A Deusa da morte escrita por A Dreamer


Capítulo 3
O sonho


Notas iniciais do capítulo

O próximo capítulo sairá dia 09/02 às 10:05.

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Eu estava em uma casa de madeira, provavelmente de um camponês. Estava acontecendo de novo. Ele iria morrer.

Eu não conseguia dormir, estava com insonia. Estava pensando demais. Nossa casa era muito perto da fronteira do Reino de Morrigan, seria muito fácil ter invasões por aqui. Eu tinha que proteger minha família.

Olhei para a janela. Já era quase de manhã, dava para vê os raios do sol querendo se esticar.

Me sentei na cama e peguei a adaga que estava em baixo do meu travesseiro.

Eu não era um soldado do exército de Morrigan. Mas seria um para minha família.

Minhas filhas estavam dormindo no quarto ao lado. Não iria deixar que um forasteiro de merda colocasse um dedo nelas.

Ouvi um barulho do outro lado da porta. Como de uma madeira rangendo. Nesse momento me levantei da cama em um salto.

—- O que você está fazendo Jean?

Olhei para minha esposa que agora estava dividida entre ficar acordada e voltar a dormir.

—- Ouvi um barulho, pode não ser nada. Volte a dormir não é necessário se preocupar.

Nesse momento a porta do nosso quarto abriu e no lugar dela apareceu um homem com roupas pretas e um capuz cobrindo o rosto, mas eu consegui enxergar seu cabelo vermelho e uma cicatriz abaixo do olho direito que cortava desde o canto de seu olho até o maxilar. Nas suas costas tinha uma espada e na sua mão direita uma adaga.

—- Se sua Rainha fosse mesmo uma Deusa da morte, acho que ela preveria isso. -- ele disse.

E nesse momento ele arremessou a adaga que antes estava em sua mão. E que agora sugava minha vida. Cai de joelhos, ela estava cravada no meu coração. Ouvi minha esposa gritar as fundos. Mas tudo estava se perdendo. Era como se eu fosse apenas um telespectador agora. Ouvi um outro som e soube que ele havia cortado a garganta da minha esposa.

E com as ultimas forças que me restavam, desejei para que alguém ouvisse, para salvar minhas filhas e não deixar que aqueles homens peguem elas.

 

Acordei arfando. Como é que aqueles bárbaros tiveram coragem de entrar nas minhas terras e matar os meus súditos?

Peguei o roupão que estava na cadeira da minha penteadeira. Ele era dourado, bordado com fios de ouro, com desenhos suaves que nem o da minha colcha. Não era adequado, mas era um assunto urgente.

Desci os degraus da torre de dois em dois e quando abri a porta que dava para o corredor do Palácio já era de manhã, há poucos minutos. Ótimo. As pessoas que devem ter feito aquilo devem estar por perto.

Não tinha quase ninguém nos corredores, além de dois guardas perto da porta dupla.

—- Falem para o Capitão da guarda me encontrar na Sala de guerra, agora! -- ordenei para os guardas parados na porta dupla.

Eles fizeram uma reverência e foram fazer o ordenado.

Fui correndo o máximo possível para a Sala de guerra sem que parecesse inadequado para uma Rainha. Ela era seguindo o corredor a direita e virando a direita novamente e depois a direita e então havia mais um corredor e uma porta dupla enorme e branca que eu abri.

As cortinas da sala já estavam abertas, e a sala estava cheia de luz. No meio dela tinha uma mesa enorme com o mapa do Reino e varias cadeiras em volta. Era ali que fazíamos estratégias de guerras e conversávamos sobre coisas confidenciais.

Ouvi passos do lado de fora e esperei que a porta se abrisse.

Alekssander entrou. Juntos com dois dos seus homens mais confiáveis, Jeb e Marek.

—- Um bárbaro atacou uma família perto da fronteira, um pouco antes do nascer do sol. --eu disse.

—- Vou mandar um grupo de quinze homens para lá -- disse Alekssander.

—- Quero que você mesmo vá.

—- Mas Majestade, eu devo lhe proteger.

—- Eu não preciso de proteção Capitão, meu povo precisa. Não sei quantos tem lá, mas na morte só vi um. Leve mais de quinze homens.

Eu não deixaria aquilo como se não fosse nada, ele me insultou! Se sua Rainha fosse mesmo uma Deusa da morte, acho que ela preveria isso. Eu sou a Deusa da morte, não uma vidente. Posso vê quando a morte de algumas pessoas está acontecendo e não antes dela acontecer.

Posso não ter esse dom, mas mostrarei a eles os outros que eu tenho.

—- Não matem eles, se acham que eu não sou a Deusa da morte. Então provarei.

Eu podia sentir a alma dele. Poderia matar eles daqui mesmo. Mas assim eles não saberiam que fui eu. Assim eu não poderia olhar nos seus olhos enquanto tomava suas vidas. A não eu queria que eles estivessem na minha frente quando isso acontecesse.

Mas pensei naquele homem de cabelo vermelho com uma cicatriz no rosto. Pensei nele tendo múltiplas hemorragias. Provavelmente deveria estar cuspindo sangue agora. Que pena que eu não pudesse ver. Pensei agora na hemorragia parando e ele voltando ao normal.

Isso deveria servir de aviso que eu estava chegando.

Abri um sorriso.

—- Vão e tragam eles para mim antes do jantar. -- fiz um gesto com a mão para eles irem embora.

Então lembrei das meninas, do último pensamento do homem.

—- Esperem -- eu disse -- o homem disse que tinha duas filhas, estavam no quarto do lado. Não deu tempo de saber o que aconteceu. -- olhei para o Capitão -- Se não tiver corpos, procurem elas e tragam-as.

—- Sim, Vossa Majestade

E então eles se foram e fecharam a porta atrás deles.

 

Já estava no meio da manhã. Eu já havia tomado meu café da manhã e agora estava no Salão do trono esperando um dos guardas que o Capitão tinha deixado responsável, trazer o garoto das cinzas.

Tinha dois guardas do meu lado, um de cada lado. E dois guardas na porta do Salão. Tinha três criados andando de lá para cá, mas nem sinal da criada de ontem.

O Salão do trono era um lugar que ostentava riqueza e emanava realeza. Piso marrom claro brilhante como em todos os outros lugares do Palácio. Um pouco perto do fundo ficava a plataforma onde estava o meu trono. Ele era feito de ouro encrustado em Rubis. Na frente da plataforma era como um Salão mesmo, com uma mesa de comida encostada na parede esquerda. Um lustre enorme no meio do Salão cheio de cristais pendurados que quando o sol batia, o Salão ficava colorido.

A porta se abriu, e o garoto de ontem entrou. Ele estava com as mesma roupas.

Ele parou em frente a plataforma.

—- Majestade -- ele disse quando fez uma reverência.

—- Não gostou das roupas dadas à você garoto?

—- Gostei. -- ele disse apenas.

—- Então por que usa a mesma desde que chegou aqui?

—- Não sei porque minha roupas incomodariam a senhora, Majestade.

Eu sorri.

Ousado o garoto. Sorte a dele eu não estar de mal humor.

Esse garoto travesso um dia pagaria pela linguá que não sabe manter dentro da boca.

Meu sorriso se desfez.

—- Ah não, não está me incomodando. Apenas fiquei curiosa. -- Olhei para as roupas dele -- elas estão sujas de cinzas, essas cinzas poderia ser uma pessoa, o órgão de uma pessoa. Ou apenas grama -- dei de ombros.

—- É a única coisa que tenho da vida que não lembro.

Encarei ele.

—- As pessoas que você matou. Elas estavam jantando quando aconteceu.

Seus olhos encontram os meus.

—- Como você sabe?

—- Eu sou a Deusa da morte, garoto -- sorri para ele -- eu sonho com a morte de algumas pessoas.

—- Elas sofreram? -- ele perguntou.

—- Não mais que alguns poucos minutos.

Ele abaixou a cabeça.

—- Eu sou um assassino -- ele sussurrou.

Eu estava certa, uma punição não seria mais severa do que a que ele aplicaria nele mesmo. Humanos são fracos. Não conseguem tomar decisões difíceis. Apenas os forte conseguem viver com suas decisões difíceis, mas eles são tão raros quantos os que tem magia.

—- Todos somos, garoto -- disse a ele com sinceridade.

Pela guerra, pela família, pelo povo, por nos mesmo. Todos somos assassinos. Todos matariam por algum motivo.

—- Não serei punido? -- ele perguntou.

—- Não, garoto. Não gastarei alguém com magia em vão. -- Olhei nos olhos dele -- Treine, torne-se um bom soldado. Salve mais vidas do que aquelas que você matou e talvez um dia você poderá se perdoar.

Ele assentiu.

—- Obrigado, Vossa Majestade.

Ele fez um reverência e saiu.


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Notas finais do capítulo

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