We Are Giants escrita por Menthal Vellasco


Capítulo 3
Projeto L.I.N.D.S.E.Y.


Notas iniciais do capítulo

Eu abandonei as fics temporariamente, mas eu voltei! E cá estou!



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A ruivinha de doze anos balançava as pernas encima da cama enquanto ouvia a doutora de cabelos castanhos e olhos azuis, que perguntava com sua voz doce. 

— Você sente algum tipo de tontura ou dor de cabeça? - perguntava a mulher. 

— Não! - respondia a menina animadamente, que continuava a divagar pelo pequeno quarto sem janelas. 

— Nem enjoo ou qualquer sensação estranha? 

— Nop! Eu não tô grávida! Na verdade, não sei como as mulheres ficam grávidas. 

A cientista riu. Temperance Brennan teve uma infância difícil, principalmente por ter pais foragidos. Foi resgatada pela S.H.I.E.L.D., onde se tornou, com anos de estudo, antropóloga forense, mas foi designada a uma missão diferente do habitual: acompanhar duas crianças cobaias de experimentos. A S.H.I.E.L.D. queria transformar as garotas em super espiãs, com poderes e treinamento avançado. Porém, enquanto a pequena Davis levitava copos com certa dificuldade, Stirling não demonstrava nenhum sinal de seus poderes. Mas a pequena era apegada à cientista, principalmente pelo fato dela ter o mesmo nome de sua mãe. Brennan e Lindsey acabaram por formar um laço de amizade e carinho. 

— Não precisa saber disso, Lindsey. Por algum motivo, nossa cultura acha vulgar falar sobre isso abertamente com crianças. 

— Ah, que chato! - a menina cruzou os braços e bufou, inflando a boca. 

— Eu preciso saber se o tratamento está funcionando! - disse Brennan, sentada em sua cabeira de metal com uma prancheta. 

— Eu tô viva! Só não estou super poderosa como a Taylor! 

— Então tecnicamente não está funcionando, já que o objetivo é você ficar super poderosa. 

— E se eu não quiser? - desafiou a pequena. 

— Por que você não gostaria? - questionou, franzindo a testa. 

A garota pensou a respeito de decidiu não responder. A doutora estava certa! Quem não gostaria de ter poderes? Taylor tinha 14 anos naquela época, e tinha uma noção maior da motivação de seu aprimoramento. Já para Lindsey, quase tudo era brincadeira, mesmo que ela não assumisse. Queria ser uma heroína? Talvez. Mas a ideia de ter poderes era de longe uma coisa muito incrível para ela. 

— Você tem razão. 

Naquele momento, assustando as duas, foram ouvidas três fortes pancadas na porta, como um "toc toc toc" um pouco mais pesado. Brennan se levantou e caminhou para o lado de fora, onde encontrou outro cientista. Era um homem alto, de cabelos brancos cacheados e óculos. Brennan olhava para seu rosto, imaginando, com base em suas feições, como seria seu crânio. Mantendo uma expressão neutra, afirmou. 

— A Srta. Stirling está longe de desenvolver seus dons, infelizmente. 

— Eu sei, Dta. Brennan, e foi por isso que me mandaram aqui. Estamos cortando ela do projeto. 

Ao ouvir aquelas palavras, franziu a testa. Era a forma mais sensata de mostrar indignação a um superior sem desrespeitar. Serrou o punho por um momento, mas o soltou e falou calmamente. 

— Me desculpe, mas devemos levar em consideração as claras diferenças físicas e biológicas entre Stirling e Davis. Cada uma, a seu tempo, se desenvolve. Talvez devêssemos esperar mais! 

— A S.H.I.E.L.D. quer resultados imediatos. Taylor Davis está pronta para iniciar seu treinamento. Lindsey Stirling não. E provavelmente nunca estará. 

Suspirando derrotada, perguntou. 

— Vamos deixa-la com o tio? 

— Claro que não! Imagina se um imprevisto acontecer! Ela deve ser executada. 

Arregalando os olhos, deu um passo para trás e o olhou com nojo, em seguida, retirando seu crachá e o colocando em sua mão. 

— Se é como pretende resolver as coisas, eu prefiro me retirar. 

Se demitir da S.H.I.E.L.D. era mais difícil quando se tratava de um cargo ligado a assuntos confidenciais. Muitas burocracias e muitos documentos, mas isso não era nada perto do que Brennan queria fazer. Como mencionado, a antropóloga se apegou à menina e não queria participar da morte de uma criança inocente. Mas sabia que não podia impedir. Chegou em seu apartamento, se sentou em sua cama e começou a pensar em alternativas para salvar a menina. 

No dia da execução da garota, uma semana depois, Brennan voltou à base da S.H.I.E.L.D., e estranhamente foi bem recebida. Logo ao entrar no corredor, encontrou uma velha amiga, agente de campo, e a puxou pelo braço. 

— May, eu preciso de sua ajuda. 

A asiática olhou com curiosidade para a mulher, que geralmente era calma e prudente, embora as vezes dissesse coisas estranhas, observando sua cultura e comparando com outras. Mas a agente Melinda May preferiu apenas não questionar. 

— O que foi, Brennan? 

— Se eu não conseguir salvar Lindsey, quero que você a tire daqui. 

Com um olhar incrédulo, colocou as mãos nos bolsos e respondeu. 

— Eu não posso. Mesmo que eu não concorde com isso, ordens são ordens. E você se demitiu. Mal devia estar aqui. 

Foi quando as luzes começaram a piscar. 

Naquela manhã, a pequena Lindsey acordou animada. Não sabia de seu destino, então pensou que seria mais um dia de treinamento e teste. Então a jovem hiperativa pegou seu violino e começou a caminhar enquanto tocava, rindo e rodando pelo quarto. Enquanto tocava, alguém bate na porta e ela abre, vendo o mesmo cientista que conversava com Temperance dias antes, acenou e caminhou até ele. Era de costume algum dos cientistas acompanhas a menina, junto a Taylor, até o café da manhã, mas naquele dia, a levaram a uma sala diferente. Serviu no café da manhã bolos, biscoitos, sucos dos favoritos dela. O dia estava começando muito bem. 

— Por que as coisas hoje estão diferentes? Você nem me fez perguntas! 

O cientista, que a olhava com frieza, respondeu: 

— Você está sendo dispensada do experimento. Será enviada para outro lugar após um último teste. 

— Mas se eu estou sendo dispensada, por que mais testes? 

O homem não respondeu. Um péssimo pressentimento a atingiu. Ela segurou a cadeira e engoliu seco. Tentou continuar a comer, mas havia algo muito estranho naquele local. Ela apoiou as mãos na mesa, mas ao pegar impulso para se levantar, fechou os olhos e foi como se várias luzes coloridas brilhassem em suas pálpebras. Abriu os olhos assustada, vendo aos poucos, formas feitas de luzes se assemelharem ao cientista e um homem de terno misterioso, ambos feitos de pontos de luz brancos. 

— Você tem certeza? - perguntava o cientista – Sr. Pierce, ela é uma criança! 

— Que pode ser uma ameaça nas mãos erradas. Não podemos correr riscos. 

— Quanto aos seus tios? 

— Os irmãos McKinney? Vamos dizer que ela não sobreviveu ao soro. Inventamos algo convincente. Executaremos ela em uma semana, para garantir que não é um erro e para que a Dta. Brennan não tente alguma gracinha. 

— Brennan não faria isso. 

— Ela é apegada à menina. Não podemos arriscar. 

Ao tirar as mãos da mesa, tudo ficou mais claro o que estava acontecendo. O medo possuiu a garota de tal forma, tão confusa, que todos os objetos na sala começaram a vibrar. O cientista começa a andar para trás assustado, e logo, Lindsey se levanta. 

— Vocês vão... me matar? Depois de tantos anos? 

O homem arregalou os olhos assustado. 

— Como sabe, garota? 

Ela não respondeu. Apenas gritou e as luzes começaram a piscar. Quando se apagaram de vez, a menina correu, mas tudo estava muito escuro. Então, repetindo a ação, tocou a parede e as "sombras de luz" voltaram, clareando o caminho apenas para ela. Atravessando suas projeções mentais sem que fosse vista, volta e meia reparava algum agente indo atrás dela e ouvia sons de luta, mas se recusava a olhar para trás. Correu pelo deserto até uma estrada. Correu pela estrada até uma rodoviária, e lá se escondeu. 

Não estava com fome, mas tinha muito medo. Quando viu alguns agentes se aproximando, se escondeu dentro do banheiro. Não demorou para ouvir o som das portas sendo arrombadas. Quando a sua foi aberta, a menina cobriu a boca para não gritar, com lágrimas nos olhos. Era uma moça chinesa com uniforme de agente de campo. 

— Garota, deita no chão. 

A menina obedeceu e logo, May a espetou com algum tipo de seringa, que fez a menina assustada ficar anestesiada. Sentiu sua pressão lenta e seus batimentos cada vez mais fracos. Alguns agentes logo chegaram e May respondeu. 

— Ela provavelmente foi envenenada lá ou algum inseto venenoso a picou. Não sei dizer, mas ela se foi. Não tem pulso. Melhor a deixarmos aqui. Não queremos que seus tios nos culpem e arrumem problemas. 

Assim, eles se foram, deixando Lindsey naquele local. Naquela tarde, quando ela finalmente recuperou suas forças, voltou a caminhar. De carona em carona, chegou à cidade, onde passou dias na rua, até ser encontrada por dois homens que a ajudaram. 


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Notas finais do capítulo

Desculpa a demora. Escrever sobre ela criança me desanima. Mas não se preocupem, é o último, depois vamos para o presente.

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