Sakura POV

Céus! Aquilo demorou mais do que eu achei que fosse necessário. Durou todo o jantar e por conta disso, apesar que agora eu finalmente poderia sair do salão com a cabeça nos céus de orgulhosa, minha voz estava cansava e a garganta até meio dolorida e não seria de se espantar se minha voz estivesse também rouca. Por que eles tem que demorar para comer!? O que tem de tão difícil nisso?!

Mas a exaustão da voz valeu a pena. Só de ver todos, todos, olhando para mim como se eu fosse uma musa, impressionados com o dom de alguém que nem sabiam – certamente – se tratar de uma serva, mas que logo descobririam esse fato.

Os homens olhavam como se eu fosse um troféu a ser disputado pelos melhores, com desejo, com curiosidade, com vontade de possuir de qualquer forma. E, ao mesmo tempo em que gostava dessas expressões, tinha medo de todas elas e do que eles poderiam fazer. As mulheres, ao contrário, fizeram-me ficar mais orgulhosa, mais altiva, somente por me olharem com inveja e irritadas por perderem a atenção de praticamente todos os homens ali. No entanto, as matriarcas e algumas casadas pareciam gostar de meu canto, o que que me fez ver que talvez – mas só talvez – nem todo nobre fosse como eu e TenTen achávamos.

Quando finalmente consegui descer do altar e ficar fora das vistas de todos, suspirei, desejando com todas as forças tirar logo aquele vestido – que por sinal Tsunade não me dissera de quem era – e beber algo que aliviá-se a dor na garganta, mas eu mal havia tirado o enfeite de flores de minha cabeça enquanto andava para o quarto e senti-me ser segurada no pulso, um toque firme, porém gentil.

E quando olhei para trás para me soltar, foi como se minha força terminasse e eu estivesse prestes a desmaiar, ou melhor, apenas cair de joelhos sem energia para sair correndo.

--Sinto muito – desculpou-se, soltou meu pulso e estendeu o braço -. Mas será que podemos conversar um pouco? Sei que temos alguns assuntos para resolver.

Senti meu rosto perder a cor só de pensar em conversar a sós com ele. Mas querendo ou não, ele até tinha razão.

Segurei se braço e ele me guiou para algum lugar.

E eu só conseguia me achar uma louca de ter aceitado o convite.

Sasuke POV

Eu achava que seria mais difícil fazê-la vir comigo, mas apesar de ter aceitado fácil eu sentia que ela estava tensa. Ela estava com medo. Medo do que achava que poderia acontecer. Mas eu estava sob controle dessa vez.

Dessa vez eu só queria conversar.

E era por esse motivo que estávamos no jardim, lá era tranquilo, me acalmava. Levei-a para um largo banco, próximo as macieiras de Kiba. Deixei que ela se sentasse e suspirei pensando em como começar a me explicar, embora soubesse que qualquer explicação não seria o suficiente. Percebi que ela se abraçava por causa do frio e por sorte eu havia pedido para um dos criados pegar minha capa quando fui buscar a moça.

Tirei a capa preta – presa por um broche a meu ombro - e me inclinei um pouco para pô-la ao redor dos ombros de minha companhia. Ela abaixou um pouco a cabeça e minha testa quase encostou na dela. Então eu comecei a falar:

--Escute, não sei nem por onde começar a explicar, e sei que qualquer coisa que eu falar também não me fará digno de suas desculpas – eu levantei o tronco, mas continuei a fitando e ela fazia o mesmo -. Também não vou despejar meus problemas em você para que entenda minhas ações. No entanto quero apenas que saiba que naquele dia eu estava mentalmente debilitado por causa de tudo o que me aconteceu nos últimos anos, principalmente na guerra de três anos a trás e por causa disso acabei virando um monstro sem perceber – passei uma das mãos no cabelo e até sentei na grama. Aos olhos dela isso poderia ser a mesma coisa que me rebaixar a nada e isso explicaria o olhar surpreso que ela me direcionou -. Um monstro sem coração, sem vida nem nada...

--Meu senhor, por favor, levante-se. Se Tsunade ou sua mãe ver...

--Tsunade, mamãe, o que tem elas? Veja que no meu clã até criados são considerados da família. Por isso faço coisas com eles que nenhum outro nobre faria, converso, brinco, trato-os como iguais, mas também sei punir se for preciso. E, a partir de quando Tsunade lhe trouxe para o castelo, você também passou a ser responsabilidade minha, passou a ser da minha família também e isso só me dá mais um motivo para ficar envergonhado, então... bem eu... bem... - e enterrei os dedos no cabelo, enquanto a cabeça permanecia abaixada.

Eu podia ter dado um verdadeiro discurso, mas ainda não eram essas as palavras que precisavam ser ditas. Perdão, era só isso, apenas mais isso que eu precisava dizer, mas eu não estava acostumado a pedir desculpas. Nunca havia feito nada de errado, ou pelo menos não até o dia em que a conheci. E de repente as palavras sussurradas naquele mesmo ambiente mais cedo, pareciam não ter sido ditas de maneira correta: Perdão por tudo, moça.

E agora eu tinha que dizê-las mais uma vez de forma certa.

Levantei o rosto para dizê-las de uma vez.

E quando levantei o rosto ela estava sorrindo. Um sorriso compreensivo de quem não precisava ouvir mais nada, de quem já estava satisfeita. E ela tinha um sorriso lindo... e mais uma vez eu fiquei hipnotizado.

--Obrigada – e ela agradeceu, sem desmanchar o sorriso e estendendo a mão para me levantar.

Naquele momento meu coração bateu mais forte.