My nasty boss escrita por Milena


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Pessoas lindas que estão lendo, devo desculpas pela demora. Fiquei um tempão sem meu notebook, as provas começaram e, com elas, as crises de ansiedade.
Eu realmente não tenho palavras para agradecer à recomendação da Homo sapiens sapiens. Querida, você me emocionou – e fez com que eu me sentisse culpada também. Espero que, ao ler esse capítulo, sinta a mesma felicidade que senti ao ler sua linda recomendação ♥
Enfim, segue mais uma partezinha da história da Ayla. Agora começamos a compreender um pouco a vida do Professor Blossom. Boa leitura a todos/as!



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Não existiam palavras dignas de expressarem a felicidade que eu sentia. Eu estaria presente no Congresso Internacional de Hermenêutica Jurídica?! Assim que cheguei em casa, abri o skype a fim de conversar com meus pais, pois, além da saudade que já sentia deles, precisava comunicá-los sobre a viagem. Assim que nos conectamos, o sorriso caloroso de minha mãe se manifestou através da tela e fez meu coração transbordar. Mesmo morando sozinha há cerca de três anos, eu ainda sentia muito a sua falta.

— Boa noite, querida! – cumprimentou ela – seu pai está terminando a correção de algumas atividades, logo virá para cá.

— Oi, mãe – sorri, encarando a tela – sem problemas. Como estão as coisas por aí?

— Graças a Deus, está tudo bem. Estive preocupada com a mudança da direção da escola, mas as coisas estão tranquilas e tudo está se encaminhando – contou ela – mas me fale sobre você, filha. Quais são as novidades?

— Então, mãe... A senhora lembra que eu havia comentado sobre um congresso em São Paulo? – ela assentiu e eu continuei – Pois então... meu trabalho foi aceito e eu poderei participar! Tanto a viagem, quanto as demais despesas ficarão por conta do escritório onde eu faço estágio.

Minha mãe vibrou em genuína felicidade por mim.

— Ouviu isso, Helder? – gritou ela ao meu pai – Nossa filha apresentará trabalho em um Congresso Internacional!

Em seguida, continuou conversando comigo e questionando o motivo de ter ganhado do escritório tal oportunidade. Expliquei, empolgada, e repeti pacientemente quando meu pai apareceu. Permanecemos conversamos por cerca de quarenta minutos sobre amenidades e nos despedimos, afinal, todos trabalharíamos cedo no dia seguinte.

Após uma tranquila noite de sono, cheguei ao escritório, me encaminhando diretamente à sala dos estagiários. Cumprimentei Karen e Christian, que já estavam no local, e os ajudei a separar os processos em pilhas organizadas. Concluída essa parte, outros colegas já estavam presentes e iniciamos as petições. Quando surgiu uma dúvida bastante específica, nenhum de meus colegas soube responder e Karen sugeriu que eu questionasse nosso chefe. Eu não ficara especialmente animada com a ideia, pois até então as reações do Professor Blossom eram inesperadas. Ele poderia ser atencioso e gentil ou mesmo um carrasco.

— Olá, Suelen – disse ao adentrar a sala – Será que posso tirar uma dúvida com o Dr. Blossom?

— Bom dia, Ayla. Acredito que sim, aguarde um momento – ela pressionou uma tecla em seu telefone e informou minha presença ali – Pode passar à sala dele – indicou com um gesto e sorriu.

Agradeci e abri a porta depois de uma tímida batida. Meu chefe estava sentado à mesa, vestido impecavelmente como de costume, seu tórax coberto por uma justa camisa cinza. No entanto, seu rosto estava marcado por olheiras e seu cabelo, bagunçado. Infelizmente, o maldito continuava se parecendo com alguém saído de uma revista ou passarela, enquanto falava ao celular.

— Eu não quero saber. Pago muito bem para que esse verme se mantenha afastado dela e de todos nós – falava, irritado – Sim – respondeu ele após uma pausa – É claro que isso é também um problema meu. Você sabe como ela fica quando ele aparece – outra pausa – Está certo, falo com você mais tarde – ele encerrou a ligação e olhou para mim – Olá, Ayla. Do que precisa? – perguntou calmamente, me surpreendendo.

Sentei-me à sua frente e o encarei por alguns segundos, franzindo a testa.

— Está tudo bem? – questionei por impulso – O senhor.. Você precisa de alguma coisa? – completei, estupidamente.

Por algum tempo, ele apenas me observou com o semblante marcado pela confusão, como se não ouvisse esse tipo de pergunta há muito tempo. Talvez, só talvez, fosse esse o caso. Quando exibimos somente o nosso lado forte para as pessoas, elas tendem a não se preocupar conosco. Às vezes, criamos uma falsa armadura de invencibilidade como uma forma de proteção, mas todos possuímos algum tipo de vulnerabilidade. Alguns apenas escondem melhor.

Interrompi meus devaneios e fiquei constrangida com seu silêncio.

— Por favor, me desculpe – pedi com sinceridade – Não quis ser invasiva.

— Não, está tudo bem – ele refletiu durante um instante – São problemas familiares, alguém está perturbando minha mãe – explicou.

— Oh.. Eu sinto muito – parecia a coisa certa a se dizer, mas meu chefe não reagiu muito bem, sua expressão se fechando.

— Não importa – encerrou – Vamos ao que interessa, do que precisa?

Retomando minha postura, expliquei a dúvida e, como se nada tivesse acontecido, ele esclareceu calmamente a questão. Agradeci educadamente e, quando estava preparada para sair da sala, ele me chamou.

— Aproveitando que está aqui, gostaria de lhe passar esses memoriais. Como já deve saber, eles são as alegações finais das partes em um processo, onde elas apresentam seus últimos argumentos a fim de convencer o juiz. Os memoriais, na verdade, substituem os debates orais – enquanto ele falava, eu assentia e tomava notas mentalmente. Meu chefe continuou explicando, ensinando como deveriam ser feitas tais peças.

De fato, ele era um ótimo professor, capaz de esclarecer cada detalhe, mas ainda assim eu senti vergonha de questioná-lo sobre uma dúvida. Não queria que ele pensasse que eu era burra ou incapaz. No fundo, me preocupava com o que ele pudesse pensar sobre mim. Isso porque ele era meu chefe. Sim, só por isso.

— Bom, já que compreendeu bem, vou pedir que faça os memoriais referentes a esse processo – indicou um dos que estavam em sua mesa e deslizou-o até a minha frente.

— Ok, Dr. –  segurei a pasta e fiz menção de levantar.

— E, Ayla, pode utilizar meu computador para fazer enquanto concluo algumas ligações – comunicou, sem me olhar.

Arregalei os olhos.

— C-como? Devo fazer.. aqui? – perguntei de um jeito meio ridículo, corando em seguida. Não era como se eu fosse fazer algo muito constrangedor, mas eu preferiria fazer a atividade na sala com os outros estagiários, sem seu olhar julgador e, principalmente, sem me sentir pressionada. Afinal, ele provavelmente quereria que eu terminasse logo a fim de retomar suas atividades no computador.

— Claro – confirmou – assim posso ajudá-la e corrigi-la mais facilmente. Sente-se aqui – pediu ao se levantar da cadeira.

Lentamente me encaminhei ao seu lugar, ao mesmo tempo em que ele sentou no sofá de couro, cruzando as pernas em um movimento fluido. Era incrível como um homem daquele tamanho conseguia ser tão elegante.

Passei a analisar o processo, mas estava com certa dificuldade de concentração. De vez em quando, meus olhos vagavam pela sala a fim de observar meu chefe. Acabei ouvindo também alguns trechos de sua conversa.

— É claro que me preocupo, mas não com ele. Esse cara não é meu pai, eu não o considero. A única razão pela qual permaneço em contato com ele é para lembra-lo de ficar longe de nossa mãe. Que leve a vida como quiser, mas que não chegue perto novamente – foi taxativo e sua postura era feroz, quando o vislumbrei discretamente.

Senti como se estivesse desrespeitando sua privacidade, então foquei na construção dos memoriais. Minutos depois, eu havia praticamente acabado, então decidi chamá-lo para sanar minhas dúvidas.

— Dr. Blossom, poderia me ajudar? – pedi com a voz aguda. Seu humor não estava exatamente bom e, embora ele houvesse sido gentil comigo, eu não queria irritá-lo.

Ele levantou do sofá e caminhou até mim, parando atrás da cadeira. Fiz menção de levantar para que meu chefe assumisse seu lugar, mas ele indicou que eu permanecesse ali. Curvou-se para enxergar melhor a tela e eu senti sua respiração, que brincou suavemente com os fios de cabelo soltos próximos à minha orelha. Afastei-me o máximo que pude, pois aquilo, somado ao seu perfume delicioso, tivera um efeito completamente desnecessário em mim. E claramente só em mim, pois meu chefe parecia concentradíssimo no texto.

— Está muito bom – começou ele – mas acredito que essa parte – estendeu o braço, apontando um trecho – poderia ser alterada – ele deu uma pausa, enquanto substituía minhas palavras pelas suas, digitando rapidamente – Fica mais claro dessa forma, concorda?

Assenti, já que realmente ficava bem melhor.

— O restante está ótimo – elogiou – Pode salvar e imprimir.

— Obrigada – sorri, tímida, virando o rosto para ele. Um erro, pois ficamos próximos demais. Senti meu rosto ruborizar, mas não consegui desviar o olhar.

Havia uma pequena chance de ele estar na mesma situação, pois seus olhos azuis estavam presos nos meus até descerem lentamente até os meus lábios, que estavam entreabertos.

— De... nada – respondeu com a voz rouca. Uma batida de coração mais tarde, ele se afastou bruscamente e praticamente me expulsou de sua sala – É isso, então. Termine suas atividades na sala dos estagiários – meu chefe sequer me encarava e parecia extremamente incomodado.

E eu? Só sentia vergonha.


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Notas finais do capítulo

E aí?! O que acharam? Deixem suas opiniões ♥



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