A Deusa da morte escrita por A Dreamer


Capítulo 4
Os prisioneiros


Notas iniciais do capítulo

Por causas pessoais o próximo capítulo tdeve que ser adiado. Ele deve ser postado dia 14/02 às 10:05.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/724836/chapter/4

O céu estava alaranjado, com os últimos fios de luz passando. Agora, eu podia ouvir o som da noite, da floresta. Os animais voltando para suas casas, para esperar o sol nascer novamente. O som dos pequenos animais que pressentiam a chegada dele no dia seguinte.

Eu estava nos meus aposentos, deitada no divã. Lendo um livro.

Para me manter sã na imortalidade. Tive que saber viver um dia de cada vez. Sem pressa, com paciência em tudo que faço.

Não era hora do jantar, ainda. Mas poderia ocorrer imprevistos na captura dos bárbaros. Eles não eram realmente bárbaros, ou forasteiros como o homem assassinado tinha pensado. Não. Eu sabia o que ele era.

Há alguns séculos atrás, umas pessoas se estabeleceram ao oeste de nossas fronteiras. O Reino de Draebe. Nunca pensei que seus descendentes iriam ter a coragem de matar nas minhas terras. Por isso deixei que eles vivessem.

Ninguém representa ameaça para mim. Ah, os humanos. Andam praticando muitos atos de coragem ultimamente. Invadir a terra da Morte? Eles são tolos ou suicidas? Não importa. Porque do mesmo jeito vão pagar pelo o que fizeram.

Olhei para o livro. Merda. Eu tinha feito de novo. Li a página, mas não havia prestado atenção em nada. Estava começando a ler a primeira frase novamente quando ouvi batidas na porta da torre.

—- Majestade -- disse o Capitão do lado de fora da porta.

—- Pode entrar -- eu disse, já colocando o livro aberto no braço do divã.

Me levantei, meu vestido estava um pouco amarrotado por causa das horas lendo. Ele era preto. Com cristais nos ombros, e um decote profundo entre os seios. Sua saia não era justa, mas não era como um vestido de baile. Abaixo dos cristais descia uma renda preta, com algumas flores, e na bainha, era cheia de flores minúsculas. Ela cobria um metro do chão ao meu redor, como um manto.

—- Majestade -- disse Alekssander com uma reverência.

Olhei para ele. Ele estava um pouco sujo de lama. Mas só um pouco. Em alguns pontos de sua armadura de ouro dava para ver o brilho, porém em outras... ninguém diria ser feita de ouro.

Olhei para o rosto dele. Seu cabelo preto estava limpo e seu rosto com um pouco de respingos de lama, que nem a armadura.

—- Conseguiu captura-los? -- eu perguntei.

—- Sim, só havia três.

—- E as meninas?

—- Só achamos uma. -- ele desviou o olhar e vi seus punhos fechados -- Ela disse que abusaram da outra e depois a mataram. Eles iam fazer o mesmo com ela, mas nós chegamos antes.

—- Bom trabalho. -- eu disse, dando tapinhas no ombro dele e passando por ele, em direção à escada -- Onde estão os prisioneiros?

—- Na masmorra.

A masmorra ficava tão embaixo do Palácio, que se você estivesse lá pensaria que estava em outro mundo. Não havia janelas. E nem paredes para os prisioneiros tentarem cavar para escapar. Era só terra em volta. As únicas paredes eram as das celas vizinhas e do corredor. A masmorra só havia uma unica saída, que levava para o Alojamento militar. Um lugar sempre cheio de guardas. Seria quase impossível sair vivo dali.

Descemos as escadas de pedra da masmorra, iluminadas pela tocha que Alekssander segurava. A masmorra tinha muitas selas, mas apenas três estavam sendo ocupadas. Não mantínhamos prisioneiros por muito tempo. As selas eram alinhadas uma do lado da outra e na frente delas um corredor que ligava à porta de todas e à escada para a saída.

Quando desci o ultimo degrau, Alekssander parou em frente a cela da direita. Cada um dos três prisioneiros estavam em selas individuais.

—- Essa é a do ruivo? -- perguntei.

Ele assentiu e destrancou a porta.

—- Traga a o menos importante -- eu disse.

Ele assentiu novamente e dessa vez, eu entrei.

 

 

Ele estava de costas, mas dava para ver que seus cabelos eram vermelhos, estava usando as mesmas roupas presta, mas sua espada e sua adaga não estavam ali.

—- A que devo a presença da Rainha de Morrigan? - perguntou ele com um tom de divertimento.

—- Não vim aqui como Rainha. -- eu disse com o mesmo divertimento na voz.

 Dei um passo na direção dele.

Ele se virou para mim.

—- E o que me impede de pegar a faca que seus guardas deixaram na minha bota e aponta-la para a sua garganta, e então eu e meus amigos sermos soltos? - disse ele com um sorriso.

Ele com certeza estava se divertindo. Achando que estava jogando comigo. Mas mal sabia ele que quem estava jogando aqui era eu.

Eu sorri de volta para ele.

—- Você pode tentar -- eu disse.

E dei um passo na direção dele.

Seu sorriso aumentou.

—- Com prazer -- ele disse.

Não vi quando ele se abaixou para pegar a faca, apenas quando estava correndo em minha direção. Não tentei me desviar ou lutar. Deixei que ele pensasse que havia me dominado.

Senti algo frio na minha garganta, algo metálico. A faca.

—- É o seguinte, soldadinhos -- ele gritou -- você soltam eu e meus amigos, nos deixam ir embora e deixarei a Rainha de vocês viva.

Ouvi uma discussão do outro lado da porta. Mas eu já havia conversado com Alekssander que eu não morro, sorte minha a demonstração do outro dia ter convencido eles.

—- Eu vou mata-la! -- ele gritou mais alto.

—- Não, não vai não -- eu disse pegando a mão dele e levando para o interior da minha garganta a lamina se encontrou com a pele. E depois... nada. Não havia nada para cortar depois da pele.

O homem ruivo soltou a faca, que quicou duas vezes no chão antes de repousar. Ele deixou seus braços caírem também. Provavelmente achando que eu cairia no chão. Mas ao invés disso me virei para ele.

Seus olhos estavam na minha garganta, olhando para o buraco negro aberto. Senti um formigamento e seus olhos se arregalaram.

—- O que você é? -- ele balbuciou enquanto andava para trás, para longe de mim. Até se chocar com a parede.

Ah como era divertido quando as pessoas se tocavam que elas eram a presa.

Abri um sorriso.

—- A morte -- eu disse com o mesmo tom de divertimento que ele estava antes.

Ele olhou para mim.

Olhei para ele também.

—- Eu não prevejo mortes -- eu disse olhando nos olhos dele -- mas eu vejo quando está acontecendo. E eu vi você matando aquele homem e sua esposa.

Ele ergueu uma sobrancelha.

—- Você me insultou, mataram na minha terra. Deseja falar algo em sua defesa?

Ele respirou fundo, fechou os olhos, e quando o abriu não parecia mais um rato amedrontado.

—- Eu não acredito que você seja uma Deusa da morte, ou a morte. Você é apenas uma garotinha mimada com poder demais.

Dessa vez eu que ergui a sobrancelha.

—- Não sei se você é corajoso ou tolo -- eu disse e estalei os dedos.

A porta atrás de mim se abriu. E o Capitão empurrou um homem magricela para dentro.

—- Mike -- o homem ruivo disse.

A porta se fechou atrás de Mike.

Mike devia ter 19 anos, ou menos, não mais que isso.

Os dois olharam para mim, provavelmente com um plano de me capturar novamente.

Revirei os olhos.

—- Poupem suas energias, não adiantará nada.

Andei de um lado para o outro.

—- O que você quer de nos? -- perguntou Mike.

Parei de andar e olhei para ele.

—- De você? Nada, você irá morrer. -- eu disse com um tom frio.

Olhei nos olhos dele e ele não parecia surpreso. E nem tentou implorar.

Pensei nos pulmões dele parando de funcionar, lentamente. Na circulação do sangue desacelerando. Do sangue não chegando ao coração e então ao cérebro. Então Mike desmaiou.

—- O que você esta fazendo? -- perguntou o ruivo desesperado.

Olhei para o ruivo.

—- Pegando sua alma -- eu disse. E voltei minha atenção ao Mike deitado no chão.

Pensei na circulação parada, sem funcionar, sem nenhum movimento. Seu coração parou com a falta de sangue, junto com seus pulmões.

E então como um vento frio passando só que se juntando ao meu corpo, absorvendo do meu calor a alma dele se juntou a mim.

Fechei os olhos, inspirei e expirei.

E então abri os olhos.

Encarei ele. Ele estava como se não afetado pelo o que viu.

—- É o seguinte, ruivinho -- eu disse imitando ele -- vamos solta-lo um pouco depois da nossa fronteira. Você dirá a Sua Majestade, que se eles não ficarem longe do meu Reino matarei ele e qualquer um que mate na minha terra.

Cheguei mais perto dele. E ele tentou se afastar, sem muito sucesso já no limite da parede.

—- Você não mataria o Rei de Draebe. -- ele rosnou.

—- Vou te contar um segredo, ruivo -- eu disse -- eu sou a morte, todos morrem, inclusive o seu Rei. Para fazer esse truque -- eu disse olhando para o corpo de Mike e depois olhando nos olhos dele novamente, sussurrei perto da orelha dele -- eu não preciso estar perto.

Me levantei, ele rosnou mais alto.

Eu sorri para ele.

—- Acho que você notou o sangue um pouco depois do amanhecer, não é? -- eu disse gargalhando.

A porta se abriu.

Fui na direção dela, mas antes me virei para olhar para ele.

Encarei ele.

—- Se alguém do seu Reino matar na minha terra. Matarei do meu trono o seu Rei. -- eu disse já saindo da cela.

A porta se fechou atrás de mim.

—- Sua vadia! -- ele gritou empurrando as grades da porta.

—- Já ouvi isso -- eu disse fazendo um gesto com a mão.

Alekssander estava parado na escada. Esperando para a gente ir. Mas eu não tinha acabado ainda.

—- Cade o outro? -- perguntei.

—- Na cela da esquerda -- ele disse caminhando na direção.

Ele parou na frente da porta.

—- Abra -- ordenei.

Ele abriu a porta e eu entrei.

O homem era grande, maior que o ruivo. Estava no meio da cela sorrindo para mim.

—- Olá bonequinha -- ele disse.

Sorri para ele e caminhei na sua direção.

—- Olá garanhão -- eu disse.

Ele pegou minha cintura e me puxou para perto dele. Dava para mim sentir o cheiro de bebida saindo de sua boca quando ele levou ela para a minha.

Ele me beijou com ferocidade, senti sua linguá na minha, senti ela dançando pela minha boca.

Coloquei a mão no seu peito, e afundei minha mão ali. Ele parou o beijou. Afundei mais a minha mão em seu peito e então senti seu coração e o puxei para fora de seu corpo.

Ele olhou para seu coração na minha mão antes de desabar. Seu corpo fez o barulho de um saco de batatas caindo.

Senti o vento gelado. E então a porta se abriu.

Passei por ela segurando ainda o coração. Ele era quente em minha mão, uma sensação familiar.

Parei em frente a cela do ruivo.

E Alekssander abriu a porta.

Dessa vez não entrei.

O ruivo estava no mesmo canto de antes, longe do corpo de Mike, com a cabeça abaixada.

Ele olhou para mim, e depois para o sangue nas minhas mãos e então o coração.

—- Seu amigo até que beijava bem -- eu disse e arremessei o coração em cima do corpo de Mike.

Sorri com escárnio.

—- Você é um monstro! -- ele gritou.

—- Pode ser -- eu disse.

E a porta se fechou quando sai.

Alekssander estava olhando para mim com uma sobrancelha erguida.

—- Você não poderia mata-lo que nem o outro?

Sorri para ele.

—- Você me conhece, eu gosto de um bom drama -- eu disse e ele gargalhou balançando a cabeça.

—- Lembre-me de nunca irrita-la ou -- ele olhou para mim -- beija-la. -- ele disse com a sobrancelha erguida novamente.

Eu dei de ombros.

—- Pode deixar, Capitão. Irei lembra-lo -- eu disse dando tapinhas no ombro dele e subindo as escadas na frente dele.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Deusa da morte" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.