Papa Shion escrita por Sarinha Myuki


Capítulo 21
Salvando o Mundo


Notas iniciais do capítulo

Minhas amadas, amei os reviews rápidos. Tanto que escrevi num tiro só a continuação. Beijos amoras.



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— Mas você é um idiota mesmo.

— MILO?

Camus, que estava solitário e nervoso, encara Milo encharcado e o apressa para entrar em seu pequeno quarto para tomar uma ducha e trocar as roupas.

— Como raios você chegou aqui?

— Bom, primeiro eu tive que desacordar o Carlo. Que cara insuportável! Daí peguei uma pequena embarcação que ia em direção ao epicentro, por óbvio ela quase naufragou. Estou nadando há horas procurando essa porcaria de barco.

— Você está tremendo... Apresse-se logo nesse banho quente.

Disse Camus empurrando Milo para a água quente que descia do chuveiro.

— Você perdeu o juízo de fugir da prisão?

Milo respirou fundo, revirou os olhos e acabou não se contendo.

— EU PERDI O JUÍZO, CAMUS? EU? QUER QUE EU ENUMERE AS COISAS QUE VOCÊ FEZ NAS ÚLTIMAS SEMANAS PORQUE ESTÁ COM CIUMINHO DO SEU PAI? EU VIM PARA TENTAR ENFIAR UM PINGO DE JUÍZO NESSA SUA CABEÇA DURA!

Camus retorceu os lábios, mas não respondeu. Tinha receio pela saúde de Milo após se esforçar tanto e aguentar os mares gélidos por onde navegavam.

Milo, por sua vez, se aliviou com a água quente, mas sabia que estava com uma gripe pelas temperaturas que enfrentou. Esses tempos de paz o haviam deixado fora de forma.

— Você não está bem...

— CAMUS, EU NÃO ESTOU BEM HÁ MUITO TEMPO. VOCÊ ESTÁ TORNANDO ESSA SITUAÇÃO IMPOSSÍVEL DE SER RESOLVIDA. POR FAVOR ME DIGA QUE VOCÊ E SHION CONVERSARAM, QUE ELE TE DEU UMA SURRA E QUE ESTÁ TUDO BEM.

Camus desviou os olhos, não sabia como explicar que a situação apenas havia se agravado no navio, mas não era necessário explicar, Milo o conhecia melhor que ninguém.

— CAMUS, EU AGUENTEI MUITA COISA NESSES ÚLTIMOS TEMPOS. MAS EU NÃO ESTOU MAIS DISPOSTO, VOCÊ VAI LÁ PEDIR DESCULPAS PARA O SEU PAI E É AGORA!

Foi quando os gritos de Milo chamaram a atenção de Shion e Dohko que entraram de forma abrupta no quarto, seguidos por Mu. Foi quando Shion se pronunciou:

— Vocês só podem estar brincando! Até quando vão testar minha autoridade enquanto Mestre do Santuário? Até eu determinar a morte de alguém? Não é possível!

Shion passava as mãos nervoso em seus cabelos.

— Olha aqui o do chifre, eu estou tentando resolver a situação aqui com vocês dois! Manda me matar depois, agora vamos Camus, pede desculpas e agora mesmo.

Camus cruzou os braços emburrado até olhar para baixo nervoso com a intromissão do esposo que nitidamente não o apoiava. Foi quando Mu fez uma cara para Milo como que o lembrando que estava nu.

— Opa, vou vestir o amiguinho aqui.

Dohko olhou para Camus e decidiu tomar a palavra.

— Camus, eu te vi crescer, te conheço melhor do que você pensa. Acompanhei ao lado do seu pai, ainda que de forma oculta, seu desenvolvimento e...

— Ele não é meu pai e você não sabe nada sobre mim.

Shion sentiu que teria um colapso nervoso, Mu segurou o pai pelo braço e Dohko engrossou a voz.

— Você me parece igualzinho Hyoga quando se revoltou diante do relacionamento de vocês!

Camus levantou-se nervoso e deixou o quarto diminuto em que estavam todos enfiados.

— Não vou ficar aqui ouvindo essas asneiras.

Milo, devidamente vestido e finalmente aquecido lançou.

— Eu tenho pensado nisso desde o início... Olhem, geralmente quem pisa na bola sou eu, mas por favor, tenham um pouco de paciência.

— Preciso enumerar o que Camus fez, Milo?

A voz grave de Shion respondeu Milo como se seu pedido fosse o maior absurdo do mundo.

— Mestre, eu sei. Tenho sentido na pele isso, mas... Camus foi um ótimo filho na maior parte do tempo. Dê apenas uma chance...

— É o que tenho dado desde o início. Eu cansei, Milo.

Shion saiu para o outro lado do barco,  restando Dohko, Mu e Milo na alcova.

— Como vamos resolver isso? Trancá-los num quarto até que se entendam?— Milo riu.

—  Eles vão explodir o barco— Mu respondeu.

— Isso vai se resolver se Camus conseguir ficar no mesmo lugar que Shion. Se ele se lembrar que Hyoga agiu igualzinho... Se ele...

Dohko parou, ele tinha a solução. Era mais simples do que todos pensavam. Mas não pode dividi-la com ninguém, pois sentiram um chacoalhar que os jogou de uma parede à outra do quarto. Algo estava errado com o navio.

— ESTAMOS NAUFRAGANDO!

— CAPITÃO!

— JUNTEM-SE TODOS.

A tripulação gritava nervosa. Shion e Camus logo assumiram fazendo com que o barco desembocasse em segurança, finalmente chegaram ao epicentro. O desespero tomou conta dos cavaleiros quando viram que Ikki e Hyoga não estavam lá.

Logo Shion pegou Saori que estava de castigo isolada num quarto. Agarrou ela e seu cetro.

Camus se culpava profundamente, tudo que queria era um abraço de Shion ou de Milo, mas não cederia. Aliás, não queria sequer olhar para Milo, nem para Mu ou Dohko. Ele só queria ver seu filho são e salvo.

Foi quando decidiu se lançar ao mar para vasculhar as ilhotas próximas.

— Camus, o que está fazendo seu idiota?

Esbravejou Shion.

— Trabalhar em equipe é mais inteligente, pare por um minuto com essa infantilidade, não temos tempo para isso. Temos que achar esses moleques e rápido!

Camus seguia nadando, mas parou, o mestre tinha razão. Voltou resignado, Hyoga era mais importante que tudo. Foi quando Shion começou a dar as coordenadas.

— Temos aqui oito ilhotas aparentes. De todas, me parece que apenas três são possíveis destinos, vejam essas rochas para onde Camus estavam nadando, ninguém passariam por um maremoto por lá vivo – Shion não perdeu a chance de chamar a atenção do filho – Assim, creio que nos dividiremos em grupos.

Todos ficaram calados, ouvindo o plano, e Shion prosseguiu.

— Camus congelará caminhos para as três ilhotas e Mu criará paredes de cristal no entorno das rochas. Eu criarei grandes barreiras cósmicas que afastarão as águas das ilhas, assim, se alguém... Se alguém estiver embaixo da água, poderemos ver.

Shion engoliu em seco pensando em afogamentos.

— Mu, você vai na da direita. Milo na da esquerda e Dohko na central. Eu e Camus nos concentraremos no congelamento e isolamento dos caminhos e correremos para quem der o sinal primeiro. Saori, você não saia de perto de mim, mocinha, essa situação é muito perigosa!

Tudo foi decidido muito rápido. Em questão de menos de um minuto o plano foi colocado em prática. O primeiro a dar o grito foi Dohko, em seguida todos correram para a ilha central atrás do sinal, todos rezavam em silêncio, em especial Saori que estaca emanando uma luz forte, provavelmente aquela situação despertara a deidade que nela habitava.

Foi quando Shion e Camus pararam de respirar por um segundo, Ikki e Hyoga estavam jogados em pedras, desacordados. Camus correu para perto deles e checou o pulso de Hyoga, foi quando viu ikki abrir os olhos e dizer baixo, porém em tom acusador:

— A culpa disso tudo é sua, Camus.

Logo em seguida Ikki desmaiou novamente. Hyoga estava com o pulso fraco, o que desesperou Camus.

— Pai!

Camus gritou em desespero, não sabia o que fazer. A forma como foi chamado só confirmava a teoria de Dohko para Shion. O mestre logo se apressou em checar Hyoga.

— Ele vai se recuperar, não se preocupe Camus.

— Dohko, precisamos chegar ao epicentro para Saori ativar o cetro!

— Eu preciso levar Hyoga...

— Ele aguenta, Camus. Precisamos de suas habilidades para criar o caminho. Mu, faça as paredes, Milo você carrega o Hyoga... Dok, você levita a Saori...

— E você, chifrudo?

— Alguém precisa entrar no vulcão subterrâneo para segurar a erupção quando o epicentro for ativado.

Todos se entreolharam, ninguém sabia de vulcão nenhum.

— Que vulcão, Shion?— Questionou Dohko.

— Poucas pessoas entendem realmente sobre o epicentro. Dohko e Saga, ambos da minha época, ouviram sobre isso na guerra que lutamos. Camus sabe disso porque eu ensinei por cima e ele vivia pegando meus livros. Mu sabe o que contei. Mas poucos estudaram os escritos antigos como eu, afinal, preciso preparar pessoalmente Atena e dirijo o Santuário.

Shion falava como que se despedindo de todos.

— De fato, o cetro pode reverter a situação. Mas ao ser manejado no epicentro, gerará uma reação vulcânica no subterrâneo. Há um vulcão lá, adormecido desde os primórdios. Podemos parar os maremotos, porém se não pararmos o vulcão, o problema só se tornará maior e o mundo será tomado por lava vulcânica.

— Shi, você não tem poder para isso. Nenhum de nós tem. Você vai morrer.

— Pensei em usar meus poderes mentais, há uma chance.

— Uma chance, mestre, isso é suicídio!— Disse Camus nervoso.

— Creio que você não se preocupe com isso.

Shion cutucou desolado, sabia que provavelmente morreria e o pior: morreria brigado com seu filho.

— Não posso permitir isso, pai.— Mu disse.

— Você não está em condições de permitir ou não. Somos cavaleiros, juramos proteger Atena e o mundo e eu vou cumprir minha função.

— E sua função conosco, hãm? Sempre todos a nossa frente.

Shion revirou os olhos e respondeu para Camus.

— Ciúmes de Mu, ciúmes de Dohko e agora ciúmes da humanidade. Quando você vai crescer hein?

Foi quando Milo gritou apontando para Saori. Ela flutuava sozinha em direção ao epicentro.

— SAORI! Volte aqui agora!

— Não posso deixar ninguém se sacrificar por uma falha minha.

Shion deu sinal para o plano seguir, agora com o agravante que precisavam salvar a vida de Saori, tinham menos tempo. Camus fez os caminhos de gelo, Mu as paredes, Dohko corria com Shion enquanto Milo os seguia carregando Hyoga no colo e auxiliando o caminhar de Ikki.

Não tardou até que Saori ativasse o cetro, sem a ajuda de Camus e uma explosão começou a despertar tremores na terra, quebrando os caminhos de gelo feitos por Camus. O cavaleiro era rápido fazendo novos caminhos, mas era difícil controlar os tremores.

Shion segurou Saori por trás e disse:

— Se eu sair vivo dessa, você está encrencada como nunca esteve na vida!

— Me ensine a ativar o cetro pelo núcleo da terra!

— O que?

— Pelo núcleo. Eu ativei pela superfície do epicentro, se eu fizer pelo núcleo também o vulcão calcificará e você não morre. Só me leve até lá e confie em mim.

— Você não sabe o que diz.

— Isso é uma ordem, cavaleiro!

Shion fez uma reverência, não era Saori, era Atena. A primeira vez que a deidade aparecia por completo na garota. Shion na hora os teleportou ao centro da terra.

Os terremotos pararam, bem como os maremotos. Em questão de minutos o mar se acalmou. Em uma hora o céu abriu novamente e a chuva parou. A situação parecia resolvida, a não ser pelo desaparecimento de Shion e Saori.

Camus sentiu o coração apertar, não podia perder o mestre assim, em meio a essa briga. Por um segundo arrependeu-se profundamente por toda a briga. Mu chorava desolado desejando que Shaka estivesse ao seu lado.

Após três horas eles já se questionavam se deveriam ir embora ou não, foi quando Shion apareceu, muito ferido, carregando Saori. Ele largou a menina no chão e desfaleceu dizendo

— Por favor, protejam Atena.


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