Nada será como Antes escrita por Crica


Capítulo 4
Capítulo 4




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Capítulo 4:

Algumas horas mais tarde, Hospital da Misericória:

 - Vocês caçadores sempre se metendo em encrencas, não é, Bobby?

 - Pode fazer alguma coisa pelo rapaz, Alice?  

- Ponha-o na maca – Dra. Still indicou uma dentro do necrotério do hospital. - O que foi dessa vez? 

- Você não vai querer saber... 

- Uau... Nunca vi uma coisa dessas... – afirmou depois de examinar o ferimento no peito de Dean. - O corte está totalmente cauterizado por dentro, como se o tecido fervesse, detendo as hemorragias subseqüentes, comuns em ferimentos tão profundos. 

- Por que ele está inconsciente a tanto tempo? – Bobby aproximou-se. 

- Deve ser pela perda de sangue, a notar-se o estado em que estão suas roupas, mas não há como saber ao certo. Venha, ajude-me a retirar toda essa sujeira. Vamos deixá-lo confortável e farei a sutura da superfície do corte. Com sorte, a cicatriz será mínima. 

Alice Still era plantonista no N.S. da Misericórdia quando conheceu Bobby há uns 15, 16 anos. Ele ajudou a resgatar seu marido das mãos de um vampiro e, desde então, sempre que é necessário, a médica se dispõe a tratar os ferimentos dos caçadores, com a devida discreção, que passam pela região. 

- Pronto. – apontou uma bandeja sobre uma pia de aço - Traga-me aqueles instrumentos, por favor, e as bolsas de soro também. Precisamos evitar que desidrate e, aplicando a medicação via intravenosa o efeito será mais rápido. – iniciou os trabalhos - Mais tarde, durante a madrugada, faremos um raio-x. Tenho quase certeza de que algumas costelas estão quebradas. Vê? –apontou o inchaço amarelado cercado por uma vermelhidão, do lado esquerdo.

 - Não tenho como agradecer o que está fazendo por nós, Alice.

 - Não por isso. – lavando as mãos

-  Você parece importar-se muito com o rapaz.

 - É filho de um grande amigo – sentou-se ao lado da cama - Eu o vi crescer. E o pobre coitado já passou por tanta coisa... 

- Eles estão começando cada dia mais jovens, meu amigo – tocou-lhe o ombro – e isso não é nada bom. Esses garotos deveriam estar estudando, aproveitando a vida.

 - Eu sei, eu sei...- o velho caçador depositou sua mão sobre a de Dean e apertou, como um pai segura a mão de um filho. 

- Preciso ir agora ou darão pela minha falta. Você sabe como trocar os frascos, certo? Se precisar, se ele acordar ou se a febre subir muito, ligue no celular que virei correndo. – beijou a testa do amigo e saiu. 

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Nas proximidades de San Jose, deserto de Nevada.

 - Está vendo aquela igreja, Sam? – Trude apontou a construção do período colonial – Tem uma coisa lá que você deverá trazer para mim.

 - Por que você mesma não pega? Que eu saiba, demônios não têm medo de igrejas. 

- Vamos colocar da seguinte maneira: manda quem pode, obedece quem tem juízo.  Ah, estão chegando...- declarou ao perceber a poeira levantada pela caminhonete que se aproximava - seus auxiliares para o serviço braçal. Ruby, acompanhe nosso menino para que ele não se sinta tentado a fazer alguma besteira.

 Ambos os jovens subiram no automóvel onde já estavam outros três demônios e partiram em direção à construção. 

Dentro da igreja, Samuel convenceu o pároco de que estava desenvolvendo uma tese sobre relíquias e templos sagrados na América.

O padre os guiou pelos corredores e pela escadaria que os levou até uma cripta no subsolo, saindo em seguida.

 - Bem, o que estamos procurando? 

- Uma urna pequena com entalhes e uma tranca especial. –respondeu Ruby.

 - E desde quando precisam de mim pra roubar uma urna?

 - Desde que a peça em questão é protegida por forças poderosas.- apontou os quatro cantos do teto - Vê? São ícones celestiais. Estão posicionados de forma a fulminar qualquer um de ‘nós’ que tocar nela. 

Sam correu os olhos pelas várias lápides fixadas ao chão e às paredes. Uma, em particular, chamou-lhe a atenção. Retirou o canivete do bolso da calça e começou a raspar o lacre. Retirou a pedra onde havia a gravura de um coração cercado de anjos. Lá dentro, coberta de poeira, uma pequena urna de madeira, entalhada com o mesmo desenho e um cadeado aberto, sem fechadura. 

 - Acho que é isso. – Sam exibiu o artefato, fazendo Ruby afastar-se.- Está com medo? O que tem a caixinha que te assusta? 

 - Ponham tudo no lugar e depois encontrem-nos lá fora. – a mulher ordenou aos servos. - E você, venha comigo. 

- Por que está sussurrando? – o rapaz colocou a urna dentro de um saco - Você o viu? Viu o meu irmão?

 -Não é hora pra se preocupar com Dean, Sam – a moça falava entre dentes.

 _Presta atenção, Ruby – Sam segurou-a pelo braço e aproximou seu rosto do ouvido dela. - Se mais alguma coisa acontecer com Dean ou com Bobby, já sabe...

 -Fica frio, tá? Eu deixei os dois num hospital. Eles vão ficar bem – libertou-se das mãos dele - E é bom ficar atento porque, enquanto seu irmão estiver vivo, Semjaza vai usá-lo para manipular você. 

- Temos que dar um jeito de acabar com esse maldito. - Por que acha que estamos caçando essas relíquias? Todas elas, sem exceção, são capazes de aprisionar ou eliminar criaturas tão ou mais poderosas que Semjaza. 

-Quer dizer que o cão maldito quer garantir a sua segurança antes de dar as caras... Isso é bom... Vai nos dar tempo... 

De volta à estrada, Trude exibiu um mapa onde estavam assinalados cinco templos em diferentes estados. Revelou que cada um guardava uma relíquia sagrada que só poderiam ser tocadas por mãos inocentes, mas disso, eles já sabiam.

 Mentalmente, Samuel ligou os pontos dos locais citados:Tuckstone -Wyoming, San Jose-Nevada,  Phoenix- Arizona,  Amarillo-Texas, Pinemountain – Kansas , visualizando  um  enorme  pentagrama,  uma armadilha em proporções continentais no coração dos estados Unidos e ele era a chave para cada uma delas.

 - E agora? –Sam questionou.

 - Arizona. – Trude  foi  direta.

 - O que tem lá? -Você saberá quando chegar a hora. –voltou-se para trás - Ruby, você fica encarregada de se certificar de que a relíquia seja destruída. E não tente bancar a esperta. 

Em Phoenix, na avenida central, erguia-se uma imponente mesquita. Samuel surpreendeu-se com a grandiosidade do templo muçulmano: o salão central era ornado por altas colunas brancas que cercava todo o ambiente. Um grande espaço vazio sob abóbada  dourada. Num canto, pilhas de tapetes enrolados. 

Na visita inicial, passando-se por turista, verificou a segurança e como entraria quando o prédio estivesse vazio.  Não foi difícil localizar e subtrair a adaga de prata que continha um escrito desconhecido gravado no cabo de jade.

 
ooooo000ooooo 

Na casa de Alice Still. 

-Como se sente hoje, querido? – a doutora sentou-se à beira da cama. 

- Melhor. Quem é a senhora? Onde estamos? Onde está o meu irmão? – Dean correu os olhos pelo quarto.

 -Calma. Não tente nenhum esforço desnecessário ainda. – conteve-o com a mão - Você está em minha casa, a salvo.Logo Bobby estará de volta e poderá responder a todas as suas perguntas. – tomou-lhe o pulso e verificou a temperatura.  Com fome?

 - Não senhora. –fez uma cara feia - Parece que comi um pedaço de papelão - apertou o estômago.

 -Então ainda está doente... – Bobby abriu a porta - recusando comida, só pode estar mal. 

- E aí, amigo? –Dean sorriu.

 - Vou preparar algo leve para você. Precisa começar a se alimentar. 

-Obrigado, Alice. – Bobby beijou a face da amiga e sentou-se no lugar dela.

- Está se sentindo melhor?  Cara, me deixou bem preocupado.  Alice dizia que você ia se recuperar, mas sinceramente... 

-Bobby, cadê o Sam?- Dean puxou, com certa dificuldade, o corpo para cima.

 - Vamos conversar mais tarde quando vo... 

- Onde está o meu irmão?- encarou o mais velho - Não me enrola, Bobby. Cadê o Sammy? 

-Fique calmo, ok? 

 - Eu não quero ficar calmo. Quero que me responda  uma simples pergunta. 

- Garoto, nos últimos dias você ficou indo e vindo, teve muita febre e seus ossos ainda não estão bons, então, vá com calma.

 _Ele fez, não é? –seus olhos começaram a encher-se de lágrimas – Eu não estaria vivo se ele não tivesse feito a troca. 

Silêncio. 

 - Bobby, olha pra mim! –os lábios tremiam e as lágrimas rolaram livres ao deparar-se com as do companheiro - Eu pedi, eu implorei pra você não deixar que o Sam fizesse uma bobagem!

 -Dean, seu irmão não é mais uma criança. Não posso colocá-lo no colo e dar-lhe umas palmadas... Se bem que, se pudesse, eu o faria. Em vocês dois, aliás. Quem sabe assim não criariam um pouco de juízo!

 -Certo...-limpou o rosto e respirou fundo - Ele está...morto?

 -Não. Eles apenas o levaram.

 - Levaram? Pra onde?

 - Não sei. Falaram em ter uma tarefa pra ele. Dean, todo esse tempo eles queriam o seu irmão a serviço do mal. Agora, conseguiram.

 -Não, não, não... Não o Sam.  O Sammy não. 

 - Filho, seja realista. Quanto tempo acha que o Sam será capaz de resistir a todo aquele mal?

   - Você está caducando... Está falando besteira! O meu irmão é um cara bom, Bobby, ele jamais faria... 

-O Sam, sei que não, mas se aquela coisa o possuir? Isso já aconteceu antes e não foi nada agradável, Dean.

 -Eu não quero ouvir mais nada. – jogou o cobertor para o lado –me ajude a levantar. Vou atrás do meu irmão e o trarei de volta. – torceu o rosto de dor pelos movimentos mais bruscos. 

- Não seja teimoso! Você não está cansado de encarar a morte, menino?!- amparou o amigo. 

-Se quiser, pode sentar aí e olhar, mas eu vou atrás do Sam e isso é coisa resolvida. – pegou os jeans que estavam dobrados sobre a cadeira - Dá pra me ajudar a vestir as calças, pelo menos?

 - Seu teimoso, cabeça-dura, desgraçado duma figa! 

 - Pode xingar o quanto quiser. Eu me viro.

 -Ei, mocinho, o que pensa que está fazendo?! – Alice voltava com uma bandeja. 

-Olhe, senhora, eu agradeço muito por ter cuidado de mim, mas realmente tenho que ir.- levantou a roupa que segurava – pode me ajudar com as calças? Está difícil de abaixar... 

-Não seja ridículo!!! – Bella entrou atrás de Alice. – Não acredito que me despenquei até aqui para ver um cliente e olha só o que encontro? -empurrou-o de volta ao leito.

 -Aaaaaii!  Que droga, Bella!

 -Posso? – apanhou o prato e o talher da bandeja e obrigou Dean a engolir até a última colherada da sopa.- Prontinho. Obrigada, dra Still. Agora, por favor, preciso ter uma conversinha com esse moço aqui, em particular. 

Bobby e a doutora saíram do quarto.

 - Você está maluca? – Dean reclamou, desvencilhando-se do guardanapo com o qual a moça limpava os respingos do alimento de seu rosto.- Quase me afoga com aquela sopa! 

-Maluco está você se acha que pode enfrentar o que está lá fora sozinho. Você não é Steve McQueen e isso não é um filme de cinema, Dean. A gente morre se metendo com essas coisas. 

- Já terminou? Então sai daí e me deixa levantar.- encarou-a sério _ Desde quando uma ladra tem autoridade para falar sobre o perigo que ronda lá fora, heim? Dá um tempo. 

- Aff! – a jovem ignorou completamente o comentário e continuou- Seria pedir muito que me ouvisse por alguns momentos? 

 - Já que não estou armado, não tenho como impedi-la, certo? 

-Obrigada. Recebi uma ligação sobre um certo utensílio sagrado que, providencialmente, veio cair em minhas mãos... 

- Sei... A “providência divina”...  

- Tal artefato é de inestimável valor e poucos são os que sabem da sua existência e têm capital suficiente para adquiri-lo. Qual não foi a minha surpresa, quando durante algumas investigações sobre o suposto comprador, descobri que dezenas de caçadores, de costa a costa, comentavam que um certo rapaz de sobrenome Winchester havia surrupiado outra relíquia do meio do deserto de Nevada.

 -Bella...Esse seu sotaque é uma graça, mas podemos passar aos finalmentes? – o rapaz gesticulou para que a moça fosse breve. 

- Bem, o fato é que se fala por aí, que um dos generais demoníacos está na pele do seu querido irmãozinho pegando tudo o que poderia prejudicar a sua saúde. 

-Você está querendo dizer que o Sam... 

-Não estou afirmando nada, Dean, só reproduzindo o que ouvi. De qualquer forma...- retirou da bolsa um pequeno saco de feltro atado por um cordão de couro - achei que poderia precisar de alguma ajuda.- entregou o saquinho ao rapaz.

 - E vai me dar isso, porque...- retirou um medalhão preso a uma corrente, idêntico à Chave de Salomão. 

- Por que, às vezes, é preciso fazer a coisa certa... 

ooooo000ooooo 


-Uma estaca? –Samuel estava surpreso - Estacas são matam demônios.

 - Essa não é uma estaca qualquer. Ela é parte da madeira da árvore do conhecimento, a primeira e mais perigosa do paraíso.- Ruby esclareceu a respeito da relíquia encontrada.

 -Espera aí: está me dizendo que isso aqui foi retirado ‘daquela’ árvore? Aquela da maçã? Pensei que isso fosse um mito do Antigo Testamento.

 -Você, melhor do que ninguém, meu amigo, deveria saber que toda lenda tem seu fundo de verdade. Vamos.

 - Só falta Wyoming agora.- Sam verificou a lista que tinha no bolso. 

-Não se preocupe com isso. Não vamos encontrar nada lá.

 -Não? 

- Uma certa ladra conhecida sua, fez-nos o favor de dar sumiço no que estava guardado na sinagoga.- abriu uma caixa de metal onde Sam depositou a estaca.

 -Bella? -Samuel fez uma expressão incrédula._ Bella também está metida nisso???  

- Precisamos nos concentrar em Semjaza agora. Ele acredita que está seguro e vai partir com tudo pra cima de você. Vai te atormentar até que você desista e deixe-o tomar conta. Ele ainda precisa do seu corpo como instrumento, lembra?

 - E Dean, como ele está? 

- Está se recuperando muito bem. Tive que mandar alguém para segurá-lo por lá. Não precisamos do super-irmão, por enquanto.

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