Lionhearted escrita por Karenina


Capítulo 2
Por favor diga algo, mesmo que seja mentira




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"Eu ajudarei no que puder."

Prisioneira.

"Me fale porque eu não devo te matar agora."

"Parece que você possui a chave de nossa salvação."

"Claro. E ela será de grande ajuda no vale."

Mago.

"Ela deveria estar acorrentada a caminho de Val Royeaux."

"Arauto de Andraste"

"Nós perdemos um monte de pessoas para te trazer até aqui."

"Bem-vinda a Inquisição."

Arauto de Andraste.

Prisioneira. Mago. Arauto de Andraste.

Sophie fechou os olhos com um suspiro à medida que ela se lembrava de cada uma das falas. Criador, que inferno de duas semanas e meia. Duas semanas e meia das quais grande parte ela passou inconsciente, perdida em algum lugar do fade do qual ela não se lembra totalmente. Envolvia algo sobre Cinza e Aranhas. Não que ela tivesse medo de aranhas, mas ela não admitiria isto em alto e bom som para todos ouvirem. Certas confissões parecem melhor quando estão guardadas.

Agora cá estava ela, em meio a ponte destruída de antes, Penintents' Crossing. As mãos no bolso da calça de couro surrado, a túnica suja com algumas gotas de sangue, suor e poeira, o vento soprando os fios acinzentados que escaparam do coque; as bochechas coradas, pela bebida e pelo cansaço, os olhos de um cinza brilhante adquiriam um tom fraco de verde por conta da luz que corria pelo céu. A pele arrepiada com o menor vento, especialmente por conta do suor que cobria seu corpo e a fina túnica que vestia depois da luta. O céu estrelado em contraste com a Brecha fazia com que a luz esverdeada caísse por todo o vale de uma forma que embora assustadora era extremamente bonita. Vez o outra, aquilo pulsava e fazia a mão dela arder em sincronia. A dor não era diferente de uma agulha quente. Porém, ela era a Arauto de Andraste, ela tinha que sorrir e ser educada. "Só dói quando eu rio.", ela disse a Cassandra. Ela perdeu as contas de quantas mentiras sobre si mesma ela disse nessas duas semanas em nome da aparência. 

Até hoje.

Hoje ela resolveu dar a si mesma um fim a exatamente quinze anos na antiga Sophie Trevelyan. Esta antiga - embora falsa pudesse funcionar melhor - era um simples mago que vivia na Torre de Ostwick, imaginando um mundo além daquelas belas paredes, além da vigilância constante. Ao pisar na torre, ela trancou uma parte de si: Uma parte que adorava uma aventura, que adorava rir com as mínimas coisas e que via valor em rir, muito mais do que sorrir. Esta antiga Sophie que se entregava ao silêncio muito facilmente, dizia sim e não e mantinha as aparências dos títulos dados: ninguém, órfã, adotada, mago, prisioneira, arauto de Andraste. Os impulsos, as vontades, os anseios, desejos. Tantos, estava todos ali, contidos, presos, enclausurados dentro de um corpo. A coragem de experimentar coisas novas não estava mais lá. 

Andando de um lado para o outro, Sophie percebeu o quanto ela tinha deixado de si mesma ir embora. Com a esperança que não existia, a dormência oferecia uma segurança acolhedora para não se machucar, para não ter medo de que as coisas serão eternas somente e tão somente enquanto durar. Mas, naquela noite, ela desejou dar um salto de fé. Se por conta da bebida ou da dor causada pela luta, ela não sabia, mas tinha certeza que reimplantar a coragem não é uma tarefa fácil. Olhou para os nós dos dedos machucados. A dor parecia uma boa amiga para alguém que deixou de sentir a muito. Álcool nunca foi bom conselheiro, mas ali, no frio, parecia mais quente do que um beijo e desejo correndo no sangue e plantou uma ideia revolucionária em sua cabeça.

E ela sorriu com o pensamento que ganhava forma em sua mente, mesmo com a raiva que ainda estava ali, diminuindo aos poucos. Especialmente contra Cullen Rutherford. Estúpido comandante. tsc.

Ela parou de andar de um lado a outro, apontou para o céu, para o Criador que a Chantry tanto falava. Gritou a plenos pulmões, não importando com que ouvisse, embora ela tivesse certeza que ninguém estava ouvindo. "O que mais você vai tirar de mim, Criador?" Ela se curvou de forma pomposa. Havia sarcasmo gotejando em cada palavra que dizia. "O que mais deseja de mim? Minha morte? Minha alma? Precisa que eu também seja queimada na droga de uma fogueira? Dance Remingold com um belo vestido vermelho? O que raios você quer da minha vida?", ela inclinou a cabeça, abaixou os braços.

"Eu não acho que ele irá responder, Stormy."

Ela pulou um pouco assustada, antes de rir de si mesma. Ela deveria parecer incrivelmente ridícula, apontando para o céu, gritando e se curvando teatralmente em direção ao nada. "Maker, Varric. Não faça isso." Colocou a mão na cintura, um sorriso torto, apontando com a cabeça em direção a Brecha. "Eu não acho também, Varric. Afinal, não estou orando, estou praguejando mentalmente contra ele. Quem diria? A arauto é uma herege.", ela desmanchou o sorriso, caminhou até a beira da ponte e apoiou os cotovelos, se curvando. Deu um longo suspiro, desses de quem está organizando os pensamentos e vendo que todos eles estão fora de controle. Varric se aproximou dela. "Me diga, Varric." Ela abaixou a cabeça, antes de olhar para ele." Me diga que nada isso é realidade, que é apenas mais uma de suas histórias. Me diga."

"Curiosamente não. Acredito que eu não ainda não cheguei ao ponto de escrever algo tão rebuscado."

Ela riu. "Eu nunca li seus livros. Desculpe. Eu não sei qual o seu estilo, escritor."

"Não?", ele perguntou surpreso. 

"Uma história sobre o mago que começou a rebelião? Smut? Um romance policial? Céus, Varric. Eu estaria chocada se tivesse um livro seu em qualquer biblioteca de qualquer Círculo e se seu livro fosse o preferido do Cavaleiro-Capitão em Ostwick. Tenho quase certeza que você deve ser banido nos clubes dos Livros da Chantry."

"oh, certo, Freemarcher. Isto é uma aposta? Atualmente, Divina Justinia era uma grande fã de meu trabalho e eu autografaria os livros que ela possuía, se não fosse, bem... se não fosse aquilo." 

"Sério?", ele afirmou com a cabeça diante da pergunta." Não. Eu perderia. Tenho quase certeza que um romance policial seria o livro preferido dele.", ela riu e levou os dedos ao rosto. Lágrimas de felicidade perante a lembrança que cruzou a sua mente, tornaram-se preocupação.

Onde será que estava Ivan? Ele estava bem? Vivo? E se tivesse, onde ele estaria? Como ela o encontraria?

"Ele é o tipo de cara que gosta dessas histórias." Ela finalizou com um suspiro.

" E você?", Varric perguntou, curiosamente.

"Eu? Eu posso me permitir cruzar com dois livros de romance para cada três de ação e cinco de aventura." Ela riu novamente em direção a ele. "Lerei seus livros, caro escritor. Esta é uma promessa que desejo cumprir."

"E da qual prazerosamente farei questão de ajudar.", ele se curvou pomposamente.

O silêncio cresceu entre os dois, necessário como a calma após a tempestade.

Ela escondeu o rosto entre os braços cruzados apoiados na ponte. "Criador, o que eu fiz? Eles precisam de um herói. Especialmente Cassandra, Cullen... ", ela cuspiu no chão ao dizer o nome do Comandante. O homem entrava na pele dela e sua antipatia por ele era inexplicável. E, de alguma forma, o sentimento era recíproco. Cada vez que ele a encontrava, pareciam utilizar palavras como espadas na direção do outro. Duelando em críticas. Em seus olhos, o Comandante nada mais era do que um homem que não sabia ser agradável em parte alguma, que acreditava nos Templários - embora não fosse mais um - e embora ela não admitisse abertamente, o achava bonito. Os olhos castanhos davam a seu rosto um ar que a intrigava, não entregavam por si só muitas respostas sobre ele. Embora a cicatriz em seu rosto fosse para outros olhares uma espécie de defeito, para ela foi um breve motivo de curiosidade sobre como ele a tinha conseguido. Seu incrível desgosto perante os nobres e burocratas de Val Royeaux, gentilmente combinavam com o dela. E provavelmente este devia ser um dos motivos para que ele não gostasse dela, já que ela, aos olhos dele, também seria uma nobre saída das Free Marches.

"Sophie, nossas vidas são histórias. Páginas escritas diariamente. Sua história pode ser uma comédia, uma aventura, uma história de superação, sucesso e amor. Mas pode ser um drama, uma tragédia ou ser tão chata quanto uma plantação de beterrabas no quintal de algum lugar de Rivain. Porque todos nós temos tudo isso em nossas vidas. O que muda é como editamos, em quais experiências mantemos o foco e sobre o que falamos. Fale do drama, e sua vida parecerá um drama. Fale da aventura e a mesma será deliciosa. Eu vejo heróis em qualquer lugar. Mas o buraco no céu? Aquilo é além de heróis. Nós aqui estamos precisando de um milagre."

"O que foi isso? O álcool falando?", ela ficou ereta, limpou os grãos de areia das mãos, levantou uma sobrancelha acompanhando o sorriso torto.

"Talvez a falta dele. Vamos. Está frio aqui e sua mão está machucada. Parece que você andou brincando contra um mabari e ganhou. Que o Criador me perdoe, mas eu não deixo meus amigos encararem seus demônios interiores que se refletem no fundo do copo vazio por muito tempo."

Ela não acompanhou Varric em direção a Taverna. Não, ela retornou à sua pequena cabana em busca de um banho. Contou os minutos que passava com ansiedade esperando todos dormirem. Vestiu o casaco e luvas de couro endurecido e saiu novamente desta vez em direção a Chantry. Silenciosamente, ela entrou na capela e se aproximou das velas acesas em homenagens aos mortos. Ela se sentia extremamente triste tal qual alguém que perdeu algo e ainda não soubesse o quê.

O que são essas emoções sem as memórias? Ela pensou. O sorriso de alguém brilhando tal qual a neve no sol. A sensação de ver algo pela primeira vez. Havia outros comigo, não? ”

Acendendo as velas, mentalmente ela cantou o cântico da luz para os mortos.

Que a luz o conduza com segurança, através dos caminhos deste mundo, e para o próximo. Pois quem confia no Maker, o fogo é água. Como a mariposa que vê a luz e vai em direção a chama, ela ver o fogo e vai em direção a luz. O Veil não tem nenhuma incerteza sobre ela, e ela não conhecerá o medo da morte, porque O Maker será seu farol e seu escudo, seu fundamento e sua espada.

 ***

O criador provavelmente deve ter um senso de humor.

O pensamento passou pela cabeça de Cullen enquanto mexia nos papéis que cobriam sua mesa. Em um pouco mais de dez anos ele tinha sobrevivido a fogo, gelo, magia de sangue - ele tremeu quando isto cruzou a mente dele - qunaris, uma cidade em pedaços, demônios, mas ao olhar para os relatórios, ele não tinha muita certeza se sobreviveria a guerra contra a burocracia naquele fim de dia. Ele tinha rotinas de vigia, relatórios em torno das Hinterlands, cartas para escrever, treinamento para fazer. Relatórios, relatórios e revisões com relação aos soldados.  O mundo parecia cair mais rápido do que qualquer um seria capaz de colocar junto. 

Apoiado com as duas mãos na mesa, ele olhou em direção aos papéis e levou a mão aos olhos, não parando de esfregar nem quando ele viu pontos em sua visão. Já fazia duas semanas desde a explosão, desde a Breach. Desde Sophie e ainda assim tudo o que eles fizeram foi trocar farpas pelas menores coisas. Motivo: Nenhum, aparentemente. Ele poderia ter pensado que era por ele ser um Templário, mas pelo que ele percebeu, ela não tinha problemas com os outros templários que estava por ali. O problema era com ele. Porque ele? 

Claro que ele também tinha culpa. Na primeira vez que ela o viu, irritado por conta da batalha, a frase que saiu da boca dele foi "perdemos um monte de pessoas tentando te trazer aqui." Antes de terminar ele se arrependeu, amaldiçoando a si mesmo ao ver os olhos cinza - Criador, o cabelo e os olhos dela lembravam as cinzas que ainda caia em seus ombros, misturado com a neve, a cada sopro que o vento da montanha dava- ganharem vida e cintilarem. O tapa em forma de palavras ganhou forma em poucos segundos. "Oh, claro... É você quem comanda os soldados, mas sou eu que ganha a culpa." Ele estava perdido. A partir daí tudo caminhou ladeira abaixo em qualquer tentativa de relacionamento, que culminou naquela noite. Foi algo estúpido da parte dele, e ele sabia. 

Ele tinha ido a taverna buscar uma dose de cerveja de malte, comer alguma coisa antes que Cassandra o encontrasse e o oferecesse um sermão sobre sua irresponsabilidade consigo mesmo. Desde que ele parou com as doses de Lyrium, ele podia jurar que Cassandra estava agindo como uma mãe coruja em relação a ele, de tal forma que ele não podia deixar de notar a risadinha em direção a ele por parte de Leliana. 

Havia uma leve dor de cabeça - igual à que estava começando a se formar agora -, uma irritação, um lobo faminto dentro dele atrás de Lyrium, mordendo atrás de seus pensamentos.

Quando caminhou até a taverna, ele parou em seus passos ao ver os soldados em torno de um círculo todos torcendo em plenos pulmões, encorajando as duas pessoas no centro em um duelo de socos. Cullen resmungou e caminhou até a pequena multidão para encontrar ninguém mais ninguém menos que Sophie Trevelyan. O casaco de couro que ela usava tinha sumido, a camisa branca de mangas curtas estava suja de poeira e suor. As mãos estavam usando as luvas de couro em forma de dois punhos e um sorriso diabólico estampou no rosto dela quando ela acertou o queixo de seu adversário a ponto dele dar alguns passos para trás, tonto. Levantando os braços, ela se virou para animar quem estava ao redor, torcendo.

"Sua maldita put...", o homem bêbado praguejou, se levantando e cuspindo no chão.

"O que você disse?", ela se virou, lentamente, as mãos em forma de punho. Caminhando na direção do homem bêbado, o olhando com o queixo um pouco levantado, um breve sorriso em seu rosto falhando miseravelmente em esconder sua irritação com a ofensa. 

"Sua mal...", o soco acertou o homem na boca enquanto ele falava. O golpe por menor que fosse, deve ter cortado o lábio dele. Levando a mão a boca, o homem bêbado cambaleou antes de dar uma resposta. Ao ver que toda a situação, que era incrivelmente bizarra, estava para piorar, ele entrou de vez no círculo impedindo a luta.

Pelo amor de Andraste! Ela estava bêbada. "Se dispersem, todos." Cullen ordenou aos homens, dando um olhar em direção a cada um ali, tentando se lembrar de cada um dos rostos dos soldados que estavam lentamente se dispersando e oferecendo a Arauto e a ele um sorriso de desculpas. " O mesmo se aplica para você. " ele falou sombriamente para o homem. 

Cullen se virou em direção a Sophie irritado, "O que raios você está fazendo?"

"Me divertindo." Ela deu uns passos buscando se afastar dele, caminhando rapidamente enquanto retirava as luvas das mãos. Pelo sopro do Maker, os nós dos dedos estavam doloridos mesmo com a maldita luva grossa.  

"Sua forma de diversão é distribuir socos em um clube da luta?", ele a segurou pelo braço, balançando a cabeça. "O que raios pensa que está fazendo? Você é a arauto e em troca disso você está bêbada e."

"E o quê, Templário?", a última palavra saiu com desprezo. "Você vai dar um Smi..."

"Não. Apenas não. ”, ele falou. "O que há de errado em você?", Cullen exigiu, agradecido que no lugar onde eles estavam, próximo do portão de Haven, não havia ninguém para ouvir a pequena discussão dele. " O mundo em pedaços, demônios caindo do céu, e o pessoal aqui pode até lhe aceitar como arauto, mas não demorará muito para que eles se lembrem que você é um mago, Sophie. Basta um erro e Roderick estará em seus calcanhares escrevendo cartas para a Chantry dizendo que somos o inimigo."

"Eu não pedi por isso, Comandante. ” Ela se virou em seus calcanhares para encara-lo. "Se vocês procuram uma heroína, procurem em outro lugar! Para seu azar, a garota -eu - não quer ser arauto de Andraste! Eu não quero esta marca em minha mão! Minha vida está fora de controle desde que Cassandra quis cortar minha cabeça. Eu nunca me senti tão livre em tanto tempo, então, me desculpe se eu estou lidando com isso de uma maneira que não é o que você esperava."

Ela se afastou dele em direção ao lago. Ele se virou em direção a Chantry, com mais raiva que anteriormente, com a dor de cabeça mais forte do que antes. Com o Lyrium cantando em suas veias. Ele lambeu os lábios soltando uma maldição que se perdeu no vento.

Cullen devia saber. Ele devia saber que pessoas irritadas não são as mais sábias. Enquanto a pena riscava o papel ele imaginou de quantas formas ele podia ter lidado com a situação, tantas formas... 

"Droga", ele falou.

"Olá para você também."

Cullen deu um pequeno pulo quando ele ouviu a voz. A pena escapou de sua mão, assim como o tinteiro, derrubado no chão e se desmanchando em pequenos pedaços de vidro. A tinta escura lentamente fazendo seu caminho entre as pedras. Ele olhou em direção a voz. "Lady... Não, Cassandra. ", ele disse, suas sobrancelhas se juntando. "Quanto tempo está aqui?"

"Tempo suficiente para saber que sua mente está em outro lugar."

E ele acreditava em cada palavra que ela dizia. Sem Lyrium, ficava difícil de evitar que sua mente viajasse para algum lugar, difícil de se concentrar. Às vezes, ele não dava muita atenção ao que ocorria ao redor. Isto era algo que ele tentava evitar de fazer na frente de outras pessoas, pois sabia que estava apenas pedindo por problemas.

"O que você...? ele perguntou, oferecendo uma deixa para que ela continuasse.

“Ordenando que pare por hoje. ”, Cassandra falou, em um tom de voz controlado.

Ele suspirou, admitindo silenciosamente que ela estava certa. Ele precisava parar nem que fosse por cinco minutos.

Naquela noite, enquanto mais uma vez ele não conseguia dormir, ele apenas andou por Haven sem se importar com o frio. Seus pés levaram a Chantry e lá ele encontrou Sophie parada em frente as velas, envolta em incenso, com os olhos fechados e seus cabelos brilhando com a luz dourada.

Cullen fez um barulho com a garganta para indicar sua presença. Ela não se moveu. Talvez essa fosse a chance de um simples pedido de desculpa? Ele caminhou em direção a ela enquanto passava a mão atrás do pescoço, torcendo que essa fosse a decisão correta.

Ela falou primeiro. De olhos fechados.

“Acho que eu deveria pedir desculpas. Por mais cedo, você sabe. ”

“Eu...”, ele engoliu as palavras. “Eu peço o mesmo. ”

A voz de ambos soava muito mais como uma observação.

“Eu vi o Templo eu entendo como as coisas podem ficar ruins se aquilo não for fechado e.…”

“Tudo bem. Apenas não faça mais entradas como a que você fez. ”

Ela abriu os olhos, um leve sorriso preencheu os lábios. “Não foi minha escolha. ”

“Eu ficaria preocupado se fosse. ”

Ela não olhou para ele uma vez sequer. Temia que ele pudesse ver o medo e a amargura em seus olhos. Medo de que essa responsabilidade que caiu em seu colo a engolisse. Medo por Ivan que apenas o Maker sabia onde é que ele estava.

Havia também uma pitada de ódio por si mesma. Ela precisava se afastar de Haven se quisesse colocar os pensamentos no lugar. Ela precisava encontrar Ivan.

***

No outro dia, Cassandra andou de um lado para o outro tentando encontrar aquela que as pessoas de Haven chamavam de Arauto de Andraste. Só que, ela veio descobrir, que ninguém a tinha visto durante toda a manhã -e noite- após os acontecimentos da Taverna. Depois de procurar por todo o Haven, ela começou a temer o pior.

“Parece que perdeu algo, Seeker. ” Varric disse, saindo de sua tenda enquanto Cassandra passava pela terceira vez.

Cassandra segurou sua língua antes que uma resposta cruel pudesse vir à tona.  Ela estava cansada da piada de Varric sobre sua incapacidade de encontrar pessoas apesar de seu título.

“Você a viu, Varric? ”

“Quem eu vi? ” Varric se perguntou: “Há um monte de pessoas para ver por aí. ”

Ela soltou um gemido descontente, “Trevelyan. ”

“Garota simpática. ”

“Varric. ”

“Não. Não a vi desde ontem. ”

“Você não quer me dizer, tudo bem. ”

“Eu não posso dizer o que não sei, Seeker. Deveria perguntar ao Curly, ele provavelmente sabe de algo. ”

“Por que? ”

“Oh, ele foi o último a vê-la. ”


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Notas finais do capítulo

Não há exatamente muito de ação, mas existe algumas coisas que eu quero manter apenas para construir o tipo de garota que a Sophie é. Estou reescrevendo o próximo capítulo, não vou demorar em publica-lo.
bye o/
Considerações:
—uh... sempre imaginei Cullen bebendo cerveja de Malte (malzbier) - não sei explicar o motivo - para afastar um pouquinho o frio.
—Varric é banido dos círculos de leitura, ainda assim, Justinia leu os livros e ele foi para o Conclave para autografa-los.
— Nunca fui fã do caminho que o jogo lhe traz: de aceitar tudo rapidamente. Acredito que para Sophie, ela tentaria buscar algo conhecido para ajuda-la a organizar as ideias e responsabilidades longe de um lugar onde todo mundo a vÊ como uma espécie de santa.



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