Amor e Amizade escrita por The Escapist


Capítulo 10
Capítulo 10




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Camila estava bastante concentrada na matéria que estudava as disciplinas desse semestre estavam muito mais difíceis do que ela tinha imaginado, ou talvez estivesse um pouco desligada mesmo, afinal estava trabalhando e mal tinha tempo de estudar, por isso precisa se recuperar – não ia admitir tirar mais uma nota menor que a de Daniel!

─ Buuu! – Camila teve um susto e quase pulou da cadeira, quando se virou Daniel estava sorrindo com a cara mais serelepe que conseguia fazer.

─ Ah, Daniel! Qual é o seu problema, hein? Não pode chegar como uma pessoa normal não, pô?

─ Te assustei? Desculpa. O que você vai fazer no próximo fim de semana?

─ Ham? Ah, acho que nada, é minha folga, então estou pensando em ficar em casa estudando, estou precisando mesmo.

─ Foi o que eu pensei! Mas, no próximo fim de semana será o casamento do meu irmão.

─ Que bom pra ele né? – Camila respondeu sem muito interesse e voltou à leitura.

─ É, sim, muito bom pra ele; eu vou viajar na sexta à noite, por que eu não posso faltar ao casamento do Eduardo. Então, eu pensei, já que a Camila não tem nada pra fazer, além de ficar em casa estudando, ela bem que poderia ir comigo. O que você acha?

─ Tá me convidando para o casamento do seu irmão?

─ É, acho que sim. Então?

─ Valeu, Dani, eu fico realmente lisonjeada, mas acho que não é uma boa ideia.

─ Por que não? Eu acho uma ótima idéia, Camila, uma ótima oportunidade de você conhecer minha família.

─ Errado; é o casamento do Eduardo, por que você acha que ele ia querer uma pessoa que ele não conhece lá?

─ Tecnicamente ele te conhece, vocês já se falaram por telefone; além disso, eu já falei tanto de você pra minha família que é como se vocês se conhecessem, e eu tenho certeza que o Eduardo não vai se incomodar com a sua presença, ele espera que eu leve alguém...

─ Ah... Ah... Você não disse por acaso ao seu irmão que ia levar uma namorada, disse?

─ Não necessariamente nessa ordem.

─ Desculpe, mas não vai dar pra eu ir.

─ Camila, poxa, meus pais iam adorar te conhecer, qual é, o Eduardo é um cara legal e a noiva dele também é uma menina bacana, eles vão gostar de você.

─ Tudo bem, eu acredito em você, mas não é só por isso...

─ É pelo o que, então?

─ Eu não... Não tenho roupa pra ir a um casamento.

─ Besteira.

─ Não é besteira, e você sabe.

─ Você pode roubar um vestido na loja que você trabalha.

─ Grande ideia, Daniel... Exceto pelo pequeno detalhe que eu vou perder meu emprego.

─ Você consegue um vestido emprestado, ou aluga um, eu alugo pra você, eu até compro um vestido pra você, Camila, mas... Será que você não tá vendo que eu faço qualquer coisa pra que você vá comigo?

─ Ok, Daniel agora fala qual é o problema de verdade?

─ Hein?

─ É o casamento do seu irmão, qual é a necessidade de eu ir com você? – Daniel fez uma careta, era incrível como Camila conhecia o seu jeito, com certeza ela era a única pessoa no mundo capaz de perceber alguma coisa diferente nele.

─ A Amanda é madrinha da Verônica.

─ Ah, a Amanda!

─ Eu ainda não me sinto forte o bastante pra ficar perto dela sem dar bandeira, e se você estiver comigo eu vou me sentir mais seguro, por que eu sei que você não vai me deixar fazer besteira.

─ Será que não tá na hora de você esquecer a Amanda?

─ Você me diz isso? Por favor, diz que vai comigo!

─ Tudo bem, eu vou.

─ Oba, valeu mesmo.

─ Mas depois não me culpe por dar umas bolachas na Amanda.

─ Desde que não seja na minha frente, sem problemas.

─ Ótimo.

            Camila não exagerou quando disse que não tinha uma roupa pra ir ao casamento; a ocasião mais formal que ela tinha vivido foi a festa de formatura do colégio, e ela não precisou de um vestido tão chique por que a festa não era tão chique, enfim, não era como um casamento! Agora ela tinha um problema, tinha prometido a Daniel que ia com ele ao casamento de Eduardo, então tinha que conseguir uma roupa, e não era só a roupa, precisava de sapatos, acessórios, precisava se depilar, fazer a unha, arrumar o cabelo, tudo isso.

─ Tudo bem, Mila, eu te ajudo. – disse Flávia, a pessoa que mais se aproximava de uma amiga de Camila;

─ E como você vai me ajudar, Flávia? – “afinal você é quase tão pobre quanto eu”, pensou Camila – Você não tem uma roupa pra me emprestar, tem?

─ Não.

─ Ah!

─ Mas eu sei quem tem.

─ Quem?

─ Uma amiga minha, a Joyce, ela não vai se incomodar em emprestar, não apenas o vestido, como tudo que você precisar.

─ Flávia, como você tem certeza que a Joyce – e Camila não fazia ideia de quem era Joyce – vai me emprestar essas coisas? Ela nem me conhece...

─ Mas ela é muito minha amiga e muito gente fina, com certeza ela vai ajudar; eu vou ligar pra ela hoje.

Flávia e Camila foram pra aula e depois Flavia disse que tinha falado com Joyce, e elas podiam ir lá no apê dela pra pegar as coisas. As duas foram no dia seguinte depois que Camila saiu do trabalho. Joyce era uma garota linda, deveria ter uns vinte e cinco anos, mas aparentava no máximo dezesseis, e foi muito simpática com Camila, como Flávia disse que seria.

─ A Flavinha e eu estudamos juntas, mas depois ela virou cdf e foi estudar Medicina na federal, e eu não sou tão inteligente pra estudar na federal. – Joyce disse brincando.

─ A Joyce adora uma modéstia! Ela faz direito na FAAP;

─ Então, vamos lá pro meu quarto vê o que eu posso fazer pra te ajudar Camila? – Camila estava morrendo de vergonha, mas Joyce estava sendo tão legal que logo ela começou a se sentir mais à vontade no “quartinho” luxuoso de Joyce. – Então você vai para o casamento do irmão do seu namorado?

─ Não, o Daniel não é meu namorado, ele é meu amigo.

─ Sei. E que horas vai ser o casamento?

─ À noite, eu acho.

─ Acho que azul pode servir. Você tem sorte, eu tenho um vestido maravilhoso, e inédito. – Joyce sumiu por uns minutos e voltou trazendo um vestido – Eu comprei pra ir pra formatura do meu irmão, mas...

─ O que aconteceu? – perguntou Flávia, ansiosa.

─ Acredita que o safado não estava fazendo faculdade nenhuma?

─ Como assim?

─ Ele estava só na vida boa e contou ao papai em cima da hora.

─ Nossa, Joyce, como é que o seu pai reagiu?

─ Primeiro ele ficou muito irado, você sabe, mas depois ele “entendeu” os motivos do Pedro, ai que raiva daquele garoto!

─ Pedro é o da foto? – Camila perguntou olhando pra uma foto na mesinha de cabeceira de Joyce.

─ Não, esse é o Mike, meu namorado. Ele é americano, mas é ótimo.

─ E o que o Pedrinho está fazendo agora? – Flávia continuava interessada.

─ Nada, está fingindo que é um tenista profissional; acho que ele é o 1000000º no ranking! – as garotas riram – Ele é um idiota! Bom, Camila, você não quer ver se o vestido dá em você?

─ Aham, claro.

─ Fica à vontade. – Camila provou o vestido, ficou bem nela, mas Joyce pensou melhor e decidiu que não era um vestido muito bom pra uma festa de casamento à noite; Camila provou praticamente todos os vestidos de Joyce, e pela primeira vez ela achou divertido passar tanto tempo fazendo “coisas de menina”, principalmente por que Joyce era muito divertida e não parecia uma patricinha. Finalmente Joyce decidiu que Camila deveria usar um vestido Chanel, cor-de-rosa, e escolheu todos os acessórios corretos que combinavam com o vestido – Eu já usei ele, mas como a festa é lá no sul, não tem problema, não é?

─ Não mesmo! Poxa, Joyce, eu nem sei o que dizer, você está sendo muito legal comigo.

─ Imagina, Mila, amiga da Flavinha, é minha amiga também;

─ Eu não falei que a Joyce era maravilhosa?

─ Hum, obrigada, amiga! Olha, precisando, é só gritar.

─ A gente vai indo, agora, Joyce, me liga de vez em quando.

─ Está bem! Eu vou fazer isso, a gente precisa mesmo colocar os assuntos em dia! Vamos combinar uma festinha só pra meninas, talvez quando a Vida voltar de Milão, e você está convidada, Mila;

─ Valeu.

─ A Mila não é muito fã de festas, Joyce. Bom, vamos nessa, tchau, amiga.

─ Tchau, linda, tchau Mila.

─ Tchau, Joyce, e valeu de novo. – quando Camila chegou em casa, já era um pouco tarde, mas Daniel ainda estava acordado. – Oi, acordado, ainda?

─ Onde você estava? Eu fiquei preocupado... – Camila fez uma cara de deboche – isso é sério, você não costuma ficar na rua até essa hora, Camila, poderia ter me avisado!

─ Oh, Dani, desculpa, eu, não, você tem razão, eu esqueci meu celular desligado, perdão, meu anjo!

─ Hum, tudo bem, dessa vez eu vou deixar passar, mas que não se repita, doutora! A não ser que... Você estava com algum cara?

─ Claro que não! Eu estava conseguindo uma roupa pra ir ao casamento do seu irmão. – disse levantando a sacola que carregava.

─ Ah, bom!

─ Uma amiga da Flavinha me emprestou, tudo, e a gente ficou na casa dela até agora; sabe, a Joyce é uma patricinha...

─ Você ficou a noite toda com uma patricinha? Que mudança, hein?

─ Ela é uma patricinha, mas é gente boa, ela é assim como você, sabe, riquinha, mas cool!

─ Boba! Então, você já avisou aos seus pais que vai viajar?

─ Amanhã eu vou em casa e aviso, mas relaxa, meus pais não vão me proibir de viajar com você... Meu amor! – Camila deu um beijo no rosto de Daniel e saiu. – Boa noite, Dani.

─ boa noite, doutora.

***

O vôo de Daniel e Camila pra Porto Alegre estava marcado para as três horas da madrugada, e eles chegaram ao aeroporto às duas e meia, fizeram checkin e  ficaram esperando a hora da decolagem; o vôo atrasou bastante e só decolou às quatro da manhã; assim que entraram no avião os dois adormeceram e só acordaram quando o avião pousou.

─ Ai que frio terrível! – foi a primeira frase que Camila disse quando desembarcou no aeroporto de Porto Alegre.

─ Ah, eu avisei; qual foi a primeira coisa que eu disse quando você entrou no avião? Veste um casaco, Camila! Mas, você me ouviu? Não.

─ Para um pouco, papai! – Daniel tirou um casaco da mochila e deu a Camila, o dela estava trancado na mala. – Obrigada. – Daniel chamou um taxi e eles foram pra casa.

─ Só pra você saber, apelidos e palavrões são proibidos lá em casa! – Daniel explicou enquanto faziam o percurso do aeroporto até a casa de Daniel. Camila olhou incrédula. – Que foi?

─ Que história é essa de palavrões e apelidos proibidos?

─ O meu pai detesta apelidos, então eu sempre vou ser Daniel, nada de Dani, nem anjo, nem palhaço, sempre Daniel; isso é sério, Camila. – Camila riu, não era possível que estivesse falando sério!

            Assim que Daniel entrou pelo portão o cão labrador veio correndo e latindo e pulou no pescoço dele.

─ Legolas, papai estava com saudade, moleque! – Daniel abraçou o animal fazendo carinho nele; Legolas soltou o dono e rosnou pra Camila, que instintivamente se escondeu atrás de Daniel – Calma, Camila, ele não morde!

─ Arranque todos os dentes dele e eu me convenço disso. – Legolas continuava rosnando pra Camila, e deu um latido que fez a moça pular de susto.

─ Legolas, onde estão seus modos, moleque? Desculpa Mila, ele é sensível a pessoas desconhecidas, mas logo ele se acostuma com você; Legolas, pára, chega! – Daniel puxou Legolas pela coleira – Que coisa feia! – antes que entrassem, Mariana saiu e sorriu ao ver o filho.

─ Daniel!

─ Mamãe! – Daniel soltou Legolas, que desistiu de rosnar pra Camila e correu, como se estivesse se sentindo muito feliz com a chegada do dono, e abraçou a mãe.

─ Que bom que você chegou querido, eu ouvi o barulho do Legolas, só poderia ser por isso, ele anda meio triste. Ah, e você deve ser a Camila? – Mariana disse ao reparar a presença de Camila.

─ Camila, mamãe, mamãe, Camila.

─ O Daniel falou tanto de você, querida, seja bem vinda!

─ Obrigada, é um prazer conhecer a senhora.

─ O prazer é meu; vamos entrar? Nós ainda não tomamos café, vocês podem nos acompanhar; Daniel, deixa as malas aí, eu mando alguém pegar, filho.

─ Sim senhora. – Camila não esperava conhecer toda a família de Daniel de uma vez só; mas estavam todos ali; o pai, um homem muito elegante, de expressão séria, conversava com os outros dois filhos; Camila não imaginava que Daniel fosse fisicamente tão diferente de todos; ele só parecia com a mãe. Eduardo e Filipe eram muito lindos, altos, loiros e de olhos azuis – não era à toa que Daniel tinha inveja da aparência dos irmãos; todos foram extremamente educados com Camila; depois das apresentações, algumas brincadeirinhas dos três irmãos, a família e Camila foram pra mesa do café da manhã. Camila ficou surpresa com a calma que havia na casa, não parecia que haveria um casamento no dia seguinte! Mas a situação mudou; depois do café da manhã, Mariana saiu pra ver os últimos preparativos da festa, e Eduardo também foi com a mãe. Daniel ficou a maior parte do tempo com Camila; mostrou a casa, mostrou seu quarto; almoçaram apenas com Filipe e o Alberto, por que Mariana e Eduardo continuavam ocupados; a tarde Filipe trouxe a namorada – uma italiana tão linda que fez Camila sentir vontade de desaparecer da galáxia – mas eles não demoraram muito em casa, também saíram. A noite era a despedida de solteiro de Eduardo, e Daniel quase não saiu, não queria deixar Camila sozinha.

─ Não seja bobo, Daniel, você tem que ir, o Eduardo vai ficar chateado se você não for.

─ Você pode vir se quiser.

─ Não é a noite dos meninos?

─ É, mas não vai acontecer nada demais, a gente só vai sair um pouco; o Eduardo é meio maluco, mas é muito fiel!

─ Mesmo assim, eu prefiro ficar.

─ Então tá, se você precisar de qualquer coisa, fala com a mamãe, ou com a Geisa.

─ Pode deixar, Daniel.

            Camila não ficou sozinha; Verônica, a noiva de Eduardo ficou na casa dele por bastante tempo, e a Nathalie, a namorada italiana e linda de Filipe estava hospedada lá também; Camila se sentia intrusa no meio delas, afinal, uma ia se casar amanhã com um dos irmãos, e pelo que Daniel tinha contado sobre o relacionamento de Filipe e Nathalie, eles também não demorariam a se casar; elas eram praticamente da família, e Camila... Mas depois da primeira impressão ela ficou mais relaxada; Verônica era mesmo como Daniel tinha dito, meio chata, mas legal, e não pareceu nem um pouco incomodada com a presença de Camila no seu casamento. Verônica agradeceu as garotas pela companhia e por terem feito ela ficar menos nervosa antes de ir embora – tinha ido pra casa do noivo por que não aguentou ficar em sua própria casa com sua mãe, irmãs e primas falando e falando e deixando-o maluca.

─ Acho melhor a gente ir dormir, os garotos não vão chegar tão cedo! – disse Nathalie quase sem sotaque. – E o meu sogro é um pouco temperamental!

            Nathalie e Camila foram dormir, e Camila nem percebeu que estava tão cansada; dormiu a noite toda e quando acordou no dia seguinte encontrou Daniel no jardim brincando com o cachorro.

─ Tomou café da manhã?

─ Sim, a sua mãe é muito eficiente.

─ É, eu sei! – Legolas deu um latido pra Camila. – Para com isso, Legolas.

─ Como foi a despedida de solteiro?

─ Se você achar que é um monte de homem bebendo cerveja e contando piada pornográfica legal, foi legal.

─ Seus irmãos são legais... E lindos!

─ Cuidado com o Filipe, tá? Ele não é nem um pouco fiel, se você der mole ele não se importa se a Nathalie está aqui!

─ Credo, Daniel!

─ Brincadeira, Camila. Eu acho que ninguém vai dar muita atenção para a gente hoje, então, o que você acha de dar uma volta? A casa da minha vó é perto, a gente pode ir até lá.

─ Sua vó alemã?

─ Ela mesma. Mas não se anima, ela está completamente gagá, a probabilidade de ela ainda lembrar alguma palavra em alemão é mínima.

─ Como você é mal, Daniel.

─ E eu nem sou o neto preferido dela! Vamos, por que depois você vai se arrumar pra festa, não é?

─ Claro. – Daniel e Camila passaram na casa da vó dele, a velhinha nem reconheceu o neto, e depois eles deram uma volta pela cidade, apenas pra mostrar alguns lugares.

            Camila ficou mais tranquila na hora de se arrumar, já que Nathalie se ofereceu pra ajudá-la com a maquiagem e o cabelo – na certa ela tinha percebido que se arrumar não era o forte de Camila, mas ela não se incomodou com isso, a verdade não incomodava Camila!

            Eduardo e os pais foram os primeiros a sair para a igreja; Filipe e Daniel se arrumaram e ficaram esperando as garotas;

─ Eu juro que se a Nathalie não chegar dentro de cinco minutos eu vou embora sozinho!

─ Calma, Filipe, pelo menos a gente perde a parte chata e chega só pra festa.

─ Eu sou padrinho, esqueceu?

─ Claro que não; o Eduardo provando mais uma vez que você é o irmão preferido. – brincou Daniel, que também já estava achando estranha a demora de Mila, normalmente ela se arrumava primeiro que ele. Finalmente Nathalie apareceu, estonteante no seu vestido lilás, e Daniel teve que prender um suspiro, afinal era a namorada do irmão.

─ Poxa, amore mio, até que enfim!

─ Perdona me! – Daniel viu a irritação de Filipe desaparecer assim que a namorada se aproximou, estava claro quem era que mandava na relação; ele riu pra Filipe.

─ Podemos ir agora? – disse Filipe ignorando a zuação do irmão.

─ Cadê a Camila, Nathalie?

─ Ela já vem; claro, amore mio; vamos. – Filipe e Nathalie saíram e Daniel ficou esperando Camila; podia apostar que ela estava se sentindo um ET no vestido longo e com os sapatos de salto alto. Camila apareceu minutos depois, e ela estava linda, de verdade; não devia nada a Nathalie, ou Verônica, e nem mesmo a Amanda... O estômago de Daniel deu uma revirada só de lembrar que ele veria Amanda esta noite.

─ Desculpa por te atrasar, eu não sou muito boa com essas coisas, felizmente a Nathalie me ajudou.

─ Ah, não, não tem problema, está tudo, tudo bem, ahm, você está ótima, mesmo.

─ Valeu, ahm, você também está muito chique.

            Camila não queria, mas Daniel fez questão de arrastá-la pra primeira fila de cadeira na igreja – e ela achou que ele ia querer levá-la para o altar pra junto dos pais. Então, ela conheceu Amanda! E entendeu por que Daniel era tão louco por aquela pessoa; Amanda era tão alta, tão magra, tão loira, de olhos tão verdes, e estava tão linda, com um vestido tão maravilhoso, e o sorriso dela era simplesmente perfeito, ela parecia uma deusa, com toda certeza, era exatamente o tipo de mulher que Daniel gostava, que sempre o deixava de boca aberta. Daniel tentou não dar atenção nenhuma a Amanda durante a cerimônia, mantendo a atenção voltada ao irmão; Eduardo estava nervoso, e não conseguia disfarçar o nervosismo, mas também estava feliz.

            Depois da cerimônia os convidados seguiram para a recepção e mais uma vez Camila quis trucidar Daniel que insistiu pra que ela ficasse à mesa com a família – pior que isso só se ele lhe fizesse dançar com o noivo.

─ Você prometeu que ficaria ao meu lado, esqueceu?

─ Tá, eu prometi, mas...

─ Mas?

─ As pessoas ficam me olhando e...

─ É por que você está muito linda. – Daniel disse de forma natural e sincera; Camila sorriu.

            Depois que as formalidades acabaram, os noivos receberam os cumprimentos de todos os convidados, dançaram a valsa, posaram pra fotos, cortaram o bolo, enfim, a festa se tornou mais animada, mas jovial;  Eduardo e Verônica, no centro das atenções não ficaram parados e foram para o meio do salão dançar; Daniel não dançava, se achava o ser humano mais desengonçado do planeta e achava que se tentasse dançar provocaria a morte de alguém! Ele e Camila – que também não era adepta à dança- ficaram andando pelo salão, Daniel mostrava as pessoas e dizia o nome, contava alguma coisa engraçada sobre alguém. Camila estava achando tudo lindo demais, e ficou imaginando como deveria ser legal se casar assim, com um cara bacana, mas a ideia de casar há muito tempo tinha saído da sua cabeça. Camila olhou pra Daniel e reparou que ele estava vermelho, nervoso; e entendeu imediatamente o por que; Amanda – a única pessoa no mundo que deixava Daniel naquele estado estava andando em direção a eles.

─ Oi, Daniel! – disse ela, com um sorriso sedutor, que Camila sabia ser proposital.

─ Oi, Amanda. – Daniel respondeu, mal conseguindo conter o nervosismo. – Como você está?

─ Ótima, e você?

─Ótimo. Essa é a Camila. Camila, Amanda.

─ Prazer. – Amanda deu um sorrisinho, falso.

─ Você não vai dançar, Daniel?

─ Não, eu não...

─ O Dani é um cavalheiro mesmo! – Camila disse, e Daniel ficou sem entender nada – Eu estou com o pé machucado e ele se recusa a dançar com outra pessoa! Ele não é incrível?! – Camila encostou a cabeça no ombro de Daniel, satisfeita pela expressão frustrada de Amanda.

─ Vocês são... ahm...

─ Namorados? É, somos. – agora Daniel estava mesmo bestificado! Camila pensou que Amanda fosse ter um infarto, na certa a fulana estava convencida de que Daniel ia ficar babando por ela a noite inteira, que garotinha mais idiota, metida!

─ Bom, eu preciso ir, com licença, Daniel.

─ Tchau, Amanda. – ele conseguiu dizer.

─ Desculpa – Camila disse e começou a se afastar pra longe das outras pessoas; Daniel seguiu-a.

─ Mila, espera, o que foi?

─ Nada, eu... Desculpa, acho que atrapalhei você... A fulana ai estava toda serelepe para o seu lado.

─ Não, a Amanda queria jogar... De novo... O maior prazer da vida dela parece que é brincar comigo! Você me ajudou, como eu imaginei que faria... Se você não estivesse aqui, com certeza eu não teria aguentado!

─ Daniel, essa garota não merece você! Tudo bem que ela é linda e tal, mas... sabe, você é especial demais pra ela... Você é... – “um príncipe”, pensou Camila, e pela primeira vez desde que conheceu Daniel olhou pra ele de um jeito diferente, do jeito com olharia pra um homem. De repente Daniel estava mais perto dela, o rosto dele, aquele rosto perfeito estava perto demais do seu; e aquela boca estava na sua; eles estavam se beijando, e Camila não conseguia pensar em nada coerente naquele momento, a não ser na sensação boa que estava sentindo enquanto beijava Daniel. Daniel não queria que aquele momento tivesse fim, por que sabia que de alguma forma que quando ele se afastasse um pouco que fosse Camila fugiria dele e aquele momento estaria perdido e as coisas entre eles ficariam estranhas ou talvez, pior que isso, Camila poderia ficar magoada com ele; mas era bom demais pra deixar acabar; era como estar em um sonho; de repente a verdade estava escancarada bem na sua frente; claro, o Eduardo tinha razão, ela era a única capaz de lhe fazer feliz! Nenhuma outra garota no mundo poderia entendê-lo como ela entendia, nenhuma outra garota poderia enxergá-lo como ela enxergava, conhecê-lo como ela conhecia; e naquele instante, naquela fração de segundo que durou o beijo, Daniel estava convencido, e ninguém conseguiria fazê-lo mudar de ideia, de que estava apaixonado por Camila, que estava apaixonado por ela há muito tempo, e que ela era a garota da sua vida! Mas a magia do momento foi quebrada; os dois se separaram; Daniel quis dizer alguma coisa, mas o que?

─ Camila...

─ Não! – ela ergueu a mão fazendo sinal pra que ele parasse – Não! – e se virou pra sair.

─ Camila! – ela não olhou pra trás e saiu andando tão rápido que Daniel precisaria ter corrido pra acompanhar; mas ele não seguiu Camila; Mariana o encontrou no caminho e praticamente arrastou o filho para junto dos convidados; Eduardo e Verônica ainda dançavam, agora acompanhados de Filipe, Nathalie e todos os jovens que estavam na festa; Daniel não estava com ânimo de continuar ali e tratou de inventar um desculpa pra sumir.

            Camila saiu desnorteada – tinha beijado o Daniel? – não acreditava, embora estivesse completamente sóbria, era preferível acreditar que era efeito da bebida do que acreditar que ela em sã consciência tinha beijado Daniel. Andou até a saída do clube, não sabia pra onde ir; não tinha ideia de onde estava! Daniel e a família dele eram as únicas pessoas que ela conhecia, suas coisas estavam na casa deles, era o único lugar pra onde poderia ir; como que por milagre apareceu um táxi e ela entrou nele, pelo menos se lembrava o endereço da casa de Daniel; mesmo sendo tarde, ainda havia luzes acesas na casa e Geisa veio abrir a porta, Camila disse que tinha voltado mais cedo por que estava com dor de cabeça e Geisa se ofereceu pra levar um comprimido, ela agradeceu e disse que não precisava se incomodar, e subiu as escadas, e entrou no quarto. O que ia fazer? Primeiro pensou em sair dali imediatamente e ir para o aeroporto, mas não podia fazer isso; independente do que tinha acontecido, os pais de Daniel tinham sido muito educados com ela e ela não poderia simplesmente sumir e nem se despedir e agradecer a gentileza da família; além disso estava de noite e a noite deixava Mila apavorada; tinha medo de se perder, de ser assaltada, ou simplesmente de quebrar o salto da sandália e cair no meio da rua. Deveria ser racional; dormir e esperar o dia amanhecer, e então as coisas estariam resolvidas; ela se daria conta que tinha sonhado aquilo, que não tinha beijado Daniel, ou que tinha sido uma brincadeira, uma aposta, qualquer coisa, menos um beijo sério. Tentando de todas as maneiras afastar a lembrança do beijo da cabeça, trocou a roupa e se deitou; felizmente o sono não demorou e ela adormeceu pra ter uma noite péssima, cheia de sonhos estranhos.

            Quando procurou Camila pela festa toda e não encontrou, Daniel ficou preocupado; mas acabou se acalmando; Camila não era idiota, ela não conhecia ninguém, nem nada na cidade, ela só poderia ter ido pra casa; sem nem avisar a ninguém da família ele saiu da festa e foi pra casa; Geisa confirmou que Camila já tinha chegado; Daniel foi bater na porta do quarto, mas desistiu no momento que a mão fechada ia alcançando a madeira. Por que acordar Camila? Ela na certa estava muito confusa pra conversar agora, seria melhor esperar o dia amanhecer e então resolveriam a situação, talvez a luz da manhã trouxesse alguma esperança para o seu coração, pensou Daniel de forma poética; não importa o que tinha acontecido, a única coisa que ele não queria era magoar Camila, perder a amizade dela; Daniel ficou de costas e se escorou na porta do quarto, foi escorregando até ficar agachado, encostado na porta, atrás da qual Camila dormia, imaginando que morreria se perdesse o carinho dela. Depois de alguns minutos e ciente de que logo os pais chegariam e achariam no mínimo estranho ele está agachado atrás daquela porta, ele se levantou e foi pro quarto. Se estirou na cama sem se trocar, e não conseguiu dormir, esperou que o sol nascesse rápido.


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