Papa Shion escrita por Sarinha Myuki


Capítulo 22
Um Plano Duvidoso


Notas iniciais do capítulo

Queridas, eu realmente espero que gostem desse capítulo. Pois bem... Tive uma ideia: VI EM ALGUMAS FICS ESTRANGEIRAS O Q&A (perguntas e respostas). Eu achei MUITO LEGAL! Vocês escrevem perguntas para os personagens sobre QUALQUER COISAS (ex.: qual sua comida preferida; qual a primeira vez que você deu palmadas em fulano; com seu pai era; você teve algum namorado antes de milo; etc etc etc). As perguntas podem ser direcionadas para QUALQUER PERSONAGEM. Pode ser você se colocando na história também. Ou seja, VALE TUDO.
Farei um capítulo apenas com essas respostas que serão respondidas pelo próprio personagem. Pode endereçar pra mim tbm. NÃO TEM LIMITE, PODE CRIAR QUANTAS QUISER NOS COMENTÁRIOS DO CAPÍTULO, vou juntando até montar um compilado beeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeem legal.
Beijos beijos beijos.



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Já haviam se passado duas semanas e Shion e Hyoga ainda estavam hospitalizados, Shion em coma e Hyoga internado. Estavam todos tão preocupados que nem mesmo o medo das surras que Shion distribuiria assim que acordasse os deixava menos aflitos pela situação.

Minu sabia que Shion acabaria com seu traseiro na primeira possibilidade, por tudo que fizera com Carlo, por todas as mentiras que contou e, principalmente, pela maneira como se portou com ele. Em toda a sua vida nunca fizera nada parecido e sabia que sua hora chegaria.

Ikki não ficou hospitalizado, assim que foi liberado sabia que sua fuga não passaria em branco. Ele internamente desejava estar em como ou hospitalizado, pois talvez isso aliviasse a sua punição. Mas sabia que nem mesmo isso impediria Shion de colocar suas mãos nele.

Milo sabia que também seria punido por ter deixado a prisão, imaginando qual seria a pena administrativa imposta. Aliás, temia pelo seu futuro e de seus filhos, por mais que o decreto de deserção não fosse definitivo, graças à bondade de Dohko.

Saori não se lembrava do que contaram, de sua postura como Atena. Aquilo a assustava, se questionava constantemente se em algum momento ela não seria mais “ela” e sim uma divindade que tomaria seu corpo. Por mais que Dohko explicasse que não seria assim, que ela amadureceria e passaria a pensar com justiça, aquilo não a deixava mais tranquila. Porém, o que a incomodava mesmo era saber que Shion acordaria e que a mataria por ter colocado o mundo em perigo.

Shunrei tremia de medo cada vez que cruzava com seu mestre, Dohko, que não havia sequer lhe dirigido a palavra direito. Estava preocupado demais com Hyoga e Shion para lidar com a travessura inconsequente da menor. Ela passava os dias chorando em seu quarto, sendo ignorada pelo pai.

Hyoga, apesar de hospitalizado, estava consciente e quase completamente curado. Seu pai quase não saía de seu quarto, porém não havia brigado com ele nenhuma vez ainda, apenas se mostrava bastante preocupado com seu estado. Hyoga sabia que, apesar de Camus ser bastante responsável por toda a confusão, que sua fuga não sairia impune. Isso o deixava bastante nervoso e preocupado.

Já Camus estava em frangalhos. Passava todos os dias pelo quarto de seu pai quando não havia mais ninguém lá, se questionando sobre tudo que acontecera. Ver seu pai em coma o trazia um turbilhão de sentimentos com os quais não sabia lidar. Ver seu loirinho numa maca de hospital também o tirava de si. Nada o ajudava a melhorar, e para ajudar Milo estava mais distante do que nunca. Ele não tinha medo de uma surra, tinha medo de perder seus filhos, seu marido e... Tinha medo de perder o seu pai.

Era noite e Camus caminhou pelos corredores do hospital, sabia que naquele horário já não eram permitidas visitas, então ninguém o veria lá. Chegou na porta do quarto de Shion, observando seu pai sempre tão forte e robusto, deitado na cama do hospital, ligado por inúmeros fios que apitavam sem parar. Avistou os batimentos e a linha cardíaca que aparecia no monitor e, pela primeira vez, entrou no quarto.

Sentou-se na poltrona próxima à cama, se questionando a razão de seu mestre não acordar. Apoiou os cotovelos em seus joelhos, fechando suas mãos ao entrelaçar os dedos, percebeu-se numa prece pela melhora de seu tutor. As lágrimas caíam, ele não podia controlar, porém, em toda a sua vida, nunca rezara tão fervorosamente.

Pegou na mão de seu mestre, sua mão molhada pelas suas lágrimas.

— Me perdoe, pai, eu fui um idiota.

—--

POV Dohko

Eu estava revirando as gavetas de Shion, me questionando onde raios ele deixou a chave para guardar o cetro na torre, era o lugar mais seguro para isso! Mas não encontrava, foi quando ouvi a voz de Shunrei no quarto de Saori e não tardei até ir ao local.

O QUE VOCÊ ACHA QUE ESTÁ FAZENDO AQUI?

Minha filha gelou, me encarando, quase tremendo. Era uma das primeiras vezes que dirigia a voz a ela desde que voltamos.

A PARCERIA DE VOCÊS DUAS JÁ DEU O QUE TINHA QUE DAR!

Minha filha começou a chorar e sequer conseguia pedir desculpas, eu não havia proibido ela de sair de casa ou falar com Saori, mas vê-la lá me tirou do sério.

Eu a castigaria, com certeza, eu a perdoaria, afinal, era o meu docinho. Mas naquele momento, com Shion em coma, eu não conseguia pensar em nada mais e não lidaria com ela no estado de nervos que eu me encontrava.

POSSO SABER O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO AQUI?

Ela respirou fundo, fungando, e montou a resposta de forma picada.

— E-eu sabia que o senhor estava procurando a chave do cofre do cetro e vim pedir para a Saori me dar, para que eu pudesse deixar na mesa do seu escritório.

Ela disse, me estendendo a chave. Eu peguei de forma brusca, dando um tapa em sua mão.

— VOLTE PARA CASA AGORA, ATÉ LÁ, ATÉ SHION ACORDAR, ISSO É, SE ACORDAR...— Eu disse olhando nos olhos de Saori que se encolheu – VOCÊS DUAS ESTÃO PROIBIDAS DE CONVERSAR OU SE VEREM. E VOCÊ, SHUNREI, ESTÁ PROIBIDA DE SAIR DE DENTRO DO SEU QUARTO A NÃO SER PARA COMER.

Eu estava sendo duro, foi quando percebi que estava agindo como Shion. Respirei fundo, eu precisava me acalmar.

— Vou arrumar as coisas no quarto de Shion, me espere na sala Shunrei, voltaremos juntos.

Voltei para o quarto de Shion para arrumar a bagunça que eu fiz, deixando as gavetas abertas. Se ele acordasse e visse uma agulha fora do lugar, eu sabia que ouviria um sermão de três horas. Eu ri da ideia e desejei muito que seu jeito ranzinza tornasse a acompanhar meus dias.

Quando fechava a última gaveta, uma pequena caixa de veludo me chamou a atenção. Era suntuosa e elegante, de cor preta. Não consegui me conter e a peguei, a abrindo, e meu coração disparou como nunca.

Eram duas alianças de ouro, uma tinha a inscrição SHION e a outra DOHKO. Meus olhos encheram-se de água e eu sorri quando vi o pequeno bilhete que estava dentro:

case comigo?

Eu abracei aquela caixa dizendo “caso, meu amor” enquanto as lágrimas escorriam de minha face. Eu queria que ele me assumisse, eu conseguira, mas a que custo? Que custo? Guardei a caixinha em meu bolso, era como se eu o tivesse perto de mim. Limpei minhas lágrimas e andei pela casa até a sala.

Mandei que Saori ficasse em seu quarto até segunda ordem e abri a porta fazendo um sinal frio para que Shunrei passasse por ela. Ela andou de cabeça baixa, franzindo os olhos quando passou por mim com medo de levar uma palmada, o que não aconteceu.

Fomos caminhando pelas escadarias devagar, quando eu finalmente disse:

— Shunrei, eu sei que a travessura de vocês não visava destruir o mundo.

Ela apenas chorava.

— Porém isso não ameniza o fato de que quase destruiu.

— Eu sei... Você-você me odeia...

Eu respirei fundo e me abaixei para ficar com os olhos na frente dela enquanto segurava seus ombros.

— Eu não te odeio, nem mesmo a destruição do mundo faria meu amor por você diminuir. Você consegue entender isso?!

— Sim, mestre.

— Mas isso não quer dizer que isso sairá impune! Assim que Shion acordar, nós conversaremos. Até lá, Shunrei, você está de castigo, falei sério quando disse que não quero seu narizinho fora do quarto.

Ela acenou, e eu lhe dei um meio abraço, indo dessa forma até nossa casa, desejando que Shion acordasse... E logo.

Quando chegamos, Shunrei correu para o seu quarto chorando e afundou a cabeça em seu travesseiro. Ser duro com ela me consumia, mas dessa vez realmente ela não escaparia da pior surra de sua vida.

Vi Shiryu no quarto e entrei para conversar com ele.

— Tudo bem, campeão?

— Oi pai... Indo né. O clima aqui está péssimo.

— Eu sei, meu amor, eu preciso da sua ajuda aqui, com a Shunrei. Fique próximo, dê apoio à sua irmã. Ela está muito triste com tudo que aconteceu e eu não tenho como tirar esse peso dela por hora.

Shiryu me olhou e assentiu com a cabeça.

— Mesmo nessa situação você se preocupa com a gente...

— Vocês são minha vida, vou me preocupar com vocês sempre.

Andei até meu quarto e tranquei a porta, me sentei na cama e tirei a caixinha do bolso. Comecei a chorar compulsivamente olhando para ela, como eu amava meu Shion, num ponto que não sabia mais viver sem ele.

Foi quando decidi me mexer.

—__

Camus continuava com a mão em cima de Shion, quando foi despertado por uma voz.

— Quer um lenço?

Camus assustou-se com Mu ao seu lado.

— O que está fazendo aqui?

— Ele é meu pai também, esqueceu?

Mu respondeu com certa grosseria, na verdade culpava bastante Camus por tudo que acontecia. Se Camus não tivesse feito o que fez, na certa Shion teria notado a travessura de Saori antes e a situação não chegaria onde chegou.

Camus decidiu ignorar, mas Mu prosseguiu.

— Meio tarde para choro, não?

— Não te perguntei se é tarde ou não, Mu. Cuide de sua vida.

— Eu adoraria cuidar dela, mas graças a você e seu ciúmes doentio, eu não posso. Quando você vai crescer hein?

— Do que raios você está falando?!

— De você com ciúmes do papai e do Dohko!

— Você me disse que também não gostava da relação deles, seu imbecil.

Mu empurrou Camus com força.

— Mas não agi como uma criança de cinco anos por isso.

Camus devolveu o empurrão com um soco no braço de Mu, porém, antes que a situação se agravasse, ambos foram separados com um forte puxão de orelha. Foram arrastados pela orelha até o sofá do quarto e jogados lá.

— Mas que vergonha!

Ambos levaram as mãos às orelhas para aliviar a dor com um esfregão e se depararam com Dohko com os braços cruzados e o pé batendo impaciente no chão com nervosismo.

— Nem mesmo com o pai de vocês nesse estado, vocês se controlam.

— Olha aqui, não venha nos dizer o que...

— Cale a boca Mu! Eu digo o que quiser! Participei da criação de vocês no dia que colocaram os pés no Santuário! Chega disso! Nos privamos de tudo por vocês e agora me aparecem com essas firulas...

Camus não respondia, Mu encarava altivo.

— Quando você teve que começar a fazer terapia pelos traumas com seu pai, Camus, quem arranjou o terapeuta fui eu! Aliás, quem pagou fui eu também, seu pai gastava tudo que ganhava nas ações judiciais contra seu genitor, aliás, eu estava em todas as audiências temendo que ele perdesse sua guarda e você voltasse para aquele crápula. E nas vezes que precisamos colocar ele para fora a força, era sempre eu que estava lá para socar a face daquele animal...

Camus estava calado, não fazia ideia que Dohko soubesse dessas histórias, quanto mais que tivesse participado.

— Todos os dias pela manhã eu ligava para Shion para saber se você continuava com mo terro noturno, se tinha molhado a cama. Nos preocupamos tanto quando você voltou com isso na adolescência...

Camus enrubesceu.

— E você, Mu... Acha que eu sou um completo estranho com seu pai? Eu estive lá em suas crises de choro de saudades de sua família. Te levava pequeno ao terapeuta. Eu estive nas buscas nas suas fugas para Tibet para achar um povoado que sequer existia mais. Eu estava nas reuniões da sua escola sempre, ao lado de Shion, sob o pretexto de ser do Santuário, mas a verdade era uma só: eu me preocupava com você tanto quanto me preocupava com meus filhos.

Mu olhou para o chão.

— Não acham muita coincidência eu sempre estar ao lado de Shion quando vocês aprontavam? Quem achava os dois nas fugas, quem achava os dois nas baladas às escondidas, quem estava lá nos momentos mais complicados era eu!

Camus e Mu se entreolharam, era verdade. Dohko, apesar de espectador silencioso, sempre largava tudo quando estavam em perigo. E sempre parecia genuinamente preocupado.

— Nos momentos bons, eu também estava lá. Eu chorei na formatura de ambos, assim como chorei na de Shunrei e Shiryu. Eu estava lá quando foram nomeados cavaleiros, quando foram nomeados em suas funções administrativas. Eu me orgulhei como nunca... Meus meninos... E quando se casaram então! Ah... E quando se tornaram pais... Quanto orgulho!

Camus e Mu se assustaram com o final da fala de Dohko que demonstrava amor genuíno por ambos.

— Se querem saber, eu devia ter me tornado ativo há mais tempo. Mas saibam que isso não vai mais acontecer, vocês vão me aceitar e serão gratos, nem que para isso eu precise arrancar a pele da bunda dos dois. E olha que quem é adepto desses métodos é o Shion, mas vocês estão pedindo por limites! Pedindo não, implorando! Você em especial, Camus!

Ambos respiraram resignados, Dohko estava certo. Ele estave lá sempre, apenas ambos que não perceberam antes.

— Agora posso saber o que ambos estão fazendo aqui a essa hora?

— Eu apenas passei para ver como meu mestre estava – disse Camus.

Mu ficou quieto.

— Eu vim fazer o mesmo, Camus – Disse Dohko.

— Já eu... Tive uma ideia...

Dohko e Camus olharam para Mu como quem pede que fale o plano.

— Bom, é o seguinte, há vários tipos de coma. O de Shion, ao que tudo indica, não tem razão de ser. Seus sinais estão estáveis e ele está forte, ao menos para estar acordado. Não sabemos o que aconteceu no núcleo de lava, talvez algo muito grave tenha acontecido a ponto de desacordá-lo assim, ou algo o está segurando em sua mente... Não sei...

— E você veio aqui para entrar na mente dele e tentar despertá-lo – Disse Dohko.

— Sim.

— É um bom plano – Camus falou.

— É arriscado, nunca estive na mente de uma pessoa em coma. Aliás, não sei se ele está lúcido lá dentro. Se me ver como uma ameaça, ele me mata mentalmente ou me aprisiona, a mente dele é muito mais forte que a minha.

Dohko ouviu com calma e se pronunciou.

— Mu, não posso deixar que se arrisque, sinto muito – Disse Dohko.

— Mas é a única chance.

— Não, vamos aguardar, Mu. Eu não me perdoaria se algo acontecesse com você... A não ser... A não ser que ME coloque na mente dele. Teria alguma chance de você se machucar dessa forma?

— Nã-não... Mas você teria menos defesa que eu.

— Eu me viro com Shion. Não se preocupem.

— Dohko, não posso fazer isso.

Foi quando Dohko tirou um colar do pescoço feito de tira de couro com um pingente no meio. Para a surpresa de Camus e Mu, o pingente do Santuário se abria, foi quando Dohko revelou duas fotos dentro.

— Vejam, sei que vão se reconhecer. Camus e Mu, nessa foto pequena vocês têm 4 e 6 anos. Nesse outro lado tem Shiryu e Shunrei com 4 e 8. A foto de Shiryu e Shunrei é mais nítida porque foi colocada muitos anos depois, quando eles chegaram. Agora vejam.

Dohko puxou a corrente de Shion, idêntica, com as mesmas fotos.

— Fizemos uma promessa de cuidarmos de vocês. Como nosso trabalho era perigoso demais, o risco de morte era constante. Agora, talvez, vocês entendam porque eu e Shion nunca estávamos nas mesmas viagens e missões, do porquê ele ter um trabalho administrativo e eu na frente de treinamento. Decidimos termos funções completamente separadas para, caso um morresse, o outro cuidasse dos pequenos.

O olhar de Mu se encheu de água, ele jamais pensou que outra pessoa poderia amá-lo como Shion.

— Eu sei que entrando na mente de Shion, estarei burlando a regra, mas acho que para manter sua mente íntegra, ela pode ser relativizada. Eu jamais permitiria que algo acontecesse com vocês dois. 

Camus estava impassível, Dohko queria saber o que ele pensava, mas não havia sentido questionar. Camus teria que se acertar com Shion e, quem sabe, no futuro, conseguir se relacionar com o libriano.

Mu respirou e caminhou até Dohko, colocando dois dedos em sua testa, em menos de um segundo o cavaleiro caiu no sofá deitado. Era isso, Camus e Mu encaravam os dois desacordados e torciam pelo sucesso de Dohko.


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