A Profecia de Éter - A arma primordial escrita por George L L Gomes


Capítulo 6
Capítulo 06 - Lutar ou Sobreviver?


Notas iniciais do capítulo

Imersos em completo caos, os semideuses têm que escolher entre lutar e ajudar os irmãos e amigos do acampamento ou fugir e salvar as próprias vidas para tentar cumprir a nova grande profecia! O que você faria?



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Logo que alcançamos o lado de fora da Casa Grande, ao encalço de Quíron, fomos imersos em um mar de caos. Por todo lado via-se semideuses batalhando, ou ao menos tentando, contra criaturas que eram compostas puramente de sombra. Suas armas, no entanto, não eram eficientes contra as Assombrações! Logo que o metal entrava em contato com a criatura o mesmo era coberto por uma camada de escuridão e em instantes tornava-se cinzas. Eu sentia, talvez graças ao meu pai, o clima de guerra instaurado no acampamento. Ainda que nós não estivéssemos preparado para isso, aquelas criaturas sem dúvida nenhuma estavam ali para derrotar cada guerreiro que estivesse de pé.

Assim como eu, os outros que tinham sido convocados pelo centauro até a sede olhavam estupefatos. -Vão ficar só olhando mesmo? Façam alguma coisa seus imbecis! - gritei, retirando a minha lança que  estava presa até aquele momento nas minhas costas. Depois do que havia acontecido durante o Captura a Bandeira, vi que era melhor andar preparado para o pior, o que mostrava-se naquele momento o mais certo a se fazer. Ao meu lado o semideus novato que agora eu sabia se chamar Angelo, olhava atônito, paralisado de medo. -Vem comigo! - falei para ele, tirando-o do estado em que estava, arrastando-o em direção aos chalés. Antes que pudéssemos correr, no entanto, uma grande explosão de sombras lançou longe todos que estavam ao redor.

Novamente senti a dor excruciante que me acometera horas antes, quando uma daquelas criaturas tocou o meu corpo. Sentia como se os ossos do meu corpo estivessem sendo arrancados, todos de uma única vez e foi difícil manter o foco e ficar de pé. Cambaleando, procurei primeiramente pela minha arma. A lança havia sido um presente de reclamação logo que me tornei conselheiro do chalé de Ares e era sem sombra de dúvidas a arma mais poderosa que eu já havia usado em toda a minha existência. -Onde? Onde? - me perguntei, tentando ver alguma coisa ao meu redor. Não muito distante de onde eu estava avistei Ravenna também tentando se reerguer, ajudando a filha de Atena. Ambas, com a explosão, foram lançadas nas águas do lago que ficava a poucos metros da Casa Grande.  -Mas que porra é essa? - me perguntei, começando a correr em direção à quadra de vôlei, local mais próximo da Casa Grande naquele lado Lago.

Estava a meio caminho quando uma Assombração formou-se a minha frente, me fazendo parar no mesmo instante. A criatura se inclinou na minha direção e antes de me alcançar, explodiu. O manto sombrio atingiu o meu corpo, lançando-me longe uma segunda vez, despertando uma dor indescritível. Devo ter perdido a consciência por alguns minutos e quando voltei a mim, sentia alguém me arrastando. Foi difícil identificar quem era, porque mesmo os focos de incêndio espalhados pelo local a luz da lua havia desaparecido e tudo parecia ter sido tragado por escuridão. Quase cheguei a atacar a pessoa que me arrastava, quando ouvi a do garoto reclamar. -Não consigo mais te puxar. - falou Angelo, largando os meus braços. -Consegue ficar de pé? - perguntou-me, já me puxando para cima. Com sua ajuda, consegui.

—Minha lança! - falei, em meio ao gemido de dor. -Tenho que encontrar... -antes de terminar, o garoto colocou algo em minhas mãos, que tamanha a familiaridade, logo descobri ser a minha arma.

—Depois da primeira explosão, ou seja lá o que foi aquilo, acordei perto dela. -Ele me explicou sem que eu precisasse pedir. Aquela era a segunda vez que o menino provavelmente me salvava, me deixando em dívida. Não éramos amigos e ele não tinha qualquer motivo para estar fazendo aquilo e no entanto, ali estava ele se arriscando para me ajudar.

—Obrigado. - disse, tentando enxergar o rosto do garoto naquela escuridão, antes de olhar ao redor. -Essa coisas estão tentando nos separar. - conclui, olhando ao redor e vendo que mais a frente outra daquelas criaturas se colocava entre Rafael e Ellene, explodindo em seguida, lançando os dois em direções distintas. -Elas só estão explodindo perto de nós. Com os outros campistas...  - antes que eu pudesse continuar, uma Sombra se projetou no local onde estávamos e sem perder tempo movi minha lança criando um arco à minha frente. A ponta da arma, composta de bronze celestial, cortou a Assombração de cima a baixo, partindo-a em duas. Diferente do que acontecia com as armas normais minha lança chegou a causar dano no meu oponente e não foi tomada pela escuridão que corroia, contudo, não eliminou totalmente aquele monstro. A Assombração perdeu a forma de manto que mantinha sempre que surgia, lembrando muito a figura da morte, e tornou-se por alguns segundos apenas duas bolas disforme. Cheguei a pensar que elas sumiriam pois ficaram de certa forma mais claras, todavia, eu estava enganado. Em vez de voltarem para o tártaro como acontecia como todos os outros monstros, as bolas negras criaram forma mais uma vez e onde antes estivera uma Assombração, agora estavam duas. -Merda. - senti o meu corpo ser puxado para trás e Angelo se colocar a minha frente. Antes que eu pudesse intervir no que ele estava fazendo, uma onda varreu as sombras para longe de nós, puxando-as para o lago.

—Vamos sair daqui. Lutar contra elas é impossível. - ele me disse ofegante, me puxando na direção dos chalés. - Só tenho que pegar uma coisa antes.

—Aquela onda, foi você? - perguntei, sorrindo e admirado com a capacidade do novato.

—Não sei como fiz aquilo, mas pelo visto deu em alguma coisa, mesmo não tendo sido exatamente o que eu queria ter feito. - ele tentou explicar, parecendo envergonhado. -Acho que sei uma forma de sairmos daqui. - ele me disse, quando já estávamos próximos dos chalés. -Espero que isso também dê certo.

—Foi espetacular, devo admitir. E seja lá o que você estiver indo buscar, espero que seja importante. - confessei, enquanto o acompanhava lado a lado, entrando pela primeira vez no Chalé 03, que era bem diferente do chalé de Ares ao qual eu estava acostumado. -Espero que seu plano para sair daqui dê certo como a sua “dobra d'agua”, Katara. - brinquei com ele, pondo-me na porta do chalé, ficando de guarda. Dali notei pela primeira vez que do alto do acampamento a Atena Partenos também havia sido engolida pela escuridão.

As ordens de Quíron haviam sido bem claras, mesmo que ditas em um momento crítico. Teríamos que deixar o acampamento meio-sangue, desvendar a profecia que havia sido feita para nós e cumpri-la até  a virada do ano, o que significava que tínhamos menos de dois meses. -Zeus nos ajude. - falei logo que coloquei meus pés do lado de fora da Casa Grande. Para todos os lados havia Assombrações surgindo e atacando semideuses, que mesmo tentando resistir eram atacados pelas criaturas, sendo tomados pela sombras, tornando-se estátuas da mesma forma que havia acontecido com o sátiro que havia nos anunciado sobre aquele ataque. -Isso é um pesadelo. - sussurrei, ficando cada vez mais espantado com tudo que estava acontecendo, até escutar as palavras de Victor, filho de Ares. “Ele está certo, não podemos ficar parados sem fazer nada”, pensei, respirando fundo e me preparando para lutar. Antes que pudesse fazer qualquer coisa, Assombrações surgiram no meio de nós e explodiram, envolvendo-nos em escuridão e nos lançando em direções diferentes.

Toda a angústia e dor que eu havia sentia durante a Captura da Bandeira voltou a aflorar e tive que me esforçar ao máximo para manter a consciência. Erguendo-me assim que fui ao solo, puxei o colar preso ao meu pescoço. Nele o pingente em forma de raio transmutou-se em uma espada longa, feita de titânio. A empunhadura tinha uma coloração em diferentes tons de azul e era cravejada de pequenas pedras lunares, acomodando-se perfeitamente em minhas mãos. Com a arma em riste, olhei em todas as direções em busca dos meus inimigos. Não muito distante de onde eu estava, vi um campista ser cercado por duas sombras e foi nessa direção que corri.

Estava a poucos metros quando vi Samantha levantar-se, tirando de cima do corpo uma porção de tábuas de madeira. Nossos olhares se cruzaram por segundos e ela pareceu entender a urgência que estava me impulsionando. A semideusa por mais que fosse nova no acampamento já havia mostrado para mim o tipo de pessoa que ela era. Sam, como passei a chamá-la, era uma menina segura e determinada e diferente dos outros filhos de Afrodite que eu conhecia, tinha a intenção de tornar-se cada vez mais forte, tanto que ocupou posição de destaque no time vermelho durante a Captura da Bandeira, liderando os arqueiros. Todavia, mais do que suas qualidades e beleza, o ponto mais peculiar da garota para mim era o fato dela não acreditar no amor, o que provavelmente deixava sua mãe divina decepcionada.

Voltando a olhar na direção onde as Assombrações estavam atacando, reconheci o semideus que estava encurralado. Gabricio, filho de Atena, tinha praticamente o mesmo tempo que eu no acampamento e era uma pessoa muito sociável. As vezes que tive oportunidade de conversar com o garoto vi que ele era uma pessoa muito boa e habilidosa. Quando cheguei a uma distância suficiente para um ataque, movi a espada acertando a criatura à direita do filho de Atena, que notando a minha aproximação e investida, me lançou um sorriso de alívio. A lâmina de bronze criou uma fissura na criatura que se afastou alguns passos, suficientes para que eu conseguisse me colocar ao lado de Gabricio. O garoto de nome diferente colou suas costas na minha, já ciente da estratégia de combate que assumiríamos. Em movimentos sincronizados passamos a atacar as Assombrações, sempre procurando os pontos que em outras criaturas seriam vitais!

Nossas armas apesar de causar alguns danos não eram suficientes para eliminar totalmente os nossos oponentes e o filho da deusa da sabedoria entendeu isso mais rápido do que eu. -Não sei se você tem algum outro plano, mas isso não vai adiantar nada. Vamos cansar primeiro do que essas coisas! - ele afirmou, o que eu não poderia deixar de concordar.

—Vou te dar cobertura. Quando elas abrirem espaço... - comecei dizendo, quando uma seta transpassou o local que deveria ser a cabeça da Assombração, fazendo-a perder a forma e tornar-se por alguns instantes somente um amontoado disforme de energia negra. -Corra! - gritei para o garoto que por segundos tentou resistir, mas cedeu aos meus empurrões, saindo de onde estávamos. A segunda Assombração que enfrentávamos tentou segui-lo, mas foi forçada a parar quando uma segunda flecha a transpassou. Procurando o responsável, vi Samantha com o arco em punho, disparando em várias direções, ajudando todos que conseguia. Corri na direção da semideusa. -Vem comigo. Temos que encontrar uma forma de sair daqui também. - Falei para ela. -Vamos para os estábulos! - juntos, seguimos para o local. -Só espero que os Pegasus estejam dispostos hoje. - completei, vendo que ela entendia a minha ideia.

Nos estábulos um grupo de semideuses lutava à porta com três Assombrações. Conhecia aquelas pessoas e sabia que elas fariam o possível para proteger os animais que ali estavam, que mesmo àquela distância era possível escutar os relinchos nervosos. Malu foi a primeira a me ver e entendeu quando eu sinalizei para que se afastasse, jogando-se para o lado e rolando em uma acrobacia perfeita no exato momento em que eu atirei minha adaga na criatura obscura que estava próximo da garota. Katia, Kitsunne e Josicler lutavam com todas as forças contra os outros dois monstros e logo eu estava ao lado deles, desferindo golpes com a minha espada enquanto Samantha lançava suas flechas, até a aljava estar vazia. Sem que eu visse da onde, a filha de Afrodite retirou um chicote cuja tiras de couro eram entrelaçadas com fios de ouro que reluziam em toda aquela escuridão e o cabo possuíam um acabamento em asas, tornando a visão da loira em combate mais bela do qualquer outra coisa que eu já tenha visto na vida. -Não podemos vencer essas criaturas, mas podemos retardá-las por algum tempo. - falei para o grupo de semideuses. -Entrem, peguem os Pegasus e saiam do acampamento! Procurem um lugar seguro para se esconder. - declarei para os outros, que entenderam bem a mensagem. Enquanto eu e Samantha lutávamos, os demais fizeram o que eu havia pedido. Poucos minutos depois, o grupo saiu do estábulo já montado nos cavalos, alcançando vôo. Manu foi a última a sair, trazendo consigo um Pegasus selado, entregando-me as rédeas. -Obrigado! - falei já montando no animal e estendendo a mão para ajudar Samantha a posicionar-se nas minhas costas. Um pouco relutante a garota subiu e logo estávamos no ar, indo em direção a saída do acampamento. Do alto, vi o filho de Atena com quem eu havia lutado minutos antes, enfrentando com todo afinco uma Assombração. Esperava que ele assim como todos os outros conseguisse escapar daquele pesadelo.

Enquanto todos correram para fora da mansão, eu subi as escadas da Casa Grande que dava acesso aos outros andares. De quebra ainda levei a Oráculo nos braços, já que seria muita falta de atenção minha deixar uma mulher daquela à disposição das coisas que estavam para além das paredes do local. -Quem é o louco que corre em direção ao inferno? - indaguei para a ruiva que ainda dormia calmamente e não me respondeu nada. -Aliás, acho que você precisa fazer um regime, gata! - completei, respirando fundo e já sentindo as primeiras gotas de suor brotarem na minha testa.

Quando cheguei ao sótão do lugar, que diga-se de passagem estava precisando de uma bela limpeza, coloquei Rachel na primeira cadeira que avistei e vi o seu corpo balançar para frente e para trás no objeto de madeira, o que pode ter sido ou não resultado da minha delicadeza ao pousar o seu corpo ali. -Vou precisar de um remédio para as costas. - reclamei, inclinando meu corpo para trás, tentando destravar a minha coluna, para em seguida pegar de dentro do colete que eu vestia uma pequena garrafa de metal, que continha o meu “suquinho de uva”. Tomei um longo gole e fiz uma careta maior ainda, sorrindo em seguida largamente. -Esse é dos bons. Quer um pouco, ruiva? - ofereci a minha companheira, que não se pronunciou. Em vez disso, um ruído arrepiante fez-se presente por todas as paredes da Sede do Acampamento, o que me obrigou a virar de frente para a porta, esperando a qualquer minuto que alguma coisas entrasse para nos pegar. Por sorte, nada apareceu! - Graças a Merlin… Ou seria aos deuses? - me indaguei, dando de ombros e indo até a pequena e única janela que havia ali, onde pude espiar o que estava acontecendo lá fora. E o que vi, foi um completo caos. -Puta merda, a coisa tá feia. - falei por cima do ombro, olhando para a Oráculo.  Ela não parecia se importar muito!

Diversos semideuses lutavam contra as mesmas sombras que haviam invadido o acampamento algumas horas mais cedo durante o Captura da Bandeira o que causava aquele som assombroso que eu tinha escutado. Meu querido pai e diretor do acampamento que deveria estar ali para ajudar a todos simplesmente havia dado no pé primeiro que todos nós. -Poderia pelo menos ter chamado o filhão aqui, não é mesmo pai? - falei com raiva, tomando mais um gole do meu suquinho. -Pelo visto, vou ter que me meter no meio dessa bagunça toda. - conclui ao ver que ficar ali dentro não me manteria seguro. Aquelas sombras estavam destruindo tudo que viam pela frente e não tardariam a chegar na casa grande. -Queridinha, sinto muito mas não vou poder levar você nessa aventura incrível comigo, amor. O que posso fazer é… - olhei ao redor procurando por algo e encontrei um grande pano branco cobrindo alguma coisa e o balancei no ar tirando a maior parte da poeira que o cobria, jogando-o em seguida por cima da mulher ruiva. -Ocultá-la das sombras malvadas! - falei, sorrindo largamente e realmente acreditando que daquela forma Rachel estaria segura. -Ficou até parecendo uma múmia! - comentei, caminhando em direção a porta quando parei de súbito. -Espera só um minuto. - lentamente fui virando novamente na direção onde eu estava antes e vi com mais atenção o que o pano estava cobrindo, antes de servir de manto para minha crush. -Quíron, Quíron... Seu safadinho! - falei admirado enquanto apreciava aquela máquina que chegava a me excitar, de tão bela.

Devo confessar que a cena a seguir deve ter deixado até mesmo aquelas Assombrações assustadas! Com o som de um trovão que fez o arroto de Zeus parecer um simples ronronar, eu surgi do topo último andar da Casa Grande montado em cima de uma MTT Turbine Superbike Y2K, voando em direção ao campo de batalha, gritando a todos pulmões. -SAIAM DA FRENTE SEU PUTOS!

A moto, que diga-se de passagem é considerada com uma das mais rápidas, mais poderosa e cara da produção, cortou o campo de batalha deixando semideuses e monstros sem conseguir entender o que estava acontecendo. Na minha mão o meu Tirso Amaldiçoado atingia quem se atrevia a ficar na frente. A arma que fora presente de Dionísio para mim (o melhor dizendo, fruto de um suborno que fiz a ele), era bem semelhante ao próprio tirço que o deus do vinho possuía, tendo hera na sua ponta (não a deusa vaca!). Ao atingir monstros a arma tinha como efeito desacelerar os movimentos, deixando-os meio bêbados, o que eu esperava que acontecesse com aquelas coisas que faziam cosplay da morte. Os pobres semideuses que por ventura também eram atingidos (sem qualquer intenção, exceto quando eram aqueles que me deviam) a arma causava um efeito de uma reação alérgica, mas eles não teriam mais do que uma pequena dificuldade de respirar e uma coceira anal.

Conduzi a moto em direção a saída do acampamento e vi o momento em que diversas Assombrações tentavam subjugar Peleu, ou como eu costumava chamar, Peleuzinho, o dragão que protegia o Velocino de Ouro. -Deixem o tótó em paz, suas safadas! - gritei para elas, desviando meu caminho e seguindo naquela direção, fazendo motor rugir. Claro que eu não sabia o que estava fazendo, mas ainda assim eu o fiz!

As Assombrações por alguns instantes pareceram ter a atenção atraída pela minha entrada triunfal, o que possibilitou que o dragão queimasse algumas delas. Quando estava perto o suficiente, cinco das coisas se jogaram contra mim, explodindo logo que me tocaram, me lançando para longe da moto que se chocou contra o pinheiro que outrora fora morada de uma das filhas de Zeus.

Senti dor como nunca antes havia sentido e quando consegui abrir os olhos avistei aquela belezura de moto pegando fogo. Um sentimento de ódio tomou conta de mim por aquelas dançarinas do diabo terem destruído meu brinquedinho novo e tentei me colocar de pé, somente nesse momento percebendo que meu próprio tirso havia atravessado na minha panturrilha. -Era só o que faltava. Desgraça pouca não tem a menor graça, não é mesmo?! Devo ter mandado Tique à merda em outra vida. - reclamei, puxando aos poucos o tirso da perna. Não foi uma imagem bonita de se ver, confesso! Depois de retirado, improvisei um curativo rasgando parte da camisa que virou um cropped, enrolando no ferimento para então tentar me levantar.

Não teria conseguido se não fosse a ajuda de um garoto que chegou por trás me encoxando e me ajudando a ficar de pé. -Opa! Não é assim fácil não, moleque. Certo que dizem que o de bêbado não tem dono, mas o meu tem sim! - falei, rindo e olhando para trás para ver quem era o atrevido. -Danadinho! - disse em total tom de gozação quando reconheci Pedro, outro filho de Dionísio, que a menos de um ano havia chegado ao acampamento. -Se você não fosse meu irmãozinho, até que poderia te dar uns beijos de agradecimento. Ou será que já ficamos? - perguntei para ele que corou e me interrompeu, gritando algo sobre os “monstros”.

Quando olhei para frente as assombrações estavam se aproximando novamente. -Fica frio, teremos ajuda. - falei para ele, apenas fitando as sombras que se aproximavam. -Segura em mim! - instruí, antes de tirar a garrafa de dentro do colete e erguer acima da cabeça. -Peleuzinho, olha o suquinho mágico! - gritei e vi o dragão olhar fixamente para o objeto em minhas mãos, voando em disparada na nossa direção. Antes que ele pudesse abocanhar a minha mão, movi-me para o lado o mais rápido possível e me agarrei em uma das asas do bichano. Com dificuldade e dor, montei no dorso do dragão, carregando Pedro comigo. -Nós vamos morrer! - ele gritava atrás de mim, enquanto eu ria de forma histérica. Já havia pensado várias vezes em fazer aquilo, mas nunca tivera a chance. - Não se preocupa, o Peleuzinho é viciado no meu suquinho mágico, ele vai se comportar. Agora, tenho uma notícia não muito boa pra você! - falei, olhando para o garoto que tinha cara de espanto. -Você vai ter que pular em três, dois… - ouvi ele reclamar alguma coisas. -Um! - empurrei ele das minhas costas vendo-o cair no teto da Casa Grande. -Cuida da Oráculo pra mim! Diz que o Kaleb deixou um beijo! - gritei, no exato momento que Peleu deu a volta em pleno ar. -Peleuzinho, pega! - falei com o dragão, jogando a garrafa para o auto, vendo-o subir e engolir ela de uma vez. -Agora, vamos pegar algumas encomendas e dar o fora daqui! - Enquanto Peleu voava na direção que eu instruía, saquei de dentro do colete a garrafa reserva que sempre estava comigo.


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