Vollfeit - Diellors e ihenes escrita por Kaonashi


Capítulo 5
Capítulo 5




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Capítulo 5

Família Arkan

 

Caminhando pelas ruas de Diellor, mal parecia que o dia anterior fora agitado e perigoso. As calçadas estavam enfeitadas com bandeiras de Vollfeit, divididas em duas partes, entre amarelo e azul-marinho. As pessoas saíam de casa alegres para chamar seus vizinhos para o banquete no jantar, que era tradição naquele dia especial. Neri sorriu internamente diante da animação alheia, tentando afastar a sensação incômoda dentro de seu coração. Por que nunca lhe ensinaram sobre teleporte e outras habilidades avançadas? Por que os vira apenas em histórias e lendas? Em pouquíssimas histórias, na verdade. Talvez não fosse boa o suficiente para aprender. Era isso, não tinha metade da experiência de Auren. Frustrou-se, lembrando-se do quanto teve que fazer para suprir sua deficiência contra o mensageiro, passando em sua mente a rapidez com que o mestre do ar o capturou.

Suspirou e bloqueou a memória dos olhos caramelos e irônicos mais uma vez, concentrando-se no que estava a sua frente: ruas decoradas com bandeiras e flores brancas para o aniversário de Vollfeit. Distraída pelo cenário, chegou até o castelo. Subiu até a torre destinada às casas dos trabalhadores, dirigindo-se ao quinto andar, dois acima de Belchior. No final do corredor se deixou encarar a porta da família Arkan. Um vazio percorreu o corpo feminino como se tentasse empurrá-la e afogá-la em um mar escuro.

— Neri…? - alguém a chamou.

A espiã olhou para o lado e encontrou uma mulher de cabelos longos e acobreados. Seus olhos a fitavam com uma leve surpresa.

— Olá, senhora Dana - cumprimentou-a, tentando ocultar a dor repentina em seu peito.

— Faz tempo que não a vejo - sorriu gentilmente. - Como você está?

— Bem. Ficarei aqui para o jantar - retribuiu com um sorriso.

— Ah, entendo - balançou a cabeça. - Não se importe em me chamar se precisar de algo.

— Obrigada.

A mulher sorriu com compaixão, provavelmente se lembrando da senhora e do senhor Arkan. Então fechou a porta de sua casa, a poucos metros dali, e se retirou. Neri voltou a olhar para frente. Respirou profundamente e entrou no seu antigo lar. O cheiro de poeira logo a acertou, fazendo-a suprimir um espirro. Andou pela sala intocada a mais de seis meses, analisando o sofá e a poltrona que costumava tomar para si mesma na infância. Um tapete verde claro pegava todo o espaço entre os dois, grande o suficiente para deitar confortavelmente ali - pelo menos, pensou, quando ainda era criança. Foi até as janelas retangulares e as abriu, puxando a cortina para o lado e deixando os raios de sol entrarem junto com ar fresco. Então virou à esquerda, abrindo uma segunda porta. Assim como a sala, o quarto pequeno também precisava de limpeza. Repetiu o feito com as janelas e, controlando o ar, sugou todas as partículas que pudessem ser poeira. Guiou-as até um saco, no lado da porta, que servia como lixeira e o fechou no fim. Sorriu internamente, satisfeita pela praticidade que o ar poderia lhe oferecer, e se jogou na cama, perdendo a vontade de se limpar. Fechou os olhos e, involuntariamente, o rosto jovem de seu oponente voltou à tona. Reclamou, não queria mais pensar naquilo - não tinha motivos para continuar pensando. Levantou-se, forçando-se a pensar numa banheira cheia de água fresca e morna. Era só isso, afinal, que ela precisava naquele momento.

 

 

O tempo passou se arrastando. Era noite quando Neri voltou para o castelo, vigiando outra vez as ruas da vila. Cada vez que passava por alguma casa, os cheiros de comida para os banquetes de comemoração a faziam querer voar até a cozinha real e descobrir o que Aldith cozinhava - e provavelmente estava cozinhando como nunca naquele dia.

Passou pelos portões metálicos e andou até onde o cheiro de frango assado saía, contando ansiosamente os passos até lá. Ao entrar, viu a cozinha repleta de pessoas carregando sacos, amassando massas e preparando pratos em todos os cantos. Aldith estava no centro do cômodo, parecendo dar ordens enquanto cortava cenouras e abóboras.

— Precisa de ajuda? - Neri se aproximou e sorriu.

— Em quê? Pra provar e ver se não está envenenado? - sua voz apresentava ironia.

— Nunca disse que não era.

A mulher bufou, sem parar suas atividades.

— Vá ajudar os garotos lá fora, aqui você só vai ajudar a começar um incêndio.

Neri pensou em rebater dizendo que íntimos do ar não tinham esse problema, mas apenas assentiu sorrindo e saiu - concordava que não era uma cozinheira tão habilidosa. Passou pelo jardim e, no início do campo de treinamento, parecido com o de Ihene, avistou um grupo de três pessoas ao redor de um amontoado de gravetos e pedaços maiores de madeira.

— Boa noite, senhores - disse ao chegar perto.

— Neri! - um homem mais alto e de pele escura bagunçou seu cabelo levemente. - Há quanto tempo não te vejo! O que tem feito?

— O de sempre, senhor Jona - sorriu para os outros, respondendo aos cumprimentos recebidos.

— Fico feliz em saber que passará o banquete conosco esse ano.

— É um honra poder passar com vocês - brincou, dobrando o corpo como fazia diante da realeza.

— Bem, a comida deve ficar pronta daqui a pouco, não posso esperar mais.

— Aldith e os outros terminaram quase agora o banquete real, então logo será nossa vez - outro homem, de olhos estreitos e de cabelo ralo e claro, com uma falha no centro da cabeça, contou.

— Acho que irei lá ver, talvez precisem de ajuda.

— É verdade que o Lorodas não consegue descascar batatas direito…

Rindo, a dupla voltou até o castelo. A pessoa restante encarava a pilha de lenha, parecendo ocupado com aquilo.

— Descobriu o que tem de sobremesa dessa vez?

— Não me deixaram chegar muito perto da cozinha - Belchior respondeu.

— Que pena - chateada, desviou os olhos para o céu, que estava limpo e, consequentemente, repleto de estrelas.

— Ficará aqui por um tempo?

— Sim, por causa das invasões…

O garoto assentiu. Vestia uma blusa amarela, mas clara, a ponto de parecer branco, de mangas longas e calça marrom, destacando suas pernas finas e longas. Sua expressão era serena, sem a habitual seriedade que demonstrava mesmo a conhecidos.

— O que aconteceu ontem? - questionou de repente.

— Hm, um dos invasores trocava informações com moradores, e ontem ele veio novamente - respondeu, pensando se Belchior notara seu incômodo ou se apenas ouvira sobre aquele dia. - Tentei persegui-lo, mas Auren precisou me ajudar. Na verdade, não fiz muita coisa.

— O mestre do ar? - estava um tanto surpreso.

Concordou com a cabeça.

— Então o oponente era forte…?

— Acredito que sim - respondeu, bloqueando a vontade de contar tudo.

— Ainda acho que você só é fraca demais.

Apesar de ser mais uma das brincadeiras de Belchior, não conseguiu responder de imediato. Aquela frase doeu, pois concordava. Estava fraca demais. Como protegeria Vollfeit se continuasse daquele jeito?

— Já aprendeu a lançar suas nuvens de fogo sem aniquilar seus tutores, Belch? - finalmente disse, sorrindo.

A dupla de homens voltou pouco depois, trazendo tecidos e pratos com ajuda de cozinheiros. Neri esticou as toalhas com o ar e as pousou na grama, criando espaços cobertos ao redor da madeira, enquanto os pratos iam se arrumando nos cantos. Aldith veio em seguida, trazendo uma bandeja aparentemente pesada, com diversas batatas assadas no meio de bolinhos alaranjados; ao seu lado uma jovem segurava castiçais com velas apagadas. A bandeja logo ganhou vida, flutuando meio desajeitada até perto do grupo.

— Neri, pare de brincar! - Aldith gritava enquanto caminhava até eles. - Se uma batata cair, faço mais com você!

Ao se aproximarem, a espiã sorria. Nem parecia que, segundos atrás, pensava que poderia realmente deixar algo cair por sua fraqueza.

— Você só vem aqui para isso, né? Garota… - a cozinheira bufou, mas retornou o sorriso.

— Vamos todos comer! - Jona falou animado, ignorando a mulher e aproximando todos.

Então o monte de madeira se acendeu, apresentando chamas confortáveis como as velas, postas entre alguns pratos. O grupo de onze pessoas se distribuiu em cima dos tecidos e deu início ao banquete, que emanava um cheiro maravilhoso, misturando carne assada, torta de nozes e legumes bem temperados. A atmosfera de comemoração ganhou mais vivacidade com os sons melódicos que saíam das flautas que uma dupla puxara, criando um ritmo calmo e doce para que iniciassem um coro. Neri sentiu uma leveza temporária invadir seu corpo, aproveitando o que não tinha há alguns anos: companhia. Seguiu baixinho a letra que cantavam sobre a origem do sol e a da lua, ansiosa pelas histórias que contariam depois das músicas.

— Bem, pessoal, foi incrível! - Jona disse assim que as flautas pararam. Palmas animadas deram sequência. - Aldwin, dê continuidade, por favor - e estendeu o braço em direção a um homem mais pesado, de bochechas cheias e rosadas. Talvez já estivesse bêbado.

— Meus caros… O que desejam ouvir primeiro? - apesar da aparência, sua voz era forte e clara.

— Nosso conto principal, homem - Lorodas disse, como se a resposta fosse óbvia.

— Pode contar algo sobre poderes mágicos em sua vez? - Neri cochichou para Aldith, que concordou com a cabeça distraidamente.

— Ótimo - Aldwin retornou. - No começo dos tempos, o sol era a fonte de todas as coisas boas na Terra. O povo, que o adorava, resolveu apelidá-lo de “dia”. Porém, infelizmente para eles, o sol não se mostrou eterno. Após horas, sua luz quente e confortável deu lugar a uma escuridão gélida e inexpressiva, esvaziando o céu. Neste, apenas o sol conseguia enxergar uma forma tão grande quanto ela. A lua, chamava-se.

“Apenas o sol era capaz de observar a tristeza dessa lua quando esta pegava seu lugar e era chamada de “noite”, tornando-se conhecida por atrapalhar as atividades do povo e sugar os sentimentos agradáveis. Um dia, o sol decidiu tomar uma atitude – não apenas pelo povo, que odiava a lua cada vez mais, mas pelo próprio companheiro fúnebre. Com permissão dele, passou a direcionar seu brilho ao mesmo, fazendo-o refletir luz. As pessoas, maravilhadas com o acontecimento inesperado, festejaram por longos dias e noites.”

Todos estavam em silêncio profundo, como se absorvessem cada detalhe da história apesar de a ouvirem todos os anos.  Alguns dos homens assobiaram, mostrando a felicidade que o conto lhes trazia, enquanto os outros riam da reação.

— Aldith, pode continuar? - Jona questionou.

— Certo - a cozinheira esticou os braços e pareceu pensativa por algum tempo. - Deixe-me ver… Bem, ok. Há muito tempo, em uma vila pacata, um jovem aprendiz de ferreiro era apaixonado por sua vizinha, Gallia, uma garota doce que trabalhava com os tios numa loja de pães. Com o tempo, o jovem, de nome Petra, começou a despertar seus poderes: era um controlador do ar.

“Feliz, começou a treinar todos os dias - queria mostrar aquilo a Gallia. Passou dias e dias se fortalecendo até se ver apto a chamar sua amada. Porém, quando foi procurá-la, descobriu que a tinham levado. Sem pistas suficientes, só poderia usufruir de suas habilidades raras e achá-la.”

— E se ela não gostasse dele? Eu nem iria atrás - o companheiro anterior de Jona disparou.

— Fique quieto e ouça, Alexander - a mulher rebateu.

Naquele momento, Neri percebeu que a garota de antes, das velas, sentada na direção contrária, sorria e encarava Belchior por um tempo. As chamas chegavam até ela e transformavam suas íris azuis em algo âmbar e profundo.

— Continuando… Petra ficou dias atrás do rastro que descobrira, passando por tempos nublados e chuvosos. No fim de sua jornada, estava cansado e aflito, sem ter certeza se seguira o caminho certo.

“A resposta veio quando, ao acordar, viu um acampamento ser levantado a metros abaixo do morro onde estava. Apenas observando, viu os cabelos claros de Gallia se movimentando atrás de dois homens estranhos: eram vendedores de escravos, pensou. Esperou até a noite cair para invadir, sentindo um peso torcer seu coração enquanto aguardava. Mas seu plano não dera certo. Foi pego antes, tornando-se prisioneiro junto a Gallia. Sem poder encará-la por tanta vergonha, desistiu.”

— Tudo isso pra ser um chorão! Aldith, sem mais romances, por favor.

— Quieto! Pelo menos eles tinham um ao outro - bufou. - Mas tudo mudou quando decidiram separá-los, pegando Gallia e entregando para bandidos ali perto. Petra se levantou, tomado por raiva e desespero, e liberou todo o peso de seu coração. A folhagem das árvores próximas começaram a chacoalhar, fazendo os pássaros saírem assustados enquanto partículas de terra e pedras começaram a tremer no solo. Um vendaval os acertou, cada vez mais forte, até que descobriram que Petra era a fonte daquilo.

“ O jovem já estava perto de Gallia quando a tempestade parou. Os homens os alcançaram, mas o casal sumiu um segundo antes de poderem tocá-los. Algo inexplicável acontecera diante de seus olhos. Não sabiam, mas Petra havia desejado tanto salvar Gallia e desaparecer naquele instante, que seu desejo pareceu se realizar através de Deus, como se este tivesse os tirado de lá e colocado na vila como se fossem bonecos pequenos numa caixa de madeira.”

— Ah, que Deus me tire da cozinha e me ponha no exército! - Lorodas murmurou, parecendo chateado.

— Se você não esfaqueia batatas, imagine inimigos - Jona brincou.

Aldith suspirou, desistindo de concluir a história. Para Neri não tinha problema, seu pedido fora atendido. Pudera relembrar sobre o conto da origem dos íntimos do ar através de Petra, um dos primeiros capazes de controlar o elemento - e de se teletransportar. A espiã se levantou de repente, chamando atenção para si.

— Vai embora, garota? - Aldith a observava como metade dos outros presentes.

— Algo entrou na minha barreira. Deve ser alguém que passou dos limites no vinho - deu de ombros, divertindo-se, e vestiu o manto que deixara dobrado ao seu lado. - Com licença - pediu a todos e se retirou.

Já nas sombras das árvores que cercavam o campo de treinamento, parou e olhou para trás. Dali enxergou a mesma garota fitando Belchior - parecia encará-lo a cada cinco segundos. Achou o gesto tosco e voltou a correr para a vila, aquilo não era da conta dela.

Nas ruas ainda agitadas do reino, Neri teve que se movimentar pelos topos e laterais das construções, evitando olhares. Estava em uma missão própria recém-criada, tendo como objetivo convencer a si mesma de que o motivo pelo qual nunca vira alguém se teleportar antes era devido à grande exigência de habilidade do usuário. Porém, depois de ouvir a história de Aldith, algo a cutucava incessantemente; precisava ter certeza de que o motivo era realmente aquele. Nas sombras procurou por grupos que, assim como o seu, passavam a noite contando histórias. O ar, mais uma vez, mostrou-se uma grande aliada ao fazê-la capaz de trazer as conversas de longe até ela, nos telhados de ardósia. Ouviu coisas sobre bonecos feitos especialmente para a data, pato assado na casa dos tios e o conto sobre o sol e a lua. Neri sorriu, relembrando as noites em que sua mãe lhe contava aquela história. Queria que ela e seu pai estivessem ali naquela noite - e em todas as outras.

Migrou de telhado em telhado até uma palavra prender suas pernas. Um pequeno esquadrão de guardas patrulhava uma rua larga e conversava sobre uma dupla de andarilhos que ganhava a vida ensinando técnicas de teleporte. Era outro conto, Neri sabia, mas a palavra despertou um arrepio em sua pele. Voltou a correr e logo parou perto de uma casa de dois andares, onde três crianças estavam cercadas por vários adultos. O ar, dessa vez, trouxe-lhe uma história sobre cães que sentiam medo da chuva. Neri ficou ali mais um pouco, na esperança de ouvir algo sobre as técnicas avançadas de ar, porém em vão. Ficarei aqui a noite toda e só terei ouvido uma vez… Não era suficiente.

Fechou os olhos e se preparou para a massa densa de informações que a atingiria, então espalhou sua barreira o máximo que conseguia para, depois, sugá-la em partes. Diversas vozes e palavras entraram por seus ouvidos, trazidas pelo rápido elemento. “Noite longa”, “melhor ano”, “carne queimada demais” e “as crianças dormiram” foram algumas das várias conversas que a espiã captou. Continuou filtrando as palavras até ficar sem fôlego. Usara essa técnica somente uma vez até então, quando precisou encontrar alguém que a levasse até um reino desconhecido em uma de suas missões. Apesar da energia que perdeu com a técnica, sentia-se bem - tinha alcançado seu objetivo. Diminuiu a área tomada pelo ar e se focou em um grupo de, aparentemente, quatro pessoas ao oeste. “E Alena, ao despertar, viu-se cercada por pássaros, lebres, gazelas e animais maiores. Dentro de sua mente, vozes desesperadas a questionavam sobre seu bem-estar. Ela se levantou, horrorizada com a ideia de estar morta ou enlouquecida, e só percebeu a verdade quando uma das vozes disse “beba um pouco, Alena” ao mesmo tempo em que dois pássaros seguravam, pelas garras, um pequeno balde com água. Então ela se lembrou de suas últimas horas, perseguida pelos moradores da vila por ser capaz de domar o ar.” Uma voz feminina continuou: “Conte uma sobre controladores de relâmpagos”. Neri largou o ar naquele instante, desfazendo a longa corrente que criara até aquela casa.

Respirou profundamente, tentando ignorar o cansaço, e se levantou. Sua missão daquela noite ainda não estava no fim.

 


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