A Profecia de Éter - A arma primordial escrita por George L L Gomes


Capítulo 8
Capítulo 08 - Intervenção Divina


Notas iniciais do capítulo

Depois de um belo tempo de "férias", estou voltando a escrever essa Fic. Não mandem Assombrações me pegarem, pfv.



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Já havia escutado falar pelo acampamento que a vida de um semideus não é nada fácil. Bem, a cada minuto eu percebia que não estavam exagerando nem um pouco ao dizer essa frase! Será que um novato já sofreu tanto quanto eu nos seus primeiros dias? Desde que eu havia chegado aquela era a terceira ou quarta vez que eu tinha que correr para salvar a minha vida, isso sem contar o dia que tive que fugir de um dos pégasos que cismou que seria muito gostoso comer o meu cabelo! Agora, com a segunda invasão daqueles seres macabros e compostos de pura maldade – não me perguntem como, mas eu sentia isso exalar deles – eu estava procurando uma forma de sair do acampamento. -E falaram que esse era o lugar mais seguros para pessoas como a gente. - comentei com o rapaz que estava às minhas costas agora, virado para a porta do chalé, em posição de combate e claramente pronto para atacar caso alguma coisa adentrasse o local.

—Bem, a segurança para um meio-sangue é bem relativa. - ele respondeu, dando de ombros, como se tudo aquilo que estava acontecendo não fosse nada demais.

—Você sabe que isso não é como um capture a bandeira, certo Victor? - minha voz não escondia o meu temor. -Diferente do que acontece nesse jogo de vocês, podemos morrer a qualquer minuto. - continuei, parando para respirar fundo antes de pegar o que eu estava procurando. -Achei. Vamos?! - o chamei alarmado.

Quando o filho de Ares me olhou, apontei para o fundo do chalé onde ficava a porta que dava para o mar. Sentiria falta daquele lugar porque ele me fazia sentir-se em casa, coisa que há muito tempo eu não sentia. Sua estrutura baixa, longa e com janelas de frente ao mar, me trazia uma sensação de tranquilidade e pertencimento. Adorava a cor acinzentada das paredes exteriores e os detalhes com conchas e corais, fazendo quase parecer com um aquário decorado! Olhei uma última vez ao redor, sentindo que por um bom tempo eu não voltaria a ver aquelas beliches que mais uma vez ficariam vazias. Meti a mão na fonte que ficava ali e peguei a quantidade de dracmas de ouro que a minha mão comportou e segui para os fundos do chalé.

—Espero que você não tenha medo de água. - falei ao lado de Victor que me olhou com um olhar de fuzilamento. -Não estou dizendo que você fede! - quase gritei, percebendo que ele poderia ter me interpretado mal. -Até gosto do seu cheiro, muito embora só tenha visto você suado ou coberto de sangue. - continuei a explicar, vendo o rosto dele ficar cada vez mais contrariado. -Melhor eu ficar calado. - olhei para baixo, procurando um buraco para enfiar a minha cabeça. “O mundo ao redor desabando e você pensando no suor do garoto... Francamente, Angelo!”

—Melhor mesmo, antes que você fique tão vermelho que eu passe a confundir você com um tomate. - Victor falou com o tom sério o que me fez ficar na dúvida se aquilo era uma brincadeira dele ou não. -Então, qual o seu grande plano, cacheado? - seus olhos estavam fixos nos meus e me senti de certa forma despido e vulnerável perante a ele.

—E-eu... chamei ajuda. - contei e o vi olhar ao redor procurando por algo ou alguém, o que me fez sorrir. -Eles devem vir por ali. - apontei para o mar, olhando diretamente para linha do horizonte. -A qualquer momento eles devem aparecer. - disse, esperançoso.

—Eu não estou vendo nada. O que exatamente eu deveria ver? - ele me perguntou, mas antes que eu pudesse lhe responder, senti um frio subir pela minha coluna e uma energia me jogou longe de onde estava. Novamente tudo era dor e frio! Minha visão ficou turva por alguns instantes, alternando da visão do céu quase escuro e sombras. “Elas estão aqui...” - foi o que consegui pensar, forçando-me a ficar de pé. Todavia, era como se eu estivesse em um daqueles péssimos e desesperadores momentos em que você tem uma paralisia do sono. Eu escutava as coisas acontecendo ao meu redor, mas não conseguia olhar em qualquer outra direção. Meu corpo parecia pesar toneladas e mover um único dedo era difícil demais. “Tenho que ajudar Victor.” - pensei.

“Você pode lutar contra as sombras meu escolhido!” - a voz doce que soou na minha cabeça me fez despertar. Já havia escutado aquela voz antes e como da primeira vez senti meu corpo ser preenchido de energia, algo quente e acolhedor. Sentei-me como se despertasse da morte, respirando fundo e olhando para todas as direções até encontrar Victor. Alguns metros de distância o garoto lutava contra duas assombrações. Com total maestria sua lança movia-se de uma lado para o outro, deferindo golpes certeiros contra as criaturas que por mais que tentassem não conseguiram atingi-lo em cheio. Por segundos fiquei apenas admirando-o, imaginando se um dia me tornaria um guerreiro tão habilidoso quanto ele, até ver as sombras se expandirem e formarem uma espécie de redoma ao redor de Victor. Levantando-me, corri em direção a ele. -Não! Não! Larguem ele suas malditas! - eu gritava a todo pulmões, sentindo a areia debaixo dos meus pés voarem às minhas costas a medida que corria mais rápido.

Ao alcançar o local, somente uma das mãos de Victor estava ainda visível fora da pequena redoma de energia que o engolia e foi ela que eu agarrei com toda a minha força, puxando-o para fora, mas era com puxar uma grande rocha fixada ao solo. -Não vou deixar vocês o levarem. - eu gritava entredentes, chutando a redoma e sentindo a mesma dor de antes cada vez que entrava em contato com as sombras. A mão de Victor aos poucos escapava dos meus dedos e eu sabia que a qualquer momento eu o perderia. As lágrimas já escorriam pelo meu rosto... -Deuses, por favor, me ajudem. - Clamei, segurando apenas três dedos do outro, sentido-os escorregar centímetro por centímetro. -Eu imploro, eu ofereço o que quiserem. - já não gritava mais, apenas sussurrava. Então, minhas preces foram atendidas!

A primeira coisa que senti foi o medo e as dores irem embora e uma coragem, que jamais imaginei que existia dentro de mim tomou conta, me fazendo pensar além do que estava acontecendo. Minhas mãos começaram a formigar e quando olhei para elas vi um leve brilho dourado irradiar da pele e mesmo que não soubesse como, entendi que aquilo me fazia capaz de enfrentar as sombras. Firme, afundei as mãos na redoma que prendia Victor e não senti qualquer tipo de dor. Parei quando toquei o corpo do filho de Ares e de uma só vez o puxei para cima como se o tirasse de dentro d'agua. - Peguei você. - falei, abraçando o corpo do garoto, afastando-o o máximo possível das sombras. Não demorou muito e logo as criaturas tomaram forma novamente, tal qual já começava a me acostumar a vê-las. Dessa vez eu não senti vontade de correr para as colinas. Dessa vez, eu deitei Victor na areia e voltei-me na direção das sombras que já avançavam e corri na direção delas!

Minhas mãos moviam-se à frente do meu corpo e eu sentia a vibração de tudo ao meu redor. Sentia a luz do sol que sumia atrás das nuvens, sentia o movimento da terra e a força do mar ao meu lado e antes que eu colidisse com as Assombrações, estendi as mãos unidas em direção a elas, lembrando-me de um movimento de desenho animado. Surpreendente foi ver que em segundos as criaturas desapareceram, sendo atingidas por um feixe de luz tão intenso que me cegou por alguns segundos. Estávamos seguros!

Voltei até onde Victor estava e toquei o seu rosto, chamando o seu nome. Ele aos poucos foi voltando a consciência e me olhou alarmado. -Calma, estamos bem. - falei sorrindo para ele. -Vamos para um lugar seguro. - dito isso, senti seu corpo relaxar e logo o filho de Ares voltou a inconsciência. -Você perdeu o meu Kamehameha. -falei, mesmo sabendo que ele já não me escutava. Olhei para o mar e vi que minha ajuda havia chegado. Dois hipocampos pulavam as ondas, mostrando toda a sua exuberância. Por um tempo fiquei olhando a criatura que na parte anterior era semelhante a um cavalo e na posterior uma cauda de escamas, como a de um cavalo-marinho. Sentindo o corpo começar a ficar cansado, puxei Victor para as minhas costas e o carreguei em direção ao mar, até estarmos montados nos Hipocampo. -Amigos, espero que vocês conheçam o nosso outro lado. Temos que chegar no acampamento Romano. - enquanto os meus amigos nos levavam mar adentro, eu pensava em tudo que havia acontecido e naquele poder que me dominara, certo de que ele não provinha de Poseidon.  -Onde os outros devem estar?


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