em que ele fazia parte e ela não sabia, ao refletir nisso, da sua pequena dúvida, ela teve uma certeza. Allena estava apaixonada por Willian.


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Notas finais do capítulo

Obrigado pela leitura!



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