Crônicas do Amor Caótico escrita por Lune Kuruta


Capítulo 4
Dia 4 (Aquagêmeos): Ciência


Notas iniciais do capítulo

"Dia 4 - Desenhe/Escreva sobre seu otp brigando/tendo dr e como eles se resolvem depois. Ou, se preferirem, só a segunda parte."

Songfic: "The Scientist" - Coldplay (sugiro que escutem enquanto leem pra pegar o clima e tal)

IMAGEM DO CAPÍTULO: Commission Aquagêmeos feita pelo próprio Jonnhy Jota, todos os direitos reservados.



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Estavam na cama, após momentos tórridos, e fitavam o teto enquanto corpos e mentes se restabeleciam. Era aquele instante em que se está tão relaxado que os pensamentos saem naturalmente.

— Acho que tá na hora de dar um tempo.

Aquelas palavras pairaram pelo quarto preguiçosamente, assim como foi preguiçosa a forma como entraram pelos ouvidos do geminiano. Levou alguns momentos para Gêmeos processar a informação.

— Hm.

— Quero dizer… isso aqui é bom, é muito bom, só…

— Tô sabendo — O bicolor murmurou, o olhar preso nas luzes psicodélicas que as luminárias do quarto de Aquário projetavam no teto — Normal da vida.

— É… — Aquário também parecia desconfortável com a situação, os olhos cravados nas mesmas luzes — Mas tipo, eu continuo te curtindo bastante, pode contar comigo, cara… somos amigos, e tal.

— Lógico! Tô de boa, cara...

Uma sensação estranha tomava conta dos dois naquele momento; um torpor que não vinha da noitada que tiveram antes, mas daquela conversa repleta de silêncios. Na verdade, como jamais haviam tido aquele tipo de relação com outra pessoa, a estranheza se justificava… não era?

Gêmeos se levantou da cama após alguns minutos.

— Acho melhor eu ir… tô meio com sono, sabe como é.

— Uhum.

— Então… — Limpou-se com lenços de papel, o suficiente para poder se vestir sem problemas — Bom, então amanhã a gente se fala. Falou… — Fez um joinha e deixou o quarto.

Quando a porta se fechou, Aquário ergueu uma mão até o criado-mudo, removendo a camiseta que cobrira seus fones de ouvido. Lançando um olhar lateral ao objeto, via Willian parecer lhe lançar um olhar de repreensão.

— Não me olha assim. É assim que as coisas precisam ser, valeu? O amor romântico é só um mito burguês, não se esqueça.

Enquanto isso, Gêmeos rumava para o banheiro a fim de um banho antes de dormir. Não estava triste, claro que não! Era, assim como Aquário, um cara racional e que entendia perfeitamente que essas coisas acabam, e pelo menos a amizade continuava. Entrou no chuveiro e se banhou longamente, lavando-se dos últimos resquícios de Aquário em seu corpo.

Para Gêmeos e Aquário, aquele momento de estranheza era natural e até esperado.

Era de fato estranho terminar algo que nunca havia oficialmente começado.

 

000

 

A semana seguinte foi como uma espécie de retorno a uma rotina havia tempos abandonada.

Capricórnio arqueou a sobrancelha, estranhando, ao chegar ao escritório de casa para trabalhar e ver o aquariano ali disposto a pentelhá-lo.

— Saudade de mim, Caprizinho? — Aquário fez seu costumeiro beicinho manhoso, deitado de barriga pra baixo no chão do escritório e balançando folgadamente as pernas no ar.

— Na verdade eu tô é surpreso… — Capricórnio ajeitou os óculos na ponte do nariz e olhou ao redor — Gêmeos tá escondido aqui, né? Vão me pregar uma peça, é isso? Seja o que for andem logo, tenho muita planilha pra analisar!

— Não, só vim te dar um oi… — O bico do menor pareceu genuinamente aborrecido daquela vez — Por que tá falando nele? Não somos grudados, sabe?

— De fato não são… — O mais alto se sentou diante da própria escrivaninha, dando de ombros — E não precisa ficar ofendido, foi só uma suposição…

— Eu não tô ofendido! — A voz seca do aquariano dizendo claramente o contrário — Gê e eu somos amigos, mas temos nossas individualidades! Vocês, humanos rendidos à ideologia burguesa querendo misturar prazer físico a invencionices sentimentais como o amor romântico! Não é porque a gente transa que a gente tem de viver grudado! Aliás, tanto não é assim que a gente nem tá transando mais, valeu?

— Que seja… — Capricórnio tornou as atenções a seu computador, indiferente. Não era como se ele ligasse para aquelas coisas, na verdade.

Ouviu a porta bater e, só então, a voz de Câncer o fez saber que o ruivo tinha conseguido se esgueirar pra dentro antes de Aquário bater a porta com violência.

— Eles terminaram? — O canceriano serviu o café da manhã ao maior.

— Eles tavam juntos? Digo, juntos juntos?

— Não sei, mas ele parecia realmente aborrecido — Câncer deu um ligeiro sorriso, fitando a porta fechada — E andava muito com o Gêmeos, mesmo. Tá mais tagarela que de costume, notou? Bem que dizem que os casais começam a se parecer com o tempo...

Capricórnio deu um gole no café, nem aí, e retornou à planilha que revisava.

 

000

 

— Você voltou a fazer brincadeiras comigo sozinho? — Peixes (de xuxinha) sorriu algo surpreso — Fazia um tempo!

— Você não se assustou? — O geminiano arqueou a sobrancelha, o rosto todo coberto de farinha, bancando o fantasma.

— Oh, eu me assustei, sim… — O pisciano coçou a cabeça — Onde está o Aquário? Ele tem te ajudado nas peças ultimamente…

— Eu sei lá onde tá o Aquário! — Gêmeos bufou — Eu sempre fiz essas zoeiras sozinho, por que não posso fazer de novo? Parece uma conspiração de todo mundo aqui contra mim, vocês ficam falando em Aquário, Aquário, parece uma lavagem cerebral! Ele é meu amigo, mas é cada um por si! Cês tão me acusando de meloso?

— N-não!

— Beleza! Vou lá lavar a cara que essa farinha tá me irritando… — Gêmeos saiu para o banheiro chutando pedrinhas imaginárias.

Escorpião chegou à sala em tempo de ver o geminiano se retirando.

— Ele fez alguma coisa contigo? — O escorpiano estreitou os olhos, já planejando mil vinganças.

— Ele não fez nada, Scorpy.

— Ah, mas eu mato… pera, oi?

— Ele não fez nada… — Peixes sorriu para a escada por onde o geminiano havia partido — Eu acho que ele não tá nos melhores dias… mas sabe…

— Hm?

— Engraçado como ele tá com um jeito meio “Aquário” ultimamente, você não acha? Espero que não tenham brigado, eles parecem se dar tão bem…

Escorpião deu de ombros, embora no fundo estivesse ligeiramente intrigado.

 

000

 

Estudos afirmavam que o amor não durava mais que um ano e pouco.

Afinal, o que eram a paixão e o amor senão uma complexa gama de reações químicas no cérebro? Inundados em neurotransmissores, os tolos apaixonados passavam por uma fase de mentes toldadas e idealizações inúteis enquanto seus organismos se utilizavam daquela ilusão fisiológica para tentar perpetuar a espécie.

Não que Gêmeos e Aquário pudessem fazê-lo, na verdade, mas o raciocínio se aplicava.

— Afinal, o que tínhamos era isso… — Murmurava Gêmeos em sua cama, lendo dezenas de artigos da Wiki e reportagens a respeito — Uma festa de hormônios e neurotransmissores. Feniletilamina. Era como se o Aquário fosse um chocolate gigante, ambulante, falante e pensante e que eu degustava de um jeito diferente, só isso. “Na União Aquariana, o chocolate come você”. Bem assim.

— A sociedade burguesa se apropriou do instinto de procriação… — Resmungava Aquário em seu quarto enquanto navegava em seu notebook, lendo sobre o assunto — Os casamentos que antes eram só por interesse… ou melhor, que eram abertamente por interesse… passaram a ter uma desculpa, e aí inventaram o amor. O amor é uma tentativa do homem de disfarçar e sublimar um instinto que foi monetizado e depois romantizado pra se criar um núcleo familiar.

— Esse tipo de reação química pode acontecer com qualquer pessoa… — Refletia Gêmeos em seu quarto — Feromônios, complexos de histocompatibilidade… essas coisas podem me direcionar a qualquer pessoa. Não é como se o Aquário fosse especial só porque foi ele o primeiro que me fez liberar esse tanto de dopamina. Capaz que o corpo dele tinha esses pré-requisitos que o meu pede, só isso. Não é o único no mundo...

— Padrões de beleza — Aquário falava com Willian enquanto navegava na Internet — A sociedade dita padrões, e por mais que eu fuja disso… meu cérebro também pode ser envolvido. O Gê tem… uma aparência diferente, fascinante. Até a Astrologia explica. Essa aparência exótica dele foi que me chamou a atenção e fez acontecer esse negócio todo.

— Faz um ano e meio do nosso primeiro beijo — Gêmeos reparava na data no visor do celular — A reação acabou, não acabou? O que resta depois que o cérebro se acalma é comodismo, e a gente odeia isso. Foi por isso que a gente parou de se encontrar. Pra que continuar? Cientificamente falando, não faz sentido. O racional seria seguir a vida até outra pessoa fazer a tal reação rolar de novo. Outras bocas, outras camas, outras posições pra aprender… outros corpos pra desvendar...

— Faz um ano e meio do nosso primeiro beijo — Aquário sorriu para a data na tela do notebook — Um ano e meio em que a gente ficou junto e imitou a monogamia que a sociedade impõe. Acho que isso tava me atrapalhando a ser eu mesmo, saca? Eu sou um cara livre. Ficar preso a um cara por conta daquele mimimi de amor é besteira, é desperdício de uma cabeça como a minha.

— O Aquário foi um bom parceiro — Admitiu o bicolor para si mesmo — Rolava a atração física por conta da química toda e tal, e ele é gato, convenhamos. Quero dizer, não que eu admitisse antes, mas é. E não bastasse isso… — Sorriu meio bobo — Os olhos dele brilham quando ele tá explicando alguma coisa tão empolgado. Acho que nunca conheci um cara tão genial. Sim, total maluco, mas acho que um gênio que se preze precisa ser louco. Então… a aparência, a voz, o jeito de pensar, o jeito de falar, o senso de humor… o cheiro, o jeito de me tocar e me beijar… foi isso que me despertou essa bagunça cerebral. Droga, meu coração tá acelerando… será que essas reações químicas têm daqueles efeitos tipo flashback? Bom, de qualquer forma, foi bom enquanto durou. Acabou a baderna, de volta à clareza de raciocínio.

— O Gê foi um parceiro bacana esse tempo todo… — O aquariano desabafava com o peixe — Tá, tem a aparência, mas ele me escuta. Mais do que isso, ele me responde, cara. Ele gosta das minhas ideias, debate, argumenta, testa elas. Tá, ele fala muito, demais mesmo, mas é gostoso ouvir ele falar. Ele tem um senso de humor que eu curto, e a gente se divertia tanto zoando na casa! Falando nisso, acho que ninguém além de mim sabe o quanto o cara é inteligente, sempre tem algum assunto curioso pra falar. “Hey, Aqua, você sabia…?”. Acho também que ninguém sabe o quanto aquela boca pode ser macia, o quanto aquelas mãos são habilidosas. Foi um tempo muito bom. Mas né, a fila tem de andar.

— Tudo isso faz sentido na minha cabeça. Mas por que eu tô me sentindo tão… vazio?

— Eu sei que tenho razão no que eu tô pensando, Willian. Mas por que eu me sinto assim, tipo… vazio?

— É meio assustador. Acho que era bem isso… essas coisas dão medo. Dá um cagaço pensar que você sozinho já não é a mesma coisa, e todo mundo tá notando. Mas também dá um medo ficar escravo dessa ilusão e bancar o idiota.

— No fundo eu quis afastar o Gê de mim porque tava com medo de perder a minha individualidade, a minha originalidade, a minha independência. Mas a quem eu tô enganando? Até o povo da casa sabe. Acho que… não tem mais volta…? Cacete! — O aquariano rolou pela cama — Olha quem tá bancando o trouxa...

Aquela sensação os estava sufocando em seus quartos. Acabaram por sair para a varanda. Como bons signos de Ar, buscavam um pouco de seu elemento para ajudar a pensar.

 

000

 

— Hey.

— Hey. Não consegue dormir?

— Não. Você também não?

— Não. Senta aí…

Gêmeos sinalizou e Aquário se sentou no degrau que dava pro jardim. A casa estava silenciosa, os demais ocupantes já adormecidos, e a pouca iluminação vinha do céu estrelado e da Lua que brilhava cheia em toda a sua glória.

— Então, ah… eu tava pensando. Tá tudo bem, Gê…?

— Nah… normal. E contigo?

— Também… a gente conversou pouco esta semana.

— É… desculpa, eu tô de boa, é só que ficou meio estranho… — O geminiano sorriu amarelo.

— Pois é. É foda porque… eu senti falta. Bom, a gente só sente falta quando perde, dizem, então meio que senti falta dos nossos papos.

— Melhores papos! — Gêmeos sorriu, colocando uma mecha de cabelo prateado, que esvoaçava com a brisa, para trás da orelha. Aquário se perdeu por um momento observando o gesto banal — Eu ria pra caralho. É estranho ficar afastado, tipo… não que eu curta gente grudenta, longe de mim, é só que parecia tão natural… era mais divertido, eu me sentia melhor...

— É… — O aquariano engoliu em seco, o coração se acelerando por algum motivo que até sabia, mas não queria admitir.

De certa forma, estava se sentindo de volta àquele dia do primeiro beijo.

 

Come up to meet you, tell you I'm sorry.

You don't know how lovely you are

I had to find you, tell you I need you

And tell you I set you apart

Tell me your secrets, and ask me your questions

Oh let's go back to the start

Running in circles, coming up tails

Heads on a science apart

 

— Eeee… as coisas ficaram estranhas de novo — Gêmeos riu pelo nariz.

— Não deveriam estar. Digo… já faz tanto tempo…

— E a gente é esclarecido, é tão de boa…

— É. Pensando bem, a gente combina pra caralho. Até nesse receio besta de se envolver de verdade.

Gêmeos corou ligeiramente e desviou o olhar com um ligeiro sorriso.

— Ora, ora, temos um Xeroque Rolmes aqui…

— Mas acho que tá meio na cara, né… — O uraniano deu de ombros — A gente sabe que esse negócio de paixão é só umas reações loucas que rolam no cérebro e que o amor romântico é uma invenção da sociedade. Então… por isso a gente se afastou numa boa. Mas bate… sei lá, parece que é um desperdício eu me afastar de um cara como você.

— Eu digo o mesmo… — O bicolor tornou a olhá-lo — Incrível como a gente combina tanto que as nossas caraminholas conseguiram complicar o que podia ser fácil.

 

Nobody said it was easy

It's such a shame for us to part

Nobody said it was easy

No one ever said it would be this hard

Oh take me back to the start



— Você também andou lendo aquelas coisas sobre as reações que acontecem, né? Então deve saber que tipo, as nossas já deviam ter acabado.

— Mas não acabaram, né… — O coração de Gêmeos pareceu saltar na caixa torácica. Então não era só ele…?

— Será que a gente é tão louco que a química dos nossos cérebros é diferente dos estudos? — Aquário fitou o céu por um momento, e sua expressão era leve e divertida — Ou a gente é tão porralouca que fica produzindo fenil-não-sei-das-quantas o tempo todo, tipo um barato permanente, saca?

— Capaz que sim. Não sei se consigo responder de um jeito cem por cento racional e zero por cento meloso.

— De certa forma… acho que esses estudos não se aplicam exatamente à gente, então talvez seja melhor a gente não ligar pra eles.

— Foda-se a Ciência e a lógica porque o que a gente tá sentindo é diferente do que eles falam, é isso?

— Acho que ser racional também deve ser reconhecer quando uma hipótese científica não se aplica…

— Verdade, verdade… — Gêmeos suspirou.

 

I was just guessing at numbers and figures

Pulling the puzzles apart.

Questions of science, science and progress

Don't speak as loud as my heart.

So tell me you love me, come back and haunt me,

Oh, when I rush to the start

Running in circles, chasing in tails

Coming back as we are.

 

Os dois se olharam, suas mentes sintonizadas em uma mesma decisão.

— Acho que a gente pode então descartar aquela balela de “um ano de duração” e só aceitar… o que a gente sente, né? — Aquário baixou a voz — Digo, não que eu seja meloso nem porra nenhuma desse tipo. Só… deixar rolar?

— … Eu acho que a gente pode perfeitamente pular a parte do “Eu te amo, por favor nunca me deixe” se te aterroriza tanto.

Os dois riram.

— Talvez o mais irracional de tudo seja a gente ainda ter medo um do outro.

— Na verdade, acho que temos medo do que nós mesmos podemos fazer por causa do outro. Pagar micão ou algo assim, perder a razão...

— Se tivermos esse mesmo medo juntos, significa que a gente pode vencer isso juntos…? Tipo, recomeçar mas sabendo dessa treta. Acho que fica mais fácil.

— É uma boa. Pode contar comigo…

— Eu sei.

Enquanto a distância entre os rostos de Gêmeos e Aquário ia se reduzindo lentamente a zero, Willian dava uma alegre cambalhota no fone de seu dono.

 

Nobody said it was easy

It's such a shame for us to part

Nobody said it was easy.

No one ever said it would be so hard

I'm going back to the start.

 


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Notas finais do capítulo

- Eu tava louca pra fazer uma songfic com essa música pra eles. E olha que não sou fã de songfics...

— Pra variar ficou enorme... realmente não consigo escrever minifics.

— Não coloquei a tradução da música... queria traduzir com as minhas palavras, mas não quis atrasar ainda mais a postagem. Se alguém não manjar muito bem de Inglês pode ler a tradução aqui: https://www.vagalume.com.br/coldplay/the-scientist-traducao.html


— Postei o capítulo ontem no grupo, mas deixei pra upar aqui só hoje porque tava morrendo de sono e qqq

— Segunda/terça-feira tem mais Aquagêmeos no dia 5!



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