Over Game escrita por Kang SoRa


Capítulo 9
Coelhinho da Páscoa, Que Cor Ele Tem?


Notas iniciais do capítulo

D.E.S.C.U.L.P.A.



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Claro que seria ele. Sabe por quê? Ele só aparece quando eu não tenho ideia de que que ele aparecerá. Por isso, só podia ser esse imbecil.

—Oi.

Nem me dou ao trabalho de cumprimentá-lo de volta. Com um aceno de cabeça, insinuo que deve continuar. Minha cara reflete a minha total indiferença.

—Então… -ele começa.

Silêncio.

—Você não vai me deixar entrar não, porra?!

—O que você quer?

—Então, segundo o manager está na hora de nós começarmos a cumprir o contrato. -ele diz, ainda parado em minha porta.

—Ata.

Silêncio.

—Só isso? Você não vai me perguntar mais nada? -pergunta Hongbin.

—Estava esperando você desenvolver por si mesmo, mas parece que você não tem capacidade para isso, não é mes… ?

Basicamente—sou cortada- temos que ir a algum lugar e “acidentalmente” ser pegos por um paparazzi.

—Não parece difícil. -afasto-o com uma das mãos, saindo do apartamento- Vamos.

Começo a andar para o elevador, quando ele me para.

—Quê? Como assim? -ele aponta para o meu corpo- Você vai assim?

Olho para as minhas roupas.

Ah…

—Verdade! Esqueci das pantufas.

—Pantufas? Você realmente acha que esse é único problema com… -ele aponta novamente para mim- isso?

—Na verdade, eu não vejo problema com nada. Só não quero sujar minhas pantufas mesmo. -falo bem cinicamente. Eu sei do que ele está falando. Confesso que estou sendo extrema, mas… são com as pequenas coisas que se educa. Não posso deixar ele pensar que é assim que a banda toca.

Silêncio. É isso que recebo em troca. E, bom, como quem cala consente, não preciso nem dizer que, 20 minutos depois, estamos eu e Hongbin sentados num restaurante qualquer de comida coreana, ele com sua roupa olha-eu-sou-um-idol e eu com meu moletom completamente preto e um par de pantufas brancas de coelhinho para dar aquele contraste maroto. Uma combinação, no mínimo, curiosa.

—Boa noite. O que vocês gostariam? -uma ahjumma velha pergunta-nos.

Hongbin acena para mim com um olhar desgostoso. Apesar de ele ter mantido uma expressão animada desde que saímos do carro, provavelmente devido aos paparazzi, ele não consegue evitar.

Ah, querido. Posso garantir que tão feliz quanto você estou eu aqui.

Volto a minha atenção para o cardápio em minhas mãos, com o qual tenho brincado já faz uns 10 minutos. Não consigo disfarçar a cara de desgosto que faço ao olhar aquelas sopas, caldos e legumes.

Mas que merda…

Eu detesto isso, cara. Olho o cardápio inteiro, procurando por algo decente, mas não encontro nada. Resolvo que decidi.

—Uma Coca. -a tiazinha anota.

—E para comer?

Aish…

—Nada. -ela me olha com uma cara de cú, que logo se transforma num “foda-se”. Essa tia sim me representa.

Percebo que Hongbin está até que bem entretido com a situação. A senhora anota o pedido dele e sai.

—Se você avisasse que não gostava de comida coreana, nós iriamos a outro lugar. -ele diz.

—Ah, não precisa se incomodar, ahjussi. -falo- Quanto mais rápido terminarmos isso, melhor.

—Pare.

—Oi?

—Não me chame de “ahjussi”.

—Aaa… -reviro os olhos- de novo esse assunto…

—Sério. Não faça isso. -ele parece realmente incomodado com a situação. Pergunto-me se não é outro tabu dessa sociedade- Principalmente agora que descobri que você ainda está na escola.

—Qual é o problema de eu ainda estar na escola mesmo?

—Você ainda pergunta? Não é meio claro?

—...

—Nós estamos teoricamente mantendo um relacionamento... -realmente não sei aonde isso vai chegar.

E concluo que, na verdade, estou pouco me fodendo.

 

 

 

Já estou na décima fase de um joguinho qualquer, quando a comida chega. Quer dizer, a comida dele. Eu olho para a minha garrafinha de Coca vazia.

O que eu vim fazer aqui mesmo?

Grudo a cara na grande vidraça do lugar, olhando a leve chuva que cai no outro lado. Por um segundo, sinto-me até confortável.

Olho para Hongbin, que come -que merda é essa?- e olha alguma coisa em seu celular. Acho que ele é a única pessoa com que já falei fora do trabalho ou da família desde que cheguei a esse inferno. Não que tenha sido por opção.

Enquanto o observo, percebo algo que talvez só tenha reparado agora: como esse cara é bonito. Quer dizer, essa uma daquelas verdades universais que você raramente para para averiguar sua veracidade. Com isso quero dizer que, obviamente, sabia que ele não era feio, entretanto nunca tinha constatado isso por mim mesma. Mas tá aí agora. Esse filho da puta é mesmo lindo pra porra!

Estou tão ocupada mantendo essa reflexão interna sobre a beleza exterior de Hongbin, que, quando reparo, ele também está olhando para mim. Continuo encarando-o assim como ele também permanece a me olhar. Não estamos compartilhando um olhar de desprezo ou algo assim. Só estamos nos olhando mesmo. Apenas observando um ao outro. As feições completamente inexpressivas, apenas com uma provável insinuação de curiosidade no olhar.

Não quero que isso daqui vire uma daquelas típicas situações de anime shoujo, mas não consigo evitar ficar constrangida e desvio o olhar. Logo, sinto como se tivesse perdido uma partida do nosso constante jogo. E isso me irritada. Na verdade, isso me deixa puta.

—Terminou de admirar? -pergunto.

—Haha -ele dá uma risada sem graça- Não é como se eu tivesse sido o único aqui, não é mesmo?

—Não confunda, cara. Tem comida na sua cara. -aprenda comigo: sempre tenha uma carta na manga.

Hongbin rapidamente faz um movimento em direção ao rosto, passando um guardanapo no rosto limpo. Ele parece perceber que foi enganado, pois me olha com uma cara de merda.

—Trouxa. -acrescento com um risinho de lado.

 

 

 

Após pagar a conta -até fiz menção de pagar a minha ínfima Coca, mas ele já tinha sacado um cartão de um canto qualquer. Que merda, se soubesse que sairia do bolso dele, teria catado metade da caixa de Kit Kat do balcão-, rumamos o estacionamento onde estava o carro dele. Não era muito longe, mas o chão encharcado pela chuva, estava se tornado um verdadeiro desafio para minhas pantufas.

—Tem certeza que isso são coelhos? Estão mais para…

—Nossa, como você é engraçado.

Lanço-lhe um olhar de vai-se-foder, bem retribuído por ele, por pouco tempo, visto que sua expressão logo muda para alarde.

—CUIDADO!!!

Numa fração mínima de tempo, um carro passa ao meu lado. Até aí tudo bem. A merda está no fato de que, na atual conjuntura, encontra-se uma poça de água na rua, daquelas que estão mais para o Atlântico inteiro que para uma infame poça. Hongbin me joga para o lado e, num primeiro momento, eu poderia até achar uma atitude louvável, mas, agora, largada no meio dessa poça com as pantufas quase que inteiramente submersas, pergunto-me se a intenção foi mesmo a das melhores.

—PORRA!!!

Hongbin me olha assustado, provavelmente porque estou gritando no meio da rua.

—NÃO ME OLHA ASSIM NÃO, SEU MERDA! -levanto-me rapidamente, voando para o seu pescoço- O QUE DÊMONIOS VOCÊ PENSOU QUE ESTIVESSE FAZENDO?!

—EI! EU ESTAVA TENTANDO TE AJUDAR!

—ACHO QUE VOCÊ ESTÁ PRECISANDO DAR UMA REDEFINIDA NOS SEUS CONCEITOS DE “AJUDAR” ENTÃO!

—JÁ EU… ! -Sua voz morre.

Ele se aproxima de mim num só movimento, abaixando-se ao chão. Olho para baixo, encontrando um dos coelhinhos quase que completamente tingido. Banhado em vermelho vivo.

Apago.


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Notas finais do capítulo

Azul, amarelo e VERMELHO também~
Parei.
Muito obrigada por ler mais um capítulo dessa fic. Muito mesmo.
Não se esqueça de favoritar, comentar e recomendar, obviamente, caso achem que ela mereça.
Fiquem na paz~

https://fanfiction.com.br/historia/731627/Perdida_em_Seoul/



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